ATENÇÃO PAIS: Psiquiatra faz alerta sobre consumo precoce de álcool entre jovens
Pesquisa realizada recentemente por
médicos da Universidade de Colorado, nos Estados Unidos, e publicada no
periódico Addiction, revelou que a ingestão de bebidas alcoólicas é mais
prejudicial ao cérebro do que o uso de outras drogas.
E, por ser o álcool uma
substância lícita, ou seja, que pode ser consumida legalmente, o uso precoce
entre os jovens tem preocupado as autoridades de saúde.
Aproveitando o início da Semana
Nacional do Combate ao Alcoolismo, que começa neste domingo (18), o médico
psiquiatra da Unimed Vitória e especialista no combate ao álcool e drogas,
Vicente Ramatis, faz um alerta aos pais de adolescentes e jovens que estão
tendo contato com o álcool cada vez mais cedo, às vezes até mesmo estimulados
por pessoas da própria família.
“Os efeitos do álcool em pessoas
mais jovens são tão prejudiciais quanto nas pessoas mais velhas. É preciso
ter cuidado para que o gole, muitas vezes estimulado pelos familiares, não se
torne uma dependência futuramente.
Sempre digo aos jovens que não se iludam
pensando que beber os tornam mais interessantes e maduros. Que antes de
beberem ‘só porque todo mundo faz isso’, que fiquem atentos aos efeitos que o
álcool trás para a saúde”, explicou o especialista.
Em casa – Dados do Ministério da
Saúde mostram que quase 40% dos adolescentes brasileiros experimentaram
álcool pela primeira vez entre 12 e 13 anos, em casa. A maioria deles bebe
entre familiares e amigos, estimulados por conhecidos que já bebem ou usam
drogas.
Entre adolescentes de 12 a 18 anos que estudam nas redes pública e
privada de ensino, 60,5% declararam já ter consumido álcool.
O especialista da Unimed Vitória conta que
quanto menor a idade de início da
ingestão de bebida alcoólica, maior a possibilidade de se tornar um
usuário dependente ao longo da vida.
E são várias as consequências do alcoolismo, tanto para quem bebe quanto para os que estão a
sua volta. “O álcool é responsável por
destruir famílias e a vida social de quem bebe muito, além de
comprometer o cérebro, memória, aprendizagem, fígado,
aparelho digestivo, coração, o sangue, os músculos e várias outras partes
do corpo.
O alcoolismo também leva a
doenças físicas e psíquicas, algumas das quais irreversíveis e que podem resultar em
morte”, conta Ramatis.
Dificuldade em parar – O psiquiatra
explica que as pessoas precisam se conscientizar de que a “saidinha” com os
amigos todos os dias para beber é alcoolismo sim.
“As pessoas precisam saber
que no começo o alcoolismo pode ser visto como leve, moderado ou grave. O
indivíduo afirma que tem controle, mas não se dá conta de que não consegue ir
e permanecer muito tempo em um evento que não tenha pela menos uma cerveja”,
disse, explicando que os primeiros sintomas do alcoolismo é a dificuldade de
parar.
Segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS), cerca de 2,5 milhões de pessoas morrem a cada ano no mundo
devido ao consumo excessivo de álcool.
O índice chega a 4% do total da
mortalidade mundial e é maior do que as mortes registradas em decorrência da
aids ou tuberculose. faz alerta sobre consumo precoce de álcool entre jovens
|
OS
JOVENS ESTÃO "ENCHENDO A CARA" MUITO CEDO, SEM IDÉIA DOS RISCOS QUE SE EXPÕEM
POR
BARBARA AXT
Para os pais, a primeira recomendação é que eles prestem atenção à sua relação com a bebida. “Grande parte dos jovens que bebem demais têm em casa os chamados ‘bons bebedores’”, observa Vera.
Muitas vezes, mesmo atentos ao comportamento dos filhos, é possível que os pais não percebam o que está acontecendo: “Existe uma preocupação da parte dos jovens em não deixar a família saber que abusaram da bebida. Eles tem medo de que os pais vejam que perderam o controle da situação.”
Para aqueles que não sabem como lidar com o problema, Vera alerta: “Nós não temos uma fórmula do que funciona, mas sabemos que fazer um ‘sermão’ aos filhos sobre os perigos do álcool não costuma ter efeito”, observa a psicóloga.
Se os pais bebem de forma irresponsável, de nada adiantarão suas palavras. “E preciso conversar com o jovem, falar e ouvir o que ele tem a dizer a respeito de sua vida em geral, e também lhes oferecer um modelo.”
Em alguns casos, isso implica mudanças profundas no relacionamento entre pais e filhos. Mas sempre é hora de começar.
A intoxicação alcoólica é uma emergência médica, e agir rápido e corretamente nesta situação pode salvar vidas.
Os sintomas incluem:
. sonolência e confusão mental
• coma alcoólico (inconsciência e falta de resposta a estímulos dolorosos, como um beliscão)
. palidez, pele fria ou arroxeada, suor frio
. respiração lenta (mais de 10 segundos entre uma inspiração e outra)
. vômitos, especialmente quando a pessoa está desacordada.
Nem todos os sintomas precisam estar presentes. Não deixe sozinha uma pessoa nesse estado, nem a deite de barriga para cima, pois ela poderá se engasgar com o vômito.
Coloque-a de lado, na posição indicada na ilustração abaixo. Chame uma ambulância ou leve-a a um hospital ou posto médico imediatamente.
Em junho do
ano passado, pilotando sua moto, a hoteleira Mirian, 22 anos, foi a um show
em Piracicaba (SP), sua cidade natal. Tomou umas 15 latas de cerveja, duas
doses de uísque com energético e uma caipirinha. Mesmo assim resolveu voltar
para casa na moto.
“Ao tentar fazer uma curva fechada, capotei e só
fui acordar dois dias depois, no hospital”, recorda ela. Mirian teve o pé
esquerdo esmagado e passou por uma cirurgia com implante de dois pinos, sem
garantia de recuperação total dos movimentos. Ficou três meses de cama e mais
três meses entre a cadeira de rodas e as muletas.
A
estudante 'Edilene Botelho, de -Florianópolis (SC), conta que, em meados dos
anos 90, encontrou as amigas numa tarde e, em poucos minutos, tomou três copos
de cachaça com refrigerante. Logo depois foram para um shopping, mas
Edilene, na época com 14
anos, não se recorda de como chegou até lá nem do que aconteceu no shopping
. “Lembro-me
apenas de acordar na enfermaria do shopping, suja de vômito, e de ser
levada para casa no carro da polícia. Depois tive de ir para o hospital tomar
glicose na veia.”
Em
dezembro passado, Rodrigo, 21 anos, estudante de medicina, saiu na noite paulista “para a balada” com um
amigo. Na porta da danceteria, entraram na fila e, durante uma hora de espera,
beberam juntos uma garrafa de cachaça e mais duas ou três cervejas cada um.
“Quando já estávamos quase na porta, passou
um cara que eu nunca tinha visto e nos entregou uma garrafa de vodca,
com um terço do conteúdo.
Viramos
a bebida e entramos. Depois disso, não me lembro de mais nada. Meus amigos que
estavam na danceteria disseram que sumi. Não sei como voltei para casa, mas
acordei no dia seguinte com o braço direito doendo muito.
Não
tenho idéia do que aconteceu naquela noite, mas tive de ficar com o braço
imobilizado por 15 dias”, conta Rodrigo.
Estas
são histórias protagonizadas por jovens comuns, que estudam ou trabalham, e que
em determinada ocasião abusaram do consumo de álcool.
Tiveram sorte: todos eles se recuperaram e
nenhum ficou com sequelas permanentes, apesar dos riscos a que uma pessoa
embriagada está exposta.
Grande
parte dos brasileiros gosta de uma cerveja num dia de calor ou de uma
caipirinha com os amigos numa festa. Esse tipo de consumo de álcool em momentos
de lazer, em princípio, não apresenta perigo: nesses casos o álcool age apenas
como “lubrificante social”, ou seja, facilita a interação entre as pessoas.
Mas
beber até perder o controle é diferente. Seja lá o nome que dermos - porre,
pileque, bebedeira, “encher a cara”, “enfiar o pé na jaca” -, cinco doses ou
mais, para o homem, ou quatro doses ou mais, para a mulher, já podem ser
consideradas excesso.
A
partir daí a bebida passa a afetar a capacidade de julgamento, dificulta a
coordenação motora, acaba com inibições e deixa a fala enrolada. Nessas
condições a pessoa pode se envolver em situações de grande risco ou de sérias
consequências e, a longo prazo, sofrer danos cerebrais irreversíveis.
“Um
dos maiores problemas relacionados à bebida são as intoxicações graves
daqueles que bebem muito mas não são dependentes”, afirma Maristela Monteiro,
assessora regional da Organização Pan-americana da-Saúde (OPAS/OMS).
As
farras com bebida, é claro, não estão restritas a adolescentes ou jovens, nem
são fato recente. As pessoas se embriagam desde que as primeiras civilizações
descobriram as técnicas de fermentação e criaram a primeira bebida fermentada.
Mas ... algumas pesquisas recentes
trazem números preocupantes, mostrando que os jovens começam a se embriagar
precocemente, e muitos apresentam problemas sérios relacionados à bebida.
“Muitas
vezes as pessoas não dão a devida importância a bebedeiras ocasionais”, alerta
a Dra. Beatriz Carlini, professora do Instituto de Prevenção e Atenção às
Drogas (IPAD) da PUC-Paraná.
“Afinal, o álcool não é ilegal como outras drogas,
e beber “para descontrair’ é um comportamento socialmente aceito”, observa a
psicóloga Vera Da Ros, que já trabalhou na Proad/ Unifesp com jovens usuários
de álcool e drogas e é diretora da ONG Dínamo, que tem como objetivo difundir
informações responsáveis sobre drogas.
A
questão é que essa descontração pode muitas vezes fugir do controle, causando
problemas muito mais graves, como os acidentes de trânsito, que já são a
segunda principal causa de morte de jovens de 20 a 29 anos no Brasil, só
perdendo para os óbitos por arma de fogo.
O
levantamento “Comportamentos de saúde entre jovens estudantes das redes
pública e privada da área metropolitana do Estado de São Paulo”, realizado pelo
Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP, no qual
foram ouvidos 871 alunos (com idades entre 12 a 18 anos), mostra números
impressionantes:
•
21,5% dos estudantes entrevistados na
rede pública e 32,4% da rede particular fizeram uso pesado de álcool
(consumiram cinco doses ou mais, em duas horas, nos últimos 30 dias);
*
47,3% dos bebedores pesados da rede pública já sofreram intoxicações; na rede
privada, o índice chega a 76,9%.
Quando
se fala em “abuso de álcool” ou “problemas com bebida”, logo vem à mente a
imagem de uma pessoa dependente, com problemas crônicos de alcoolismo.
Mas não é bem assim: enquanto no Brasil 5,2%
dos jovens são dependentes, mais do que o dobro (11,7%) abusa do álcool com
frequência.
“Os adolescentes bebem para se sentir poderosos
e fazer parte do grupo. E bebem demais. Eles saem de casa para ‘entortar’,
como dizem, beber até quase cair. Esse tipo de comportamento não caracteriza
alcoolismo, mas é extremamente perigoso”, observa a psicóloga Vera Da Ros.
A
possibilidade de desenvolver doenças como a cirrose depende da exposição ao
álcool a longo prazo, mas todas as vezes que tomamos um porre aumentamos o
risco de sofrer um dano físico - mesmo da primeira vez.
“Uma pessoa que abusa do álcool com certa
frequência pode desenvolver problemas nos rins, insuficiência cardíaca ou
mesmo alterações neurológicas, ou seja, demência.
Às vezes tudo isso acontece sem que haja nada
de errado com o fígado”, alerta o Dr. Roberto Henrique Belo Pereira,
coordenador do Centro de Toxicologia da UFRJ.
Em
qualquer idade, ao abusar da bebida a pessoa se expõe a um risco muito maior de
acidentes de trânsito, quedas, atropelamento, afogamento e outros perigos
decorrentes da redução da capacidade de julgamento e da coordenação
comprometida.
Violência,
vandalismo, agressão sexual, relações sexuais sem proteção, com risco de
gravidez indesejada ou infecção por doenças sexualmente transmissíveis - todos
esses perigos aumentam.
Além
disso, pesquisas recentes mostram que o cérebro dos adolescentes é mais
suscetível do que o dos adultos a danos pelo consumo excessivo de álcool.
“O excesso de álcool prejudica a formação do
cérebro, que ainda está em desenvolvimento nos adolescentes”, explica o Prof.
Galduróz.
Estudos confirmam que o hipocampo, associado à
memória e ao aprendizado, é afetado nos adolescentes pelo uso excessivo de
álcool, apresentando-se com menor volume em quem abusa de bebidas alcoólicas.
Em outras palavras: quem costuma “encher a
cara” perde a memória e a capacidade de aprender.
Embora
raro, o risco de morte não está afastado em casos de intoxicação alcoólica, ou
overdose.
Quando um indivíduo bebe demais, o enjoo e os vômitos são a
forma que o organismo tem de se desintoxicar.
“Além de tudo, como o álcool é um sedativo
muito forte, a diminuição do controle da musculatura pode levar a pessoa a
engasgar, ou mesmo aspirar o vômito, causando uma pneumonia grave”, afirma o
Prof. Galduróz.
E
pior: se a .... pessoa
estiver bêbada demais, até mesmo esse reflexo pode falhar.
Segundo
o Dr. Roberto Henrique Belo Pereira, a intoxicação alcoólica acontece quando a
quantidade de bebida no organismo é tão grande que o fígado não consegue mais
metabolizar o álcool:
“Essa substância, que não foi absorvida pelo fígado,
intoxica todo o organismo, causando hipotermia e hipoglicemia, e atacando
outros órgãos como os rins ou o coração. Se a pessoa não receber socorro
médico sem demora, pode sofrer danos irreversíveis ou mesmo morrer.”
Pouco
habituados ao álcool, os jovens ingerem num curto período grandes quantidades
de bebida, o que leva a concentração de álcool no sangue a níveis perigosamente
altos.
Como essa substância leva cerca de 30 minutos para sér absorvida de todo
pelo organismo e entrar na corrente sanguínea, ao beber rápido demais a pessoa
aumenta as chances de sofrer uma intoxicação.
Beber
uma cerveja para fechar o expediente de sexta-feira com os amigos no bar da
esquina é uma prática nacional. O consumo per capita da "loura"
passou de 22,3 litros, em 1985, para 49 litros no ano passado.
Atualmente a cerveja só perde mesmo para o
café, cujo consumo anual é de 67 litros por habitante. A brasileiríssima
cachaça registrou ano passado a produção (industrial e artesanal) de 1 bilhão e
300 milhões de litros, dos quais 99% destinam-se ao consumo interno, numa média
de 7 litros por ano.
Correndo
por fora estão
os energéticos: 12% dos estudantes entrevistados no Levantamento Nacional sobre
o Consumo de Drogas Psicotrópicas, realizado pelo Cebrid/Unifesp, revelaram já
ter feito uso pelo menos uma vez.
Os
efeitos da mistura de bebidas alcoólicas com energéticos foram estudados pela
Prof. Maria Lúcia Souza Formigoni, da Unifesp, cujas conclusões constam da
edição de abril da revista americana Alcoholism: Clinicai and Experimental
Research.
“Essas bebidas mascaram a intoxicação alcoólica, pois aumentam os
efeitos estimulantes do álcool no cérebro (a sensação de prazer) e reduzem a
sonolência e o cansaço (efeito depressivo da bebida), dando à pessoa a falsa
sensação de que não está embriagada”, alerta a autora do estudo.
No
Brasil, a conscientização sobre
os perigos do abuso do álcool por adolescentes é relativamente recente. Parte
desse esforço pode ser vista na campanha organizada pela Aliança Cidadã Pelo
Controle do Álcool, que criou o movimento “Propagandasembebida.org.br), por meio do qual uma série de profissionais da
área de saúde pede a restrição das propagandas de cervejas e outras bebidas
alcoólicas e também o cumprimento das leis que proíbem a venda do álcool a
menores de 18 anos, e o aumento da taxação dessas bebidas, entre outras
demandas.
O
psiquiatra e coordenador da Unidade dc Pesquisa em Álcool e Drogas
(Uniad/Unifesp), Ronaldo Laranjeira, defende a limitação no horário de
funcionamento dos bares e o aumento de preços como duas medidas que podem
ajudar a diminuir o consumo.
“No Brasil um litro de cachaça custa o
equivalente a meio dólar, enquanto nos países desenvolvidos qualquer bebida destilada
custa pelo menos 20 vezes mais. Pela experiência, nós sabemos que altos preços
têm um grande efeito sobre os jovens, no sentido de desestimular o consumo.”
“Os
jovens devem receber informações sobre como diminuir os riscos, mas é
essencial também que eles tenham condições de seguir as recomendações”, explica
a psicóloga Vera Da Ros.
“É
importante, por exemplo, que água, sucos e refrigerantes sejam vendidos a
preços baixos nos lugares frequentados por adolescentes. Isso acontece em
outros países, mas aqui não. Então, não adianta explicar que é importante beber
água para se hidratar, se a cerveja
custa quase o mesmo que a água.
Lembre-se: a melhor atitude é a prevenção. Para obter informações sobre intoxicação, consulte a Rede Nacional de Centros de Assistência Toxicológica.
Postado por Dharmadhannya
Pesquisado em
revista Seleções
http://www.maxnoticias.com.br
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