quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

14 treinamentos da consciência


                                

Três métodos de Meditação

O Buddha ensinou 84.000 diferentes maneiras para domar e pacificar as emoções negativas, e no budismo há incontáveis métodos de meditação. Encontrei três técnicas de meditação que são particularmente eficazes no mundo moderno, e que todos podem usar e se beneficiar. São elas: “observar” a respiração, usar um objeto e recitar um mantra.

1. Observar a respiração

O primeiro método é muito antigo e o encontramos em todas as escolas do budismo. Trata-se de pousar sua atenção, leve e atentamente, na respiração. (…)
Assim, quando você for meditar, respire naturalmente, como sempre faz. Ponha sua atenção de leve na respiração. Quando põe o ar para fora, flua com sua expiração.


 Cada vez que expira, está soltando e se libertando da sua avidez. Imagine sua respiração se dissolvendo na vastidão da verdade, vastidão que tudo abrange. A cada vez que expira o ar e antes de inspirá-lo de novo, perceberá um intervalo natural, à medida que a avidez se dissolve.
Descanse nesse intervalo, nesse espaço aberto. E quando naturalmente inspirar, não se fixe no ar que entra, mas siga repousando sua mente no intervalo que se abriu ali.
Quando você está praticando, é importante não se deixar envolver em comentários mentais, em análises ou no falatório interno. Não tome os rápidos comentários de sua própria mente (“estou inspirando, e agora estou expirando”) como sendo sua verdadeira atenção. O importante é a pura presença. (…)
Algumas pessoas, no entanto, não relaxam e não se sentem à vontade com a observação da respiração; acham isso quase claustrofóbico. Para elas a próxima técnica pode ser mais proveitosa.

                
     2. Usando  
um objeto
Um segundo método que muita gente pode achar útil consiste em delicadamente descansar a mente num objeto. Você pode usar um objeto de beleza natural que lhe traga alguma inspiração especial, como uma flor ou alguma coisa de cristal.

 Mas algo que personifique a verdade, como uma imagem do Buddha, de Cristo ou particularmente do seu mestre, é mais poderoso. Seu mestre é seu elo vivo com a verdade; e devido à sua conexão pessoal com ele, só olhar seu rosto já liga você à inspiração e à verdade de sua própria natureza. (…)

3. Recitação de um mantra

Uma terceira técnica, muito usada no budismo tibetano (e também no sufismo, no cristianismo ortodoxo e no hinduísmo) é unir a mente com o som de um mantra. A definição de mantra é “aquilo que protege a mente”. Aquilo que protege a mente da negatividade, ou que protege você de sua própria mente, chama-se mantra.
Quando você está nervoso, desorientado ou emocionalmente frágil, cantar ou recitar um mantra de forma inspirada pode mudar por completo o estado de sua mente, transformando sua energia e atmosfera. Como isso é possível?

 O mantra é a essência do som, a materialização da verdade na forma de som. Cada sílaba está imbuída de força espiritual, condensa uma verdade espiritual e vibra com a bênção da fala dos Buddhas.

 Diz-se também que a mente cavalga na energia sutil da respiração, o prana, que se move pelos canais sutis do corpo e os purifica. Assim, quando você canta um mantra, recarrega a sua respiração e energia com a energia desse mantra, trabalhando assim diretamente sobre sua mente e seu corpo sutil.
O mantra que recomendo aos meus estudantes é OM AH HUM VAJRA GURU PADMA SIDDHI HUM (ou como dizem os tibetanos: 
OM AH HUM BENZA GURU PEMA SIDDHI HUNG), que é o mantra de Padmasambhava, o mantra de todos os buddhas, mestres e seres realizados e por isso único em seu poder para a paz, a cura, a transformação e a proteção nesta época violenta e caótica.

 Recite-o com tranquilidade, com profunda atenção, e deixe sua respiração, o mantra e sua consciência lentamente tornarem-se um. Ou cante-o de modo inspirado, e descanse no silêncio profundo que às vezes se segue à ele.



 Expansão da consciência.
1º Treinamento: abertura
Thích Nhất Hạnh

A intolerância e o fanatismo criam um sofrimento consciente. Não temos o costume de nos apegarmos ou de idolatrar ideologias ou teorias, nem sequer as budistas. Não existe no mundo doutrinas para matar, combater ou para morrer por ela. 

Em suas diversas vertentes, o fanatismo pode ser entendido como resultado de algo que passou despercebido em uma forma discriminativa e dualística. 

A fim de transformamos a violência e o que é dogmático no mundo e em nós mesmos, acabamos olhando tudo com percepção e abertura do nosso Interser.

2º Treinamento: desapegando de opiniões

Nós, seres humanos, somos apegados e limitamos nossa mente a opiniões. Devemos nos lembrar que o conhecimento que possuímos neste momento não é verdade absoluta e nem imutável. Encontramos verdades na vida, e através delas, devemos observar o que se passa ao nosso redor e com nós mesmos.

3º Treinamento: liberdade de pensamento
Todos nós somos livres. Quando passamos a impor para outras pessoas o modo que vemos o mundo ou a vida, acabamos por causar sofrimento. Dessa maneira, nos limitamos a não forçar os outros, por mais próximos que sejam, a tomarem como sendo deles, as nossas visões.


4º Treinamento: ciência de sofrer
Quando olhamos de modo profundo para o nosso próprio sofrimento, cultivamos compaixão e entendimento. Assim, somos condicionados a reconhecer, a voltar para nosso lar, a abraçar, a aceitar e escutar nosso sofrimento com atenção. 

Tudo que estiver ao nosso alcance, acabamos fazendo para encobrir ou mascarar este sentimento.

Somente no momento em que entendemos o que nos causa tanto sofrimento, é que conseguimos achar uma maneira de transformar esse sentimento. Dessa forma, conseguimos entender o sofrimento dos que nos cercam.

5º Treinamento: viva com compaixão e saúde
A felicidade pode ser encontrada em tudo que é sólido, na paz, na compaixão e na liberdade. Estes são sentimentos que devem ser preservados a qualquer custo.

6º Treinamento: cuide da raiva
A raiva é um sentimento prejudicial a nossa saúde. Além de causar sofrimento, ela acaba criando um bloqueio a nossa comunicação. 

Quando ela aparece, estamos focados em não dizer ou falar nada. Devemos exercitar a caminhada ou respiração consciente para abraçar, reconhecer e enxergar de maneira profunda a raiva.

As causas desse sentimento estão localizadas na nossa falta de entendimento e nas incorretas percepções do que nos aflige ou que causa sofrimento em outra pessoa. 
Quando passamos a admirar a impermanência, somos capazes de ver com compaixão tanto aqueles que chegamos a considerar serem os agentes causadores da nossa raiva, como nós mesmos, e reconhecemos o quanto nossos relacionamentos são importantes para nossa vida.


7º Treinamento: viva de maneira feliz o momento presente
A nossa vida é o aqui e o agora. Devemos viver intensamente o momento feliz. Não devemos perder tempo nos arrependendo 
do que fizemos ou deixamos de fazer no passado, nos preocupando com o que acontecerá no futuro, com raiva, vícios ou inveja.
A felicidade só depende de nós mesmos.

8º Treinamento: comunicação e comunidade verdadeira
Quando não nos comunicamos, acabamos sofrendo. Por isso, devemos nos habituar com a prática de ouvir de maneira amorosa e compassiva. O ideal é não fazermos julgamentos, e nunca pronunciar palavras que possam causar raiva, discórdia ou a quebra de confiança.

Sempre que surgirem conflitos, por menores que sejam, devemos trabalhar a fim de resolvê-los e não nos fazermos de vítima.

9º Treinamento: fala amorosa e verdadeira
A palavra dita pode deixar marcas profundas em alguém. Por isso, devemos nos comprometer a aprender a falar amorosamente, sinceramente e de maneira construtiva e respeitosa. Procure utilizar palavras que inspirem confiança, alegria e esperança. Devemos promover a paz e o sentimento de reconciliação entre as pessoas que nos cercam e em nós mesmos.

Quando não tivermos certeza de algo, não devemos repassar, condenar ou criticar. Dê sempre o seu melhor, se for para apontar situações de injustiça, ou até mesmo em ocasiões que possamos sentir que nossa segurança está ameaçada ou em dificuldades.


10º Treinamento: proteja e nutra a Sangha
O objetivo de uma Sangha é, sem dúvida alguma, promover a prática da compaixão e do entendimento, através de uma comunidade com pessoas que se interessam pela prática do Budismo. Em casos de conflito, posicione-se, mas não tome nenhum dos lados, tente apenas reverter a situação.

11º Treinamento: viva de maneira correta
Na nossa sociedade, existem muitas situações que consideramos injustas e de grande violência. Devemos dar o que temos de melhor para que a vida na Terra seja repleta de bem-estar para todos e para qualquer espécie presente.

Não invista em empresas, por exemplo, que causam o esgotamento das nossas reservas naturais, que prejudicam a vida dos seres no planeta ou que diminua as nossas chances de vida confortável.

12º Treinamento: reverencie a vida
A maior parte do sofrimento humano é causado pelos conflitos e pela guerra. Desde o momento em que nascemos, somos ensinados a não incitar a violência, e a cultivar diariamente a percepção do Interser e a compaixão, a promover a educação, a paz, a reconciliação e a meditação consciente.


13º Treinamento: pratique a generosidade
O roubo, a injustiça social, a exploração e a opressão podem causar sofrimento. Sabendo disso, nos comprometemos a adquirir e aprimorar generosidade em tudo que pensamos, na maneira que agimos e falamos.
Devemos aprender maneiras para proporcionar o bem-estar de animais, de pessoas, de minerais e de plantas. Respeite o que pertence aos outros.

14º Treinamento: conduta correta
Nossa mente e o nosso corpo são apenas um. Por isso, devemos nos atentar ao sofrimento que podemos causar no futuro, por relações afetuosas. Respeitar os nossos próprios compromissos e os direitos é essencial para preservarmos nossa própria felicidade e a dos indivíduos ao nosso redor.


É necessário ter a consciência de que possuímos a missão de gerar novas vidas para o planeta.  Flávia Faria 


"Somos o solo, somos o ar, somos a semente, somos a água.
E a comida que cultivamos na terra se converte em nosso corpo, nosso sangue, nossas células.
A comida é a força da vida, é a rede da vida, e é a continuidade da vida, da Terra e de nós mesmos. 
É por isso que o território e o corpo correspondem quando produzimos comida da maneira correta e comemos a comida adequada.
Mas, quando não
correspondemos e deixamos de pensar conscientemente na comida, nos tornamos parte deste sistema de guerra.
Ainda
que sejamos um pequeno elo da cadeia, estamos ajudando a fazer com que ele permaneça.
É necessário ser consciente disto.
Caso se controle o mercado de armas, se controla as guerras.
Caso você controle a comida, controla a sociedade.
E se você controla as sementes, controla a vida na Terra. 
(Vandana Shiva)

Postado por Dharmadhannya


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