Uma bomba-relógio em sua perna
Conheça os principais sintomas e as
causas da trombose venosa profunda (TVP)
nas veias das pernas e previna-se
Revista seleções - Por Suzan INCR
Aos 42 anos, Tina Theobald começou a
sentir espasmos musculares que não melhoravam. Ela havia começado a correr
recentemente, e não deu importância à panturrilha dolorida.
Aplicou gelo e partiu numa curta viagem
ao México, enquanto a perna inchava. Na volta, numa consulta médica recebeu o
diagnóstico – pelo qual foi hospitalizada de imediato – de um grande coágulo na
perna.
Dois dias depois, Tina sentiu falta de ar e
uma dor excruciante no peito. Uma porção do coágulo se soltara e estava
bloqueando a irrigação sanguínea de parte do pulmão, um problema chamado
embolia pulmonar, que pode ser fatal.
Tina sempre pensara que coágulos
afetavam idosos – e de fato o risco é muito maior entre eles –, mas logo
descobriu que eles também atingem pessoas jovens e de meia-idade.
Há fatores de risco, incluindo certas
medicações, gravidez, imobilidade que impeça a circulação do sangue (longos
períodos sentado, como numa viagem demorada de avião), cirurgia ou trauma (como
um acidente de carro), que podem danificar as veias, bem como doenças que
aumentam a coagulação sanguínea (como câncer e doenças autoimunes).
Segundo estimativas da Sociedade
Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, a cada ano cerca de 120 mil
pessoas no Brasil desenvolvem trombose venosa profunda (TVP), coágulos mais
comuns nas veias das pernas, onde podem causar dor, inchaço e vermelhidão.
A
TVP é mais frequente após os 40 anos, e cerca de um terço dos casos é seguido
de embolia pulmonar, que mata mais de 20% dos pacientes afetados.
“Os sintomas podem ser vagos, como dor
ou falta de ar. Se o médico não tiver uma suspeita, pode deixar muitos casos
passar”, afirma o Dr. Bengt Zöller, professor de medicina interna da
Universidade de Lund, na Suécia.
Um estudo dinamarquês de 2010 descobriu
que a maior parte dos jovens adultos com embolia pulmonar fatal havia relatado
sintomas a médicos dias ou semanas antes da morte, mas suas queixas foram
interpretadas de modo errado.
“Como a TVP e a embolia pulmonar podem ser
difíceis de reconhecer, é preciso enfatizar a prevenção”, afirma o Dr. Nigel
Key, professor de medicina da Universidade da Carolina do Norte, nos EUA. As
medidas a seguir podem ajudar você a evitar coágulos potencialmente fatais.
Revise seus remédios
Alguns meses antes de sofrer a TVP, Tina
começara a tomar pílulas anticoncepcionais. Toda medicação contendo estrogênio
(assim como anéis vaginais e anticoncepcionais mais recentes contendo
drospirenona) pode aumentar o risco de coágulos (assim como a gravidez, com o
risco normalizando cerca de 12 semanas após o parto).
Se estiver preocupada quanto ao risco de
coágulos, seu médico pode recomendar contraceptivos não hormonais, como métodos
de barreira ou um DIU de cobre.
O Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas
insiste em que os médicos cogitem prescrever adesivos em vez de pílulas para
mulheres que fazem terapia de reposição hormonal após a menopausa.
A
pílula aumenta em até cinco vezes o risco de TVP em comparação a não tomar
hormônios, mas a administração cutânea não parece afetar o risco de coágulo.
Em junho de 2014, a FDA, a agência que regula
alimentos e medicamentos nos EUA, anunciou que os produtos à base de
testosterona devem exibir um aviso de que aumentam o risco de TVP. A prednisona
e outros esteroides, especialmente em dosagens altas, também elevam esse risco,
em homens e mulheres.
Saiba seu histórico familiar
Segundo constatou uma pesquisa sueca,
ter dois ou mais irmãos com TVP aumenta seu risco em 50 vezes em comparação a
alguém que não tenha irmãos com a doença.
“Se você tiver um histórico familiar
expressivo, seu médico pode pensar duas vezes antes de lhe prescrever hormônios
ou anticoagulantes por mais tempo após uma cirurgia”, diz o Dr. Zöller.
Perca peso
A obesidade pode mais que dobrar o risco
de TVP, sobretudo em mulheres com mais de 1,67 metro e homens com mais de 1,82
metro.
“Pessoas altas precisam bombear o sangue
mais longe contra a gravidade, o que pode reduzir o fluxo nas pernas e aumentar
o risco de coágulos”, explica Sigrid Brækkan, pesquisadora na Universidade de
Tromsø, na Noruega. Tina, que tem 1,70 metro, estava perto de seu pico de peso,
com 86 kg, quando teve o coágulo.
Mexa-se
Andar, ou levantar e baixar os
calcanhares enquanto se está sentado, estimula os músculos da panturrilha,
pressionando as veias e bombeando o sangue para cima, o que ajuda a evitar a
TVP.
A
imobilidade é o motivo de viagens longas serem um risco. O Colégio Americano de
Médicos do Tórax recomenda que você se levante aproximadamente a cada hora e erga
e baixe os calcanhares ou gire os tornozelos quando sentado.
Se seu risco for alto, pergunte a seu
médico sobre o uso de meias de compressão ou anticoagulantes preventivos para
viagens de mais de quatro horas.
Coma peixe
Em um grande estudo sueco de 2014, as
pessoas que tomavam cápsulas de óleo de peixe e comiam peixe três ou mais vezes
por semana tinham uma chance de desenvolver TVP 48% menor do que as que comiam
peixe com menos frequência e não tomavam esse suplemento.
Atenção no hospital
Sessenta por cento das TVPs ocorrem em
pessoas que foram hospitalizadas recentemente, seja por cirurgia, trauma ou
doença.
Certifique-se de que os médicos conhecem
sua medicação e seus riscos de TVP, como um histórico familiar significativo.
Você deve ser incentivado a se
movimentar, e pode precisar de meias de compressão ou anticoagulantes.
Em junho passado o Boston Medical Center
relatou uma redução das TVPs pós-operatórias em 84% (em comparação com o que
admitiram ser um histórico ruim) personalizando o tratamento preventivo de
acordo com os riscos dos pacientes e fazendo-os caminhar pouco tempo depois das
operações.
Além disso, siga as orientações médicas antes
e depois da alta: doses de anticoagulantes não tomadas são responsáveis por
muitos coágulos.
Tina, por exemplo, é disciplinada com os
remédios por saber que as TVPs podem voltar ainda piores. Cinco meses após a
internação inicial de 13 dias, os médicos suspenderam o anticoagulante
varfarina, mas um novo coágulo se formou meses depois, fazendo sua perna inchar
até ficar quase da largura da cintura.
Os 10 dias que ela passou no hospital
trouxeram novas torturas, incluindo injeções de anticoagulantes na coxa
afetada.
Agora ela está fadada a tomar
anticoagulantes – ou qualquer tratamento mais fácil que apareça – pelo resto da
vida, e usa meias de compressão quando se senta para trabalhar em uma empresa
de programação na Flórida.
Nas horas vagas, ela se mantém em movimento:
está orgulhosa por ter acabado de completar seu quinto triatlo.
Aja rápido se tiver estes sintomas
Um coágulo é uma emergência médica por
causa da possibilidade de embolia pulmonar. Se você apresentar qualquer dos
sintomas abaixo, procure atendimento de imediato, especialmente se estiver com
risco aumentado devido a imobilidade recente, gravidez, cirurgia ou câncer.
Sinais de TVP na perna:
- Dor (como uma câimbra ou espasmo)
- Inchaço
- Manchas (vermelhas ou azuis)
- Calor ao toque
Sinais de embolia pulmonar:
- Falta de ar
- Dor torácica
- Tosse inexplicada (pode haver tosse com sangue)
- Pulsação acelerada
Postado por Dharmadhannya
Psicoterapeuta Transpessoal
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