O processo da meditação
Muktananda
Na meditação, há quatro fatores
envolvidos: o objeto da meditação, que é o Ser interior; o mantra, que é a
vibração do Ser; a asana, a postura na qual podemos nos sentar comodamente
durante longo tempo; e o pranayama natural, que surge quando repetimos o mantra
com amor e reverência.
Estes quatro fatores estão inter-relacionados
e, quando se unem, a meditação ocorre de maneira muito natural.
A meditação no Ser é muito fácil. Só
precisamos realmente de amor e interesse. À medida que meditamos, a Shakti
interior desperta e começa a se expandir. Quanto mais intensamente desejamos a
meditação, quanto mais desejamos a Deus, quanto mais desejamos o despertar
interior, mais nos aproximamos dele.
Quanto mais honramos a Shakti, quanto mais a
reverenciamos e a adoramos, mais ativamente ela trabalha dentro de nós.
Quando se unem três fatores — nossa fé
na Shakti, a Shakti e o Guru, que é o ativador da Shakti —, ocorre dentro de
nós uma explosão de meditação.
Assim como a Shakti cria universos no
mundo exterior, quando ela começa a trabalhar dentro de nós, cria um novo
universo interior, um universo de entusiasmo sem fim, um universo de felicidade
suprema.
O universo interior é muito maior que o
universo exterior; é
“o
universo interior é muito maior que o universo exterior, é tão vasto que todo o
cosmo exterior pode ser guardado em apenas um canto dele. Tudo está contido
dentro dele e é por isso que os videntes indianos foram capazes de descobrir,
em meditação, todos os segredos do universo.
Dentro de nós há milagres infinitos,
maravilhas infinitas. Quando aprofundamos a meditação, compreendemos a
realidade de todos os diferentes mundos interiores sobre os quais lemos nas
escrituras.
Dentro destes espaços interiores ressoa
uma música doce como néctar — todos os diferentes instrumentos musicais foram
feitos originalmente pelos yoguis, depois de escutarem a música interior.
Dentro de nós existem néctares tão deliciosos
que nada neste mundo pode ser comparado a sua doçura. E existem sóis tão
brilhantes que o sol exterior parece apagado diante deles.
Devemos meditar sistematicamente, com grande
persistência, e nos aprofundarmos cada vez mais dentro do corpo. Deste modo, a
meditação será uma expansão gradual de nosso ser interior.
Ao longo do caminho haverá muitas
experiências e estas experiências são boas. Contudo, o verdadeiro estado
encontra-se além delas.
Quando nos aprofundamos na meditação, chegamos
a um lugar em que não vemos nem ouvimos nada. Aí não há nada além de
felicidade. Este é o lugar do Ser e a verdadeira meditação é tornar-se imerso
Nisso.
Os videntes do Vedanta explicaram que
nosso espírito não está contido em apenas um corpo, mas em quatro, e que,
conforme meditamos, atravessamos cada um destes quatro corpos até chegar à
Verdade que se encontra dentro deles.
O
primeiro é o corpo físico, no qual experimentamos o estado de vigília. Este é o
estado em que nos identificamos com o corpo. Se o corpo sente dor e prazer
quando estamos em vigília, dizemos: "Estou sentindo dor" ou
"Estou sentindo prazer."
Quando a Shakti começa a trabalhar neste
corpo, podemos experimentar movimentos físicos chamados kriyas, que são
parte do processo de purificação do corpo físico.
Na meditação, quando o meditador se
encontra no estado denso, pode ver o corpo físico como uma luz vermelha que o
circunda como uma chama de fogo.
Esta luz é do tamanho do corpo e no seu
interior podem ser vistas coisas maravilhosas. Às vezes, pode-se ver inclusive
a força vital e os diferentes fluidos circulando pelo corpo.
Conforme a meditação se aprofunda, o
meditador passa do corpo denso ao corpo sutil, que pode ser visto como uma luz
branca.
Esta luz se encontra no centro da
garganta e tem o tamanho de um polegar. No corpo sutil, vivenciamos os sonhos.
Neste estado, a pessoa torna-se consciente de que é diferente do corpo físico.
Conforme a pessoa que medita se
aprofunda ainda mais, passa da luz branca do tamanho do dedo polegar à luz do
terceiro corpo, que é negra e do tamanho da ponta do dedo.
Este é o corpo causal, o corpo do sono
profundo. É o estado da escuridão total, do esquecimento total. Neste estado, o
pequeno ser funde-se no Ser universal e a pessoa nem sequer é consciente de
quem ou do que é. Neste estado, experimenta-se uma grande paz. É o estado do
vazio.
Contudo, se o buscador sente um amor
profundo pelo Guru e tem uma fé profunda em sua graça e na Kundalini, ele passa
do terceiro para o quarto plano, o estado de turiya — o estado
transcendental. Então, vê a pequena luz azul, a luz do Ser que chamamos de
Pérola Azul.
A Pérola Azul é o corpo mais íntimo da
alma e sua beleza é fascinante. Conforme a meditação se aprofunda, a pessoa
começa a vê-la faiscando e cintilando no centro espiritual superior, o safiasrara.
A Pérola Azul é o veículo da alma individual.
É na Pérola Azul que a alma deixa o corpo após a morte e viaja por diferentes
mundos. Ela é extremamente refinada e sutil e se move com a velocidade de um
raio.
Às vezes, sai pelos olhos do meditador e se coloca à sua frente, movendo-
se de modo tão sutil que os olhos não notam sua passagem.
A Pérola Azul tem o tamanho de uma
semente de gergelim; porém, na realidade, é tão vasta que contém o universo
inteiro.
É
pelo dinamismo da Pérola Azul que podemos agir.
Devido à sua presença, a respiração
entra e sai do nosso corpo. Os raios de seu amor divino fluem incessantemente
através de nós e, devido a esses raios, sentimos amor uns pelos outros.
A
luz da Pérola Azul ilumina o rosto e o coração; é por causa desta luz que damos
amor aos outros. Se esta luz deixasse o corpo, este não teria brilho nem
atrativo.
Não serviría de nada para ninguém e teria que
ser descartado. A Pérola Azul é a morada de Deus, a forma do Ser dentro de nós.
Quando você começar a vê-la em si mesmo, também começará a vê-la nos outros.
Ao continuar meditando, a luz se expandirá e
você verá dentro de si o cosmo inteiro. Quando mergulhar nesta luz, você
saberá: "Eu sou Deus. Eu sou Brahman."
Foi depois de ter esta experiência que o santo
sufi Mansur Mastana disse: "Tudo o que vejo ao meu redor nada mais é que
uma expansão do meu próprio ser. Eu não sou este corpo. Eu sou a luz que se
propaga por toda parte."
Este estado é o ponto culminante da
meditação. Nele, nossas limitações se desvanecem; nosso sentido de
individualidade se dissolve. Atingimos a visão divina e assim não mais vemos o
mundo repleto de dualidade e de diversidade.
Em vez de vermos diferenças entre homem
e mulher, oriente e ocidente, passado e futuro, compreendemos todo o universo como
uma expansão de nosso próprio Ser.
Percebemos que tudo é um jogo da
Consciência e que, como a espuma e as ondas aparecem e desaparecem no oceano,
tudo o que existe aparece e desaparece no Ser.
É para alcançar este estado que devemos
meditar, devemos despertar nossa Shakti. Depois de o haver atingido, já não
temos que fechar os olhos e nos sentar para meditar; a meditação acontece o
tempo todo.
Durante a meditação formal,
experimentamos a felicidade suprema, mas mesmo durante a vigília experimentamos
a alegria do samadfii, vendo todo o mundo desperto como uma expansão da
mesma Consciência.
Para onde quer que olhemos, vemos Deus. O que
quer que escutemos, escutamos Deus. Isto é conhecido como o estado de samadhi
natural, o estado dos grandes seres, e nele desfrutamos continuamente da
felicidade que existe no coração.
A meditação Siddha
Se vamos alcançar a realização do estado
de unidade ao final de nossa prática de meditação, por que não compreendê- lo
desde o princípio e praticar a meditação com a consciência de que tudo é Shiva?
É assim que meditam os grandes seres, e, se também nós aprendermos a ver com
esta consciência, nossa meditação será grandiosa. Para meditar desta maneira,
não precisamos passar por dificuldades.
Não temos que aquietar a mente. Nem sequer
temos que fechar os olhos. Utpaladeva, o grande sábio e filósofo do Shivaísmo
da Caxemira, escreveu-, sarvo mamayam vibfiava ityevam parijanatafi; / Vishvatmano vikalpanam prasrepi
mafiesfitafi, "
Aquele
que está permanentemente consciente de que o universo inteiro é a sua própria
glória mantém sua divindade, mesmo quando em sua mente surgem pensamentos e
fantasias."
Na realidade, tudo é Consciência. É
somente por causa do nosso sentido de individualidade limitada que vemos as
coisas de modo diferente. Um homem é Consciência, uma mulher é Consciência, um
cachorro é Consciência, um burro é Consciência, uma pedra é Consciência e uma
montanha é Consciência.
Este é o entendimento correto. Este é o
conhecimento que obtemos através da meditação e, no momento em que o obtemos,
começamos a compreender tudo tal como é.
Para se libertar do sentimento de
limitação e obter este entendimento, você deve praticar a sadhana de Shiva.
Você deve compreender:
"Eu sou Shiva — Deus. É Deus quem está meditando, e
todos os objetos de minha meditação são Deus. Minha sadhana é Deus, e tudo e
todas as pessoas que vejo são Deus.”
Durante muito tempo você teve a
consciência de:
"sou um ser individual; sou
pequeno; sou limitado.” Por isso, é difícil aceitar imediatamente a consciência
de "eu sou Deus”.
Durante toda sua vida, você ouviu que é um
pecador. Seus professores, todos os livros sagrados e as pessoas que seguem
diferentes caminhos religiosos disseram-lhe que é um pecador e você chegou a
acreditar nisso.
Desta forma, você impõe a idéia do pecado ao
Ser que é totalmente puro e livre de pecado. É por ter esta compreensão errônea
que nos identificamos com as coisas erradas.
É
por isso que não conseguimos nos elevar; é por isto que não podemos ter fé no
Ser nem nos concentrarmos completamente no Ser.
O
Shivaísmo da Caxemira ensina que, quando começamos a pensar: “Sou isto, sou
aquilo, sou um pecador, sou uma pessoa inferior”, nos empobrecemos em Shakti e
é assim que nos tornamos um ser individual.
No Vedanta, isto é explicado
frequentemente por uma história. Um dia, um lavador de roupas levou vários
burros ao bosque para pastar. Lá encontrou um filhote de leão; o lavador não
sabia que se tratava de um leão e o levou para casa.
O
filhote de leão cresceu com os burros. Vivendo em sua companhia, começou a
repetir o mantra dos burros: Hi-hau, hi-hau, a comer com eles e a ir e vir ao
rio carregando roupa suja. Quando o leão cresceu, pensava que era um burro e
compartilhava dos hábitos e modos dos burros.
Um dia, quando estava pastando na beira
do rio com seus irmãos burros, veio outro leão beber água no rio.
Enquanto bebia, viu de repente o jovem
leão no meio dos burros. O velho leão estranhou ao ver seu irmão em condição
tão lamentável. Aproximou-se dele e disse:
—
Irmão, o que está fazendo?
—
Estou com meus irmãos — disse o jovem leão.
—
Como pode chamá-los de irmãos? São ignorantes e você é
um leão. Venha comigo e olhe seu reflexo na água. Olhe o seu reflexo e o meu e
veja se não há alguma semelhança entre nós.
—
O jovem leão olhou seu reflexo e viu que
seu aspecto era igual ao do velho leão.
— São eles ou eu o seu irmão? Agora
deixe de fazer hi-hau e comece a rugir.
O jovem leão começou a rugir e todos os
burros fugiram. Os dois leões correram para o bosque. O jovem leão havia se
transformado de burro em leão; havia se tornado livre.
De fato, o filhote de leão nunca havia
sido um burro. Apenas pensava que era um burro; esta é exatamente a situação em
que nos encontramos. Não somos burros. Não somos seres limitados nem
imperfeitos. Não somos pecadores.
Nunca fomos pequenos; apenas cremos que somos
pequenos. Assim, devemos descartar esta crença e nos tornar conscientes de
nossa própria força. O Shivaísmo da Caxemira diz que, ao aceitar limitações,
Chiti, a Consciência universal, começa a acreditar que está acorrentada.
Assim como Chiti se faz cada vez menor ao
descer de seu estado de Consciência pura e se torna uma alma individual
limitada, quando reverte o processo, ela pode fazer-se cada vez maior e
recuperar sua natureza original.
É somente nossa consciência que deve
mudar. Nunca nos tornamos burros e nunca poderemos nos tornar burros, porque
somos o Ser puro.
Para se libertar do entendimento errôneo,
você não precisa fazer nada de novo. Tudo o que tem que fazer é meditar. O fato
é que você medita não para alcançar Deus, mas para se tornar consciente de que
Deus está dentro de você.
O
Shivaísmo da Caxemira diz: nasfiivam vidyate kvachit, "Nada existe
que não seja Shiva."32 Que lugar é este onde não existe Shiva?
Que tempo é este onde não existe Shiva? Assim, ainda que experimente dualidade,
ainda que veja diversidade ao seu redor, considere-se Shiva.
Compreenda que é Shiva quem come, Shiva
é o próprio alimento, Shiva é quem dá e Shiva é quem recebe. Shiva é quem faz
tudo. O universo inteiro é a glória de Shiva, a glória do Ser.
Pesquisado por Dharmadhannya
Psicoterapeuta Transpessoal
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