Carta
para uma mãe de adolescente angustiada.
Cara
amiga fiquei preocupada com a sua angústia em relação ao futuro de seus filhos
de 9 e 11 anos.
Muitas
mães não sabem como conduzir a educação
de seus filhos num ambiente que “deseduca”, que planta a semente da violência,
da desagregação moral, da impunidade, da corrupção em todos os cantos.
Depois
de meditar muito, cheguei a conclusão que a Justiça, a ética, e a cidadania de
um povo definem o futuro de uma nação, das suas crianças. O que precisa ser
globalizado é o respeito ao próximo, a cidadania e a qualidade de vida – e com
justiça, segurança e paz.
“A
dimensão ética começa quando entra em cena o outro. Toda lei, moral ou
jurídica, regula relações interpessoais, inclusive aquelas com um outro que a
impõe. A ética não tem religião
definida, mas define uma conduta moral e ilibada do ser humano no relacionamento
com os seus semelhantes”.
A realidade está adulterada, com uma avalanche de informações desencontradas num ritmo
cada vez mais alucinante, resulta numa espécie de bloqueio mental que nos
desorienta, a verdade nunca é transparente, somos “educados” com uma total
inversão de valores éticos, com uma a doutrinação intensa através do controle do material
didático, e a dos meios de
comunicação.
Mas,
será que nossas crianças jovens estão aprendendo a “ética” e
a moral da Televisão?
Neto
diz que “A televisão tem o poder de transformar os temas do cotidiano num
espetáculo. Essa glamourização permanente faz com se banalize a violência e se
confunda ficção e realidade, influenciado no aumento do consumismo, de bens,
serviços e idéias. A propaganda que incentiva o jovem a iniciar no uso do
álcool é poderosa, o apelo é sedutor. “A vida é bela, quando temos amor e
amigos”
Se
a família consegue impedir que seu adolescente entre no mundo das drogas e não
beba algumas garrafas de cerveja, será um ganho. Precisamos proteger
o cérebro do nosso adolescente
e evitar sequelas neurológicas em
neurônios em desenvolvimento. Então podemos dizer que vencemos uma batalha. A
correnteza que arrasta o jovem para a decadência moral é forte e a família não
encontra aliados no Estado, na comunidade, nos meios de comunicação. É uma luta
solitária, porque precisamos proteger nossos filhos, netos, irmãos da
decadência física e moral.
A
violência, que sustenta a agressão é um fenômeno cultural causado – ou pelo
menos aumentado- pela comunicação de massa, por uma educação defeituosa e em
especial pela TV. Terá que ser atacada como aconteceu em alguns países da
Europa e liquidada mudando os nossos métodos educacionais e controlando os
programas de televisão.
"O homem é bom por natureza, amante da justiça e da ordem" (Rousseau). “O bem e o mal são representados pelo cumprimento, ou descumprimento das leis”. Kelsen
"O homem é bom por natureza, amante da justiça e da ordem" (Rousseau). “O bem e o mal são representados pelo cumprimento, ou descumprimento das leis”. Kelsen
May
diz que “as raízes dos valores mergulham profundamente nos símbolos e mitos
arquetípicos e inconscientes da sociedade”. Para mudar um sistema de valores é
preciso, antes de mais nada, aprofundar as seguintes questões: o que a
Televisão faz pelo ou com o indivíduo? Que finalidade ela atinge quando mostra uma inversão de valores? Os mitos de
hoje na novelas são dionisíacos, irracionais, e sem identidade com o bem. Interessante que esse estilo aumenta a
audiência. Será que o povo quer pão e circo?
A
arte é o espelho de uma sociedade em constante mudança histórica?
O
Brasil segue a sombra de uma Justiça que protege os ricos e pune os pobres, que
incentiva o menor ao crime, e banaliza a violência. Nossos filhos temem que
sua família seja executada na esquina crescem com medo de serem
executados na esquina. A sociedade brasileira é injusta e disforme.
A
política atual separou-se dos valores
éticos e transformou-se num terreno de luta pelo poder, que determina atos de
corrupção criminoso, violência, e
guerras. Neste contexto prevalece é o desamor, a indiferença, a ambição, e o
jogo político em busca do poder, assim,
o dominante é a falta de escuta, a falta de visão, a injustiça.
A
educação é igualmente importante para a cidadania e também visa atingir o
interior do indivíduo, o seu coração, sua Alma.
Podemos
facilmente ser atingido e influenciado nocivamente pelos males que nos rodeiam
como violência, corrupção política, insolência, agressividade sem limites,
descomedimento, soberba, poluição, holocaustos dos animais, crianças
abandonadas, drogas, crueldade...
O Ser revela sua Alma, sua humanidade e consciência de cidadania, respeita as leis,
não é egocêntrico, e é solidário e tem sua auto-estima estruturada dentro da
família; adquiriu responsabilidade, é
seguro, capaz de realizar seus desejos, respeitando o espaço do outro e seus
limites no mundo , porque “aprendeu no berço” da sua família, da sua
cultura”. *
Será
que nossos filhos estão sendo “deseducados” pela televisão e pela mídia?
Primeiro
precisamos proteger nossos filhos da
avalanche de violência, erotismo, consumismo, mediocridade; incentivo ao
individualismo exacerbado, banalização do sexo e da violência que é vista
diariamente na televisão. É necessário formar telespectadores críticos, e
assim formar a consciência de
cidadania com uma participação consciente e esclarecida.
Sabemos
que “existe uma manipulação poderosa e irresistível por trás das grandes
produções midiáticas de tal forma que a elite – com total domínio dos meios –
controla o pensamento das massas de forma irrepreensível”.
Não temos no universo político nenhum político que revele o sentimento que se
preocupa com seus filhos, com sua família e por isso luta para proteger as
crianças da influência negativa midiática.
A educação e a cidadania são dependentes uma
da outra. Cidadania caracteriza-se pela participação consciente dos cidadãos
nas decisões e cumprimento das leis impostas pela sociedade. Para melhor
desenvolvê-la no indivíduo exige-se uma boa formação de caráter que se inicia
na infância, com a família, e desenvolve-se ao longo da vida, com a sociedade.
O
ensino requer a participação do jovem no meio escolar, consciência dos seus
direitos e deveres na sociedade, esclarecimento das dúvidas, envolvimento
afetivo, participação social, espírito
crítico, debates, e a resolução pacífica de conflitos e oposição ao autoritarismo.
Quanto
mais educado e culto o povo é, mais alto será o nível do país, diminuindo as
desigualdades e problemas. A partir do momento em que as crianças
ficam soltas na comunidade, estabelecem vínculos com grupos marginais e entregues às diversões
eletrônicas, há uma perda de referência em
relação aos valores considerados importantes para o
desenvolvimento de uma base sólida.
Não
é possível ficar indiferente, a miséria
está em toda a parte e uma minoria vive a riqueza que daria para
compartilhar para todos. A imensa maioria continua excluída dos mais
elementares direitos e jamais ouviu falar em deveres.
A
arte imita a vida?Vivemos um momento que há distorções de valores, de
princípios, o “herói” atual é “bandido”, o bem está vencido no filmes e
novelas. O vilão é aplaudido como os políticos corruptos. O canalha e o
ladrão são valorizados como vencedores e mais espertos, e a fraqueza de caráter
do vilão elevam a audiência;
neste contexto teremos uma nova geração
“educada” para aceitar indiferente a violência, a corrupção da justiça, a
degradação humana, o caos, a injustiça, a decadência da mulher os ditames do
oportunismo e dos novos tempos. A criança é socializada pela cultura do
consumo.
Será
que a criança de hoje será um jovem
“vilão” na vida dos pais e da sociedade no futuro? Ou será um líder
comunitário, um cientista social, ou um político preocupado com a qualidade de
vida de todos.
O
jovem de amanhã pertence a uma geração que assistiu a inversão de valores
morais diariamente com a sua família na televisão. Os jovens irão crescer com
estes modelos que servem de incentivo a criminalidade, ou podem ser educados
para ser um cidadão consciente e participativo.
Atualmente, há uma vilã que é uma estrela vilã
que brilha nas novelas. Será que incentiva o aumento de mulheres criminosas? Elas querem a riqueza
fácil que o crime oferece?
O
cinismo, a indiferença, a competição predatória, a manipulação das massas, a ambição cega, o
desprezo pela dor alheia, a vaidade, o individualismos exacerbado, a psicopatia
social está instalada.
A mensagem invisível das novelas nos diz que“
Deus está morto”, e a cultura do fazer o bem pertence aos ignorantes. Acabou o maniqueísmo do bem de um
lado e do mal do outro. As virtudes do caráter, um projeto de democracia, de
cidadania não interessam aos vencedores do sistema econômico e político
atual.
A
quem interessa que os jovens do Brasil, cresçam sem valores, sem moral. Será
mais fácil governar mentes imorais, alcoolizadas, drogadas?
Interessa
ao poder estabelecido um povo passivo, conivente, indiferente?A massa no seu
silêncio cúmplice segue passiva diante da corrupção em todos os cantos. O povo
segue indiferente, não vemos a
indignação nas ruas, na boca do povo.
O
governo libera o menor para o crime, mas não educa para a paz. Está no ar um
sentimento de impunidade de permissividade da corrupção que leva ao caos uma
nação.A sociedade legítima promove a cidadania e a convivência transparente
entre os cidadãos...
Sem a mão forte da Justiça governando o Estado,
[...] não somente o governo tem menos vigor e rapidez para fazer observar as
leis, impedir as vexações, corrigir os abusos, prevenir as empresas sediciosas
que possam ocorrer nos lugares distantes, como
também o povo tem menos afeição aos chefes, a quem nunca vê, à pátria, que aos seus olhos é como o mundo, e
aos concidadãos, cuja maioria lhe é estranha. [...] Os talentos permanecem
ocultos, as virtudes ignoradas, os vícios impunes, nessa
multidão de homens desconhecidos uns aos
outros [...]. ROUSSEAU
“O
despotismo sem limites se baseia na
tirania dos indivíduos egoístas que perderam o sentido da obediência à lei e só
conhecem sua vontade dissoluta enquanto regra de ação”. Bezerra (2)
"...Há
um momento na Torá que há muito me fascina. Quando Moshê falou aos israelitas
quando estes estavam para deixar o Egito após dois séculos de exílio e
escravidão, ele não falou sobre liberdade, ou sobre a terra transbordando de
leite e mel. Em vez disso, ele falou sobre o dever dos pais, de educarem seus
filhos. Por quê? Porque para defender um país você precisa de um exército, mas
para defender uma civilização você precisa de educação". Sacks J.
Este
texto é resultado de uma pesquisa e inspirado em vários mestres do assunto.
1.
Miranda Neto.
2
- Gustavo Cunha Bezerra.
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