Nossas Forças Mentais
A ARTE DE Aprender – acesso ao mundo das Ideias.
Prentice
Mulford
"Acredito que pensamentos são coisas;
que são dotado de corpo, que respiram e têm asas;
que imenso poder tem a imaginação, oficina da Alma
E nós os transmitimos para encher
O mundo com bons ou maus resultados;
Que o que chamamos de nosso pensamento secreto
chega rápido ao ponto mais remoto da terra,
Deixando bençãos ou maldições;
como trilhas por onde andasse,
construímos nosso futuro, pensamento a pensamento,
para o bem e para o mal.
Pensamento é apenas um outro nome que se dá ao destino;
escolhe então o teu destino e espera,
Pois o amor atrai amor e o ódio atrai o ódio".
A intuição é o
nosso mestre interior e tal mestre reside em todos nós. Demos-lhe liberdade de
ação e imploremos, ao mesmo tempo, ao Espírito Infinito, sabedoria, inspiração
e luz para a nossa inteligência, e veremos crescer nosso gênio — o gênio que
descobre o diamante bruto e as qualidades ou condições que os homens e as
mulheres possuem para o êxito.
O nosso
espírito está, então, quando está profundamente imerso em um estado de repouso,
harmonia revela assim suas forças de
reserva e despendendo unicamente as precisas para mover o corpo.
Nesta
situação, o espírito, convertendo-se num receptáculo, absorve elementos
espirituais, e é o mesmo que adquirir sempre eterno poder atrativo. Se, porém,
no momento em que o nosso espírito se acha em tão felizes disposições, vem
qualquer desgosto afligir-nos ou uma contrariedade impacientar-nos, este poder
de absorção espiritual é imediatamente destruído.
O nosso
espírito deixa, então, de ser a mão aberta receptora de novas idéias, para se
converter no punho fechado do lutador. Dirige-se contra aquilo que o aflige ou
o impacienta, vendo-se, cm seguida, rodeado pelos elementos de ódio ou de vingança.
Dizendo que o
nosso espírito se dirige, queremos
significar que ele se dirige realmente até o local ou objeto que foi causa de
seu aborrecimento ou contra a pessoa que o encolerizou e lhe promoveu tal
movimento de impaciência, pois é um elemento positivo e real o que assim cruza
o espaço.
A nossa força física e espiritual juntamente
se desprendem de nós e nos abandonam deixando, portanto, nesse mesmo instante
de aprender e adquirir novos poderes e conhecimentos úteis.
O sossego e a
tranquilidade da inteligência são os meios mais seguros de lograrmos as
melhores condições para estudar e aprender, e para adquirir, portanto, novas
energias.
Nós próprios podemos disciplinar esse sossego
e essa serenidade da mente, de forma que nos acompanhem em qualquer emergência,
tanto quando descansamos como quando trabalhamos. É esta a condição mental mais
própria para aprender, trabalhar com proveito e gozar a vida.
Essas três
coisas podem ficar compreendidas ou ser expressas por uma só palavra: —
Alegria!
Sem tal
condição mental, nada pode satisfazer-nos; — cultivando-a constante e
carinhosamente, procurando viver sempre com ela, tudo seria para nós cada vez
mais suave e alegre...
É a esta, realmente, que podemos chamar
condição construtiva, porque, é neste caso que todas as nossas força se acham
reunidas num feixe e, assim juntas, podem dirigir a sua benéfica energia até o
lugar ou objeto que há de prestar-nos qualquer serviço.
É este o modo
por que devemos viver, para que os homens envaidecidos por suas riquezas não
possam nunca humilhar-nos com seu olhar desdenhoso. Mantenhamo-nos sempre nesta
condição de espírito e seremos mais fortes do que eles, pois faremos eles sentirem
nosso poder antes mesmo de dizer-nos uma única palavra.
Devemos também
procurar apresentar-nos nesta feliz disposição ante o astuto negociante, cuja expressão descobrimos o desejo de vender-nos
alguma coisa que nos poderá convir ou não, pois geralmente esta última hipótese
é a verdadeira.
O que toda essa gente faz é arremessar sobre
nós a sua forma espiritual com o intuito de lograr o seu propósito. São uma
espécie de mesmerizadores comerciais, e o seu modo de operar é idêntico ao que
observamos em certas exibições públicas.
Claro está que não fazem ostentação disso da
mesma forma, nem o poderiam fazer, porquanto agem inconscientes do que fazem e
de como fazem. É fora de dúvida, porém, que é com esta forma que atuam em seus
fregueses.
Nestas
condições, já bem explicadas, é que convertemos o espírito num verdadeiro ímã,
aumentando extraordinàriamente seu poder atrativo sobre idéias, se dirigirmos
toda a nossa forma para um ponto ou fim único.
HÁ uma arte
para estudar. Todos dizemos que estudamos na nossa juventude, mas nunca estudamos
propriamente, isto é, nunca aprendemos a governar idéias.
Reter na
memória palavras, sentenças ou qualquer outra ordem de coisas, não é aprender a
pensar. É recordar simplesmente. Nada mais é do que exercitar, educar uma parte
da inteligência, que aprende a recordar os sons.
Se
sobrecarregarmos a memória com grande número de palavras e sentenças, o que
apenas fazemos educar uma parte ou uma só função da mente e, com isso, nada
Mais teremos feito do que sobrecarregar inutilmente a nossa inteligência.
Se dermos a
cada um dos pontos de um tapete” um nome determinado e, em seguida, nos
obrigarmos a mencionar cada um deles pelo seu próprio nome, não há a menor
dúvida de que teremos gasto nisso tempo e força mental que podíamos aproveitar
melhor, pensando em outras coisas.
Palavras não
são idéias. São apenas sinais por meio dos quais e mediante os sentidos da vida
ou da audição, uma palavra impressa ou uma palavra falada representa uma idéia
na nossa mente.
E uma palavra ou sentença pode comover o espírito
de uma pessoa, sem, contudo, produzir o menor efeito sobre o de qualquer outra.
A maior parte
das coisas que só se aprendem de memória chega a converter-se em carga
pesadíssima para ela própria. Não há maneira de fixar muitas coisas referentes
ao presente, além da que se relaciona com os nossos negócios ou ocupações
cotidianas;
e tudo aquilo que este ou aquele nos manda não
olvidar, será para nós pesada carga e contribuirá para a confusão dos nossos
próprios assuntos.
De modo análogo têm sido tratadas as crianças,
segundo o que chamamos o moderno sistema de educação. Temos-lhes sobrecarregado
a memória com uma infinidade de coisas, cujo conhecimento nunca lhes virá a ser
de utilidade alguma.
É como se,
para aprender a atirar ao alvo, carregássemos às costas um pesado fardo de
espingardas; o mais provável era que toda a vida andássemos com elas às costas,
sem acertar um só tiro.
A memória só é
útil para ajudar o espírito a compreender melhor o que este deseja saber. Todos
os livros do mundo não podem ensinar um homem a ser um bom marinheiro; não terá
outro remédio senão formar-se por si próprio.
Só pela prática aprende deveras, e depois de
muitos fracassos. Desta forma, chega o homem do mar a saber exatamente a
posição em que deve manter o leme do barco para aproveitar a força do vento nas
velas, no que a memória o ajuda com a recordação do que anteriormente aprendeu,
aproveitando, assim, tudo o que a sua memória reteve.
Se, pelo
contrário, enquanto está aprendendo a arte dc conhecer as direções dos ventos,
põe na sua inteligência o esforço em reter de memória alguma sentença ou
máxima, embora referente ao assunto, atrasar-se-á muito na sua aprendizagem, ao
invés de se adiantar.
É certo que a
memória auxilia muito, entretanto a aprendizagem será deficiente se, no
exercício de qualquer arte ou profissão, a teoria não se juntar à prática.
Aprenderá
alguém a dançar, se se limitar a reter na memória todas as regras para guiar os
passos, embora laboriosamente, as vá recordando para segui-las à risca? De
forma alguma.
O que é natural é receberem-se as primeiras
noções ou idéias absorvidas pela nossa mente, e é então quando esta, que é o
nosso verdadeiro Eu, ensina gradualmente o corpo a mover-se de acordo com a
primeira idéia do baile, adquirida pela inteligência.
Todo aquele que quiser
aprender pràticamente o que mais desejar, há de aprender primeiro a pôr a sua
inteligência em estado especial, o estado de serenidade e descanso, o oposto
exatamente do modo mental em que as crianças estudam quase sempre as suas
lições.
Estudar quando se não está disposto, ou
estudar depressa é tentar em vão que a memória forçosamente faça certa coisa e
em certo tempo.
Quem quiser
aprender bem alguma arte, aprenda-a segundo os próprios meios e conforme o
entenda, começando por aprender aquilo que lhe sugerir a sua própria
inspiração.
Não
acreditamos o que nos dizem sobre a necessidade de conhecer bem a fundo todas
as regras que, para o exercício de tal arte, hão de ser ensinadas pelos outros.
É verdade que devemos conhecer profundamente
estas regras, mas pode o nosso espírito ensiná-las muito melhor e mais
ràpidamente ou, para dizer melhor, o espírito fabricará as suas regras
especiais e peculiares.
Entregue a si próprio, o espírito achará
sempre e evidenciará novos e originais sistemas e regras. Nem Shakespeare, nem
Byron, nem Burns ou Napoleão aprenderam regras para a execução de suas obras.
Todos eles confiaram a inspiração de seus métodos ou normas de conduta e ação
ao poder interior do seu espírito.
Quando um
homem obtém, por este caminho, resultados assombrosos, a Humanidade chama-o
gênio, e, em seguida, transforma em sistema ou método inquebrantável o método
ou sistema adotado pelo gênio, o qual será imposto a todos os sucessores que
tenham na mesma arte. O gênio, porém, nunca se serve de um determinado método,
como um homem débil, para se apoiar, se serve de um cajado.
Depois de ter
alcançado o seu fim, abandona-o de todo para ir em busca de algum outro melhor.
O único método do gênio consiste em mudar sempre o sistema; Napoleão fez uma
revolução na ciência militar, e era de tal natureza a sua força mental que ele mesmo
teria revolucionado depois a sua própria tática.
Só o gênio sabe ver a estupidez de seguir
constantemente os mesmos caminhos, embora esses caminhos tenham sido traçados
por ele. Nunca devemos impacientar-nos por ao aprender, tão depressa como
desejamos, alguma arte ou profissão, nem atormentar nossa inteligência, ainda
que vamos de insucesso em insucesso.
Nunca nos
impacientemos, e quando venhamos a cair em algum desses estados mentais,
detenhamo-nos. É este o estado mental mais oposto a toda espécie de estudo, e é
nele também que mais malbaratamos inutilmente as nossas forças.
Todos
poderemos aprender quanto quisermos, se dirigirmos persistentemente as nossas forças
mentais. Difícil é saber esperar com calma, e isso é essencial, pois que assim
a própria arte virá, afinal, ter conosco.
Se todos os
dias, durante quinze minutos ou meia hora, nos sentarmos em algum local
pitoresco, não resta a menor dúvida que, em breve, veremos aparecer céus,
montanhas e bosques nesses contrastes de luz e sombras, à medida que formos
dispondo uma cor sobre a outra.
Não tardaremos também a compreender o modo
como poderemos representar um tronco de árvore por meio de algumas linhas retas
ou curvas somente.
O melhor é
deixar que a mente siga os seus próprios conselhos e ensinamentos nas próprias
intuições, guiadas pelo espírito, cuja maneira de ver pode ser maior, e mais
alta a sua aspiração. Se sujeitarmos a mente às regras feitas e estabelecidas
por outros, apenas produziremos imitações e cópias.
Toda regra de
que o discípulo não possa afastar-se sequer um átimo, é uma barreira que lhe
veda a entrada em terras virgens, onde o seu espírito poderia, talvez, fazer
grandes e maravilhosas descobertas.
O melhor modo de aprender,
isto é, de descobrir os melhores métodos de execução e podê-los recordar,
consiste em gozar um estado de ânimo o mais tranquilo e sossegado que se possa
conseguir. Não devemos impacientar-nos nem excitar-nos inutilmente.
Se observamos
que um êxito demasiado rápido ameaça extraviar-nos para outro caminho ou que
alguma súbita descoberta esgotou uma boa parte das nossas forças, o melhor é
determo-nos e abandonarmos por algum tempo o nosso estudo.
Ninguém pode ser repentinamente iniciado numa
arte qualquer. Não deve impacientar-nos a falta de algum pormenor que não seja
necessário talvez.
O corpo no
estado de descanso e sossego está mais apto e bem disposto para ser empregado
como instrumento da inteligência ou da mente, podendo ser então melhor dominado
pelo espírito, que é o nosso Eu invisível, o nosso Eu verdadeiro.
Quando o nosso
corpo e a nossa mente se acham nessa condição, suspensas todas as formalidades,
exceto a da concentração na obra que temos em mãos; quando a nossa mente se põe
em condições de absorção ou receptividade — é que o nosso espírito pode
trabalhar melhor para nós próprios.
É em tais
condições que o espírito se acha em melhor situação para fazer agir e reagir a ideia,
a regra, o método ou a própria concepção, assim como todos os meios
para poder exteriorizá-los inteiramente.
E educando-nos
nestas condições, iremos gradualmente adquirindo o meio adequado para a
formação e transmissão de novas idéias, pondo-nos, assim, em íntimo contato com
as mais elevadas regiões da inteligência ou correntes espirituais, e recebendo
delas novos conhecimentos e inspirações.
A nossa mente é como um lago sereno ou límpida
fonte, que reflete em suas águas tranquilas tudo o que lhe fica sobranceiro.
Todo homem e toda
mulher transformar-se-ão, assim, para nós, em um livro aberto, onde podemos ler
claramente à nossa vontade. Desta forma, à simples vista de um rosto
desconhecido, aprendemos a reconhecer num instante a sua maneira de sentir e as
suas condições características.
Involuntariamente fazemos uma classificação
dos homens e das mulheres, e, conforme a nossa mentalidade, fazemos concordar
os seus caracteres com aquela classificação.
Classificamos
como descortês um homem, só pela forma insolente como olha para uma mulher,
assim como vemos nitidamente a vaidade e o baixo orgulho das riquezas numa
mulher excessiva e impertinente- mente ataviada.
Em toda parte podemos estar estudando
constantemente a natureza, e o conhecimento perfeito de tal natureza é um
verdadeiro capital, que bem pode ser apreciado comercialmente, em dólares ou em
cêntimos.
Quando
tivermos adquirido com toda a perfeição este útil conhecimento, podemos
calcular, em menos de cinco minutos, se devemos ou não confiar em determinada
pessoa. Saber se podemos depositar ou não confiança nos indivíduos é a pedra
angular em toda espécie de êxito comercial.
Até entre
ladrões, para que não falhe um arrojado golpe de mão, é necessário que haja
recíproca e absoluta confiança.
O grande
Napoleão pôde levar vitoriosamente a cabo seus maravilhosos triunfos militares,
graças ao cabal conhecimento dos homens, conhecimento intuitivo e filho de sua
própria mente, o que lhe permitia dar a cada um o papel que melhor se lhe
adaptava.
Jesus Cristo
elegeu os doze homens melhor dotados para receber os seus ensinamentos e
ensinaram aos outros, tudo isso por intermédio dessa mesma intuição.
A intuição é o nosso mestre interior e tal mestre
reside em todos nós. Demos-lhe liberdade de ação e imploremos, ao mesmo tempo,
ao Espírito Infinito, sabedoria, inspiração e luz para a nossa inteligência, e
veremos crescer nosso gênio — o gênio que descobre o diamante bruto e as
qualidades ou condições que os homens e as mulheres possuem para o êxito.
Descobriremos então, não precisamente por sua
aparência externa, se elas são nobres ou rústicas, se são educadas ou não, em
relação à cultura geral.
O gênio fala muitas vezes
mal e ate, frequentemente, nem sabe gramática, mas resolve ou transporta montanhas,
constrói cidades, estabelece as estradas de ferro e os telégrafos que rodeiam e
cruzam em todas as direções neste planeta, encurtando distâncias e aproximando
os corações humanos. O homem culto e instruído pode escrever e falar com muita
elegância, mas pode ser completamente incapaz do mais insignificante trabalho.
O culto e
instruído morre, muitas vezes, de fome ou trabalha por um mísero salário,
servindo de instrumento a um inculto ou ignorante genial, que por si só ganha
mais do que dez ilustrados e cultos.
O estado de
descanso, tranquilidade e serenidade da inteligência é o estado em que têm sido
feitas todas as grandes descobertas e em que recebemos ou colhemos, como se
disséssemos que apanhamos no ar as melhores idéias.
O marinheiro que navega e está de guarda, sem
impaciência nem cuidados, descobrirá e verá melhor sobre as longínquas ondas o
navio, do que um outro que impacientemente deseja vê-lo. O nome de uma pessoa
ou coisa que nos fugiu da memória quase nunca nos ocorrerá enquanto a fatiguemos
pensando nisso. Só quando deixarmos de torturar o nosso cérebro, volverá à
nossa mente o nome perdido.
Sucede isto
porque, com o esforço feito para recordar tal nome, causamos inconscientemente
ao cérebro uma fadiga imensa, que lhe impede o regular funcionamento.
E também
porque, como o esforço feito, lançamos ou dirigimos para o cérebro todo o nosso
sangue e é isso um grande obstáculo para as funções espirituais ou
intelectuais, pois obrigamos o espírito a seguir extraviado por uma estrada,
onde amontoamos obstáculos, em vez de o deixarmos livre de qualquer empecilho.
E é assim porque o repouso retém no corpo toda
a força de que carece para ajudar o espírito a agir, utilizando-se de qualquer
dos seus sentidos próprios ou interiores, por meio dos quais havemos de
alcançar o que desejamos.
O nosso
espírito possui realmente os seus sentidos próprios e peculiares, distintos e
inteiramente independentes dos sentidos inerentes ao corpo, sendo aqueles muito
mais refinados, mais poderosos e capazes de atuar a maiores distâncias.
A nossa
faculdade de sentir, íntima ou espiritual, convenientemente educada, durante o
sono ou quando abandona o seu estado atual, pode pôr-se em comunicação com o
sentido análogo de outra pessoa cujo corpo esteja em Londres, Lisboa ou Pequim,
e é provável que assim esteja sucedendo continuamente.
Por esta razão, pode dar-se o caso de que um
espírito, cujo corpo esteja em Londres ou Pequim, contraia aliança e relações
íntimas com o vosso espírito ou qualquer outro dos que flutuam no universo,
pondo-se em comunicação cotidiana com esse Espírito.
O nosso sentido interior destrói, assim, toda
idéia de distância e tempo, na significação que hoje damos a estas palavras.
As vantagens
de não nos fatigarmos em vão com o trabalho e de não nos impacientarmos
excessivamente, são todos os dias demonstradas à nossa volta e em todos os
acontecimentos ou negócios da nossa vida habitual.
O homem mais afortunado nos negócios é o que
tem sempre mais serenos pensamentos, o que melhor sabe dominar-se e não se
impacienta; aquele, enfim, que instintivamente aprendeu a manter o corpo livre
de toda fadiga, permitindo, assim, ao espírito completa ação para operar com ele.
Todavia, este mesmo homem pode ignorar que
possui um espírito, ou antes, que encerra em si próprio um poder e um sentido
capazes de abandonar-lhe o corpo e trazer-lhe imediatamente projetos e idéias
que lhe hão de aproveitar no seu meio e nos seus negócios, fazendo-lhe auferir novos
interesses e aumentar os seus ganhos.
Os poderes
espirituais podem ser empregados para fins aos quais nenhuma outra força pode
servir, porque a lei espiritual age da mesma forma, tanto em favor das mais
baixas paixões, como para os fins mais elevados e nobres.
Quando, porém, nos servimos desta força com um
intuito nobre e para um bom fim, servindo-nos dela com inteligência,
alcançaremos sempre maior quantidade de poder, uma concepção mais delicada das
coisas e engenho mais elevado.
O bom êxito de
nossos esforços em todas as fases da nossa existência vem precisamente do
exercício deste poder, que é o guia infalível do espírito.
Se alguma vez
nos extraviamos ou perdemos o verdadeiro caminho, tornaremos a achá-lo mais
cedo e melhor, se caminharmos devagar e com cuidado, mantendo a concentração do
nosso espírito, do que caminhando distraidamente de um lado para outro,
fatigando o corpo sem rumo fixo.
Algumas vezes achamos dentro de nós próprios,
sem sabermos como nem por que, esse contentamento intimo que nos torna aptos e
bem dispostos a encarar tudo com calma e pelo melhor e mais belo prisma,
permitindo-nos dar um bom e agradável passeio.
Porque nesse
momento nenhum desejo impossível nos atormenta, nem aspiração alguma desperta
em nós a menor inquietação que seja. Estamos, pois, em paz conosco próprios.
Olvidamos os
nossos inimigos, arrojamos para longe do nosso espírito todas as angústias e
temores. Nesta boa disposição, parecem-nos mais formosos e alegres os campos,
mais límpido e sereno o céu, mais amáveis todas as pessoas com quem cruzamos no
nosso caminho.
Observamos,
então, na natureza e nas pessoas, novos aspectos despercebidos, por não
sabermos vê-los. Nossa mente repousada e tranquila, acha-se, assim, em
condições de receber mais agradáveis e mais vivificantes impressões, almejando,
nesses felizes momentos, que semelhante disposição do nosso espírito durasse
sempre, coisa certamente possível, pois que tal disposição é apenas o resultado
da concentração do nosso espírito.
Esse poder irá
crescendo, crescendo sempre, com o exercício continuado e, à medida que atrairmos
novas idéias, atrairemos também novos poderes, adquirindo então novos planos,
projetos e invenções novos, agrupando-se, deste modo, todas as nossas
faculdades para melhor obtermos o que temos em vista.
Reunidas assim
as energias do nosso espírito, estas se convertem em alavanca poderosa, em uma
prodigiosa forma, tanto para resistir às influências atrativas alheias, como
para adquirir novas energias.
O que nos perturba e confunde muitas vezes é
querermos aprender qualquer coisa de um modo muito apressado; temos
limitadíssimo conhecimento do verdadeiro poder que nos concede aquilo que mais
desejamos adquirir;
poder esse que, quando todas as nossas outras
faculdades estão como mortas, entorpecidas ou suspensas, se desprende de nós e,
cruzando o espaço, vai, não só buscar-nos idéias novas, mas também ensinar até
aos maníacos a exteriorizá-las e pô-las cm evidência.
Os grandes
pensamentos surgem na mente do homem justamente quando se acha nesse estado,
não quando ela corre pressurosa atrás de uma nova idéia.
Com um lápis
ou pena, traçaremos com a maior facilidade sobre um papel um círculo perfeito,
quando o fizermos por simples passatempo, sem a menor preocupação que ele nos
saia bem ou mal; ao passo que, se ao traçá-lo sentimos angustiosa impressão de
podermos errar, quase sempre isso nos faz tremer o pulso e o desastre é certo.
Quando estamos
completamente livres dessa angustiosa opressão, o nosso poder real e positivo
pode entrar em ação, e esse poder é o poder do espírito.
O homem que
arremessa aos quatro ventos a idéia do que vai fazer, sem derrota, sem se
preocupar com as consequências, está em melhores condições para realizar uma
ação atrevida e arriscada do que aqueles que vacilam e tremem; se acaso a
realizam, o fazem com grandes temores que eles julgam ser verdadeira precaução.
O melhor piloto
para atravessar certos redemoinhos ou perigosas correntes marítimas, é o homem
destemido que sabe olvidar o perigo e só vê os obstáculos que deve vencer, pois
o espírito de tal homem tem a absoluta posse do seu verdadeiro Eu.
Esta auto-sugestão e posse dão ao espírito o
poder de dirigir em qualquer circunstância o corpo, que é o seu instrumento. A
falta desse autopoder indica que o o “pequeno eu”, é inculto e inexperiente, ,
imagina que ele não é nada e que é o corpo que o dirige.
É como se o carpinteiro pensasse a seu próprio
respeito não ser mais do que a serra e o martelo. Neste estado de auto-sugestão,
o espírito olvida tudo o que se refere ao corpo, enquanto o está utilizando, e
só pensa nessa utilidade, da mesma forma que o carpinteiro, enquanto está
serrando a madeira, não pensa na serra, mas cinicamente no uso que precisa
fazer dela. Toda a sua forma mental dedica-se a dirigir e firmar bem o braço e
a mão que manejam e movimentam a serra.
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