terça-feira, 1 de agosto de 2017

A integração com o Pai Divino e com o bom Pai.




Gostei muito do tema o Pai que é o meu foco nesta postagem. é muito importante compreender o arquétipo do bom Pai em nossa vida, em nossa psique. O bom Pai nos abençoa e a criança e o adulto sentem que são abençoados pela vida, por Deus. Resgatar o Pai Divino dentro de nós é nossa missão,nosso dharma nossa liberação.
A natureza humana segundo Jung
adaptação de de texto escrito pela Dra. Gloria Lotfi(Brasil)Diz a Dra Glória Lofti  (...) Jung dizia que cada homem possui um potencial criativo que se ele conseguir colocar em uso para o seu benefício, desenvolverá um estilo único de ser e agir no mundo, procurando o bem estar de si mesmo e da comunidade. Um ser humano só é desenvolvido se interagir criativamente com o seu próximo, em prol de um bem comum.
Na visão de Jung, quando o bebê nasce, ao contrário do que Freud pensava, ele não é uma tabua rasa, traz consigo uma bagagem genética e psíquica. 

Não só o seu corpo é resultado de uma cadeia de genes, também o seu psiquismo provém de experiências ancestrais. Aquilo que Jung chamou de inconsciente colectivo, é na verdade um arquivo da história da humanidade. 

Todas as crianças nascem numa situação sócio-afetiva cultural, melhor ou pior estruturada e vai então desenvolvendo o seu ego, tornando-se uma pessoa com identidade.


 Esse caminho é permeado pelas energias arquetípicas do seu inconsciente e por todas as experiências, positivas e negativas do ambiente em que se desenvolve. 

As situações ideais são do campo das utopias, porque na realidade é impossível que uma pessoa se desenvolva sem adquirir feridas a nível psíquico. 

Diz Glória Lofti (...)O primeiro teórico que considerou o inconsciente foi Freud. Falou do inconsciente formado na vida de cada pessoa, a partir de conteúdos suprimidos da consciência.

 Jung foi mais além e falou do inconsciente colectivo, uma camada mais profunda da psique humana, comum a toda humanidade e cuja existência aproxima o ser humano contemporâneo de seus ancestrais.

 Quando nascemos trazemos um registro interno da história da humanidade. Esse mundo inconsciente é regido por arquétipos que são estruturas energéticas. Dentro dos arquétipos salienta-se a importância do Self, que como centro do inconsciente, coordena o desenvolvimento pessoal, aquilo que Jung chamou de Processo de Individuação. 

O Processo de Individuação, é o desenvolvimento máximo do potencial de uma pessoa, inserida num momento histórico e actuando nele. O Self trabalha durante toda uma vida utilizando como instrumento o Ego, que dá uma forma e um sentido único no colectivo,(...) 

Além do Self, temos inúmeros arquétipos: Desde que o mundo é mundo, os comportamentos humanos foram se padronizando e cada comportamento padronizado formou um arquétipo. Veremos alguns que são importantes no desenvolvimento da personalidade:

O Arquétipo da Grande Mãe, coordena o dinamismo matriarcal, a energia característica desse dinamismo é Eros, prazer, sensualidade, amor. 

Esse arquétipo é constelado numa família, principalmente no momento da chegada de um bebe. A mãe pessoal é o receptáculo ideal para essa energia, através da qual, seu bebe será cuidado, acarinhado e amado.

 O objetivo de Eros é unir no bem-estar que gera prazer. A ausência de uma boa vivência nesse dinamismo, ( o que não tem a ver apenas com falta de cuidados, pode ter também com outros conflitos de instabilidade) vai conflituar no futuro a expressão sentimental do indivíduo que terá mais dificuldade de estabelecer relacionamentos, de cuidar de si mesmo, e ou  do seu corpo. 

São comuns, os distúrbios de sono e de alimentação, porque para se cuidar bem, ter boa higiene, uma alimentação adequada, conseguir um relaxamento para dormir e bem sonhar é preciso ter adquirido confiança numa boa mãe já internalizada, através de vivências nesse sentido.

 A energia da Grande Mãe não se manifesta apenas no cuidado amoroso com o filhote, existe também seus aspectos negativos que podemos perceber facilmente na possessividade, as vezes extrema, com que a mãe não permite que seu filho ganhe liberdade de buscar o seu próprio caminho. 


Nesse momento surge a necessidade da energia de outro arquétipo, o Arquétipo do Pai. A energia desse arquétipo vai manifestar-se principalmente, mas não só, no pai pessoal. Também qualquer pessoa disponível ligada àquela criança, e que tenha um pai adequado internalizado vai cumprir o importante papel de introduzir a criança na cultura em que ela nasceu.

 Qualquer falha nesse dinamismo patriarcal vai prejudicar o indivíduo em alguns aspectos específicos. Uma pessoa que não tenha vivido adequadamente os símbolos patriarcais, ordem, respeito, disciplina, estudo, etc... irá ter dificuldades variadas em torno dos mesmos símbolos, como perseguir e alcançar objectivos, com figuras de autoridade, cumprir horários, concentrar-se, fazer valer seus direitos, ocupar um bom posto de trabalho, ter compromissos e responsabilidades, etc...

É a existência de um pai adequado internalizado que faz com que vençamos a preguiça e pulemos cedo da cama para cumprir nossos compromissos, mesmo num dia de sol radioso de verão no Rio de Janeiro. É a energia desse arquétipo que nos permite o sacrifício hoje em prol de um futuro melhor, sai-se da exigência imediata de prazer do Dinamismo Matriarcal, para construir com trabalho o prazer futuro. 

Mas nem mesmo o arquétipo é perfeito e alguém que fique fixado nesse dinamismo patriarcal vai sofrer as consequências negativas de um Pai internalizado extremamente poderoso, fazendo valer sua autoridade e sacrificando uma vida mais criativa e prazeirosa, com menos regras a serem cumpridas e mais amor.

A psicoterapia vem então para equilibrar o casal parental interno, bons o suficiente para que com uma boa auto-estima estruturada, encontrarmos e ocuparmos o nosso lugar na sociedade. 

O terceiro dinamismo que irá estruturar o Ego, é o Dinamismo de Alteridade, regido pelos arquétipos da Anima e do Animus, o Outro existente no nosso mundo interno. 

A Anima, faz parte do inconsciente do homem, e é o feminino que irá fazer contraponto com o Ego, tornando possível para o Eu compreender o Outro e estabelecer uma dialética criativa com ele. 

No inconsciente da mulher esta o Animus, com a mesma tarefa que a Anima, relativizando o poder do Ego e criando a possibilidade da relação com o que é diferente do Eu, crescendo na compreensão de quem é o outro e quem sou eu. 

Nesse momento, pai e mãe são afastados e o jovem procura identificação com seus companheiros, outros jovens, formando grupos, onde afinidades e atritos irão estruturar o Ego. 

Esse dinamismo também oferece o perigo da fixação, não são poucos os homens e mulheres já maduros que permanecem como que na adolescência, indefinidos no que querem realmente para suas vidas.
                                                       

O quarto dinamismo de desenvolvimento do Ego, é o Dinamismo Cósmico, regido pelo arquétipo do Velho Sábio. 

A sabedoria é prêmio de uma vida bem vivida e nesse momento, será através dela, a percepção de qual o verdadeiro sentido da vida individual inserida como parte de um Todo, e com essa compreensão buscar-se-á a transcendência. 

A fixação que pode ocorrer é a amargura de quem não consegue a sabedoria. Nessa hora de transcender desejos, as antigas frustrações podem retornar como correntes prendendo o ego na amargura do que poderia ter sido mas não foi, o Velho Sábio então retira-se  e no seu lugar estará o velho decadente.

http://lindaceriz.blogs.sapo.pt

A Redenção do Pai Divino 
Linda Schierse Leonard

Amar o Pai-ideal permitiu-me amar meu próprio ideal e realizá-lo em mim.
 Para tanto, foi preciso enxergar o valor do meu pai e depois constatar 

que esse valor me pertencia. Isso rompeu o vínculo inconsciente e 
me libertou para uma relação pessoal com os poderes transcendentais
 no seu Self.
A mulher que cresceu muito apegadas ao Pai, e se afastou da mãe por
 algum motivo, pode ter perdido o “elo” com o princípio feminino da
 mãe, da mulher, amiga, irmã,  e por isso revela dificuldade de identificação 

com a essência arquetípica feminina.

 O feminino nos possibilita intuição, a sensibilidade, e acolhimento maternal... e pode se tornar muito yang, reativa, controladora, agressiva e não 
sabe porque não consegue se relacionar com os homens.
O culto ao Sagrado da Divina Mãe de todas as religiões é muito benéfico para mulheres que perderam o a sintonia com o seu feminino.
Para filhas feridas que têm uma relação deficiente com outros aspectos do
 pai, os detalhes da redenção podem variar, mas a questão central 
permanecerá a mesma. Redimir o pai exige que seja
 reconhecido o valor que ele tem a oferecer.
Por exemplo, a filha que reage contra um pai muito autoritário deverá ter problemas de aceitação de sua própria autoridade. É possível que sua adaptação seja um ato de revolta. Para ela, é preciso ver o valor em sua própria responsabilidade, na aceitação do seu próprio poder e força.
 É preciso que valorize o limite, que chegue até a altura onde está e enxergue suas fronteiras, sabendo quando se toma excessivo. 
Precisa saber quando dizer não e quando dizer sim. Isso significa ter ideais realistas e conhecer os limites pessoais e os da situação.
Em termos mais freudianos, precisa atingir uma relação positiva com o “superego”, com a voz interior da valorização, dos limites, da lei do Pai,  do julgamento respon­sável e da tomada de decisões.
 Quando construtiva, essa voz não é nem crítica nem severa, nem condescendente demais, e por isso pode ver e ouvir com objetividade o que existe. Certa mulher expressou-se desta forma:
 “Preciso ouvir a voz do pai dentro de mim, dizendo-me com delicadeza que estou fazendo tudo direitinho, mas também me apontando quando ultrapasso a li­nha.”
A voz do Pai Bom é a voz do Pai interior, está relacionado com o Self, 
com os limites interiores, coma lei, a ordem, o poder Yang masculino,  com o Poder do pai diante da criança, ou o Poder  do Pai Divino.
A redenção desse aspecto paterno significa a transformação do juiz crítico, que proclama “culpada” a pessoa, o tempo todo, e do advogado de defesa, 
que responde com justificativas. Em vez dessas figuras, haverá um árbitro objetivo e amoroso. Isso representa ter o próprio sentido interior de valorização, em vez de buscá-la na aprovação externa.
Encontrar o Pai Divino para os órfaos do Pai pessoal, ou do Bom Pai
 pode ser um caminho de libertação, de redenção, de graças.
Em lugar de cair como vítima na armadilha das projeções culturais coletivas que não servem, indica conhecer-se a si mesma e dar vida concreta às suas possibilidades genuínas. No nível cultural, exprime valorizar o feminino o suficiente para que ele confronte a visão coletiva do que “se espera” que seja o feminino.


As filhas que têm uma relação “positiva demais” com o pai têm ainda outro aspecto paterno a redimir. Nesse caso, é bastante provável que estejam ligadas a ele por uma superidealização do mesmo e por alimentarem a projeção de sua... própria força paterna interior no pai exterior.
Muito frequentemente, suas rela­ções com os homens são limitadas, porque nenhum outro pode equiparar-se ao pai. Nesse caso, estão presas a ele da mesma forma como as mulheres que se ligam a um “amante imaginário”. (É comum que um vínculo idealizado com o pai seja desenvolvido num plano inconsciente, quando ele está ausente.)
 A relação por demais positiva com o pai pode levar a mulher a privar-se de relações reais com outros homens e, muitas vezes, também a distanciar-se do seu verdadeiro talento profissional. Ao ver o pai exterior através de um prisma tão idealizado, essa mulher não consegue dar valor à sua própria contribuição ao mundo.
 Para redimir o pai em si mesma, é preciso que ela reconheça o seu lado negativo. É preciso que encare o pai como um ser humano, .e não como uma figura idealizada, a fim de internalizar em si o princípio paterno.
Em última análise, redimir o pai implica remodelar o masculino interior, ser o pai dessa dimensão pessoal. Em vez do “velho pervertido”, do “menino rebelde e zangado”, as mulheres precisam encontrar o “homem com coração”, o homem interior que tem uma relação positiva com o feminino.
Na minha própria vida, a redenção paterna foi um longo processo.

 Com a ajuda de uma analista delicada e compreensiva, que serviu
 como continente amoroso e protetor para as energias que vinham à tona, entrei numa nova dimensão, no mundo simbólico dos sonhos.
 Lá encontrei aspectos de mim mesma que nunca suspeitara que existissem. Também descobri ali meu pai, que há muito tempo eu havia rejei­tado. Havia em mim, como vim a perceber, não só o meu pai pessoal como eu o recordava.
 Havia uma diversidade de figuras paternas, imagens do Pai arquetípico. Esse pai tinha mais fisionomias do que jamais imaginara, e essa percep­ção era atemorizante. Assustava-me e também me dava esperanças. Minha identidade de ego, minhas ideias a respeito de quem eu era,

 desmoronaram.
Existia em mim um poder que sobrepujava minhas tentativas de controlar a vida e os acontecimentos à minha volta, como uma avalanche modifica o perfil de uma montanha. Daí em diante, minha vida exigia que eu aprendesse a me relacionar com essa força maior.
Enquanto rejeitava meu pai, Deus, e a Graça recusava o meu poder, já que essa rejeição acarretava a recusa de suas qualidades positivas ao lado das negativas.
 Por isso, junto com a irresponsabilidade e com a dimensão irracional que eu havia negado, perdi o acesso até minha criatividade, espontaneidade e sentimentos femininos. Meus sonhos insistiam em apontar essa verdade.
 Um sonho mostra­va que meu pai era muito rico e possuía um grande templo palaciano no Tibete. Outro, que era um rei espanhol. Essas imagens contradiziam o homem pobre e degradado que eu tinha conhecido como “pai”. Até aonde iam minhas forças, meus sonhos 

demonstravam que eu também as estava recusando.

Em certo sonho, um cachorro mágico me confere poderes para produzir opalas mágicas. Fiz as opalas e as tinha na palma da mão, mas depois as distribuí e não guardei nem uma sequer para mim. Noutro sonho, um professor de meditação afirmava:
 “Você é linda, mas não o reconhece.” Uma voz me revelava, noutro sonho: “Você tem a chave para o conhecimento intermediário; deve pegá-la.” Acordei, gritando, porém, aterrorizada, que não queria essa responsabilidade.
 A ironia era que, embora criticasse e odiasse o meu pai por ter sido tão irresponsável e permitido que seu potencial se desperdiçasse,

 eu estava fazendo a mesma coisa. Não estava realmente valorizando a mim mesma e ao que podia oferecer. Em vez disso, alternava-me entre a puella , ou criança frágil, agradável e indigna de confiança, e a amazona de couraça, conscienciosa e empreendedora.
Por causa de minha rejeição ao meu pai, minha vida estava repartida em várias figuras conflitantes e desintegradas, todas elas tentando manter o contro­le. Em última análise, isso leva a uma situação explosiva. 

Por muito tempo, fui incapaz de aceitar a morte dessas identidades individuais em favor de uma unidade maior e desconhecida, que

 podería fundamentar a minha mágica - a base misteriosa do meu ser que, posteriormente, reconheci ser a fonte da cura.
 Assim vivenciei esse fundamento poderoso de meu ser na forma de ataques de ansiedade. Uma vez que não estava me entregando de boa vontade e sem medo aos poderes maiores, estes me tomaram de

 assalto e mostraram sua expressão ameaçadora.
 Atacavam-me súbita e repetidamente, no cerne do meu ser, aba­lando-me para que eu perdesse meus padrões de controle, como choques elétri­cos que abrem uma mão cerrada. Agora eu sabia como serviam pouco minhas defesas. De um momento para outro, eu estava frente a frente com o vazio.
 Eu me perguntava se isso não teria sido o que meu pai também vivera e se o seu alcoolismo não tinha sido uma tentativa de se proteger desse ataque. Talvez o “espírito” do álcool que governava a sua pessoa fosse um substituto para os espíritos maiores, e talvez mesmo uma defesa contra eles, pois estavam muito próximos.
 Já que eu havia negado qualquer valor a meu pai depois de ele ter se “afogado” no domínio dionisíaco irracional, eu precisava aprender a valo­rizar aquela área rejeitada abrindo mão da necessidade de controle. Isso exigia que eu vivesse o lado negativo, que mergulhasse no caos incontrolável de sentimentos e impulsos, nas escuras profundezas onde se ocultava o tesouro desconhecido.
 Por fim, a redenção do pai exigiu que eu entrasse no mundo subterrâneo, que desse valor a essa região rejeitada de mim mesma. Isso me levou a honrar os espíritos. Cerca de um ano depois de eu ter começado esse trabalho e realmente enfrentar meu pai, tive o seguinte sonho:
Vi umas papoulas lindas, esplêndidas em suas tonalidades de vermelho, laranja e amarelo, e desejei que minha mãe-analista estivesse ali comigo para vê-las. Atravessei o campo de papoulas e cruzei um córrego. De repente, estava no mundo subterrâneo, sentada num banquete, à mesa, em companhia de vários homens.
O vinho tinto era servido com generosidade, e decidi tomar outro copo. Ao fazê-lo, os homens se ergueram para brindar à minha saúde e me senti repleta e iluminada, diante da sua afetuosa homenagem.
Esse sonho assinalou a minha iniciação no mundo subterrâneo. Eu havia passado do mundo iluminado da mãe para o domínio do amante-pai sombrio,.. mas lá também fui homenageada. Era evidentemente uma situação incestuosa, mas, para mim, necessária.
 Parte do papel do pai, segundo Kohut, é deixar-se idealizar pela filha e, depois, aos poucos, deixá-la constatar suas limitações realistas sem afastar-se dela. Claro que, com a projeção ideal, vai um amor intenso. 

No meu desenvolvimento particular, o amor se tomou ódio e, por isso,
 o ideal anterior associado ao meu pai foi rejeitado.
Tive de aprender a amá-lo de novo para que pudesse refazer a ligação com a sua faceta positiva. Tive de aprender a valorizar o lúdico, o espontâneo e o mágico em meu pai, mas também enxergar seus limites, e precisei ver como os aspectos positivos pode­ríam ser atualizados na minha vida.
A tarefa cultural das mulheres de hoje envolve o mesmo processo. O valor do princípio paterno precisa ser visto e seus limites também precisam ser reconhecidos. Parte dessa tarefa implica discriminar o que é essencial e o que foi artificialmente imposto pela cultura.
 Com grande frequência, o princípio paterno foi repartido em duas metades conflitantes e opostas: o dominador rígido, velho e autoritário, e o eterno menino, divertido mas irresponsável.
 Na cultura ocidental, o lado autoritário do pai foi valorizado e aceito de modo inconsciente, e o lado lúdico e infantil reprimido ou desvalorizado. No plano cultural, esse processo resultou numa espécie de situação como a que encontra­mos em Ifigênia em Áulis. O poder autoritário toma as decisões (Agamenon) e sacrifica a filha, mas a causa original do sacrifício vem da inveja do irmão pueril (Menelau).
 Esses dois lados são contrários, no plano consciente, porém inconscientemente, por meio de sua possessividade, fazem uma aliança em prol do sacrifício da filha, isto é, do feminino juvenil emergente. As mulheres de hoje precisam enfrentar essa divisão do princípio paterno e contribuir para a sua cura.
 Nesse sentido, a redenção do pai pode desencadear o “re-sonhar” o pai, ou seja, uma fantasia feminina a respeito do que ele podería ser e fazer. Minha decepção com Ifigênia foi que ela finalmente aceitou de bom grado ser morta. Mesmo que a situação externa do seu sacrifício causada pela armadilha em que seu pai havia caído parecesse inevitável, ela poderia ter se pronunciado movida por seu instinto e sabedoria feminina, dizendo a ele algo que fosse possível.
 Isso talvez tivesse produzido uma modificação na consciência masculina. As mulheres estão apenas começando a fazer isso agora: começando a partilhar seus sentimentos e fantasias e a trazê-las a público. As mulheres precisam contar suas histórias. Precisam dizer aos homens o que esperam deles.
Precisam expor suas experiências mais autênticas, em vez de tentar justificá-las a partir de parâmetros masculinos, mas também precisam transmitir quem são a partir... de um espírito de compaixão, e não de uma derrota amarga.
 São muitas as mulheres que permanecem prisioneiras da facticidade de suas vidas, cegas às suas próprias possibilidades. É assim que surgem a amargura e o cinismo. É nesse terreno que o valor da puella é redentor, dada a sua profunda ligação com o reino das possibilidades e da imaginação, capaz de favorecer novas perspec­tivas e atuações, uma nova valorização do feminino.
 Quando essa visão criativa estiver combinada à força e ao foco da amazona, poderá emergir um novo entendimento do pai e um novo sentimento a seu respeito.
Há pouco tempo, pedi a uma de minhas turmas que escrevesse sobre suas fantasias de um pai bom. Ali havia mais mulheres na casa dos 20 aos 30 anos, mas também alguns rapazes. Sua composição coletiva sobre o pai foi a seguinte: Pai é um homem forte, estável, confiável, firme, ativo, ousado; além disso, é amoroso, carinhoso, compassivo, temo, provedor, atencioso e comprometido. Sua fantasia paterna criou um ser andrógino, ou seja, alguém com aspectos masculinos e femininos integrados na sua personalidade.
Um aspecto que apareceu inúmeras vezes foi que o pai deveria prover orientação nos mundos interior e exterior, sem porém “discursar”, ou exigir. “Oriente e ensine; não force nem faça sermões”, era como pensavam que o pai deveria dar ajuda no seu processo de formação dos próprios limites, princípios e valores e de estipulação do equilíbrio entre a disciplina e o prazer.
 Eles enfatizavam que o pai ensina pelo exemplo, sendo um modelo adulto de con­fiabilidade, honestidade, competência, autoridade, coragem, fé, amor, compai­xão, compreensão e generosidade, nas áreas do trabalho, da criatividade, no plano social e ético, e nos seus compromissos amorosos.
 Ao mesmo tempo, deve ter valores pessoais como algo claramente pessoal, sem tentar impô-los à filha ou apresentá-los como o “único jeito certo”. Na qualidade de guia, deve oferecer-lhe apoio como conselhos, e encorajá-la a ser independente e investigar as coisas por si mesma. No plano prático, encorajar e ensinar como administrar financeiramente e dar apoio às aspirações profissionais que tiver.
Ao acreditar na sua força, beleza, inteligência e capacidade, se orgulhará dela. Entretanto, não deverá projetar seus próprios desejos insatisfeitos na filha, nem se mostrar dependente, ou exageradamente protetor. Deve, em vez disso, afirmar a singu­laridade dela como indivíduo, respeitando e valorizando sua pessoa, sua perso­nalidade, sem porém esperar que assuma responsabilidades além das que a sua idade lhe permitir.
 Esse pai será uma pessoa sensível e emocionalmente dispo­nível quando ela precisar, no transcurso do seu desenvolvimento. Com seu senso de oportunidade e seu senso intuitivo de como é a filha, poderá oferecer- lhe proteção e orientação nos momentos em que isso for necessário.
Quando ela estiver pronta para se tomar adulta, ele perceberá esse momento e se afastará do papel de pai, adotando o nível de uma mútua amizade, pautada pelo amor e respeito necessários. Assim, ele também desejará e será capaz de aprender com ela. Enfim, pai e filha serão capazes de ouvir e falar com o outro, partilhando as experiências de vida e os ensinamentos que tiverem".
xxxx


Self e Indifiduação
http://psicologiajunguiana.com.br/

Dos processos do inconsciente, ora em atitude de compensação, ora em movimento de oposição a atividade consciente, Jung (2008b) constatou que existe como pano de fundo na vida dos indivíduos uma força que os leva a realizar a totalidade do ser.

 Para ele, os processos inconscientes se relacionam de forma complementar a atitude consciente para que seja formada a totalidade que chamou de si-mesmo, ou self. Dessa forma, quando adoecemos fisicamente ou psicologicamente, por trás destes acontecimentos estaria a realização do propósito do Self, que “abarca não só a psique consciente, como a inconsciente, sendo portanto, por assim dizer, uma personalidade que também somos” (JUNG, 2008b, p.53)
Este movimento de realização do Self é chamado por Jung de processo de individuação, sendo um caminho contínuo. Para o autor,
“é impossível chegar a uma consciência aproximada do si-mesmo, porque por mais que ampliemos nosso campo de consciência, sempre haverá uma quantidade indeterminada e indeterminável de material inconsciente, que pertence à totalidade do si-mesmo. Este é o motivo pelo qual o si-mesmo sempre constituirá uma grandeza que nos ultrapassa.” (JUNG, 2008b, p.53)
E ainda:
“Quanto mais conscientes nos tornamos de nós mesmos através do autoconhecimento, atuando consequentemente, tanto mais se reduzirá a camada do inconsciente pessoal que recobre o inconsciente coletivo. Desta forma, vai emergindo uma consciência livre do mundo mesquinho, susceptível e pessoal do eu, aberta para a livre participação de um mundo mais amplo de interesses objetivos” (JUNG, 2008b, p.53).
Diante do exposto, vemos que por ser um processo, a individuação é constante, não é um lugar em que o indivíduo chega, mas um processo que passa a viver, de forma contínua, justamente porque o inconsciente é imensurável. Além disso, individuação esta diretamente relacionada à diferenciação do coletivo, integrando o inconsciente pessoal, reconhecendo o inconsciente coletivo e posteriormente se diferenciando deste. Sobre isto Jung escreveu que:
“para diferenciar o eu do não-eu é indispensável que o homem – na função de eu – se conserve em terra firme, isto é, cumpra sue dever em relação à vida e, em todos os sentidos, manifesta sua vitalidade como membro ativo da sociedade humana. Tudo quanto deixar de fazer nesse sentido cairá no inconsciente e reforçará a posição do mesmo. E ainda por cima ele se arrisca a ser engolido pelo inconsciente.” (2007b, p.65)

REFERÊNCIAS:
Jung, C.G. (2008b). O Eu e o Inconsciente. Petrópolis, Vozes.
_________. (2007b). Psicologia do Inconsciente. Petrópolis, Vozes.
Rafael de Carvalho Oliveira
Este texto pode ser reproduzido, desde que citada a fonte

Anima/Animus e Persona
Em O Eu e o Inconsciente (2008b), Jung fala que a anima seria “a imagem do sujeito, tal como se comporta em face dos conteúdos do inconsciente coletivo ou então é uma expressão dos materiais inconscientes coletivos, que são constelados inconscientemente pelo sujeito.” (2008b, p. 156). Ou ainda que ela é “uma imagem coletiva de mulher no inconsciente do homem, com o auxílio da qual ele pode compreender a natureza da mulher.” (2008b, p.66).
Antes de tudo, é importante salientar que o autor chama a atenção para o fato de que este é um conceito empírico, e não simplesmente intelectual (2008d). Neste sentido, para se estudar a anima ou alma, e seu correspondente na psique feminina, o animus, Jung se valeu principalmente dos efeitos destes sobre a consciência, experimentados em varias décadas em que atuou como analista. Assim como os outros conteúdos do inconsciente, não seria possível apreender exatamente a natureza da anima.
De acordo com a definição acima, a anima está interposta entre a esfera pessoal e a esfera coletiva. Sendo a imagem do sujeito face aos conteúdos do inconsciente, em primeiro lugar esta diretamente relacionada com o pessoal, com a forma com que ele se vê e se apresenta diante de um coletivo (cf. JUNG, 2008d). Ao mesmo tempo, leva em alta consideração aquilo que ele acha que o coletivo acha dele, aquilo que ele sabe ou pensa, inconscientemente, sobre a coletividade.
Veja que esta imagem se forma no âmbito do mundo interno, ela guia a atitude interna, no mundo inconsciente, e por isso é formada diante da estrutura coletiva do inconsciente do indivíduo, aquela formada pelas categorias e possibilidades herdadas durante a evolução psíquica da história da humanidade. É nesta realidade que se encontra a característica arquetípica da anima, por meio da qual preenchemos com nossas experiências individual as possibilidades femininas herdadas de nossos ancestrais.
Na vida do homem, a primeira pessoa com quem experimenta a imagem de anima é a mãe, sendo que para a mulher, o animus é vivenciado por meio dos modelos masculinos do inconsciente da mãe, e depois do pai, a partir de dois anos. Não por acaso, os preconceitos e expectativas do homem com relação à mulher e da mulher com relação aos modelos masculinos estão diretamente relacionados com suas experiências com os pais. Não é difícil imaginarmos que quando entrarem no mundo dos relacionamentos homem/mulher, serão em certa medida guiados por estas imagens, e constantemente a projetarão em seus parceiros.
Para entender melhor esta imagem interna, Jung (2008a) conceituou em oposição a ela uma imagem perante o mundo externo, chamada de Persona. Esta seria nossa postura perante a sociedade em geral, seja no trabalho, na faculdade ou em outros grupos sociais. Quanto mais dissociada de nosso eu interior, mais será utilizada como uma máscara, por meio da qual vestiremos qualidades que na realidade não possuímos, mas que não obstante atribuímos à nossa personalidade social. Sobre a persona e a anima, Jung diz que
“assim como a experiência diária nos autoriza a falar de uma personalidade externa, também nos autoriza a aceitar a existência de uma personalidade interna. Este é o modo como alguém comporta em relação aos processos psíquicos internos, é atitude interna, o caráter que apresenta ao inconsciente. Denomino persona a atitude externa, o caráter externo; e a atitude interna denomino anima, alma.” (2008a, p. 391)
Ambas as atitudes, interna e externa, correspondem a um complexo funcional (JUNG, 2008a), e neste sentido o eu pode se identificar com uma ou outra atitude. Neste movimento, tanto a anima quanto a persona ganham autonomia de complexos mais ou menos inconscientes, de forma que seria “como se uma ou outra personalidade se tivesse apossado do indivíduo, como se outro espírito tivesse entrado nele” (JUNG, 2008a, p. 391)
Desta forma, segundo Jung (2008d), esta imagem interior do homem tem características femininas, em complementaridade ao seu consciente masculino, chamando-se anima. Na mulher tem características masculinas, chamando-se animus. Uma vez que estamos falando de conteúdos do inconsciente, a anima e o animus abrangem disposições complementares a vida consciente do homem e da mulher respectivamente. Eles possuem todas aquelas qualidades comuns que faltam à atitude consciente. Com relação ao homem,
“quanto mais viril sua atitude externa, mais suprimidos são os traços femininos; aparecem, então, no inconsciente. Isto explica por que homens bem masculinos estão sujeitos a certas fraquezas bem característica; comportam-se para com as emoções do inconsciente com a determinabilidade e impressionabilidade femininas (JUNG, 2008a, p.392).”
Sobre as mulheres:
“as mais femininas apresentam quase sempre, em relação a certas coisas internas, uma ignorância, teimosia e obstinação tão grandes que só poderíamos encontrar na atitude externa do homem. São traços masculinos que, excluídos da atitude externa feminina, se tornaram qualidades da alma. (JUNG, 2008a, p. 392)”
Por este motivo, Jung fala da complementaridade da anima com relação a persona, “o tirano, atormentado por maus sonhos, pressentimentos sombrios e receios interiores, é figura típica. Externamente cruel, duro e inacessível, é internamente vulnerável a qualquer sombra, sujeito a qualquer humor, como se fosse o ser menos autônomo e mais maleável.” (JUNG, 2008a, p. 392).

REFERÊNCIAS:

Jung, C.G. (2008a) Tipos Psicológicos. Petrópolis, Vozes.
_________. 2008b). O Eu e o Inconsciente. Petrópolis, Vozes_________. (2008d). Arquétipos do Inconsciente Coletivo. Petrópolis, Vozes.
Rafael de Carvalho Oliveira
Este texto pode ser reproduzido, desde que citada a fonte
Sombra
Encontramos na sombra os aspectos mais repugnantes de nosso ser, que por não serem aceitos são relegados ao inconsciente. Quanto mais unilaterais formos em olhar apenas paras as qualidades que julgamos ter, tanto mais autônomos ficam os conteúdos sombrios que possuímos, surgindo do inconsciente de onde foram relegados. Para Jung, sombra “é a parte negativa da personalidade, isto é, a soma das propriedades ocultas e desfavoráveis, das funções mal desenvolvidas e dos conteúdos do inconsciente pessoal” (2007b, p. 58)
O autor (JUNG, 2008d) fala que é importante para a economia psíquica considerar o par complementar da consciência, o inconsciente. E neste processo, o primeiro passo é olhar para o inconsciente e ver a sombra que está encoberta pela persona. Esta ultima, que criamos para nos proteger do mundo externo, também é utilizada para escondermos de nós a própria sombra, e é a primeira que enxergamos ao olhar no espelho. Diante deste ato de coragem, se formos mais além poderemos ver por trás da persona os aspectos de nossa personalidade que consideramos malignos, e que fomos incapazes de assumir. Lá estará nossa sombra.
A sombra nos fala do inconsciente pessoal, embora muitas vezes esteja permeada de associações e projeções de elementos arquetípicos coletivos, o que torna mais difícil o seu reconhecimento. Para Jung,
“a sombra, porém, é uma parte viva da personalidade e por isso quer comparecer de alguma forma. Não é possível anulá-la argumentando, ou torná-la inofensiva através da racionalização. Este problema é extremamente difícil, pois não desafia apenas o homem total, mas também o adverte acerca do seu desamparo e impotência” (JUNG, 2008d, p. 31)
Neste sentido, assim como os conteúdos do inconsciente, a sombra faz parte de nós mesmos, por mais que a neguemos. Para Jung, é caminho necessário para o autoconhecimento a confrontação com este mal que existe em nós. O homem arcaico se defendia da sombra projetando em personalidades e objetos coletivos, e quanto mais imerso na coletividade estiver, menos terá que enfrentar seus aspectos individuais sombrios. Entretanto, como vimos, o homem dos tempos modernos perdeu muito em suas crenças místicas, sendo que esta solução não está mais servindo para explicar o mal do mundo, e o mal em si mesmo na forma de sombra. Neste processo, há ainda quem se utiliza dos meios arcaicos de projeção do mal nas pessoas externas, e assim, cada vez mais o homem negligencia o poder do mal e o relega ao inconsciente. Este conteúdo se potencializa e se torna autônomo, e por isso o homem moderno é chamado a olhar para si mesmo, e consequentemente a confrontar-se com sua sombra. Para Jung,
“desde que as estrelas caíram dos céus e nossos símbolos mais altos empalideceram, uma vida secreta governa o inconsciente. É por isso que temos hoje uma psicologia, e falamos do inconsciente. Tudo seria supérfluo, e o é de fato, numa época e numa forma de cultura que possui símbolos.” (JUNG, 2008d, p.33)
Sanford (1988), ao falar sobre o problema do mal na mitologia, explica que como o homem arcaico personificava as forças malignas, tinha para com o mal uma posição de respeito, bastante diferente de “nossa visão moderna, a qual, por ser materialista e racionalista, nega a existência de deuses e demônios, ignora a realidade da psique e, consequentemente, tende a negligenciar o poder do mal” (1988, p. 25). A sombra não era tão real nas personalidades arcaicas, pois estava projetada no mundo. Eva Pierrakos (2005) também propõe um processo de autoconhecimento que se baseia em olhar o mal do mundo na perspectiva da sombra. Para ela, o mal do mundo é a soma do mal que existe em cada um, por mais que as pessoas insistentemente queiram acreditar que este está sempre fora. Se todos fossem isentos do mal e vítimas dele, onde estaria na realidade o mal? A resposta está na sombra de cada um, e assim temos a possibilidade de acabar com o mal “do mundo” reconhecendo e transmutando a própria sombra.
Portanto, ao olhar para sua sombra, estará o homem dando os primeiros passos para conhecer a si mesmo e integrar os aspectos faltantes de sua personalidade. Reconhecerá também os aspectos sombrios de sua anima e de sua persona, diminuindo o potencial autônomo destes complexos, e consequentemente deixando de projetar suas próprias dificuldades no mundo externo. Esta atitude mais honesta consigo mesmo terá o alargamento da consciência como consequência, assim como a diferenciação do coletivo.
Mas é preciso estar atento que, nem sempre a confrontação com o mal interno gera crescimento. Sanford (1988) concorda que o desenvolvimento da vida passa necessariamente pelo reconhecimento de nossa realidade sombria, mas se este processo for impregnado de uma aceitação complacente e uma identificação sombria, não terá o efeito de crescimento individual.
Além disso, apesar de estarmos nos referindo principalmente aos aspectos negativos escondidos na sombra, esta também é composta por potencialidades e qualidades negadas inconscientemente pelo indivíduo. Neste sentido, não raramente a integração e reconhecimento de características que eram julgadas negativas vem acompanhada do descobrimento e integração de qualidades importantíssimas do ser que estavam igualmente negadas e associadas ao que pensávamos ser desvios de caráter.

REFERÊNCIAS:
Jung, C.G. (2007b) Psicologia do Inconsciente. Petrópolis, Vozes.

_________. (2008d). Arquétipos do Inconsciente Coletivo. Petrópolis, Vozes.
Pierrakos, E. e Thesenga, D. (2005) Não Temas o Mal, São Paulo, 17 ed. Cultrix.Sanford, J. (1986) Os parceiros invisíveis. São Paulo: Paulus.
Rafael de Carvalho Oliveira
Este texto pode ser reproduzido, desde que citada a fonte
Sincronicidade
Sincronicidade é um conceito desenvolvido por Carl Gustav Jung para definir acontecimentos que se relacionam não por relação causal e sim por relação de significado. Desta forma, é necessário que consideremos os eventos sincronísticos não a relacionado com o princípio da causalidade, mas por terem um significado igual ou semelhante. A sincronicidade é também referida por Jung de “coincidência significativa”.
O termo foi utilizado pela primeira vez em publicações científicas em 1929, porém Jung demorou ainda mais 21 anos para concluir a obra “Sincronicidade: um princípio de conexões acasuais”, onde o expõe e propõe o início da discussão sobre o assunto. Uma de suas últimas obras foi, segundo o próprio, a de elaboração mais demorada devido à complexidade do tema e da impossibilidade de reprodução dos eventos em ambiente controlado.
Em termos simples, sincronicidade é a experiência de ocorrerem dois (ou mais) eventos que coincidem de uma maneira que seja significativa para a pessoa (ou pessoas) que vivenciaram essa “coincidência significativa”, onde esse significado sugere um padrão subjacente.
A sincronicidade difere da coincidência, pois não implica somente na aleatoriedade das circunstâncias, mas sim num padrão subjacente ou dinâmico que é expresso através de eventos ou relações significativos. Foi este princípio, que Jung sentiu abrangido por seus conceitos de Arquétipo e Inconsciente coletivo, justamente o que uniu o médico psiquiatra Jung ao físico Wolfgang Pauli, dando início às pesquisas interdisciplinares em Física e Psicologia. Ocorre que a sincronicidade se manifesta às vezes atemporalmente e/ou em eventos energéticos acausais, e em ambos os casos são violados princípios associados ao paradigma científico vigente. Segundo Rocha Filho (2007), inclusive o insight pode ser um fenômeno sincronístico, assim como muitas descobertas científicas que, de acordo com dados históricos, ocorreram quase simultaneamente em diferentes lugares do mundo, sem que os cientistas tivessem qualquer contato. Acredita-se que a sincronicidade é reveladora e necessita de uma compreensão, e essa compreensão poderia surgir espontaneamente, sem nenhum raciocínio lógico. A esse tipo de compreensão instantânea Jung dava o nome de “insight”.
Abaixo seguem dois exemplos citados pelo próprio Jung.
“Uma jovem paciente sonhou, em um momento decisivo de seu tratamento, que lhe presenteavam com um escaravelho de ouro. Enquanto ela me contava sonho, eu estava sentado de costas à janela fechada. De repente, ouvi detrás de mim um ruído como se algo golpeasse suavemente a janela. Dei meia volto e vi que foi um inseto voador que chocava contra ela. Abri-a e o apanhei. Era a analogía mais próxima a um escaravelho de ouro que se pode encontrar em nossas latitudes, a saber, um escarabeido (crisomélido), a Cetonia aurata, que, ao que parece, ao contrário de costumes habituais, se via na necessidade de entrar em uma sala escura precisamente naquele momento. Tenho que dizer que não me havia ocorrido algo semelhante nem antes nem depois disso, e que o sonho daquela paciente segue sendo um caso único em minha experiência.”
“Na manhã do dia 1º de abril de 1949 eu transcrevera uma inscrição referente a uma figura que era metade homem, metade peixe. Ao almoço houve peixe. Alguém nos lembrou o costume do “Peixe em Abril” (primeiro de abril). De tarde, uma antiga paciente minha, que eu já não via por vários meses, me mostrou algumas figuras impressionantes de peixe. De noite, alguém me mostrou uma peça de bordado, representando um monstro marinho. Na manhã seguinte, bem cedo, eu vi uma outra antiga paciente, que veio me visitar pela primeira vez depois de dez anos. Na noite anterior ela sonhara com um grande peixe. Alguns meses depois, ao empregar esta série em um trabalho maior, e tendo encerrado justamente a sua redação, eu me dirigi a um local à beira do lago, em frente à minha casa, onde já estivera diversas vezes, naquela mesma manhã. Desta vez encontrei um peixe morto, de mais ou menos um pé (30 cm) de comprimento, sobre a amurada do lago. Como ninguém pôde estar lá, não tenho ideia de como o peixe foi parar ali.”[1]
Carl Jung defende que os fenômenos sincronísticos podem ser agrupados em três categorias:
1. Coincidência de um estado psíquico do observador com um acontecimento objetivo externo e simultâneo, que corresponde ao estado ou conteúdo psíquico (p. ex., o escaravelho), onde não há nenhuma evidência de uma conexão causal entre o estado psíquico e o acontecimento externo e onde, considerando-se a relativização psíquica do espaço e do tempo tal conexão é simplesmente inconcebível.
2. Coincidência de um estado psíquico com um acontecimento exterior correspondente (mais ou menos simultâneo), que tem lugar fora do campo de percepção do observador, ou seja, espacialmente distante, e só se pode verificar posteriormente.
3. Coincidência de um estado psíquico com um acontecimento futuro, portanto, distante no tempo e ainda não presente, e que só pode ser verificado também posteriormente.
Ademais, Jung acrescenta que “nos casos dois e três, os acontecimentos coincidentes ainda não estão presentes no campo de percepção do observador, mas foram antecipados no tempo, na medida em que só podem ser verificados posteriormente. Por este motivo, diz que semelhantes acontecimentos são “sincronísticos”, o que não deve ser confundido com”sincrônicos”.”
Notas:
[1]. Sincronicidade, C.G.Jung – tradução de Pe. Dom Mateus Ramalho Rocha, OSB – 13ª edição, Editora Vozes, 2005
FONTE:

Wikipedia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sincronicidade
Personalidade-Mana
Quando o homem é capaz de despontencializar a atuação da anima como um complexo autônomo, se conscientizando dos seus conteúdos sombrios e de seu simbolismo arquetípico, esta se transforma numa função de relação entre o consciente e o inconsciente. Jung (2008b) diz este processo faz a anima perder o seu caráter demoníaco de possuidor do homem. Antes que este movimento aconteça, a anima é dotada de qualidade mágicas e ocultas, poderes que Jung chamou de mana. Neste sentido, seria a anima uma personalidade-mana enquanto atuar como complexo autônomo do inconsciente.
Enquanto complexo autônomo, a anima e o animus funcionam como fator de perturbação que escapa ao controle da consciência, desestabilizando as pretensões conscientes se manifestando indiretamente (JUNG, 2008b).
Surge então o problema de saber para onde teria fluído o mana depois do alargamento da consciência e da desenergização da anima. O processo de reconhecimento do inconsciente e de integração de seus conteúdos é executado sem dúvidas pelo eu consciente, pelo ego, pela nossa única ilha de consciência. Segundo Jung (2008b), é justamente o ego que se apodera da personalidade-mana que outrora fora da anima. Para o autor, “esta última, porém, é uma dominante do inconsciente coletivo: o conhecido arquétipo do homem poderoso, sob a forma do herói, do cacique, do mago, do curandeiro e do santo, senhor dos homens e dos espíritos, amigo de Deus.” (2008b, p.103).
O indivíduo que passa por este primeiro processo de assimilação da anima ou do animus, acredita que está livre dos complexos, que seu eu consciente tomou a posição central e dominadora de sua realidade, e que nada escapa ao seu controle, com a firmeza de um super-homem ou de um perfeito sábio.
O que na verdade ocorre é uma identificação do ego com esta figura arquetípica, de sorte que da mesma forma que outrora estava possuído pela anima, agora é este arquétipo que possui o ego. Este se apropriou de qualidades que não lhe pertencem. Para Jung, isto acontece porque o homem que passa pelo processo de assimilação dos conteúdos da anima julga que a dominou, que a subjugou, e dessa forma deduz seus poderes mágicos arquetípicos e adiciona à sua personalidade. O que se segue a isto é que novamente esta consciência se mescla com outro arquétipo, bem mais poderoso desta vez. O arquétipo do velho sábio, do super-homem, uma imagem que primeiramente foi atribuída ao pai.
A personalidade-mana que o ego julga possuir neste momento corresponde à vivência destes arquétipos, “que se formaram na psique humana desde tempos imemoriais, através de experiências que lhe correspondem” (JUNG, 2008b, p. 108). Jung comenta que este processo é duplo, pois acontece no sujeito que está possuído pelo arquétipo, e nas pessoas que o rodeiam, que projetam nele as mesmas qualidades, reais ou imaginárias. Para o autor,
“Dificilmente fugiremos à tentação de admirar-nos a nós mesmos por havermos encarado as coisas mais a fundo do que os outros; estes, por seu lado, também sentem a necessidade de encontrar em alguma parte um herói palpável ou um sábio superior, um guia e um pai, uma autoridade indiscutível.” (JUNG, 2008b, p.108)
Esta questão é de suma importância para os terapeutas, não só no tratamento de seus pacientes, mas principalmente na sua vivência pessoal, pois estão constantemente tentados a serem possuídos por esta personalidade-mana, alimentada pelas projeções de seus pacientes, e pelas pretensões de seus próprios egos de terem dominado o inconsciente.
O poder do mana é intenso, e as pessoas possuídas pelos arquétipos se transformam em figuras coletivas. Por trás disso fica atrofiado o desenvolvimento de suas individualidades. Neste caso em questão, da possessão do arquétipo de grande sábio, e do super-homem, há a peculiaridade de serem arquétipos ligados a imagem de Deus. Por este motivo, os poderes que o ego pretensamente adquiriu do inconsciente são de ordem gigantesca, comparáveis a tudo aquilo que a humanidade coloca na conta de Deus.
Para desconstrução da possessão da personalidade-mana será preciso passar pelo mesmo processo de despontecialização ocorrido com relação a anima e ao animus. Será preciso passar pela conscientização dos conteúdos que compõe seu arquétipo. Segundo Jung (2008b), este processo será como se libertar pela segunda vez do pai, para o homem, e da mãe para a mulher.
REFERÊNCIAS:
Jung, C.G. (2008b). O Eu e o Inconsciente. Petrópolis, Vozes.
Rafael de Carvalho Oliveira
Este texto pode ser reproduzido, desde que citada a fonte
Arquétipos
A parte herdada da PSIQUE; padrões de estruturação do desempenho psicológico ligados ao INSTINTO; uma entidade hipotética irrepresentável em si mesma e evidente somente através de suas manifestações.
A teoria dos arquétipos, de Jung, desenvolveu-se em três estágios. Em 1912 ele escreveu sobre imagens primordiais que reconhecia na vida inconsciente de seus pacientes, como também em sua própria auto-análise. Essas imagens eram semelhantes a motivos repetidos em toda parte e por toda a história, porém seus aspectos principais eram sua numinosidade, inconsciência e autonomia. Na concepção de Jung, o INCONSCIENTE coletivo promove tais imagens. Por volta de 1917, escrevia sobre dominantes não-pessoais ou pontos nodais na psique, que atraem energia e influenciam o funcionamento de uma pessoa. Foi em 1919 que pela primeira vez fez uso do termo arquétipo, a fim de evitar qualquer sugestão de que era o conteúdo e não o esboço ou padrão inconsciente e irrepresentável que era fundamental. São feitas referências ao arquétipo per se para que fosse claramente distinguido de uma IMAGEM arquetípica compreensível (ou compreendida) pelo homem.
O arquétipo é um conceito psicossomático, unindo corpo e psique, instinto e imagem. Para Jung isso era importante, pois ele não considerava a psicologia e imagens como correlatos ou reflexos de impulsos biológicos. Sua asserção de que as imagens evocam o objetivo dos instintos implica que elas merecem um lugar de igual importância.
Os arquétipos são percebidos em comportamentos externos, especialmente aqueles que se aglomeram em torno de experiências básicas e universais da vida, tais como nascimento, casamento, maternidade, morte e separação. Também se aderem à estrutura da própria psique humana e são observáveis na relação com a vida interior ou psíquica, revelando-se por meio de figuras tais como ANIMA, SOMBRA, PERSONA, e outras mais. Teoricamente, poderia existir qualquer número de arquétipos.
Padrões arquetípicos esperam o momento de se realizarem na personalidade, são capazes de uma variação infinita, são dependentes da expressão individual e exercem uma fascinação reforçada pela expectativa tradicional ou cultural; e, assim, portam uma forte carga de energia, potencialmente arrasadora a que é difícil de se resistir (a capacidade de fazê-lo é dependente do estágio de desenvolvimento e do estado de CONSCIÊNCIA). Os arquétipos suscitam o AFETO, cegam o indivíduo para a realidade e tomam posse da VONTADE. Viver arquetipicamente é viver sem limitações (INFLAÇÃO). Entretanto, dar expressão arquetípica a alguma coisa pode ser interagir conscientemente com a imagem COLETIVA, histórica, de forma tal a permitir oportunidade para o jogo de polaridades intrínsecas: passado e presente, pessoal e coletivo, típico e único.
Todas a imagens psíquicas compartilham, até certo ponto, do arquetípico. Esta é a razão por que os sonhos e muitos outros fenômenos psíquicos possuem numinosidade. Comportamentos arquetípicos têm a maior evidência em tempos de crise, quando o EGO está vulnerável ao máximo. Qualidades arquetípicas são encontradas em SÍMBOLOS e isso, em parte, responde por sua fascinação, utilidade e recorrência. DEUSES são METÁFORAS de comportamentos arquetípicos e MITOS são ENCENAÇÕES arquetípicas. Os arquétipos não podem completamente ser integrados nem esgotados em forma humana. A análise da vida implica uma conscientização crescente das dimensões arquetípicas da vida de uma pessoa.
O conceito do arquétipo, de Jung, está na tradição das Idéias Platônicas, presentes nas mentes dos deuses, e que servem como modelos para todas as entidades no reino humano. As categorias apriorísticas da percepção, de Kant, e os protótipos de Schopenhauer também são conceitos precursores.
Em 1934, Jung escreveu:
Os princípios básicos, os archetypoi, do inconsciente são indescritíveis em virtude de sua riqueza de referência, muito embora recognoscíveis em si mesmos. O intelecto discriminador naturalmente prossegue tentando estabelecer-lhes significados únicos e, assim, perde o ponto essencial; pois aquilo que, antes de tudo, podemos estabelecer como compatível com sua natureza é seu significado múltiplo, sua quase ilimitada riqueza de referência, que torna impossível qualquer formulação unilateral (CW 9i, parág. 80).
Ellenberger (1970) identificou o arquétipo como uma das três principais diferenças conceituais entre Jung e Freud na definição do conteúdo e do comportamento do inconsciente. Seguindo Jung, Neumann (1954) via os arquétipos recorrentes em cada geração, mas também adquirindo uma história de formas baseada em uma ampliação da consciência humana. Hillman, fundador da escola da Psicologia Arquetípica, cita o conceito de arquétipo como o mais fundamental na obra de Jung, referindo-se a essas mais profundas premissas do funcionamento psíquico como delineadoras do modo pelo qual percebemos e nos relacionamos com o mundo (1975). Williams argumentou que, se a estrutura arquetípica permanecer vazia sem uma experiência pessoal para preenchê-la, a distinção entre dimensões pessoais e coletivas da experiência ou categorias do inconsciente pode ser algo acadêmica (1963a).
Noções de estrutura psicológica inata existem na psicanálise hodierna, marcadamente na escola kleiniana; Isaacs (fantasia inconsciente), Bion (preconcepção) e Money-Kyrle (cf. Money-Kyrle, 1978). A teoria dos arquétipos, de Jung, também pode ser comparada ao pensamento estruturalista (Samuels, 1983 a).
Com o uso crescente do termo, encontramos freqüentes referências a fenômenos tais como “um necessário deslocamento do arquétipo paterno” ou “o arquétipo em deslocamento da feminilidade”. A palavra foi incluída no Dictionary of Modern Thought de Fontana, em 1977. O biólogo Sheldrake encontra correspondência relevante entre a formulação de Jung e sua teoria dos “campos morfogenéticos” (1981).
FONTE:

Dicionário Crítico de Análise Junguiana
http://www.rubedo.psc.br/dicjung/verbetes/arquetip.htm
Numinosidade dos Arquétipos e Participação Mística
As características arrebatadoras e místicas relativas a anima e animus, a personalidade mana e aos aspectos arquetípicos da sombra são devido a sua natureza numinosa. Jung fala que “cada vez que um arquétipo aparece em sonho, na fantasia ou na vida, ele traz consigo uma influência específica ou uma força que lhe confere um efeito numinoso e fascinante ou que impele à ação.” (2007b, p.61 e 62)
Para se ter idéia do efeito da numinosidade dos arquétipos, basta olhar a irracionalidade e o aspecto de fixação religiosa com que pessoas que vivenciam a personalidade-mana se julgam verdadeiros sábios, ou então o sentimento de perfeição e fatalidade mortal que pessoas apaixonadas vivem ao tomarem atitudes extremas e impensadas. Assim também acontece quando projetam suas sombras em figuras externas, carregadas de características arquetípicas, como exemplo das fogueiras da inquisição, ou no recente aumento da hostilidade mundial relacionada aos originários de países com maioria mulçumana.
Estas atitudes estão permeadas de uma identificação com as imagens primordiais, e conseqüentemente da vivência característica com que estas categorias arquetípicas foram preenchidas ao longo da história da humanidade. Aqui estamos falando de conteúdo psíquico que extrapolam a vida pessoal, e por isto, Jung diz que
“essas imagens contêm não só o que há de mais belo e grandioso no pensamento e sentimento humanos, mas também as piores infâmias e os atos mais diabólicos que a humanidade foi capaz de cometer. Graças à sua energia específica (pois comportam-se como centros autônomos carregados de energia), exercem um efeito fascinante e comovente sobre o consciente e, conseqüentemente, podem provocar grandes alterações no sujeito.” (2007b, p. 62)
Este poder numinoso e irresistível dos arquétipos pode levar ao que Jung (2008a) chamou de Participação Mística. Para o autor, “consiste em que o sujeito não consegue distinguir-se claramente do objeto, mas com ele está ligado por relação direta que poderíamos chamar identidade parcial.” (2008a, p.433). Este fenômeno está diretamente relacionado com as camadas mais arcaicas de nossa pisque. Entre os povos primitivos, conforme explicamos em capítulo anterior, a externalidade da pisque e a identificação exagerada com forças mágicas e místicas, fez com que vivessem a numinosidade dos arquétipos principalmente em sonhos e rituais. A participação mística acontecia primordialmente na influência mágica e identificação mística com objetos.
Apesar de ser um fenômeno tipicamente arcaico, este continua a acontecer na atualidade, talvez de uma forma mais sorrateira. Isto porque a ausência de rituais simbólicos, onde a participação mística tomava lugar intenso, não existe mais, e dessa forma a identificação mágica ocorre não tanto com um objeto, mas com a ideia que se faz dele, e frequentemente com relação a certos ideais, como o de casamento.
Jung (2007a) diz que a primeira participação mística que vivemos acontece com relação a nossos pais. Este processo é ambivalente no sentido de que inconscientemente o filho se identifica com o pai e passa a agir como assim fosse, e também o pai inconscientemente projeta suas aspirações, desejos, frustrações e/ou qualidades no filho, num processo que se alimenta mutuamente. Para lidar com esta participação mística, os povos primitivos realizavam diversos rituais de iniciação, por meio dos quais esta identificação paterna era transferida para a tribo, para a sociedade, ou seja, uma instituição mais coletiva, amenizando o poder numinoso do arquétipo.
Por último, é importante salientar que a participação mística também acontece no que se refere à sombra. Uma vez que esta se compõe dos aspectos negativos e inconscientes de um indivíduo, também se manifestará por meio de projeção, processo no qual poderá acontecer a identificação característica da participação mística. Ao projetar sua sombra num objeto, seja ele uma pessoa, um ideal de vida ou a sociedade em geral, o indivíduo trará junto aspectos negativos arquetípicos mesclados com aqueles de seu inconsciente pessoal, e assim o resultado poderá ser a participação mística com relação à esposa, ao casamento ou à sociedade, num claro processo de inconsciência e coletivização inerente a este tipo de identificação.


REFERÊNCIAS:

Jung, C.G. (2007b). Psicologia do Inconsciente. Petrópolis, Vozes.
_________. (2008a). Tipos Psicológicos. Petrópolis, Vozes
Rafael de Carvalho Oliveira
Este texto pode ser reproduzido, desde que citada a fonte



Postado por Dharmadhannya
Psicoterapeuta Transpessoal

Este texto está livre para divulgação
desde que seja citada a fonte:
http://dharmadhannyael.blogspot.com.br/

Meu blog foi clonado inteiramente, 
por isto estou em oração permanente contra ataques.
Os meus textos estão em vários blogs com o nome do 
impostor.


Que o universo de pura luz inspire minha Alma 
para realizar a vontade de Deus. Amem

Agradeço ao Arcanjo Uriel as graças recebidas 
e sua Divina Presença ao meu lado.
Todos que invocarem Uriel sentirão seus milagres em sua vida.

Ele me inspirou para avisar a todos, que
Uriel está em Terra para o bem de todos .
Ele está ai, e aqui é só chamar...
Agora.


Repassando a
Chama Violeta que cura que libera...
Eu sou, Eu Sou, Eu sou, a Divina Presença Vitoriosa de Deus,
que chameja o Fogo da Chama Violeta (TRÊS VEZES) através de
cada particula de meu ser, e em meu mundo.

Selai-me num pilar de fogo Sagrado e transformai e renovai
minha energia, purificai-me com a pureza, com a harmonia, o amor,
a liberdade e perfeição da Graça da Chama Violeta
Haja luz para compartilhar para o bem de todos.

Coloque a mão no seu coração
e sinta o fogo do amor Divino da sua Alma no seu coração.
Que ela ascenda a liberação do dharma no seu coração.

Eu mereço ser feliz.
eu mereço amar e ser amada.
Eu mereço ter milhões amigos.
Eu mereço a prosperidade da vida.
Eu mereço o trabalho que me dá sucesso e riqueza.

Envie este amor para o seu lar, para a sua vida,
para tudo e para todos.
Eu sou a Fonte.

Passe para frente com o seu amor à Chama violeta da Cura,
Purificação e da Liberação. ..
Meus blogs

http://dharmadhannyael.blogspot.com.br/
http://luzdosanjoedoselohim.blogspot.com.br/
http://astrologiadevenusemercurio.blogspot.com.br/

https://www.facebook.com/dharmadhannyael


! Eu estou no G+ : Dharmadhannya

https://plus.google.com/u/0/communities/111702837947313549512
Comunidade do G+: Dharmadhannya Luz e União

https://plus.google.com/communities/111702837947313549512
e-mail: dharmadhannya@gmail.com
Este espaço está protegido pelos anjos e por Hermes
Estou neste momento me unindo com o Poder e a Força da Unidade,
com o poder de todos os anjos, querubins, Serafins, Elohim.
Melchizedek, Sandalfon, Metraton,
Gabriel, Rafael, Haniel, Miguel, Camael, Tsadkiel,
Raziel, Uriel, Samuel.


Os anjos seguem na frente abrindo meus caminhos
e me protegendo Com a Justiça Divina. Amém
Seja feita a Vontade de Deus!
Amem!
Kodoish! Kodoisch! Kodoisch!

Copyright © Dharmadhannya - 2011 - Todos os Direitos Reservados – Autorizamos a reprodução do conteúdo desta página em outras páginas da web, para fins de estudo, exclusivamente.

Você pode copiar e redistribuir este material contanto que não o altere de nenhuma forma, que o conteúdo permaneça completo e inclua esta nota de direito e o link:http://dharmadhannyael.blogspot.com.br/

Porém, comunicamos que as nossas obras estão protegidas pela lei dos direitos autorais, o que nos reserva o direito de exigir a indicação dos nomes dos autores e a fonte das obras utilizadas em estudos.

Direitos Autorais - Algumas imagens neste Blog foram obtidas no Google Imagens ,alguns sites e de meus arquivos. A publicação das mesmas não têm fins lucrativos e é de boa-fé, caso se sinta ofendido em seu direito autoral, favor entrar em contato para exclusão das 
imagens.
AVISO: De acordo com a legislação vigente, o conteúdo deste blog não substitui a apropriada assistência médica , legal, financeira ou psicológica. De modo que, aceitar o conteúdo do mesmo estará sujeito a sua própria interpretação e uso. Os artigos aqui publicados estão escritos para estudiosos do assunto

Nenhum comentário:

Postar um comentário