sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Mulheres acima dos 50 podem engravidar por fertilização



Mulheres acima dos 50 podem engravidar por fertilização

Conselho Federal de Medicina suspende limite de idade. Paciente deve estar saudável. Estímulo à reprodução no Brasil: em 2014, os 106 centros de fertilização realizaram 60 mil procedimentos

Foto: Reprodução

Jornal : O DIA 23.09.2015
Rio - A partir de amanhã, mulheres com mais de 50 anos que queiram engravidar vão poder recorrer a técnicas de reprodução assistida, desde que assumam os riscos do procedimento.

 Antes, era preciso ter a autorização do Conselho Federal de Medicina (CFM). A decisão faz parte de nova resolução divulgada ontem pelo CFM, que atualiza as regras para reprodução assistida no Brasil.

 Especialistas no assunto comemoraram a decisão, que, segundo eles, representa um grande avanço frente à última resolução do órgão, de 2013.

“A norma atual veio para corrigir alguns pequenos problemas. A resolução evita abusos e resguarda a saúde da mulher. 

Antes, uma mulher de 49 anos, hipertensão e que tinha diabetes podia utilizar a reprodução assistida e uma de 50, mesmo saudável, não.


 O conselho corrigiu isso e cabe o discernimento do médico para decidir se é possível fazer ou não”, comenta Luiz Fernando Dale, especialista em Reprodução Humana e membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida.

Maria Cecília Erthal, especialista em reprodução humana e diretora-médica do Vida – Centro de Fertilidade da Rede D’Or, concorda.

 “Entendemos que existem riscos, mas a decisão da mulher prevalece, desde que ela receba todos os esclarecimentos do médico que a acompanha. Além de expandir o alcance das normas, é importante garantir a segurança do paciente e a ética no trabalho do especialista”.

Apesar da nova resolução, o CFM continua defendendo o limite máximo de 50 anos para a mulher passar pelo procedimento. Isso porque, alega a entidade, há graves riscos tanto para a mãe, como hipertensão e diabetes gestacional, quanto para o feto, como prematuridade.

O texto altera ainda o capítulo sobre o diagnóstico genético pré-implantação de embriões, para os casos em que existe uma doença genética na família, como hemofilia ou distrofia muscular progressiva.

Será possível usar a evolução da medicina para evitar que uma criança nasça com graves problemas de saúde, além de permitir a seleção de embrião compatível para doar células-tronco a um irmão doente, por exemplo.

 Em 2014, os 106 centros especializados em fertilização no Brasil realizaram mais de 60 mil transferências de embriões. Como o Congresso Nacional ainda não se manifestou sobre o assunto, vale a decisão do CFM.

Sim à gestação compartilhada

A nova resolução esclarece melhor outra questão polêmica: casais homoafetivos do sexo feminino agora poderão recorrer à chamada gestação compartilhada, quando o embrião gerado com o óvulo de uma das mulheres é implantado na parceira.

O texto restringe ainda a doação de gametas (espermatozóides e óvulos).

 Apenas mulheres com até 35 anos em processo de reprodução assistida poderão doar óvulos para outras que não podem mais produzi-los, em troca do custeio de parte do tratamento.
“Para a mulher a retirada dos óvulos para doação não é justificável.

A retirada dos óvulos é um procedimento invasivo e com riscos e não justifica passar por esse procedimento se não esta em tratamento para si próprio também”, afirma Dale.




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