Novo exame
corrige a pisada errada que leva a dores de coluna e joelhos
Diga-me como
andas e te direi porque sofres de dores nas costas, nos pés, joelhos e quadris.
É o que determina, em pouco mais de 15 minutos, um moderno exame
computadorizado que mapeia em detalhes a forma de caminhar, algo muito
particular de cada indivíduo. Dependendo do tipo de marcha, com a pisada para
fora, para dentro ou neutra, as consequências aparecem na coluna vertebral.
Antes usado apenas em centros de pesquisa de biomecânica e indústrias de
calçados, o teste de baropodometria chegou às clínicas de ortopedia e
reumatologia e está ajudando a detectar problemas nos pés e posturais, que se
refletem em dores no corpo.
O
equipamento tem uma plataforma que lembra uma esteira para caminhada e corrida,
que varia de dois a dez metros, sendo ampliada se for necessário. Em sua
superfície, sensores registram as diferentes pressões exercidas nos pés com a
pessoa parada, caminhando ou correndo. Então, os dados coletados são enviados
para a análise computadorizada, e mostram, por exemplo, pressões máximas -
quanto mais vermelho, maior a força naquela região - e médias; distribuição de
peso entre os pés e estabilidade, entre outros exames.
A análise é
tão precisa que informa se o indivíduo está adernando, em milímetros. Parece um
detalhe sem importância, mas pequenas diferenças ou desequilíbrio na pisada são
responsáveis por aquela incômoda dorzinha crônica de coluna, diz o ortopedista
Rodrigo Kaz, do Centro de Reumatologia e Ortopedia Botafogo e da equipe de
pesquisa do Departamento de Ortopedia da Universidade de Pittsburgh, nos
Estados Unidos.
- Esse exame
é solicitado pelo médico não só para detectar problemas nos pés, que geram
dores de coluna, mas para prevenir o problema antes que ele apareça, desde a
infância até a terceira idade - comenta Kaz. - Dependendo do formato dos pés,
aparecem dores, calosidades, joanetes, encurtamento de tendões, por exemplo.
Durante a
caminhada em percursos com desníveis (subidas ou descidas), o pé deve estar
totalmente apoiado no chão, para que se tenha total equilíbrio e sustentação do
corpo. Na baropodometria, médicos e fisioterapeutas conseguem avaliar não
apenas isso, mas as alterações posturais que interferem na mecânica da
caminhada e corrida, um esporte que virou febre nas ruas do Rio.
- Para os
corredores amadores e profissionais, a baropodometria ajuda muito a melhorar o
rendimento. Tem muita gente correndo e se queixando de dores nas costas, nas
pernas, no quadril, e acha que a culpa é do tênis, do terreno. Pode até ser,
mas, às vezes, o motivo é a forma de pisar; alguma deformidade nos pés, difícil
de perceber ao olho nu - comenta Kaz. - Dependendo do caso, a correção é feita
com o uso de palmilhas especiais.
Ele lembra
ainda que o exame é útil em casos de indivíduos que já sofrem de lesões graves.
- Por
exemplo, uma vítima de derrame pode passar a andar de forma desequilibrada e o
exame diagnostica o problema. Ele fornece dados, parâmetros, para correção
dessa dificuldade - explica Kaz.
Isso é
importante porque os pés comportam-se de forma diferente com a pessoa estática,
caminhando ou em rápido movimento, lembra o médico Clovis Munhoz, professor de
ortopedia e traumatologia da UFRJ e médico do Clube de Regatas Vasco da Gama.
Bom testes
para corredores
Na opinião
de Munhoz, a baropodometria deve ser solicitada para avaliar, por exemplo, o pé
plano (não há curvatura, a parte interna do meio do pé faz contato direto com o
solo) ou cavo (a curvatura aumentada), diferenças e esporão no calcâneo,
inflamação na planta do pé e na canela, tendinites; se uma perna é mais curta
do que a outra, artroses e até fraturas por estresse, situação comum em
praticantes de atividades física.
- A sola do
pé é a primeira parte do corpo que sofre o impacto de uma corrida e, por isso,
está suscetível a problemas. O mais comum deles é a fascite plantar, lesão
causada pela inflamação da fáscia plantar, estrutura responsável por dar apoio
ao arco do pé. A queixa pode acontecer por diversos motivos, mas o mais comum é
a sobrecarga - explica o ortopedista.
Um corredor
acima do peso, que não calça um tênis adequado, corre o risco de sofrer
inflamação nos pés, assim como o atleta, que treina demais e acaba forçando a
fáscia plantar, acrescenta Munhoz.
- Quem gosta
de se exercitar deve consultar seu médico quanto à necessidade de
baropodometria - recomenda o ortopedista.
ANÁUSE DO
MOVIMENTO DA PISADA
Durante a
pisada, o pé faz movimentos complexos que se iniciam com o apoio inicial no
calcanhar; seguido pela passagem de peso para a parte central e lateral do
centro do pé; depois o apoio na parte central anterior do antepé (“almofada”);
levantamento do calcanhar e finalmente o impulso final com o dedão, que
corresponde ao final de uma passo. Em cada pisada, é exercida uma força de
força de três a quatro vezes o peso do indivíduo no pé
Os tipos de pisada a serem corrigidas.
O paciente com muita pronação nos pés tende a
pisar para dentro e esse tipo de marcha termina encurtando músculos e tendões
da parte posterior da coxa e das pernas; problema que se reflete na coluna,
causando dores lombares e, em alguns casos, hérnia
PRONADORES
Têm o peso
do corpo concentrado na parte interna do pé na caminhada e fazem o apoio maior
no segundo dedo, no lugar do Primeiro.
Consequências
para a coluna e as pernas.
Sobrecarregam a parte interna do joelho e da
perna; tendem a sentir mais dores nessas articulações, podendo se refletir nas
costas. E mais: fratura por estresse do esqueleto do pé, joanete, inflamação da
planta do pé, tendinite da tíbia e do tendão de Aquiles, dor na parte medial do
joelho. Os pés pronadores devem contar com reforço na parte interna do
calcanhar e discreta elevação central do pé.
.
SUPINADORES
Os
supinadores exercem um maior peso na parte externa do pé
•
Consequências para a coluna e as pernas Há maior impacto absorvido pelos ossos
desta articulação, com risco de fratura por estresse, mesmo sem forçar muito.
Entorses por inversão do tornozelo, tendinite na perna e bursite do quadril,
também são comuns. Há prejuízo para a coluna vertebral, joelhos e bacia. Os
mais indicados são calçados macios em toda sua extensão, principalmente na
parte lateral do calcanhar
Os efeitos
da caminhada sobre a coluna.
Os tipos de Pés. São três, classificados pelas características
de sua curvatura na sola.
PÉ NEUTRO Tem
a curvatura de cerca de 6cm entre a parte interna do meio do pé e o solo.
Corresponde à maioria (acima de 60% dos casos)
Pés Plano ou
Chato
Sem curvatura.
A parte interna do meio do pés faz contato direto com o solo.
PÉ CAVO
Tem
curvatura acentuada, maior do que 6cm. O apoio de peso na parte central do pé
fica excessivamente lateral.
A pessoa com
pisada muito supinada pode sobrecarregar a parte externa das pernas e sentir um
pouco de dor na parte baixa das costas, do quadril, dos joelhos. Dificilmente sente
dores no meio das costas e na coluna cervical têm relação com o tipo de pisada.
Mas podem ser decorrentes de má postura.
Jornal O Globo Saúde & Bem-estar
Pesquisado por Dharmadhannyael
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