segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Carta para uma mãe de adolescente angustiada.



                                                

Carta para uma mãe de adolescente angustiada.

Cara amiga fiquei preocupada com a sua angústia em relação ao futuro de seus filhos de 9 e 11 anos.

Muitas mães  não sabem como conduzir a educação de seus filhos num ambiente que “deseduca”, que planta a semente da violência, da desagregação moral, da impunidade, da corrupção em todos os cantos.

Depois de meditar muito, cheguei a conclusão que a Justiça, a ética, e a cidadania de um povo definem o futuro de uma nação, das suas crianças. O que precisa ser globalizado é o respeito ao próximo, a cidadania e a qualidade de vida – e com justiça, segurança e paz.

“A dimensão ética começa quando entra em cena o outro. Toda lei, moral ou jurídica, regula relações interpessoais, inclusive aquelas com um outro que a impõe.  A ética não tem religião definida, mas define uma conduta moral e ilibada do ser humano no relacionamento com os seus semelhantes”.

A realidade está adulterada, com uma avalanche de informações desencontradas num ritmo cada vez mais alucinante, resulta numa espécie de bloqueio mental que nos desorienta, a verdade nunca é transparente, somos “educados” com uma total inversão de valores éticos, com uma a doutrinação  intensa através do controle do material didático,  e a dos meios de comunicação. 

Mas, será que  nossas  crianças jovens estão aprendendo a “ética” e a moral da Televisão?

Neto diz que “A televisão tem o poder de transformar os temas do cotidiano num espetáculo. Essa glamourização permanente faz com se banalize a violência e se confunda ficção e realidade, influenciado no aumento do consumismo, de bens, serviços e idéias. A propaganda que incentiva o jovem a iniciar no uso do álcool é poderosa, o apelo é sedutor. “A vida é bela, quando temos amor e amigos”

Se a família consegue impedir que seu adolescente entre no mundo das drogas e não beba algumas garrafas de cerveja, será um ganho. Precisamos  proteger  o cérebro do nosso  adolescente e  evitar sequelas neurológicas em neurônios em desenvolvimento. Então podemos dizer que vencemos uma batalha. A correnteza que arrasta o jovem para a decadência moral é forte e a família não encontra aliados no Estado, na comunidade, nos meios de comunicação. É uma luta solitária, porque precisamos proteger nossos filhos, netos, irmãos da decadência física e moral.

A violência, que sustenta a agressão é um fenômeno cultural causado – ou pelo menos aumentado- pela comunicação de massa, por uma educação defeituosa e em especial pela TV. Terá que ser atacada como aconteceu em alguns países da Europa e liquidada mudando os nossos métodos educacionais e controlando os programas de televisão.

"O homem é bom por natureza, amante da justiça e da ordem" (Rousseau). “O bem e o mal são representados pelo cumprimento, ou descumprimento das leis”. Kelsen

May diz que “as raízes dos valores mergulham profundamente nos símbolos e mitos arquetípicos e inconscientes da sociedade”. Para mudar um sistema de valores é preciso, antes de mais nada, aprofundar as seguintes questões: o que a Televisão faz pelo ou com o indivíduo? Que finalidade ela atinge quando  mostra uma inversão de valores? Os mitos de hoje na novelas são dionisíacos, irracionais, e sem identidade com o  bem. Interessante que esse estilo aumenta a audiência. Será que o povo quer pão e circo?

A arte é o espelho de uma sociedade em constante mudança histórica?


O Brasil segue a sombra de uma Justiça que protege os ricos e pune os pobres, que incentiva o menor ao crime, e banaliza a violência. Nossos filhos temem que sua família seja executada na esquina crescem com medo de serem executados na esquina. A sociedade brasileira é injusta e disforme.

A política atual  separou-se dos valores éticos e transformou-se num terreno de luta pelo poder, que determina atos de corrupção criminoso,  violência, e guerras. Neste contexto prevalece é o desamor, a indiferença, a ambição, e o jogo político em busca do poder, assim,  o dominante é a falta de escuta, a falta de visão, a injustiça.

A educação é igualmente importante para a cidadania e também visa atingir o interior do indivíduo, o seu coração, sua Alma.

Podemos facilmente ser atingido e influenciado nocivamente pelos males que nos rodeiam como violência, corrupção política, insolência, agressividade sem limites, descomedimento, soberba, poluição, holocaustos dos animais, crianças abandonadas, drogas, crueldade... 

 O Ser revela sua Alma, sua humanidade e  consciência de cidadania, respeita as leis, não é egocêntrico,  e é solidário  e tem sua auto-estima estruturada dentro da família; adquiriu responsabilidade,  é seguro, capaz de realizar seus desejos, respeitando o espaço do outro e seus limites no mundo , porque “aprendeu no berço” da sua família, da sua cultura”. *

Será que nossos filhos estão sendo “deseducados” pela televisão e pela mídia?

Primeiro precisamos proteger nossos filhos  da avalanche de violência, erotismo, consumismo, mediocridade; incentivo ao individualismo exacerbado, banalização do sexo e da violência que é vista diariamente na televisão. É necessário formar telespectadores críticos, e assim  formar a consciência de cidadania com uma participação consciente e esclarecida. 

Sabemos que “existe uma manipulação poderosa e irresistível por trás das grandes produções midiáticas de tal forma que a elite – com total domínio dos meios – controla o pensamento das massas de forma irrepreensível”.

 Não temos no universo político nenhum  político que revele o sentimento que se preocupa com seus filhos, com sua família e por isso luta para proteger as crianças da influência negativa midiática. 

 A educação e a cidadania são dependentes uma da outra. Cidadania caracteriza-se pela participação consciente dos cidadãos nas decisões e cumprimento das leis impostas pela sociedade. Para melhor desenvolvê-la no indivíduo exige-se uma boa formação de caráter que se inicia na infância, com a família, e desenvolve-se ao longo da vida, com a sociedade.

O ensino requer a participação do jovem no meio escolar, consciência dos seus direitos e deveres na sociedade, esclarecimento das dúvidas, envolvimento afetivo, participação social,  espírito crítico, debates, e a resolução pacífica de conflitos e oposição ao autoritarismo.

 Quanto mais educado e culto o povo é, mais alto será o nível do país, diminuindo as desigualdades e problemas.  A partir do momento em que as crianças ficam soltas na comunidade, estabelecem vínculos  com grupos marginais e entregues às diversões eletrônicas, há uma perda de referência em relação aos valores considerados importantes para o desenvolvimento de uma base sólida.  

Não é possível ficar indiferente, a miséria  está em toda a parte e uma minoria vive a riqueza que daria para compartilhar para todos. A imensa maioria continua excluída dos mais elementares direitos e jamais ouviu falar em deveres. 

A arte imita a vida?Vivemos um momento que há distorções de valores, de princípios, o “herói” atual é “bandido”, o bem está vencido no filmes e novelas.  O vilão é aplaudido como os políticos corruptos. O canalha e o ladrão são valorizados como vencedores e mais espertos, e a fraqueza de caráter do vilão elevam a audiência;

 neste contexto teremos uma nova geração “educada” para aceitar indiferente a violência, a corrupção da justiça, a degradação humana, o caos, a injustiça, a decadência da mulher os ditames do oportunismo e dos novos tempos. A criança é socializada pela cultura do consumo. 

Será que a criança de hoje  será um jovem “vilão” na vida dos pais e da sociedade no futuro? Ou será um líder comunitário, um cientista social, ou um político preocupado com a qualidade de vida de todos. 

O jovem de amanhã pertence a uma geração que assistiu a inversão de valores morais diariamente com a sua família na televisão. Os jovens irão crescer com estes modelos que servem de incentivo a criminalidade, ou podem ser educados para ser um cidadão consciente e participativo.

 Atualmente, há uma vilã que é uma estrela vilã que brilha nas novelas. Será que incentiva o aumento de  mulheres criminosas? Elas querem a riqueza fácil que o crime oferece?

O cinismo, a indiferença, a competição predatória,  a manipulação das massas, a ambição cega, o desprezo pela dor alheia, a vaidade, o individualismos exacerbado, a psicopatia social está instalada.

 A mensagem invisível das novelas nos diz que“ Deus está morto”, e a cultura do fazer o bem pertence aos  ignorantes. Acabou o maniqueísmo do bem de um lado e do mal do outro. As virtudes do caráter, um projeto de democracia, de cidadania não interessam aos vencedores do sistema econômico e político atual. 

A quem interessa que os jovens do Brasil, cresçam sem valores, sem moral. Será mais fácil governar mentes imorais, alcoolizadas, drogadas? 

Interessa ao poder estabelecido um povo passivo, conivente, indiferente?A massa no seu silêncio cúmplice segue passiva diante da corrupção em todos os cantos. O povo segue  indiferente, não vemos a indignação nas ruas, na boca do povo.

O governo libera o menor para o crime, mas não educa para a paz. Está no ar um sentimento de impunidade de permissividade da corrupção que leva ao caos uma nação.A sociedade legítima promove a cidadania e a convivência transparente entre os cidadãos...

Sem  a mão forte da Justiça governando o Estado, [...] não somente o governo tem menos vigor e rapidez para fazer observar as leis, impedir as vexações, corrigir os abusos, prevenir as empresas sediciosas que possam ocorrer nos lugares distantes, como  também o povo tem menos afeição aos chefes, a quem nunca vê, à  pátria, que aos seus olhos é como o mundo, e aos concidadãos, cuja maioria lhe é estranha. [...] Os talentos permanecem ocultos,  as  virtudes ignoradas, os vícios impunes, nessa multidão de homens  desconhecidos uns aos outros [...]. ROUSSEAU

“O despotismo sem limites  se baseia na tirania dos indivíduos egoístas que perderam o sentido da obediência à lei e só conhecem sua vontade dissoluta enquanto regra de ação”. Bezerra (2)

"...Há um momento na Torá que há muito me fascina. Quando Moshê falou aos israelitas quando estes estavam para deixar o Egito após dois séculos de exílio e escravidão, ele não falou sobre liberdade, ou sobre a terra transbordando de leite e mel. Em vez disso, ele falou sobre o dever dos pais, de educarem seus filhos. Por quê? Porque para defender um país você precisa de um exército, mas para defender uma civilização você precisa de educação". Sacks J.

Este texto é resultado de uma pesquisa e inspirado em vários mestres do assunto.
1. Miranda Neto.
2 - Gustavo Cunha Bezerra.

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