São Francisco de Assis
Altíssimo, Onipotente, Bom Senhor!
Teus são o louvor, a glória, a honra e toda a bênção.
Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas, especialmente o senhor irmão sol, que clareia o dia e que com sua luz nos ilumina.
Ele é belo e radiante, com grande esplendor, de ti, altíssimo, é a imagem.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã lua e pelas estrelas, que no céu formastes, claras, preciosas e belas.
Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão vento, pelo ar e pelas nuvens, pelo sereno e todo tempo com que dás sustento às tuas criaturas.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água, útil e humilde, preciosa e casta.
Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão fogo, pelo qual iluminas a noite. Ele é belo e alegre, vigoroso e forte.
Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e governa, produz frutos diversos, flores e ervas.
Louvado sejas, meu Senhor, pelos que perdoam, pelo teu amor, e suportam as enfermidades e as tributações.
Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irmã, a morte corporal, de quem homem algum pode escapar.
Louvai todos e bendizei ao meu Senhor, dai-lhe graças e servi-o com grande humildade
Visão Beatífica
Dante Alighieri (1264-1321)
E o que vi, então, na imensidade, ultrapassou quanto a
palavra humana possa exprimir e quanto a memória possa gravar.
Como o homem que, a sonhar, vê claramente, depois só
guarda a sensação impressa em seu espírito, sem que nada mais lhe volte à
mente, assim, para mim, quando cessou a visão sublime!
E em meu coração permaneceu apenas a alegria causada
por essa
contemplação.
Tu, ó abundante graça, me animando, ousei fixar com
meus olhos a luz eterna, a ponto de nisso consumir a minha vista. E lá, na
profundeza, vi que está contido, unido pelo Amor, num só volume, tudo o que o
universo encerra.
Acidente,
substância e tudo mais, reunidos entre si de tal maneira que, na verdade, mal
posso descrevê-lo. Creio que a forma universal inteira vi nesse foco, pois,
refletindo, sinto, ao dizê-lo, transportes de júbilo...
De êxtase, assim, minha alma toda presa, atenta,
absorta, imóvel se imergia, em contemplar sempre mais acesa estava e tal efeito
produzia que me seria impossível consentir deixá-la para encarar outros seres,
pois o bem, que é objeto de sua aspiração, está todo nela.
Nela tudo é perfeito, como fora dela tudo é
defeituoso. Mas, como olhando minha vista se levantava, a imutável essência
parecia mudar, quando era somente eu que me transformava.
Ó luz eterna, que em ti somente habitas, somente tu te
compreendes a ti mesma, e, compreendendo-te, te amas e sorris.
Como o geômetra que o espírito crucia, procurando em vão um apoio, para medir seu círculo incircunscrito, assim estava eu diante dessa visão tão nova, procurando ver como a imagem humana pode inserir-se nesse círculo e descrevê-lo.
Para mim isso
seria empresa insana, se não me houvesses clareado a mente, com teu fulgor, que
dá a posse da verdade.
Desde esse momento, a visão desfaleceu
Mas já se achavam em movimento o desejo e a vontade,
que,
Como a roda que ao motor obedece volviam àquele amor,
que move o sol e as estrelas.
Postado por Dharmadhyannya
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