Pensamento positivo
O pensamento positivo
pode ajudar na sua saúde e no seu bem-estar.
Por Michelle Veronese
Muito se fala que a
mente move montanhas. Você seria um ímã e atrairia tudo o que desejasse. A boa
fortuna estaria ao alcance de suas mãos (ou melhor, da sua cabeça).
Será? Uma atitude otimista faz um bem danado,
sim. Mas ninguém consegue ficar rico só com a força do pensamento. Saiba como
isso funciona
Pense. Em qualquer
coisa. Numa casa, por exemplo. Imagine-a pintada de branco, com janelas azuis e
cercada por um terraço com escadas que levam a um jardim. Ali estão margaridas,
girassóis e uma árvore frondosa.
Nos 10 segundos que
você levou para chegar até aqui, uma avalanche de sinais nervosos ocorreu no
seu cérebro. No córtex (camada periférica dos hemisférios cerebrais), milhares
de neurônios foram acionados e trocaram informações em frações de segundo.
Arquivos de memória foram vasculhados e, sem
que você pudesse controlar ou prever, a imagem de uma casa surgiu em sua mente.
Por isso, você deve ter sentido um bem-estar, uma vontade de possuir essa casa
de verdade.
Dentro de nossa caixa
craniana ocorrem milhares de outros processos – esse que você acabou de
perceber é o que podemos chamar de pensamento positivo, uma idéia que, nas
prateleiras das livrarias, vem ganhando contornos de magia.
Basta ter uma atitude
otimista para atrair o que deseja. Dinheiro, amor, saúde, sucesso. Tudo.
Qualquer coisa pode estar ao seu alcance se você pensar positivamente, com
firmeza, dizem os autores de autoajuda.
Ciência ou autoajuda
É muito comum as
teorias sobre pensamento positivo recorrerem à física quântica para legitimar
suas ideias.
A física explica tudo?
No início do século
passado, o surgimento da física quântica – ciência que estuda o movimento dos
átomos e partículas subatômicas – causou uma revolução na nossa forma de
entender a realidade.
Até então, víamos o
mundo apenas pelas lentes da física clássica. Com uma boa dose de certeza,
conseguíamos avaliar as características dos objetos ao nosso redor e prever
seus movimentos. Por exemplo: se você jogar um copo para o alto, sabe que ele
vai cair, certo?
Também pode calcular sua velocidade,
trajetória e a força do seu impacto. Essas leis valem ainda hoje. Mas a física
clássica não se aplica ao mundo quântico – no lugar do velho determinismo, é a
incerteza que rege o microcosmo.
Para começo de conversa, as partículas
microscópicas se comportam de maneira imprevisível. Elas são encaradas como
ondas de possibilidades.
Ou seja, podem estar
ali, aqui e acolá. E tem mais: um elétron pode influenciar outro elétron a
distância. Esses princípios atiçaram a curiosidade de muita gente e inspiraram
as mais variadas interpretações.
O que se diz é que nós
todos nos comportamos como verdadeiros elétrons – só que em tamanho aumentado,
bem entendido. Veja a seguir as fontes da física usadas pelas teorias de autoajuda.
1. Podemos influenciar a realidade
O que diz a física quântica
– O elétron não tem uma existência física. Ou seja, ele não é uma pessoa como
eu e você. Ele não para quieto e é capaz de estar em vários lugares ao mesmo
tempo. Quando um elétron é observado com um instrumento, ele para em um só
ponto, ou seja, interferimos no seu rumo.
“Mas não temos nenhum controle sobre
o lugar em que a partícula vai parar. Se eu quiser que ela reaja a meu favor,
não vou conseguir”, diz o físico Adilson José da Silva, professor do Instituto
de Física da USP.
Como esta teoria é apropriada
– Esta idéia vem sendo usada para justificar a crença de que a mente é capaz de
alterar a realidade.
O pensamento positivo, nesse caso,
influenciaria tudo e mudaria o rumo dos acontecimentos.
Do mesmo jeito que
influenciamos a parada de um elétron. “A física quântica dá a você o controle
sobre o seu futuro, permitindo que você altere a direção do seu destino”, diz
Susan Anne Taylor, psicóloga que faz palestras na área motivacional, no livro A
Ciência do Sucesso.
2. Todas as coisas estão conectadas
O que diz a física
quântica – Em laboratório, os cientistas conseguem fazer com que os átomos
interajam, comuniquem-se entre si.
É possível fazer com que eles se comportem de
forma interligada – ao mexer em um, outro também se mexe. Esse processo independe
da distância entre as partículas, é como se o espaço não existisse.
Se você mexer com um átomo em Santos, pode
fazer com que outro em Saturno se movimente. Esse fenômeno é conhecido como
“entrelaçamento de partículas”.
Como esta teoria é
apropriada – Batizado por Albert Einstein, nos anos 30, de “ação fantasmagórica
a distância”, esse princípio quântico de entrelaçamento de partículas já foi
utilizado por diversas áreas.
Tentaram explicar, por
exemplo, a telepatia, justificar consultas oraculares a distância e, é claro,
reforçar a idéia de que o pensamento pode modificar a realidade. Também deu
respaldo à crença na sincronicidade, ou seja, de que não há coincidências e que
tudo no Universo está ligado.
3. Você pode curar sua vida
O que diz a física quântica
– Os elétrons comportam-se como ondas e se propagam pelo espaço. Mas também são
partículas, ou seja, objetos muito pequenos. Essa dupla característica,
aparentemente contraditória, é chamada pela física de “dualidade
onda-partícula”.
Esses dois aspectos, em
conjunto, devem ser considerados na observação e no momento de estudo do
comportamento e posicionamento dos elétrons. Não se pode levar em conta que um
aspecto funciona sem o outro.
Como esta teoria é
apropriada – A história da dualidade dos elétrons aconteceria em nossa vida
diária. Por isso, com relação à nossa saúde, é preciso unir sempre dois
aspectos: mente e corpo, assim como os elétrons no caso da onda-partícula.
Para alcançar a cura, é preciso superar esse
dualis
mo. Os físicos Fritjof Capra e Amit Goswami levaram essa idéia além. Eles
sugerem a união entre a física quântica e a filosofia oriental como caminho
para compreender toda a existência.
“Aquilo em que você
mais pensa ou se concentra se manifestará”, garante Rhonda Byrne. Essa
australiana de 52 anos alega ter desenterrado uma verdade preservada a sete
chaves por sábios, filósofos, cientistas e gente de sucesso.
E revelou sua descoberta no filme O Segredo,
que vendeu mais de 2 milhões de cópias em dvd no mundo inteiro. O livro homônimo,
lançado por ela, também virou um fenômeno de público, com 6 milhões de
exemplares vendidos em apenas um ano.
Byrne resume o que descobriu em frases de
efeito como: “Sua realidade atual ou sua vida atual é resultado dos pensamentos
que você tem”. Hoje, uma legião de fãs segue seus ensinamentos.
Esse mistério alardeado
por Byrne não é nenhum segredo. Já faz tempo que diversos escritores têm
divulgado as benesses do pensamento positivo. Um dos primeiros a falar sobre o
assunto, Norman Vicent Peale, autor de O Poder do Pensamento Positivo, em 1952
já dizia: “Mude seus pensamentos e você mudará seu mundo”.
Hoje, a lista de livros
que ensinam a usar os poderes da mente é quilométrica. Há o médico indiano
Deepak Chopra (As Sete Leis Espirituais do Sucesso), o casal de videntes Esther
e Jerry Hicks (Peça e Será Atendido).
Outro autor conhecido é o físico Amit Goswami
(O Universo Consciente), cujo livro inspirou o filme Quem Somos Nós? (2005),
espécie de documentário de autoajuda que recorre à física quântica para falar
dos potenciais da mente.
Em comum, todas essas
teorias têm o fato de recorrer a argumentos científicos para afirmar que é
possível fazer o cérebro funcionar a nosso favor e gerar resultados
surpreendentes.
No caso da física, especialmente da física
quântica, os autores nos comparam o tempo todo com elétrons (veja quadro
Bastaria utilizar a
técnica correta para colhermos os benefícios na saúde, trabalho e
relacionamentos.
É bom lembrar que, aos olhos da quase totalidade dos
cientistas, essas teorias não fazem sentido nenhum.
Por outro lado, a todo
instante, deparamos com situações que parecem mostrar o contrário. O que dizer,
por exemplo, de pessoas que parecem ter descoberto a fórmula secreta do sucesso
e realmente se dão muito bem em tudo o que fazem?
Ou dos otimistas a quem
nada parece abalar? Ou ainda daqueles que dizem ter vencido doenças graças à
atitude mental positiva? Relatos não faltam. Pois bem.
Dentro deste caldeirão em que tudo parece ter
o pensamento positivo como pano de fundo, você vai descobrir o que se fala a
respeito, o que é fantasia, o que já foi comprovado e o que ainda permanece um
mistério.
No livro e no filme de mesmo nome, não faltam
relatos de gente que conseguiu a cura de doenças, o amor ideal ou até um colar
de diamantes como num passe de mágica.
O segredo ensinado por Byrne é observar o
Universo como uma lâmpada mágica – e se comportar como o Aladim. Ao esfregar a
lâmpada – ou seja, ao pensar positivamente – seus desejos se materializariam.
Na base dessa
afirmação, está a crença de que os pensamentos são magnéticos e emitem uma frequência
poderosa capaz de influenciar as pessoas e coisas à nossa volta.
De acordo com esse
raciocínio, quando você pensa positivo, entra numa frequência positiva e atrai
coisas benéficas para a sua vida – o pensar negativo, segundo Byrne, causa o
efeito inverso.
O guru indiano Deepak
Chopra, outro astro que ensina como usar a mente positiva em seu benefício (ele
orienta celebridades como Madonna), usa outro discurso para atingir o mesmo
fim, ou seja: saúde, sucesso e riqueza.
Segundo ele, o corpo
deve ser entendido como um campo de energia que precisa estar em equilíbrio.
Suas técnicas de meditação ajudariam na tarefa de chegar lá.
São centenas de teorias
para quem deseja potencializar a mente. Os autores vêm de áreas diversas, da
gestão de carreiras e esportes, passando pelo espiritismo e pela psicologia.
Muitos afirmam ser especialistas em
“potencializar a mente” e na “transformação pessoal”. Geralmente, elaboram suas
teorias a partir das próprias experiências de sucesso e auto superação.
Dentro dessa babel de ensinamentos,
porém, algumas ideias acabam se repetindo. É o tripé energia, magnetismo e
holismo.
Energia, magnetismo e holismo
Para a física, de modo
bem resumido, energia é a capacidade de um corpo executar um trabalho ou
realizar um movimento (por exemplo, o fogo é uma fonte de energia empregada
para cozinhar alimentos que, por sua vez, fornecem energia ao corpo).
No caso da autoajuda, contudo, é bom você
esquecer o que aprendeu na escola. Energia, segundo muitos desses autores, é
uma força que anima todas as coisas, uma fonte de bem-estar e amor.
Com o treinamento correto, ela poderia ser
direcionada para todas as finalidades, inclusive as mais cotidianas – por
exemplo, receber uma promoção no trabalho, achar uma vaga na garagem do
shopping e evitar os quilos extras mesmo comendo além da conta.
“Quando nos
distanciamos dessa energia, surgem problemas, medos, carências e doenças”, diz
a escritora Esther Hicks, em seu livro com o sugestivo nome Peça e Será
Atendido.
O magnetismo
(capacidade de alguns materiais se atraírem ou se repelirem) é outro conceito
bastante apropriado pela literatura sobre pensamento positivo.
A crença é que a mente
atuaria como um ímã capaz de vibrar com força suficiente para atrair objetos e
acontecimentos. Só que a idéia clássica da física de que polos opostos se
atraem não vale aqui.
Pensamentos positivos atrairiam experiências
positivas – e vice-versa.
O escritor Michael Losier ilustra com um
clássico exemplo: se você acordar mal-humorado, der uma topada na cama, queimar
a torrada e não controlar a raiva, irá vibrar negativamente e atrairá vários
problemas para o seu dia.
No livro Lei da Atração – O Segredo Colocado
em Prática, ele chama essa sequência de causas e efeitos de Lei da Atração e
diz que ela “sempre se harmoniza com sua vibração, seja ela positiva, seja
negativa”.
Já o filme Quem Somos
Nós propagou outra idéia bastante popular: todos estamos interligados. “Você e
eu somos um, há uma conexão invisível entre todas as coisas”, diz o filme.
Esse conceito pode ser
resumido numa única palavra: holismo (do grego holos, que significa “todo”). É
mais ou menos aquela frase que diz: “Uma borboleta que bate asas no Japão pode
causar um tornado no Brasil”.
Alguns autores dizem
que a nossa mente atuaria como a borboleta. E você, leitor, adestraria esse
inseto como bem entendesse. Dessa forma, seria capaz de causar benefícios em
série.
Por exemplo: se você
quiser muito uma resposta positiva de um emprego, vai conseguir não somente o
trabalho como uma excelente colocação, um aumento de salário, viagens pelo
mundo inteiro e logo um grande amor com quem terá 3 filhos lindos. É um efeito
dominó.
Isso faz sentido?
A ciência, de um modo
geral, vê o assunto com desconfiança, uma vez que faltam trabalhos acadêmicos
reconhecidos para comprovar que essas teorias realmente funcionam.
Em geral, os autores
costumam apresentar muitos relatos de pessoas que afirmam ter tido sucesso com
as técnicas de pensamento positivo – mas relatos isolados não provam nada, por
mais incríveis que sejam.
Existem normas que devem ser seguidas para um
estudo ser levado a sério. É preciso observar o fenômeno, criar uma hipótese
para explicá-lo, depois coletar dados relacionados àquilo que se estuda e, por
fim, testar se a hipótese é realmente verdadeira. Esse processo pode demorar
alguns anos.
O problema é que as
teorias sobre o pensamento positivo costumam se apropriar de conceitos
científicos para validar ideias que, como acabamos de falar, estão fora do
campo da ciência.
Nesse caso, a crítica mais aguda vem de áreas
como a física e a neurociência. “Muitos tomam uma teoria e tentam generalizá-la
para tudo”, diz o neurofisiólogo Roque Magno de Oliveira, professor da UnB.
Um exemplo é o uso do
conceito de energia, que passou a significar algo diferente do que diz a
física. “Na verdade, essas pessoas consideram energia aquilo que eu considero
empatia. Isso não tem nada a ver com física, e sim com a psicologia das
relações humanas”, afirma o físico Ernesto Kemp, professor do Instituto de
Física da Unicamp.
A física também rejeita
a badalada Lei da Atração, que diz que os pensamentos criam campos energéticos
à nossa volta. “O pensamento como energia, como uma espécie de campo que age a
distância, é algo que nunca foi comprovado cientificamente”, explica Adilson
José da Silva, professor do Instituto de Física da USP.
Ou seja, nunca ninguém
detectou esse tal “campo energético”. É verdade que, no cérebro humano, ocorrem
estímulos elétricos o tempo todo. Mas, segundo Ernesto Kemp, os pulsos
elétricos liberados durante as sinapses são tão fracos que a probabilidade de o
campo eletromagnético que você está gerando com suas sinapses interagir com o
de outras pessoas é nula.
Os neurocientistas, por
sua vez, concordam que o estado de ânimo pode, sim, influenciar o nosso
organismo de várias maneiras. Os hormônios associados ao estresse têm grande
influência na consolidação da memória.
Ou seja, a idéia de que
pensar positivo faz bem não é absurda. “Quando estamos muito estressados, o
nível dos hormônios secretados é alto e influencia negativamente esse
processo”, afirma o neurocientista Martin Cammarota, pesquisador do Centro de
Memória da PUC de Porto Alegre.
De acordo com ele, não temos controle total
sobre nosso cérebro nem sobre os processos químicos e celulares que ocorrem
nele. “O ser humano é uma soma de circunstâncias.
Por mais que você pense
positivo, seus níveis de colesterol no sangue não vão diminuir somente em consequência
disso”, ressalta. No caso do colesterol, dieta e exercícios são algumas das
circunstâncias a ser consideradas.
Mas pensar positivo funciona?
Funciona. Mas não como
a maioria das pessoas gostaria. O pensamento positivo não vai engordar sua
conta bancária do dia para a noite. Nem fará carros e diamantes orbitar ao seu
redor. Porém, segundo várias pesquisas, uma atitude otimista pode influenciar
muito a resistência do organismo às doenças.
Uma comprovação disso
veio da Universidade Harvard, nos EUA. Há 5 anos, um grupo de médicos da
instituição descobriu que pensar positivamente pode fazer bem para os pulmões.
Os pesquisadores avaliaram o estado de saúde de 670 homens na faixa dos 60 anos
de idade.
Também aplicaram testes de personalidade para
identificar quem eram os otimistas e os pessimistas. Depois de 8 anos,
constatou-se que a turma do bom humor tinha um sistema imunológico mais
resistente a doenças pulmonares quando comparada ao grupo dos estressados.
Até mesmo os fumantes otimistas apresentaram
resultados melhores que os adeptos do tabagismo que eram, digamos,
baixo-astral.
O coração também bate
melhor quando estamos com bom humor. Os pesquisadores do Instituto Delfland de
Saúde Mental, na Holanda, monitoraram homens com idade entre 64 e 84 anos
durante 15 anos.
A incidência de enfartes
e derrames foi menor entre aqueles que tinham uma atitude positiva. Os otimistas
apresentaram ainda 55% menos risco de ter doenças cardíacas.
O que essas pesquisas
revelam pode soar óbvio: pessoas com disposição para ver o lado positivo da
vida tendem a cuidar mais da saúde, a praticar exercícios e se alimentar
melhor. Porém, há outra explicação, que fala da relação entre os hormônios e o
estresse – problema que os otimistas parecem enfrentar melhor em relação aos
pessimistas.
Longos períodos de
irritação e melancolia influenciam a secreção de alguns hormônios. “No estresse
crônico predomina a ativação do córtex das glândulas suprarrenais com produção
de cortisona, que é um hormônio imunossupressor, ou seja, que diminui a ação do
sistema imunológico”, explica o médico Régis Cavini Ferreira, especialista em
psiconeuroendocrinologia, uma área que estuda a relação entre cérebro,
hormônios e comportamento.
“Assim, evitando o
estresse, o indivíduo tem melhor competência imunológica para se recuperar das
doenças”, afirma.
As glândulas suprarrenais,
aliás, parecem ser um dos principais termômetros do pensamento positivo no
nosso corpo.
Como o próprio nome diz, elas ficam na parte superior dos rins e
sua função consiste basicamente na liberação de hormônios. Isso acontece como
resposta ao nível de estresse a que formos expostos.
O poder da motivação
Quando o assunto sai da
área de saúde e bem-estar, os resultados do pensamento positivo ainda são
controversos – pelo menos no que diz respeito aos estudos acadêmicos. A ciência
não confirma a eficácia do otimismo na obtenção de sucesso profissional ou do
êxito em qualquer outra atividade.
Contudo, não faltam
exemplos de que alguma coisa parece funcionar a nosso favor quando adotamos uma
atitude “para cima”. Ou melhor: quando estamos motivados.
O técnico da seleção masculina de vôlei,
Bernardinho, por exemplo, conhece bem os resultados que um time talentoso e
focado no sucesso pode alcançar – como o pentacampeonato da Liga Mundial, o
campeonato olímpico e o bicampeonato mundial. Há algum tempo, ele vem
compartilhando sua experiência com grandes empresas, realizando palestras em
que ensina os segredos do trabalho em equipe e da superação individual.
“Temos que buscar
sempre a renovação e a qualificação individual. Cabe aos comandantes
identificar líderes do grupo e trabalhar na motivação de todos para o sucesso
coletivo”, disse Bernardinho em uma palestra na UnB.
Nessa frase, ele resume alguns de seus
principais pilares para o sucesso: superação, obstinação, treinamento,
persistência, foco na liderança. E, claro, motivação.
Misturando esses ingredientes com uma boa dose
de trabalho, afirma o treinador, não tem erro. Pode ser nas quadras, no
escritório, dentro de casa, na sala de aula.
A motivação é mesmo uma
palavra de ordem dentro do vasto universo do pensamento positivo. No mundo dos
negócios, ela veste uma roupagem mais elaborada, tem estratégias bem traçadas,
baseadas no planejamento e na execução de metas.
É aqui que entra a
programação neolinguística (PNL), uma outra referência quando o assunto é o
poder da mente positiva.
Criada nos anos 70 por
um matemático e um linguista americanos, a PNL ensina a reprogramar o cérebro
por meio de exercícios envolvendo imagens, sons e toques.
As técnicas, que
ficaram populares no Brasil com os livros do médico Lair Ribeiro, são usadas
para incrementar a criatividade, o aprendizado e a memória.
Entre outras coisas, a PNL ensina que cada
pessoa deve encontrar o seu “motivo” para entrar em ação, estabelecendo metas
concretas e desejando ser extraordinária no que faz.
Os motivos que nos
fazem agir são um assunto sério para a psicologia. A motivação, nessa área de
estudos, é considerada o conjunto de fatores que impulsionam o nosso
comportamento.
Alguns são comuns a todo mundo, como a
necessidade de se alimentar. Outros variam de pessoa para pessoa, como o desejo
de realização e poder.
“A motivação é aquilo que faz você levantar da
cama todos os dias. E só você sabe quais são seus motivos”, afirma a psicóloga
Valquíria Rossi, professora da Universidade Metodista de São Paulo.
Pessoas motivadas geralmente têm objetivos claros
e se esforçam para alcançá-los, e aí está uma parte da explicação para o
sucesso. Por exemplo: se você está motivado a trocar seu Fusca por uma BMW, vai
se esforçar para descobrir o que precisa fazer para mudar de carro e não
desistirá facilmente.
Mas motivação não age
sozinha. Ela deve estar aliada justamente ao otimismo. Em outras palavras: ao
pensamento positivo.
“Algumas pessoas têm predisposição para ver o
futuro com mais otimismo e, então, assumem a responsabilidade pela própria vida
e vão atrás do que desejam, sem responsabilizar os outros por eventuais
fracassos”, diz ela.
O negócio é que essas
duas atitudes – motivação e otimismo – não podem ser adquiridas do dia para a
noite. Insistir que deseja um carro se você, intimamente, está feliz andando de
ônibus não vai motivá-lo a trocar de meio de transporte.
E repetir “eu sou otimista” não vai
transformar um pessimista de carteirinha em alguém “para cima”. Uma das coisas
que contribuem para isso é a forma como fomos educados.
Pensar positivo pode não ser fácil para alguém
que cresceu ouvindo frases do tipo: “Não arrisque” ou “Não faça isso, pois não
dará certo”. “Se você cresce nesse tipo de família, provavelmente vai pensar
assim”, afirma Valquíria.
Pensar negativo faz mal?
Depende. Em profissões
que envolvem a previsão de riscos, por exemplo, um pouco de pessimismo é até
bem-vindo. Imagine um operador da bolsa que tem certeza que as ações irão
subir.
Ou um controlador de voo que sabe que os
aviões não irão colidir nunca. O pessimismo – que pode ser traduzido aqui como
uma certa ansiedade e medo do fracasso – faz uma diferença bem positiva nesses
casos.
Durante provas e
exames, a tática de pensar positivo ou relaxar demais pode igualmente sair pela
culatra. Nessas horas, uma pequena dose de estresse irá contar pontos a seu
favor.
Esse estresse agudo, ao contrário do crônico,
não prejudica o sistema imunológico.
“Quando o nível de
produção dos hormônios associados ao estresse é moderado, ficamos em estado de
alerta. Isso nos ajuda a manter a atenção e nos predispõe à batalha”, explica o
neurocientista Martin Cammarota, do Centro de Memória da PUC de Porto Alegre.
Atletas, por exemplo,
costumam se sair melhor nas competições quando estão mais tensos, uma vez que
secretam mais adrenalina. Nesse caso, o estresse é percebido pelo corpo como
algo bom.
Claro que pensar
repetidamente em coisas desagradáveis não faz bem para ninguém – inclusive,
pode fazer mal à saúde. Segundo a psicóloga Susan Andrews, a longo prazo, a
secreção do cortisol – um hormônio liberado em maior quantidade durante o
estresse crônico – pode matar até 25% dos neurônios do hipocampo.
Essa é a parte do cérebro responsável pela
memória e pelo aprendizado. “Por isso, quando estamos muito estressados e
irritados, ficamos confusos e esquecidos”, explica.
O médico Régis Cavini
também investigou o pensamento negativo. Ele avaliou a relação entre a
lembrança de acontecimentos traumáticos e o funcionamento do cérebro.
Descobriu que, ao
evocarmos uma memória traumática, a secreção de hormônios associados ao
estresse aumenta como se estivéssemos revivendo aquela experiência.
“Ao lembrarmos de um trauma, o vivenciamos
outra vez em sua plenitude metabólica e emocional”, diz o pesquisador, que
conduziu a investigação no Instituto de Psicologia da USP.
Aí pode estar a
explicação científica para a antiga idéia de que remoer o passado faz mal ou
de que desejar o mal a alguém faz o feitiço virar contra o feiticeiro.
Alimentar ideias
negativas, aliás, pode ser também um clássico sintoma de que algo não anda bem.
“Às vezes, a pessoa sofre de depressão, ansiedade ou simplesmente aprendeu a
ter pensamentos negativos ainda na infância com o pai e a mãe.
E assim entra num círculo vicioso”, diz o
neurofisiólogo e psicanalista Roque Magno, da UnB. A psicoterapeuta Eva Strum
defende o acompanhamento médico para os casos em que o pessimismo se torna
crônico.
Lembra, ainda, que doses pequenas de
pensamento positivo – conquistadas, por exemplo, durante a leitura de um livro
ou em atividades lúdicas – podem ajudar.
Há 6 anos, ela fundou a
ong Pensamento Positivo, formada por voluntários que visitam hospitais de São
Paulo para divertir os pacientes com jogos e músicas.
“Ao brincar, você mexe com a endorfina, que é
um medidor da sensação de dor. Quanto mais relaxado você fica, menos dor
sente”, afirma. A equipe do Pensamento Positivo hoje percorre 11 hospitais
paulistanos a cada semana.
Para os voluntários, se a ciência comprova ou
não os efeitos dessa terapia antipessimismo é o que menos importa.
Porque só se fala nisso
Desvendar os poderes da
mente – essa insondável caixa cinzenta onde a vida pulsa e residem tantos
mistérios – tem sido a meta de gerações. O assunto ganhou fôlego a partir dos
anos 60, nos EUA, no auge da contracultura.
Era a época das comunidades alternativas, da
valorização do misticismo oriental, da preocupação com a natureza e dos
experimentos com drogas alucinógenas.
Nesse caldeirão de
novidades, surgiu o Movimento do Potencial Humano, que reunia psicólogos, gurus
e adeptos de terapias alternativas.
Essa turma afirmava que o ser humano possui
capacidades inexploradas e que é possível transcender a mente com o uso de
técnicas que envolvem desde a meditação até massagens especiais.
As ideias fervilhavam
principalmente no Instituto Esalen, na Califórnia, EUA, um famoso ponto de
encontro de hippies, terapeutas, escritores e pesquisadores abertos a novas
formas de conhecimento.
Ali surgiu o que
atualmente algumas pessoas chamam de new age – ou nova era –, uma mistura de
práticas espiritualistas, terapêuticas e de autoajuda que influenciaram
bastante a cultura de hoje em dia e o modo de viver de muitas pessoas.
Outros fatores também
deram um empurrão na história do pensamento positivo como um tema que norteia a
vida moderna: o individualismo, o avanço da ciência e o declínio das religiões
tradicionais.
Faz tempo que os mitos e dogmas religiosos
deixaram de fazer sentido para muita gente. Os dois últimos censos demográficos
do IBGE mostraram isso em números. Em 1991, a pesquisa revelou que 4,7% da
população brasileira (7 milhões de pessoas) se declaravam sem religião.
Em 2000, o percentual subiu para 7,4%, ou seja
12,4 milhões (veja reportagem na página 86 sobre o pensador ateu Richard
Dawkins).
Na hora de entender os
fenômenos do mundo ou encontrar respostas para seus anseios, cada vez mais
pessoas recorrem à ciência ou às propostas da nova era. Aí, podem entrar em
cena o misticismo oriental e outras novas formas de religiosidade. A autoajuda
também pega sua carona aqui.
A fé nos deuses cada vez mais dá lugar à crença
no poder do homem – ou na mente do homem.
“Em vez de esperar por uma religião, as
pessoas tomaram para si mesmas a tarefa da salvação”, observa o antropólogo
Silas Guerriero, professor da PUC de São Paulo.
“Salvar-se, nesse caso, tornou-se sinônimo de
ser bem-sucedido, feliz, realizado, enfim, colocar em prática o potencial que
cada um tem”, afirma.
Um outro ponto que
contribui para esse conjunto de influências é o apelo crescente ao consumo
desenfreado da sociedade em que vivemos. Para muita gente, o pensamento
positivo é mais um meio de ter, comprar, possuir.
Até mesmo muitas igrejas andam trabalhando
nessa linha. Entre algumas neopentecostais, um ramo do protestantismo que
emergiu nos anos 70, por exemplo, há o discurso de que o verdadeiro fiel pode
“exigir” que Deus realize seus desejos.
A única diferença é
que, nesse caso, o caminho para alcançar o sucesso está na fé. Pensando bem,
talvez nem exista diferença.
Afinal, sem a
comprovação da ciência, o poder miraculoso da mente, por muito tempo, pode continuar
sendo apenas uma questão de crer ou não crer – e a escolha da crença vai do
freguês. Pode ser em Deus, ou na própria mente.
Também não é exagero
afirmar que o investimento no pensamento positivo pode ser encarado como uma
forma moderna de escapismo.
“Para muitas pessoas,
isso é um alívio, pois essas técnicas irão poupá-las do trabalho de questionar
qual o sentido de sua vida, o melhor caminho para seguir e a que atividades
desejam se dedicar”, comenta a filósofa Dulce Critelli, da PUC-SP.
As dúvidas existenciais
e o sofrimento dão lugar à busca desenfreada pela casa nova, pelo carro de
luxo, pelo emprego dos sonhos, pelos amores incríveis.
Uma coisa é certa: os
autores mais famosos do gênero conquistaram tudo isso. Em pouco mais de um ano,
Rhonda Byrne acumulou uma fortuna de US$ 48,5 milhões.
No mês de maio, ela foi
eleita pela revista Time uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. Deepak
Chopra abandonou uma sólida carreira de médico endocrinologista para comandar o
Chopra Center for Wellbeing (Centro Chopra para o Bem-Estar), um império da autoajuda
sediado na Califórnia.
Seus livros, cursos e palestras rendem a ele
mais de US$ 15 milhões por ano. Se o sucesso deles veio graças ao pensamento
positivo ou a ideias brilhantes aliadas a uma boa estratégia de marketing, não
se sabe. Talvez esse seja o verdadeiro segredo.
Dinheiro amor saúde
Pensar positivo não faz
carros e joias orbitar ao seu redor. Mas uma atitude otimista pode, sim, ajudar
na sua saúde e no seu bem-estar.
48,5 milhões de
dólares. Essa é a fortuna acumulada por Rhonda Byrne, autora do livro O
Segredo, em pouco mais de um ano.
“Cabe aos comandantes
identificar os líderes do grupo e trabalhar na preparação e motivação de todos
para o sucesso. ”
Bernardinho, técnico
campeão mundial de vôlei, medalhista olímpico.
Palavra de fé
Conheça algumas religiões que
professam a fé no pensamento positivo e nos poderes da mente
Cultura Racional
O movimento religioso
brasileiro que, nos anos 70, teve Tim Maia como integrante mais famoso prega a
leitura do livro Universo em Desencanto (com 1 006 volumes) para quem deseja se
“imunizar” contra as energias negativas e colher benefícios nos planos físico e
astral.
Cientologia
Criada nos anos 50 pelo
escritor de ficção científica Ron Hubbard, a Igreja preferida de celebridades
como Tom Cruise e John Travolta ensina os poderes da dianética, a “ciência da
mente”. Comprando livros, cds e assistindo a palestras, o fiel aprende a
potencializar o cérebro para alcançar a realização.
Ciência Cristã
O pecado está apenas na
sua mente, dizem os fiéis dessa Igreja fundada no final do século 19, nos EUA,
e que faz a própria interpretação da Bíblia. Para os adeptos, é possível curar
todos os males com tratamentos à base unicamente de orações.
Seicho-No-Ie
Misto de filosofia e
religião focada na cura. Fundada no Japão, nos anos 30, também ensina técnicas
de meditação para quem busca sucesso profissional, quer descobrir novos
talentos ou deseja solucionar problemas financeiros e amorosos.
Revista
Superinteressante
Postado por Dharmadhannya
Meu blog foi clonado inteiramente,
por isto estou em oração permanente contra ataques.
Os meus textos como estão em vários blogs com o nome de outra pessoa.
Seja feita a Vontade de Deus
Postado por Dharmadhannya
Psicoterapeuta Transpessoal
Este texto está livre para divulgação,
desde que seja mencionado a fonte:
Agora.
Repassando a
Chama Violeta que cura que libera...
Eu sou, Eu Sou, Eu sou, a Divina Presença Vitoriosa de Deus,
que chameja o Fogo da Chama Violeta (TRÊS VEZES) através de
cada particula de meu ser, e em meu mundo.
Selai-me num pilar de fogo Sagrado e transformai e renovai
minha energia, purificai-me com a pureza, harmonia, amor,
liberdade e perfeição da Graça da Chama Violeta
Haja luz para compartilhar para o bem de todos.
Coloque a mão no seu coração
e sinta o fogo do amor Divino da sua Alma no seu coração.
Que ela ascenda a liberação do dharma no seu coração.
Eu mereço ser feliz.
eu mereço amar e ser amada.
Eu mereço ter milhões amigos.
Eu mereço a prosperidade da vida.
Eu mereço o trabalho que me dá sucesso e riqueza.
Envie este amor para o seu lar, para a sua vida,
para tudo e para todos.
Eu sou a Fonte.
Passe para frente com o seu amor à Chama violeta da Cura,
Purificação e da Liberação. ..
Meus Blogs
Eu estou no G+ : Dharmadhannya
Comunidade do G+: Dharmadhannya Luz e União
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Este espaço está protegido pelos anjos e por Hermes
Estou neste momento me unindo com o Poder e a Força da Unidade,
com o poder de todos os anjos, querubins, Serafins, Elohim.
Kodoish! Kodoisch! Kodoisch!
Melchizedek, Sandalfon, Metraton,
Gabriel, Rafael, Haniel, Miguel, Camael, Tsadkiel,
Raziel, Uriel, Samuel.
Kodoish! Kodoisch! Kodoisch!
Os anjos seguem na frente abrindo meus caminhos
e me protegendo Com a Justiça Divina. Amém!
Kodoish! Kodoisch! Kodoisch!
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Este artigo não é destinado a diagnosticar, tratar, curar ou prevenir qualquer doença, dor, ferimentos, deformidade ou condição física ou
mental. Consulte sempre seu médico.
Os artigos aqui publicados estão escritos para estudiosos do assunto.
Este texto é resultado de uma pesquisa, eu fiz uma adaptação, i
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