NÃO PERCA TEMPO SENTINDO
PENA DE SI MESMAS
PENA DE SI MESMAS
A autopiedade é de longe o mais destrutivo dos
narcóticos não farmacêuticos. Ela vicia, dá um prazer
momentâneo e afasta a vítima da realidade.
narcóticos não farmacêuticos. Ela vicia, dá um prazer
momentâneo e afasta a vítima da realidade.
- JOHN
GARDNER
AUTOPIEDADE
Todos passamos por situações dolorosas na vida.
E, embora a tristeza seja uma emoção normal e saudável, deixar-se afundar nela
é um comportamento autodestrutivo. Leia as frases a seguir e veja se alguma
delas se aplica a você:
•
Você tende a pensar que seus problemas são maiores que
os dos outros.
•
Se não fosse pela má sorte, certamente você não teria
problema algum.
•
Seus problemas parecem se acumular muito mais rapidamente
que os dos outros.
•
Você está razoavelmente convencido de que ninguém
entende de verdade como sua vida é difícil.
Você não percebe que vivemos nos dias de hoje em um mundo "colorido" pelo sonho "Eu venci - Eu sou feliz!
Por isso, as pessoas revelam um sorriso paradisíaco da sua "felicidade." Por isso, as pessoas podem começar a evitar a sua companhia.
•
Às vezes você evita atividades de lazer e compromissos
sociais para poder ficar em casa pensando sobre seus problemas.
•
E mais provável que você compartilhe com as pessoas as experiências ruins do seu dia do que as boas.
•
Com frequência você se queixa de as coisas não serem
justas.
•
Para você, às vezes é difícil encontrar algo pelo qual
seja grato.
•
Você acha que os outros são abençoados com uma vida
mais fácil.
•
De vez em quando, você se pergunta se o mundo está
contra você.
E então? Você consegue se ver em algum dos exemplos
citados? A autopiedade é capaz de consumi-lo até transformar seus pensamentos
e seu comportamento, mas você deve tomar o controle da situação.
Mesmo que
não possa modificar as circunstâncias, você pode mudar sua maneira de reagir a
elas.
POR QUE SENTIMOS PENA DE NÓS MESMOS
Se a autopiedade é tão destrutiva, por que nos
deixamos levar por ela? E por que, de vez em quando, é tão fácil e
reconfortante cair nessa armadilha?
A piedade foi o mecanismo de defesa dos pais de
Jack para protegê-lo e se protegerem dos perigos futuros.
Eles escolheram se
concentrar no que o filho não podia fazer como modo de blindá-lo contra
qualquer problema em potencial.
É compreensível que estivessem preocupados com a
segurança dele. Não queriam perdê-lo de vista e temiam por sua reação
emocional quando visse um ônibus escolar outra vez.
Foi apenas uma questão de tempo para que a
piedade despejada sobre Jack por seus pais se tornasse pena de si mesmo.
É muito fácil cair nas garras da autopiedade.
Enquanto se compadece de si mesmo, você pode adiar quaisquer circunstâncias
que o obriguem a encarar seus medos de frente e, assim, evitar assumir
responsabilidade por suas ações.
No
entanto, a autocomiseração apenas pode fazê-lo ganhar algum tempo.
Quando
você exagera e enxerga sua situação como se fosse pior do que efetivamente é -
em vez de tomar uma atitude ou seguir em frente -, isso justifica sua
relutância em fazer algo para melhorá-la.
Mas, cedo
ou tarde, você terá que enfrentá-la.
Com frequência, as pessoas usam a autopiedade
para chamar atenção. Dar uma de coitadinho pode resultar em algumas palavras
gentis dos outros - pelo menos a princípio.
Para quem
tem medo de rejeição, a autopiedade pode ser uma forma indireta de conseguir
ajuda partilhando histórias do tipo “pobre de mim” na esperança de atrair
alguma assistência.
Mas, infelizmente, a tristeza adora companhia, e
às vezes a autopiedade se torna um direito. Uma conversa pode se tornar uma
competição para ver quem passou pelo trauma maior.
A
autocomiseração também pode ser uma desculpa para fugir das responsabilidades.
A ideia de dizer a seu chefe quão terrível sua vida é pode vir de alguma
esperança de que depositem menos expectativa em você.
Além disso, a autopiedade pode se tornar um ato
de rebeldia. É como se achássemos que algo vai mudar se nos esforçarmos para
lembrar ao universo que merecemos algo melhor.
Mas não é assim que o mundo funciona. Não existe
um ser superior - ou mesmo um ser humano - que possa cair do céu e assegurar
que todos nós seremos tratados com justiça na vida.
O PROBLEMA DE SENTIR PENA DE SI MESMO
Sentir pena de si mesmo é um comportamento auto
destrutivo leva a novos problemas e pode trazer sérias consequências.
Em vez de se sentirem gratos por Jack ter
sobrevivido ao acidente seus pais se preocuparam com o que a tragédia havia tirado
dele. Como resultado, potencializaram os danos causados pelo acidente.
Isso não significa que não eram pais amorosos.
Apenas que seu comportamento vinha do
desejo de manter o filho em segurança. No entanto, quanto mais se apiedavam de
Jack, mais isso afetava negativamente seu humor.
Ceder à autopiedade pode impedi-lo de alcançar
uma vida plena pelas seguintes razões:
•
Ê uma perda de tempo. Quando
sentimos pena de nós mesmos, gastamos muita energia mental e não fazemos nada
para mudar a situação. Mesmo que você não possa resolver o problema, pode
escolher enfrentar os obstáculos da vida de forma positiva. Sentir pena de si
mesmo não vai deixá-lo mais perto de uma solução.
•
Leva a mais emoções negativas. Se você
deixar que a autopiedade assuma o controle, ela dará início a uma enxurrada de
emoções negativas. Você pode começar a sentir raiva, ressentimento, solidão e
outros sentimentos que alimentam ainda mais os pensamentos negativos.
•
Pode se tornar uma profecia autorrealizável.
Sentimentos de autopiedade podem levar a uma vida deplorável. É improvável que
você consiga dar o melhor de si quando se entrega a sentimentos de
autocomiseração. Como consequência disso, você pode encontrar mais problemas e
fracassos ainda maiores, o que vai dar início a um círculo vicioso.
•
Impede você
de lidar com outras emoções. A autopiedade é um obstáculo quando temos que lidar
com o luto, a tristeza, a raiva e outras emoções. Ela pode estagnar seu
processo de cura porque mantém o foco na razão pela qual as coisas deveríam ser
diferentes, não na necessidade de aceitarmos a situação como ela é.
•
Faz você
deixar de notar as coisas boas da vida. Se cinco coisas boas e uma ruim aconteceram no seu
dia, a autopiedade vai fazer você se concentrar apenas naquela única coisa
ruim.
•
Quando você sente pena de si
mesmo, deixa de perceber os aspectos positivos da vida.
. Atrapalha suas
relações. Uma mentalidade vitimista não é uma característica atraente.
Ficar reclamando da vida faz os outros se cansarem muito rápido de você. Ninguém
diz: “O que eu realmente gosto nela é
que ela vive se lamentando.”
Durante as semanas que se seguiram ao acidente de Jack, sua mãe não
conseguia parar de falar no “acidente horrível”. Todo dia, ela recontava a
história de como o filho quebrara as duas pernas ao ser atingido por um ônibus
escolar. Sentia-se culpada por não estar lá para protegê-lo, e vê-lo numa
cadeira de rodas durante semanas era quase insuportável.
Embora os médicos tivessem previsto uma recuperação total, ela repetidamente
advertia Jack de que suas pernas poderiam nunca sarar por inteiro. Queria que
ele estivesse ciente de que corria o risco de nunca mais jogar futebol ou
correr por aí como faziam as outras crianças - apenas para o caso de haver
algum problema.
A coragem para seguir em frente
Apesar de os médicos o terem liberado para voltar à
escola, os pais decidiram que a mãe deixaria o emprego e iria educá-lo em casa
pelo restante do ano.
Achavam que ver
e ouvir ônibus escolares todos os dias poderia provocar nele lembranças
perturbadoras. Queriam também poupá-lo de assistir da cadeira de rodas a seus
colegas brincando no recreio.
Esperavam que,
ficando em casa, Jack iria se curar mais rápido, tanto emocional quanto
fisicamente.
Jack em geral terminava seu dever de casa pela manhã e
passava a tarde e a noite assistindo à TV e jogando videogame.
Em algumas
semanas, seus pais notaram que seu humor começou a mudar. De uma criança alegre e de alto-astral, Jack se
tornou irritável e triste. Seus
pais ficaram mais preocupados ainda, pensando que o acidente devia tê-lo
traumatizado mais do que imaginavam.
Foram procurar
um psicólogo na esperança de que ele pudesse cuidar da cicatrizes emocionais de
Jack.
Os pais levaram a criança a uma conhecida terapeuta
especializada em traumas da infância. Como havia sido indicada pelo pediatra de
Jack, a terapeuta já sabia um pouco da história dele antes de conhecê-lo.
Quando a mãe o levou na cadeira de rodas para dentro
do consultório, Jack fitou o chão em silêncio. Então ela começou dizendo:
"Está sendo muito difícil desde este acidente terrível. Isso arruinou
nossa vida e causou muitos problemas emocionais a Jack. Ele simplesmente não é
mais o mesmo.”
Para surpresa da mãe, a terapeuta não demonstrou
qualquer sinal de compaixão. Em vez disso, falou, entusiasmada: “Puxa! Eu não
via a hora de conhecer você, Jack! Nunca conheci uma criança quee tivesse
vencido um ônibus escolar! Você vai ter que me contar tudo. Como conseguiu
entrar numa briga com um ônibus e sair vencedor?” O jovem sorriu pela primeira
vez desde o acidente.
Nas semanas seguintes, Jack trabalhou junto com a
terapeuta para escrever seu próprio livro. Apropriadamente, chamou-o Como derrotar um ônibus escolar. Ele criou uma
história maravilhosa sobre como lutar com um ônibus e sair com apenas alguns
ossos quebrados.
Ele embelezou a história descrevendo como agarrou seu
cachecol, torceu-o e usou-o para proteger a maior parte do corpo.
Apesar dos
detalhes exagerados, o ponto principal se manteve o mesmo - Jack sobreviveu
porque era um garoto durão. Ele concluiu o livro com
um autorretrato, desenhando a si mesmo na cadeira de rodas vestindo uma capa de
super-herói.
A terapeuta incluiu os pais
de Jack no tratamento, ajudando-os a ver quão afortunados eles eram por Jack
ter sobrevivido.
Ela também os encorajou a
parar de sentir pena do filho. Sua recomendação foi que o tratassem como um
menino de grande força física e mental, capaz de superar tamanha adversidade.
Mesmo que suas pernas não se curassem por
completo, queria que eles se concentrassem naquilo que Jack ainda podia
conquistar na vida, não no que o acidente o tornaria incapaz de fazer.
A terapeuta e os pais de
Jack trabalharam junto aos funcionários da escola preparando seu retorno. Além
das acomodações especiais de que ele precisaria por ainda estar em uma cadeira
de rodas, queriam assegurar que os outros alunos e professores não se apiedassem
dele.
Jack compartilharia o livro com os colegas
para contar como tinha derrotado um ônibus e lhes mostrar que não havia razão
para sentirem pena dele.
Agradeço a Cris o envio do texto.
Postado por Dharmadhanna
Psicoterapeuta Transpessoal
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