O CÉREBRO E A MEMÓRIA PRECISAM DA NOSSA AJUDA
Dr. Paulo Niemeyer Filho, é filho do lendário Neurocirurgião
Paulo Niemeyer, microneurocirurgia da Pioneiro no Brasil, e sobrinho do
arquiteto Oscar Niemeyer. Dr. Paulo escolheu a medicina ainda adolescente. Aos
17 anos, entrou na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Quinze dias
depois de formado, com 23 anos, mudou-se para a Inglaterra, onde foi estudar
neurologia na Universidade de Londres. De volta ao Brasil, fez doutorado na
Escola Paulista de Medicina.
Dr.Paulo Niemeyer: Você tem de tratar do Espírito. Precisa
estar feliz, de bem com a vida, fazer exercício. Se está deprimido, com a
auto-estima baixa, a primeira coisa que acontece é a memória ir embora; 90% das
queixas de falta de memória são por depressão, desencanto, desestímulo. Para o
cérebro funcionar melhor, você tem de ter motivação. Acordar de manhã e ter
desejo de fazer alguma coisa, ter prazer no que está fazendo e ter a
auto-estima no ponto.
PODER: Cabeça tem a ver com alma?
PN: Eu acho que a alma está na cabeça. Quando um doente está
com morte cerebral, você tem a impressão de que ele já está sem alma… Isso não
dá para explicar, o coração está batendo, mas ele não está mais vivo.
PODER: O que se pode fazer para se prevenir de doenças
neurológicas?
PN: Todo adulto deve incluir no check-up uma investigação
cerebral. Vou dar um exemplo: os aneurismas cerebrais têm uma mortalidade de
50% quando rompem, não importa o tratamento. Dos 50% que não morrem, 30% vão
ter uma seqüela grave: ficar sem falar ou ter uma paralisia. Só 20% ficam bem.
Agora, se você encontra o aneurisma num checkup, antes dele sangrar, tem o
risco do tratamento, que é de 2%, 3%. É uma doença muito grave, que pode ser
prevenida com um check-up.
PODER: Você acha que a vida moderna atrapalha?
PN: Não, eu acho a vida moderna uma maravilha. A vida na
Idade Média era um horror. As pessoas morriam de doenças que hoje são banais de
ser tratadas. O sofrimento era muito maior. As pessoas morriam em casa com dor.
Hoje existem remédios fortíssimos, ninguém mais tem dor.
PODER: Existe algum inimigo do bom funcionamento do cérebro?
PN: O exagero. Na bebida, nas drogas, na comida. O cérebro
tem de ser bem tratado como o corpo. Uma coisa depende da outra. É muito
difícil um cérebro ir muito bem num corpo muito maltratado, e vice-versa.
PODER: Qual a evolução que você imagina para a
neurocirurgia?
PN: Até agora a gente trata das deformidades que a doença
causa, mas acho que vamos entrar numa fase de reparação do funcionamento
cerebral, cirurgia genética, que serão cirurgias com introdução de cateter,
colocação de partículas de nanotecnologia, em que você vai entrar na célula,
com partículas que carregam dentro delas um remédio que vai matar aquela célula
doente. Daqui a 50 anos ninguém mais vai precisar abrir a cabeça.
PODER: Você acha que nós somos a última geração que vai
envelhecer?
PN: Acho que vamos morrer igual, mas vamos envelhecer menos.
As pessoas irão bem até morrer. É isso que a gente espera. Ninguém quer a
decadência da velhice. Se você puder ir bem de saúde, de aspecto, até o dia da
morte, será uma maravilha.
PODER: Hoje a gente lida com o tempo de uma forma
completamente diferente. Você acha que isso muda o funcionamento cerebral das
pessoas?
PN: O cérebro vai se adaptando aos estímulos que recebe, e
às necessidades. Você vê pais reclamando que os filhos não saem da internet,
mas eles têm de fazer isso porque o cérebro hoje vai funcionar nessa rapidez.
Ele tem de entrar nesse clique, porque senão vai ficar para trás. Isso faz
parte do mundo em que a gente vive e o cérebro vai correndo atrás, se
adaptando.
PODER: Você acredita em Deus?
PN: Geralmente depois de dez horas de cirurgia, aquele
estresse, aquela adrenalina toda, quando acabamos de operar, vai até a família
e diz: “Ele está salvo”. Aí, a família olha pra você e diz: “Graças a Deus!”.
Então, a gente acredita que não fomos apenas nós.
Dr. Paulo
Ao todo, sua formação levou 20 anos de Empenho absoluto. Mas foi uma recompensa à altura. Apaixonado por seu ofício, Dr. Paulo Chefia hoje os Serviços de Neurocirurgia da Santa Casa do Rio de Janeiro e da Clínica São Vicente, onde opera e atende de segunda a sábado, quando não há uma emergência no domingo, e ainda encontra tempo para dar aulas no Curso de Pós Graduação em Neurocirurgia da PUC-Rio.
Por suas mãos passaram já o músico Herbert Vianna – de quem cuidou em 2001, depois do acidente de ultraleve em Mangaratiba, litoral do Rio -, o ator e diretor Paulo José, a atriz Malu Mader, o diretor de televisão Estevão Ciavatta – marido da atriz Regina Casé, além de outros Centenas de pacientes, muitos deles representados pelas belas flores que enchem de vida o seu jardim.
Revista Poder – O que fazer para melhorar o cérebro?
Paulo Niemeyer Filho,
Enviado por Wanda Barcellos Grupo Velhosamigos.com
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