quinta-feira, 5 de junho de 2014

Eu assumo a minha responsabilidade no meu destino.


Eu assumo a minha responsabilidade no meu destino.
Disse antes que somos responsáveis por nossa vida, bem- estar e atos em todas as áreas abertas à nossa escolha.
Em psicoterapia ensinamos os clientes a dizer “Não acho bom falar agora. Estou com raiva demais (ou aborrecido, agitado etc.). Antes preciso esfriar um pouco a cabeça”.
Podemos aprender a reconhecer quando nosso estado mental é apropriado ou impróprio para as exigências de uma determinada situação. E, se nosso julgamento diz que nosso estado é impróprio, então precisamos mudá-lo ou então adiar a atitude que deve ser tomada. As duas escolhas expressam a responsabilidade pessoal em prática.
Mas, se decidimos agir quando é preciso ter lucidez e sabemos que não somos naquele momento capazes de agir com discernimento, somos então responsáveis pelas consequências de nossos atos.
Um exemplo extremo: se batemos em alguém e matamos essa pessoa, dirigindo nosso automóvel quando estamos alcoolizados, o fato de que estávamos bêbados não é uma defesa moral. E um agravante que torna pior a situação do que se o acidente houvesse ocorrido enquanto estávamos sóbrios.
Quanto às consequências que recaem sobre os outros quando a pessoa assume (ou evita) a responsabilidade por viver de modo consciente, pergunte a si mesmo as seguintes questões: quero trabalhar com pessoas que funcionam num alto nível de conscientização ou o contrário?
Gostaria de ter sido criado por pais que se mostrassem conscientes e conscienciosos a respeito do que faziam comigo, ou por pais que reagissem de maneira impulsiva e impensada?
 Desejo estar casado com alguém que ama de modo consciente ou com alguém que ama dentro de um eterno nevoeiro mental? Quero viver numa comunidade de seres humanos pensantes, ou entre pessoas cuja meta é dar um jeito de ir vivendo com o mínimo de raciocínio possível?
Aquele que aceita a responsabilidade de pensar, aquele que escolhe agir conscientemente, cria um mundo melhor para todos aqueles com quem interage.
Quanto aos efeitos de se viver com consciência (ou sem ela) em termos de nossa própria ação de competência e valor pessoal, lembremos o que já ficou dito, ou seja, para a nossa espécie a mente é nosso recurso básico de sobrevivên­cia. Assim, nada é mais essencial para a auto-estima e uma bem-sucedida adaptação à realidade do que valorizar a visão mais que a cegueiras, e a consciência mais do que a incons­ciência.
Sou responsável por minhas escolhas, decisões e atos. Sou a causa de minhas escolhas, decisões e atos. Sou eu que escolho, decido e ajo. Se procedo dessa forma, conhecendo a minha responsabilidade, é mais provável que eu proceda de modo sensato e apropriado do que se me tornar indife­rente ao meu papel de fonte de ações.
Nada é mais comum em momentos de atuação irracio­nal do que obstruir a consciência de que somos nós que escolhemos fazer o que estamos fazendo, como se a ação estivesse, de alguma forma, acontecendo por si mesma.


 Essa é uma das razões pelas quais as pessoas às vezes se embria­gam ou usam drogas que alteram o estado de consciência. “Não sou responsável — estava fora de mim naquele mo­mento.” Mas é claro que somos responsáveis por ter esco­lhido nos embriagar.
Se permanecemos cientes do fato de que somos respon­sáveis por nossas escolhas, decisões e atos, é muito mais pro­vável que escolhamos, decidamos e depois nos comportemos de formas que mais tarde não se tornem fontes de constran­gimento, vergonha ou pesar.
Não nos dissociamos de nossas condutas; permanecemos ancorados na realidade; vemos com mais clareza e nossa tendência é a de funcionar com mais sensatez.
Contudo, se desejamos realizar atos que uma plena lu­cidez mental não poderia avalizar, então vem a tentação de embotar a consciência, de repudiar a responsabilidade pes­soal e de nos alienar de nosso próprio comportamento. Nesse estado, enfraquecemos nosso senso de ligação entre nós e nossos atos. Afogamos nossa percepção de que somos a fonte de nossos atos.
Consideremos, por exemplo, o plano do sexo. Nossas escolhas sexuais expressam aspectos profundos de quem so­mos, inclusive de nossos conflitos ainda por resolver. O sexo está muito longe de ser estritamente físico, mesmo que pen­semos que é assim. Da mesma maneira como podemos fu­gir do confronto com trechos de nossa própria alma, tam­bém podemos repudiar a manifestação deles em nosso com­portamento.
Podemos cometer algo e ainda assim dizer para nós mesmos “Isso não sou 'eu”. Podemos nos desligar de nossos encontros mais pessoais e reveladores, negando seu significado até mesmo quando nos sentimos compelidos a repeti-los. O sexo é uma arena na qual podemos nos mani­festar com a máxima eloquência e, no entanto, recusar a responsabilidade pelo que estamos fazendo. Instalamos uma bruma de dissociação e alienação para proteger uma falsa noção de quem somos.
“Dormi com várias centenas de mulheres”, disse-me um cliente chamado Lawrence M., de 47 anos, banqueiro de investimentos, “e quase o tempo todo eu não estava lá”. Tinha vindo consultar-me porque nunca havia tido um rela­cionamento verdadeiramente íntimo em sua vida, e sabia que a intimidade o amedrontava. “Não penso que eu seja uma pessoa promíscua e no entanto... eu nem gostava da maioria daquelas mulheres, quanto mais sentir-me próximo delas. Eu sentia como se não fosse mesmo eu que estivesse fazendo aquilo.”
“E se”, perguntei, “quando você estava com elas na cama, você tivesse escolhido dizer para si mesmo ‘eu sou responsável por escolher esta mulher e por estar com ela aqui, agora...’?”.
“Praticamente todas as vezes eu não iria ficar ali. Não teria acontecido. Tudo iria simplesmente parecer estúpido demais. Acho que até poderia ter-me desprezado.”
Mas ele disse tudo isso um pouco prontamente demais, como se mesmo naquele momento estivesse dissociado da realidade daquilo que estávamos discutindo, ainda fugindo de todo senso de responsabilidade pessoal.
Olhei-o em silêncio, depois falei com uma lentidão dis­cretamente exagerada, enquanto a respiração dele sutilmen­te se aprofundava ao inclinar-se um pouco para a frente e, pela primeira vez naquele dia, tornar-se plenamente presen­te em nossa interação:
“De modo que, para fazer isso, você teve que se afas­tar da consciência de que era você quem estava escolhendo fazer aquilo que estava fazendo?”
“Sim. Eu tive que tornar aquela percepção algo irreal.” Repeti o pensamento deliberadamente: “Você teve que repudiar a responsabilidade de dormir com mulheres pelas quais não se importava nem um pouco?”.
“Bom, evidente que eu não estava pensando em mim dessa forma, mas... sim. Claro, não dá certo. Afinal de con­tas, o gosto ruim continua presente.”
“Percebendo isso”, eu disse, “pergunto-me o que será que você vai escolher. Quais serão suas decisões...”.
“Parece que você está me empurrando para a respon­sabilidade pessoal agora. Ao não me apresentar nenhum conselho. Ao rebater as perguntas de volta para mim.”
“Exatamente.”
A realidade da motivação inconsciente' não deve nos deixar cegos quanto à questão da realidade de nossas esco­lhas. Reconhecer que nosso comportamento é motivado e que em geral as raízes de nossa motivação são inconscientes não quer dizer que não sejamos responsáveis pelo que estamos fazendo. Quando os clientes em terapia aprendem a elevar o nível de consciência de seus atos, admitindo a partir de então que são as fontes desses atos, aprendem a agir com mais eficiência e de maneira menos autodestrutiva — de maneira bastante independente do quanto consigam entender de suas motivações mais profundas.
Não pretendo insinuar que esse entendimento não seja relevante ou proveitoso, mas apenas que não é uma precondição indispensável para as mudanças.
Quanto mais Lawrence tornou-se consciente de sua responsabilidade pessoal diante dos atos que cometia em nome de sua sexualidade, mais “espontaneamente” come­çou a exercer um critério mais refinado, com melhor discri­minação e a sentir-se conscientemente repugnado quando não agia dessa forma. Mostrou-se cada vez mais ansioso por dissolver a barreira que erguia contra construir uma relação genuína com uma mulher.
Elsie M., uma mulher de 40 anos, veio para terapia porque, em várias ocasiões, tinha sido infiel ao marido, de quem dizia não querer se separar. O marido havia descober­to suas infidelidades e agora estavam tentando resolver seus problemas. Suas infidelidades sempre aconteciam depois que ela bebia.
Indaguei em voz alta se beber não seria para ela uma maneira de evitar responsabilizar-se por seus atos.
“Acredito”, ela respondeu, “que devo ter direito de be­ber quando quero. E de flertar um pouco. Mas os homens são predadores. Eles não respeitam um ‘não’”.
Pedi-lhe que falasse um pouco sobre o que lhe parecia ser o motivo dessa atração por tais encontros, e ela, enco­lhendo os ombros, disse algo vago e descomprometido. Depois eu lhe perguntei se ela achava que fazia alguma coi­sa que transmitisse aos homens a ideia de que sexualmente estava disponível, e ela retrucou zangada: “Você está ata­cando a vítima?”.
Eu lhe disse que estava procurando entender a situação e que estava agora tentando compreender o que é que havia no que eu tinha dito que parecera um ataque.
O que foi se tornando progressivamente mais claro, enquanto falávamos, era que ela não tinha a experiência consciente de qualquer responsabilidade pelo problema. Fa­lava de seus atos como se estivesse discutindo um apêndice inflamado, um incômodo, não há dúvida, mas de modo al­gum algo que estivesse em sua esfera de decisão. Qualquer sugestão de minha parte de que uma vontade estaria envol­vida ativava nela uma aborrecida defensividade. Embora de­clarasse o desejo de resolver o problema de sua infidelidade contumaz e de salvar seu casamento, ela decidira concentrar sua atenção na inadequada agressividade dos homens como parceiros, com a implicação de que ela era vítima da sexua­lidade masculina.
Quando tentei analisar o problema por meio do traba­lho de completação de sentenças, ela recusou-se a cooperar, afirmando que aquele método era por demais “artificial”. Depois de mais algumas sessões frustrantes e improdutivas, terminamos a terapia de mútuo acordo. Fiquei sabendo que depois ela ainda procurou uma brilhante psicoterapeuta e que não retornou após sua terceira entrevista.
Elsie estava completamente dedicada à visão de si mes­ma como vítima impotente. Quanto ao seu comportamento sexual, professava-se não-responsável por qualquer coisa. Adotara a impotência como quem abraça um salva-vidas num mar tempestuoso, exceto que o que ela escolhera certamen­te iria terminar por afogá-la.
 Não há dúvida de que estavam em atuação, em seu caso, poderosas forças inconscientes, como também era certo que ela não queria ser mais consciente. Ela não queria se entender, nem encarar seu medo de um exame de sua pró­pria pessoa, assim como também não queria admitir que tivesse qualquer parcela de poder ou responsabilidade a res­peito de sua sexualidade.
 Para poder solucionar seus proble­mas, era indiscutível que precisava de psicoterapia. Ao insis­tir que estava se esquivando de uma oportunidade para se responsabilizar, não estou sugerindo que tudo o que ela pre­cisava fazer era mudar “da água para o vinho”. Mas, sem um mínimo de comprometimento com o responsabilizar-se pelos próprios atos, o trabalho não poderia sequer começar.
 Ao negar toda a responsabilidade, ela garantia que seu com­portamento problemático iria prosseguir, que não havia es­perança de interromper aquela situação até que ela estivesse preparada para dizer: “Estes são meus atos e assumo a res­ponsabilidade por eles”. “Eu quero mudar, quero buscar a felicidade para minha vida”
E significativo que, em algum nível, ela soubesse que, se desejava persistir com sua conduta, teria que adotar a inconsciência e a não-responsabilidade. Ou, para dizê-lo de maneira positiva, em algum nível, ela sabia que, se coope­rasse o suficiente com a terapia para elevar seu nível de consciência quanto a suas condutas sexuais, seria forçada a admitir alguma responsabilidade por suas escolhas e atos, e então seria muito mais difícil para ela continuar do modo como vinha sendo.
Estou seguro de que Elsie tinha o poder de dar à tera­pia muito mais do que tinha escolhido, porque com o correr dos anos trabalhei com vários clientes que no início exibi­ram o mesmo tipo de resistência ao processo terapêutico e depois superaram-na.
 Por meio de conversas normais e exer­cícios de completação de sentenças, ficou completamente claro para mim que tinham o conhecimento de que, como disse-me um homem, rindo enquanto falava: “Se eu come­çasse a assinar meus atos e assumir a responsabilidade, isso seria o começo do fim. Por isso lutei contra começar”.
 Es­tou convencido de que uma das coisas mais úteis que pode­mos fazer pelas pessoas é recusarmos a acatar suas opiniões impropriamente limitadas de suas deficiências. A terapia bem- sucedida consiste, em geral, em ajudar as pessoas a perce­ber que sabem todo o tipo de coisas que acham que não sabem, e que podem fazer tudo aquilo que pensam que não conseguem. Não é uma atitude compassiva aceitar de cara suas alegações de impotência.
Embora tenha usado como exemplo a esfera sexual nos dois casos que relatei, penso que seja óbvio que os princí­pios envolvidos se aplicam a qualquer dimensão da escolha e do agir humanos.
Poderiam perguntar-me: “Não haveria áreas de genuí­na impotência nos clientes?”. Claro que sim — como em todos nós. Por isso é que a terapia consiste em mais do que só declarar “Ah, vê se dá um jeito na sua vida”. Mas a tera­pia progride localizando as bases de força que foram nega­das ou repudiadas em nosso interior e a partir disso avançar. Sempre existe algum ponto de poder que não está sendo empregado na prática.
Os exercícios terapêuticos cujo obje­tivo é elevar a consciência ou ativar mais a responsabilidade pessoal, como o trabalho de completação de sentenças, as várias formas de psicodrama e a fantasia dirigida, têm a in­tenção de estimular forças que existem dentro do cliente, embora ainda estejam ignoradas, não tenham sido desco­bertas, ou continuem sendo repudiadas.
Passemos do sexo para um problema diferente que pode ter relação com muitos de nós: a comida. As pessoas que comem em excesso são em geral aconselhadas a co­mer mais devagar, a prestar atenção em cada bocado de alimento antes de colocá-lo na boca, a mastigar bem e fa­zer uma pausa antes de comer mais uma porção.
 Os glutões em geral engolem a comida de qualquer jeito, mal sentindo o sabor do que comem, e fazem-no numa espécie de transe em que é típica a ausência de consciência ou a noção de responsabilidade pessoal. O conselho para que comam devagar e mastiguem bem cada garfada tem como  intuito desorganizar esse padrão vicioso, a compulsiva automação do ato. Raramente essa estratégia é suficiente para resolver por si o problema, mas algumas pessoas fa­lam que ajuda bastante.
Um homem em terapia de grupo disse,, com eloquência: “Quando percebi que engolira a minha comida de qual­quer jeito, sem sentir o gosto de nada, eu não estava ali. Percepção, ego, responsabilidade, tudo tinha desapareci­do. Ali estava uma atividade que poderia parecer nojenta vista de fora, e no entanto onde estava o meu ‘eu’? Longe, tinha sumido.
Quando aprendi a ser responsável pelo que como, aconteceu alguma coisa além de eu perder peso. Aumentou a minha noção de quem sou, como se o meu ego tivesse ampliado seu território e dissesse ‘este espaço todo é meu!”’.
Nunca ouvi ninguém explicar com mais lucidez o que quero dizer quando afirmo que, em certo sentido, criamos quem somos através daquilo pelo que estamos dispostos a assumir a responsabilidade.
Mudando para uma outra esfera ainda da atividade hu­mana, lembro-me de estar, há muitos anos, numa sessão de terapia em grupo, refletindo sobre a ausência de clareza ou precisão de alguns participantes em seus comentários e tam­bém sobre sua aparente indiferença quanto a serem claros e precisos em suas verbalizações.
Não havia nada de espe­cial nessa sessão exceto pelo fato de que, por algum motivo, eu estava particularmente ciente de uma ausência de foco em alguns depoimentos que eu estava recebendo, não de todos, mas de algumas pessoas, e me perguntei se por aca­so eu não estaria exagerando.
Agindo por impulso, sugeri que déssemos a volta no círculo trabalhando para completar a base “Se eu assumisse a responsabilidade por todas as palavras que pronuncio...”. Nunca me havia ocorrido isso antes. Estava curioso quanto ao que poderia se apresentar.
Eis algumas conclusões para essa frase que transcrevo de uma fita cassete que gravara a sessão:
Eu precisaria estar num foco mental muito mais elevado.
Teria de falar com mais clareza.
Teria medo de ser julgada pelas minhas palavras.
Iria revelar muito de mim mesmo.
Teria de ser mais consciente.
Ficaria apavorada de abrir a minha boca (risadas).
Eu poderia ser levado mais a sério.
Seria responsável pela qualidade de minhas comuni­cações.
Poderia ficar preso às minhas palavras.
Teria que funcionar em outro nível, mentalmente.
Seria mais claro.
Não diria coisas estúpidas ou que magoam.
Teria que ser mais honesta.
Esse exercício pareceu revigorar o grupo e dar mais sentido aos comentários. Aumentou o entusiasmo na sala. O grupo concordou que, se, enquanto falassem, tomassem mais consciência de si como a fonte das palavras que saem da própria boca, a qualidade dos comentários seria trans­formada.
“Mas a gente iria ter de ficar tão concentrado”, al­guém reclamou, “tão consciente”.
A pessoa mais velha do grupo,- um homem de sessenta e poucos anos e pai de três filhos, ficou triste e pensativo e então disse:
 “Não sei, estou me lembrando das coisas incri­velmente cruéis que disse para os meus filhos quando esta­vam crescendo... como eu perdia a paciência e ficava enlou­quecido quando me frustrava... e as cicatrizes que deixei, da mesma forma como meu pai deixou em mim as marcas de suas explosões...
 e seria impossível falar daquele jeito, im­possível, impossível, se eu assumisse a responsabilidade pelo que dizia enquanto falava. Mas quem iria pensar nisso?”.
O impulso para nos desligar da responsabilidade ou para evitá-la de modo decidido pode transparecer em qualquer aspecto da vida.
 Mas a realidade é mais complexa. Quase sempre temos que especificar o contexto. Em que contexto essa pessoa é responsável por si? Em que con­textos não é? Embora sejam inevitáveis algumas repetições, proponho, tendo em vista os objetivos de nossa discussão, as seguintes categorias:
Sou responsável pelo nível de consciência com que executo as minhas atividades.
Sou responsável por minhas escolhas, decisões e atos. Sou responsável pela realização dos meus desejos.
Sou responsável pelas opiniões que defendo e pelos valores que me orientam na vida.
Sou responsável pelo modo como organizo minhas prioridades no tempo.
Sou responsável por minha escolha de companheiros. Sou responsável pelo modo como trato as pessoas.
Sou responsável pelo que faço com meus sentimentos e emoções.
Sou responsável pela minha felicidade.
Sou responsável por minha vida e bem-estar.
Iremos considerar um a um o significado da responsa­bilidade pessoal nas áreas citadas.
Sou responsável pelo nível de consciência com que exe­cuto as minhas atividades. Em qualquer situação, temos opções com respeito ao nível de consciência que ativamos. Podemos dar total atenção, um pouco de atenção ou ne­nhuma atenção à situação, ou qualquer grau de atenção in­termediário. Seja qual for nossa escolha, somos sua causa. Conforme essa é a essência de nosso livre-arbítrio.
A implicação dessa postura é que, quando estou traba­lhando em um projeto, ouvindo uma aula, brincando com uma criança, conversando com o meu marido, deliberando se tomo ou não um outro drinque, lendo uma crítica do meu espetáculo, debatendo-me com uma contrariedade pes­soal, dirigindo o meu carro, eu sou responsável pelo nível de consciência com que me comporto na situação.
Quando, e se, confrontamos esse fato de modo explícito, e em especial se aceitamos nos responsabilizar, vivemos de modo mais consequente, estamos com maturidade para assumir nossas escolhas. Mas em geral existe uma resistên­cia a isso.
Algumas pessoas acham que as desvantagens de agir com mais consciência são maiores do que as vantagens. Isso fica claro quando realizamos os experimentos com a completação de sentenças para investigar quais são de fato as nossas atitudes.
Tendo trabalhado com pessoas de muitas cidades, e também no exterior, quero relatar o tipo de considerações que o trabalho de completar senten­ças evoca.
 Por exemplo, dou às pessoas a seguinte base “Se eu executar as minhas atividades diárias com mais consciên­cia...” e depois peço que continuem repetindo esse início com diferentes conclusões. Apesar de constatar muitas res­postas positivas afirmando os benefícios da postura consequente e consciente, eis algumas conclusões negativas, ex­traídas de várias centenas de sessões:
Terei de trabalhar mais.
As pessoas irão ter mais expectativas a meu respeito.
Irei perceber o quanto odeio o meu trabalho.
Acho que farei um erro.
Eu terei que mudar, pensar diferente, evoluir é cansativo.
Não poderei mais bancar o ignorante, a vítima, o renegado.
Terei de corrigir os problemas quando percebê-los, assumir a minha parte nos problemas.
Terei de corrigir os erros de algumas pessoas que talvez
se ressintam com isso.
Não serei mais capaz de dar mancadas.
Irei me sentir muito responsável.
Não vai ser divertido.
Apresento a base “O ruim de se viver com mais cons­ciência é...”, e ouço temores do tipo:
Vou enxergar demais.
Terei de mudar de vida.
Meu casamento iria desabar.
Teria de encarar o quanto não gosto de alguns amigos.
Teria de dar mais duro.
Meu chefe iria começar a me solicitar mais.
Eu não teria desculpas.
Teria de enfrentar o quanto discordo dos valores de minha família.
Quando quero enfatizar as consequências autodestrutivas de se persistir no uso de padrões impensados, dou inícios do tipo “Se eu continuar vivendo na semi-inconsciência...”, e as mesmas pessoas que apresentaram as terminações relacio­nadas antes terão como resposta típica o seguinte:
Minha vida nunca irá melhorar.
Vou estar cavando mais fundo o buraco de minha cova.
Não vou me respeitar.
Não há esperança.
Odeio me olhar no espelho.
Continuarei me sentindo deprimido, vitima, um fracassado.
Sempre estarei preso.
Qual o propósito das coisas?
Não consigo mudar, aceitar minhas limitações é mais fácil culpar a sorte, o outro, a vida, o destino.
Experiências desse tipo, repetidas muitas vezes, confir­mam a minha convicção de que, em algum nível, as pessoas sabem o que estão fazendo quando evitam a consciência, pensam um mínimo e constrangem sua percepção cons­ciente.
Podemos até sentir simpatia pelos receios que as mo­tivam a agir dessa maneira. Ninguém pode negar que viver conscientemente força-nos a encarar escolhas algumas vezes dolorosas. Mas, de modo algum, isso minimiza o fato de que somos responsáveis pelo nível de consciência em que funcio­namos, ou de que nossas escolhas têm consequências para a qualidade de nossa existência.
Sejam quais forem as aparentes desvantagens a curto prazo de se pensar, ver tem maior valor de sobrevivência do que ser cego, e uma vida vivida na consciência oferece mais alegria e contentamento do que a vivida na inconsciência.
 Conheci muitas pessoas que se lamentaram por haver casa­do na semi-inconsciência; nunca conheci uma só que se la­mentasse por havê-lo feito de modo consciente, a saber, pensando e refletindo antes no que estava fazendo. Conheci muitas pessoas que lamentaram não ter sido mais consequentes quando estavam criando os filhos, mas nunca co- nheci ninguém que desejasse ter sido mais inconsciente. Conheci empresários que amaldiçoavam sua falta de refle­xão em momentos de crise; nunca conversei com um só que lamentasse ter se valido de toda a lucidez possível. Conheci vendedores que desejavam ter sido capazeá de prestar mais atenção nas informações dadas pelos clientes; nunca falei com nenhum que desejasse ter dado menos importância a eles. Conheci homens e mulheres doentes que desejariam ter dado mais atenção aos sinais do corpo, quando eram mais jovens, e nunca encontrei uma só pessoa que houvesse se lamentado de seguir respeitosamente esses indicadores corporais. Uma das metas da psicoterapia, a meu ver, é des­pertar a vivência dessas verdades.
Novamente quero enfatizar que, quando digo que sou responsável pelo nível de consciência com que me coloco em cada situação, não estou dizendo que controle minha mente de modo ilimitado.

 Por exemplo, alguém pode pressionar-me a tomar uma decisão num momento que sei que estou esgotado e não posso confiar na minha capacidade de pensar com clareza. Posso dizer: “Não vou decidir isso hoje. Neste momento não confio em mim”. Em outras palavras, não sou capaz de produzir um estado de consciência ideal quando eu desejo, mas posso saber o estado em que me encontro e agir de maneira condizente."
Este texto é resultado de uma pesquisa inspirado em vários mestres do assunto, é uma copilação.
 Postado por Dharmadhannya
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