Eu assumo a minha responsabilidade no meu destino.
Disse antes que somos responsáveis por nossa vida,
bem- estar e atos em todas as áreas abertas à nossa escolha.
Em psicoterapia ensinamos os clientes a dizer “Não
acho bom falar agora. Estou com raiva demais (ou aborrecido, agitado etc.).
Antes preciso esfriar um pouco a cabeça”.
Podemos aprender a reconhecer quando nosso estado mental
é apropriado ou impróprio para as exigências de uma determinada situação. E, se
nosso julgamento diz que nosso estado é impróprio, então precisamos mudá-lo ou
então adiar a atitude que deve ser tomada. As duas escolhas expressam a
responsabilidade pessoal em prática.
Mas, se decidimos agir quando é preciso ter lucidez e
sabemos que não somos naquele momento capazes de agir com discernimento, somos
então responsáveis pelas consequências de nossos atos.
Um exemplo extremo: se batemos em alguém e matamos
essa pessoa, dirigindo nosso automóvel quando estamos alcoolizados, o fato de que estávamos bêbados não é uma defesa moral. E um agravante que torna pior a situação do que se o acidente houvesse ocorrido enquanto estávamos sóbrios.
Quanto às consequências que recaem sobre os outros
quando a pessoa assume (ou evita) a responsabilidade por viver de modo
consciente, pergunte a si mesmo as seguintes questões: quero trabalhar com
pessoas que funcionam num alto nível de conscientização ou o contrário?
Gostaria de ter sido criado por pais que se mostrassem
conscientes e conscienciosos a respeito do que faziam comigo, ou por pais que
reagissem de maneira impulsiva e impensada?
Desejo estar
casado com alguém que ama de modo consciente ou com alguém que ama dentro de um
eterno nevoeiro mental? Quero viver numa comunidade de seres humanos pensantes,
ou entre pessoas cuja meta é dar um jeito de ir vivendo com o mínimo de
raciocínio possível?
Aquele que aceita a responsabilidade de pensar, aquele
que escolhe agir conscientemente, cria um mundo melhor para todos aqueles com
quem interage.
Quanto aos efeitos de se viver com consciência (ou sem
ela) em termos de nossa própria ação de competência e valor pessoal, lembremos
o que já ficou dito, ou seja, para a nossa espécie a mente é nosso recurso
básico de sobrevivência. Assim, nada é mais essencial para a auto-estima e uma
bem-sucedida adaptação à realidade do que valorizar a visão mais que a
cegueiras, e a consciência mais do que a inconsciência.
Sou responsável por minhas escolhas, decisões e
atos. Sou a causa de minhas escolhas, decisões e atos. Sou eu que escolho,
decido e ajo. Se procedo dessa forma, conhecendo a minha responsabilidade, é
mais provável que eu proceda de modo sensato e apropriado do que se me tornar
indiferente ao meu papel de fonte de ações.
Nada é mais comum em momentos de atuação irracional
do que obstruir a consciência de que somos nós que escolhemos fazer o
que estamos fazendo, como se a ação estivesse, de alguma forma, acontecendo por
si mesma.
Essa é uma das
razões pelas quais as pessoas às vezes se embriagam ou usam drogas que alteram
o estado de consciência. “Não sou responsável — estava fora de mim naquele momento.”
Mas é claro que somos responsáveis por ter escolhido nos embriagar.
Se permanecemos cientes do fato de que somos responsáveis
por nossas escolhas, decisões e atos, é muito mais provável que escolhamos,
decidamos e depois nos comportemos de formas que mais tarde não se tornem
fontes de constrangimento, vergonha ou pesar.
Não nos dissociamos de nossas condutas; permanecemos
ancorados na realidade; vemos com mais clareza e nossa tendência é a de
funcionar com mais sensatez.
Contudo, se desejamos realizar atos que uma plena lucidez
mental não poderia avalizar, então vem a tentação de embotar a consciência, de
repudiar a responsabilidade pessoal e de nos alienar de nosso próprio
comportamento. Nesse estado, enfraquecemos nosso senso de ligação entre nós e
nossos atos. Afogamos nossa percepção de que somos a fonte de nossos atos.
Consideremos, por exemplo, o plano do sexo. Nossas
escolhas sexuais expressam aspectos profundos de quem somos, inclusive de
nossos conflitos ainda por resolver. O sexo está muito longe de ser
estritamente físico, mesmo que pensemos que é assim. Da mesma maneira como
podemos fugir do confronto com trechos de nossa própria alma, também podemos
repudiar a manifestação deles em nosso comportamento.
Podemos cometer algo e ainda assim dizer para nós
mesmos “Isso não sou 'eu”. Podemos nos desligar de nossos encontros mais
pessoais e reveladores, negando seu significado até mesmo quando nos sentimos
compelidos a repeti-los. O sexo é uma arena na qual podemos nos manifestar com
a máxima eloquência e, no entanto, recusar a responsabilidade pelo que estamos
fazendo. Instalamos uma bruma de dissociação e alienação para proteger uma
falsa noção de quem somos.
“Dormi com várias centenas de mulheres”, disse-me um
cliente chamado Lawrence M., de 47 anos, banqueiro de investimentos, “e quase o
tempo todo eu não estava lá”. Tinha vindo consultar-me porque nunca havia tido
um relacionamento verdadeiramente íntimo em sua vida, e sabia que a intimidade
o amedrontava. “Não penso que eu seja uma pessoa promíscua e no entanto... eu
nem gostava da maioria daquelas mulheres, quanto mais sentir-me próximo delas.
Eu sentia como se não fosse mesmo eu que estivesse fazendo aquilo.”
“E se”, perguntei, “quando você estava com elas na
cama, você tivesse escolhido dizer para si mesmo ‘eu sou responsável por
escolher esta mulher e por estar com ela aqui, agora...’?”.
“Praticamente todas as vezes eu não iria ficar ali.
Não teria acontecido. Tudo iria simplesmente parecer estúpido demais. Acho que
até poderia ter-me desprezado.”
Mas ele disse tudo isso um pouco prontamente demais,
como se mesmo naquele momento estivesse dissociado da realidade daquilo que
estávamos discutindo, ainda fugindo de todo senso de responsabilidade pessoal.
Olhei-o em silêncio, depois falei com uma lentidão discretamente
exagerada, enquanto a respiração dele sutilmente se aprofundava ao inclinar-se
um pouco para a frente e, pela primeira vez naquele dia, tornar-se plenamente
presente em nossa interação:
“De modo que, para fazer isso, você teve que se afastar
da consciência de que era você quem estava escolhendo fazer aquilo que estava
fazendo?”
“Sim. Eu tive que tornar aquela percepção algo
irreal.” Repeti o pensamento deliberadamente: “Você teve que repudiar a
responsabilidade de dormir com mulheres pelas quais não se importava nem um
pouco?”.
“Bom, evidente que eu não estava pensando em mim dessa
forma, mas... sim. Claro, não dá certo. Afinal de contas, o gosto ruim
continua presente.”
“Percebendo isso”, eu disse, “pergunto-me o que será
que você vai escolher. Quais serão suas decisões...”.
“Parece que você está me empurrando para a responsabilidade
pessoal agora. Ao não me apresentar nenhum conselho. Ao rebater as perguntas de
volta para mim.”
“Exatamente.”
A realidade da motivação inconsciente' não deve nos
deixar cegos quanto à questão da realidade de nossas escolhas. Reconhecer que
nosso comportamento é motivado e que em geral as raízes de nossa motivação são
inconscientes não quer dizer que não sejamos responsáveis pelo que estamos
fazendo. Quando os clientes em terapia aprendem a elevar o nível de consciência
de seus atos, admitindo a partir de então que são as fontes desses atos,
aprendem a agir com mais eficiência e de maneira menos autodestrutiva — de
maneira bastante independente do quanto consigam entender de suas motivações mais
profundas.
Não pretendo insinuar que esse entendimento não seja
relevante ou proveitoso, mas apenas que não é uma precondição indispensável
para as mudanças.
Quanto mais Lawrence tornou-se consciente de sua
responsabilidade pessoal diante dos atos que cometia em nome de sua
sexualidade, mais “espontaneamente” começou a exercer um critério mais
refinado, com melhor discriminação e a sentir-se conscientemente repugnado
quando não agia dessa forma. Mostrou-se cada vez mais ansioso por dissolver a
barreira que erguia contra construir uma relação genuína com uma mulher.
Elsie M., uma mulher de 40 anos, veio para terapia
porque, em várias ocasiões, tinha sido infiel ao marido, de quem dizia não
querer se separar. O marido havia descoberto suas infidelidades e agora
estavam tentando resolver seus problemas. Suas infidelidades sempre aconteciam
depois que ela bebia.
Indaguei em voz alta se beber não seria para ela uma
maneira de evitar responsabilizar-se por seus atos.
“Acredito”, ela respondeu, “que devo ter direito de beber
quando quero. E de flertar um pouco. Mas os homens são predadores. Eles não
respeitam um ‘não’”.
Pedi-lhe que falasse um pouco sobre o que lhe parecia
ser o motivo dessa atração por tais encontros, e ela, encolhendo os ombros,
disse algo vago e descomprometido. Depois eu lhe perguntei se ela achava que
fazia alguma coisa que transmitisse aos homens a ideia de que sexualmente
estava disponível, e ela retrucou zangada: “Você está atacando a vítima?”.
Eu lhe disse que estava procurando entender a situação
e que estava agora tentando compreender o que é que havia no que eu tinha dito
que parecera um ataque.
O que foi se tornando progressivamente mais claro,
enquanto falávamos, era que ela não tinha a experiência consciente de qualquer
responsabilidade pelo problema. Falava de seus atos como se estivesse
discutindo um apêndice inflamado, um incômodo, não há dúvida, mas de modo algum
algo que estivesse em sua esfera de decisão. Qualquer sugestão de minha parte
de que uma vontade estaria envolvida ativava nela uma aborrecida
defensividade. Embora declarasse o desejo de resolver o problema de sua
infidelidade contumaz e de salvar seu casamento, ela decidira concentrar sua
atenção na inadequada agressividade dos homens como parceiros, com a implicação
de que ela era vítima da sexualidade masculina.
Quando tentei analisar o problema por meio do trabalho
de completação de sentenças, ela recusou-se a cooperar, afirmando que aquele
método era por demais “artificial”. Depois de mais algumas sessões frustrantes
e improdutivas, terminamos a terapia de mútuo acordo. Fiquei sabendo que depois
ela ainda procurou uma brilhante psicoterapeuta e que não retornou após sua
terceira entrevista.
Elsie estava completamente dedicada à visão de si mesma
como vítima impotente. Quanto ao seu comportamento sexual, professava-se
não-responsável por qualquer coisa. Adotara a impotência como quem abraça um
salva-vidas num mar tempestuoso, exceto que o que ela escolhera certamente
iria terminar por afogá-la.
Não há dúvida
de que estavam em atuação, em seu caso, poderosas forças inconscientes, como
também era certo que ela não queria ser mais consciente. Ela não queria
se entender, nem encarar seu medo de um exame de sua própria pessoa, assim
como também não queria admitir que tivesse qualquer parcela de poder ou
responsabilidade a respeito de sua sexualidade.
Para poder
solucionar seus problemas, era indiscutível que precisava de psicoterapia. Ao
insistir que estava se esquivando de uma oportunidade para se responsabilizar,
não estou sugerindo que tudo o que ela precisava fazer era mudar “da água para
o vinho”. Mas, sem um mínimo de comprometimento com o responsabilizar-se pelos
próprios atos, o trabalho não poderia sequer começar.
Ao negar toda a
responsabilidade, ela garantia que seu comportamento problemático iria
prosseguir, que não havia esperança de interromper aquela situação até que ela
estivesse preparada para dizer: “Estes são meus atos e assumo a responsabilidade
por eles”. “Eu quero mudar, quero buscar a felicidade para minha vida”
E significativo que, em algum nível, ela soubesse que,
se desejava persistir com sua conduta, teria que adotar a inconsciência e a
não-responsabilidade. Ou, para dizê-lo de maneira positiva, em algum nível, ela
sabia que, se cooperasse o suficiente com a terapia para elevar seu nível de
consciência quanto a suas condutas sexuais, seria forçada a admitir alguma
responsabilidade por suas escolhas e atos, e então seria muito mais difícil
para ela continuar do modo como vinha sendo.
Estou seguro de que Elsie tinha o poder de dar à terapia
muito mais do que tinha escolhido, porque com o correr dos anos trabalhei com
vários clientes que no início exibiram o mesmo tipo de resistência ao processo
terapêutico e depois superaram-na.
Por meio de
conversas normais e exercícios de completação de sentenças, ficou
completamente claro para mim que tinham o conhecimento de que, como disse-me um
homem, rindo enquanto falava: “Se eu começasse a assinar meus atos e assumir a
responsabilidade, isso seria o começo do fim. Por isso lutei contra começar”.
Estou
convencido de que uma das coisas mais úteis que podemos fazer pelas pessoas é
recusarmos a acatar suas opiniões impropriamente limitadas de suas
deficiências. A terapia bem- sucedida consiste, em geral, em ajudar as pessoas
a perceber que sabem todo o tipo de coisas que acham que não sabem, e que
podem fazer tudo aquilo que pensam que não conseguem. Não é uma atitude
compassiva aceitar de cara suas alegações de impotência.
Embora tenha usado como exemplo a esfera sexual nos
dois casos que relatei, penso que seja óbvio que os princípios envolvidos se
aplicam a qualquer dimensão da escolha e do agir humanos.
Poderiam perguntar-me: “Não haveria áreas de genuína
impotência nos clientes?”. Claro que sim — como em todos nós. Por isso é que a
terapia consiste em mais do que só declarar “Ah, vê se dá um jeito na sua
vida”. Mas a terapia progride localizando as bases de força que foram negadas
ou repudiadas em nosso interior e a partir disso avançar. Sempre existe algum
ponto de poder que não está sendo empregado na prática.
Os exercícios terapêuticos cujo objetivo é elevar a
consciência ou ativar mais a responsabilidade pessoal, como o trabalho de
completação de sentenças, as várias formas de psicodrama e a fantasia dirigida,
têm a intenção de estimular forças que existem dentro do cliente, embora ainda
estejam ignoradas, não tenham sido descobertas, ou continuem sendo repudiadas.
Passemos do sexo para um problema diferente que pode
ter relação com muitos de nós: a comida. As pessoas que comem em excesso são em
geral aconselhadas a comer mais devagar, a prestar atenção em cada bocado de
alimento antes de colocá-lo na boca, a mastigar bem e fazer uma pausa antes de
comer mais uma porção.
Os glutões em
geral engolem a comida de qualquer jeito, mal sentindo o sabor do que comem, e
fazem-no numa espécie de transe em que é típica a ausência de consciência ou a
noção de responsabilidade pessoal. O conselho para que comam devagar e
mastiguem bem cada garfada tem como intuito desorganizar
esse padrão vicioso, a compulsiva automação do ato. Raramente essa estratégia é
suficiente para resolver por si o problema, mas algumas pessoas falam que
ajuda bastante.
Um homem em terapia de grupo disse,, com eloquência:
“Quando percebi que engolira a minha comida de qualquer jeito, sem sentir o
gosto de nada, eu não estava ali. Percepção, ego, responsabilidade, tudo
tinha desaparecido. Ali estava uma atividade que poderia parecer nojenta vista
de fora, e no entanto onde estava o meu ‘eu’? Longe, tinha sumido.
Quando aprendi a ser responsável pelo que como,
aconteceu alguma coisa além de eu perder peso. Aumentou a minha noção de quem
sou, como se o meu ego tivesse ampliado seu território e dissesse ‘este espaço
todo é meu!”’.
Nunca ouvi ninguém explicar com mais lucidez o que
quero dizer quando afirmo que, em certo sentido, criamos quem somos através
daquilo pelo que estamos dispostos a assumir a responsabilidade.
Mudando para uma outra esfera ainda da atividade humana,
lembro-me de estar, há muitos anos, numa sessão de terapia em grupo, refletindo
sobre a ausência de clareza ou precisão de alguns participantes em seus
comentários e também sobre sua aparente indiferença quanto a serem
claros e precisos em suas verbalizações.
Não havia nada de especial nessa sessão exceto pelo
fato de que, por algum motivo, eu estava particularmente ciente de uma ausência
de foco em alguns depoimentos que eu estava recebendo, não de todos, mas de
algumas pessoas, e me perguntei se por acaso eu não estaria exagerando.
Agindo por impulso, sugeri que déssemos a volta no
círculo trabalhando para completar a base “Se eu assumisse a responsabilidade
por todas as palavras que pronuncio...”. Nunca me havia ocorrido isso antes.
Estava curioso quanto ao que poderia se apresentar.
Eis algumas conclusões para essa frase que transcrevo
de uma fita cassete que gravara a sessão:
Eu precisaria estar num foco mental muito mais
elevado.
Teria de falar com mais clareza.
Teria medo de ser julgada pelas minhas palavras.
Iria revelar muito de mim mesmo.
Teria de ser mais consciente.
Ficaria apavorada de abrir a minha boca (risadas).
Eu poderia ser levado mais a sério.
Seria responsável pela qualidade de minhas comunicações.
Poderia ficar preso às minhas palavras.
Teria que funcionar em outro nível, mentalmente.
Seria mais claro.
Não diria coisas estúpidas ou que magoam.
Teria que ser mais honesta.
Esse exercício pareceu revigorar o grupo e dar mais
sentido aos comentários. Aumentou o entusiasmo na sala. O grupo concordou que,
se, enquanto falassem, tomassem mais consciência de si como a fonte das
palavras que saem da própria boca, a qualidade dos comentários seria transformada.
“Mas a gente iria ter de ficar tão concentrado”,
alguém reclamou, “tão consciente”.
A pessoa mais velha do grupo,- um homem de sessenta e
poucos anos e pai de três filhos, ficou triste e pensativo e então disse:
“Não sei, estou
me lembrando das coisas incrivelmente cruéis que disse para os meus filhos
quando estavam crescendo... como eu perdia a paciência e ficava enlouquecido
quando me frustrava... e as cicatrizes que deixei, da mesma forma como meu pai
deixou em mim as marcas de suas explosões...
e seria
impossível falar daquele jeito, impossível, impossível, se eu assumisse a
responsabilidade pelo que dizia enquanto falava. Mas quem iria pensar nisso?”.
O impulso para nos desligar da responsabilidade ou
para evitá-la de modo decidido pode transparecer em qualquer aspecto da vida.
Mas a realidade
é mais complexa. Quase sempre temos que especificar o contexto. Em que contexto
essa pessoa é responsável por si? Em que contextos não é? Embora sejam inevitáveis
algumas repetições, proponho, tendo em vista os objetivos de nossa discussão,
as seguintes categorias:
Sou responsável pelo nível de consciência com que
executo as minhas atividades.
Sou responsável por minhas escolhas, decisões e atos.
Sou responsável pela realização dos meus desejos.
Sou responsável pelas opiniões que defendo e pelos
valores que me orientam na vida.
Sou responsável pelo modo como organizo minhas
prioridades no tempo.
Sou responsável por minha escolha de companheiros. Sou
responsável pelo modo como trato as pessoas.
Sou responsável pelo que faço com meus sentimentos e
emoções.
Sou responsável pela minha felicidade.
Sou responsável por minha vida e bem-estar.
Iremos considerar um a um o significado da responsabilidade
pessoal nas áreas citadas.
Sou responsável pelo nível de consciência com que executo
as minhas atividades. Em qualquer
situação, temos opções com respeito ao nível de consciência que ativamos.
Podemos dar total atenção, um pouco de atenção ou nenhuma atenção à situação,
ou qualquer grau de atenção intermediário. Seja qual for nossa escolha, somos
sua causa. Conforme essa é a essência de nosso livre-arbítrio.
A implicação dessa postura é que, quando estou trabalhando
em um projeto, ouvindo uma aula, brincando com uma criança, conversando com o
meu marido, deliberando se tomo ou não um outro drinque, lendo uma crítica do
meu espetáculo, debatendo-me com uma contrariedade pessoal, dirigindo o meu
carro, eu sou responsável pelo nível de consciência com que me comporto na
situação.
Quando, e se, confrontamos esse fato de modo
explícito, e em especial se aceitamos nos responsabilizar, vivemos de modo mais
consequente, estamos com maturidade para assumir nossas escolhas. Mas em geral
existe uma resistência a isso.
Algumas pessoas acham que as desvantagens de agir com
mais consciência são maiores do que as vantagens. Isso fica claro quando
realizamos os experimentos com a completação de sentenças para investigar quais
são de fato as nossas atitudes.
Tendo trabalhado com pessoas de muitas cidades, e
também no exterior, quero relatar o tipo de considerações que o trabalho de
completar sentenças evoca.
Por exemplo,
dou às pessoas a seguinte base “Se eu executar as minhas atividades diárias com
mais consciência...” e depois peço que continuem repetindo esse início com
diferentes conclusões. Apesar de constatar muitas respostas positivas
afirmando os benefícios da postura consequente e consciente, eis algumas
conclusões negativas, extraídas de várias centenas de sessões:
Terei de trabalhar mais.
As pessoas irão ter mais expectativas a meu respeito.
Irei perceber o quanto odeio o meu trabalho.
Acho que farei um erro.
Eu terei que mudar, pensar diferente, evoluir é
cansativo.
Não poderei mais bancar o ignorante, a vítima, o
renegado.
Terei de corrigir os problemas quando percebê-los,
assumir a minha parte nos problemas.
Terei de corrigir os erros de algumas pessoas que
talvez
se ressintam com isso.
Não serei mais capaz de dar mancadas.
Irei me sentir muito responsável.
Não vai ser divertido.
Apresento a base “O ruim de se viver com mais consciência
é...”, e ouço temores do tipo:
Vou enxergar demais.
Terei de mudar de vida.
Meu casamento iria desabar.
Teria de encarar o quanto não gosto de alguns amigos.
Teria de dar mais duro.
Meu chefe iria começar a me solicitar mais.
Eu não teria desculpas.
Teria de enfrentar o quanto discordo dos valores de minha
família.
Quando quero enfatizar as consequências
autodestrutivas de se persistir no uso de padrões impensados, dou inícios do
tipo “Se eu continuar vivendo na semi-inconsciência...”, e as mesmas pessoas
que apresentaram as terminações relacionadas antes terão como resposta típica
o seguinte:
Minha vida nunca irá melhorar.
Vou estar cavando mais fundo o buraco de minha cova.
Não vou me respeitar.
Não há esperança.
Odeio me olhar no espelho.
Continuarei me sentindo deprimido, vitima, um
fracassado.
Sempre estarei preso.
Qual o propósito das coisas?
Não consigo mudar, aceitar minhas limitações é mais
fácil culpar a sorte, o outro, a vida, o destino.
Experiências desse tipo, repetidas muitas vezes,
confirmam a minha convicção de que, em algum nível, as pessoas sabem o que
estão fazendo quando evitam a consciência, pensam um mínimo e constrangem
sua percepção consciente.
Podemos até sentir simpatia pelos receios que as motivam
a agir dessa maneira. Ninguém pode negar que viver conscientemente força-nos a
encarar escolhas algumas vezes dolorosas. Mas, de modo algum, isso minimiza o
fato de que somos responsáveis pelo nível de consciência em que funcionamos,
ou de que nossas escolhas têm consequências para a qualidade de nossa
existência.
Sejam quais forem as aparentes desvantagens a curto
prazo de se pensar, ver tem maior valor de sobrevivência do que ser cego, e uma
vida vivida na consciência oferece mais alegria e contentamento do que a vivida
na inconsciência.
Conheci muitas
pessoas que se lamentaram por haver casado na semi-inconsciência; nunca
conheci uma só que se lamentasse por havê-lo feito de modo consciente, a
saber, pensando e refletindo antes no que estava fazendo. Conheci muitas
pessoas que lamentaram não ter sido mais consequentes quando estavam criando os
filhos, mas nunca co- nheci ninguém que desejasse ter sido mais inconsciente. Conheci
empresários que amaldiçoavam sua falta de reflexão em momentos de crise; nunca
conversei com um só que lamentasse ter se valido de toda a lucidez possível.
Conheci vendedores que desejavam ter sido capazeá de prestar mais atenção nas
informações dadas pelos clientes; nunca falei com nenhum que desejasse ter dado
menos importância a eles. Conheci homens e mulheres doentes que desejariam ter
dado mais atenção aos sinais do corpo, quando eram mais jovens, e nunca
encontrei uma só pessoa que houvesse se lamentado de seguir respeitosamente
esses indicadores corporais. Uma das metas da psicoterapia, a meu ver, é despertar
a vivência dessas verdades.
Novamente quero enfatizar que, quando digo que sou
responsável pelo nível de consciência com que me coloco em cada situação, não
estou dizendo que controle minha mente de modo ilimitado.
Por exemplo,
alguém pode pressionar-me a tomar uma decisão num momento que sei que estou
esgotado e não posso confiar na minha capacidade de pensar com clareza. Posso
dizer: “Não vou decidir isso hoje. Neste momento não confio em mim”. Em outras
palavras, não sou capaz de produzir um estado de consciência ideal quando eu
desejo, mas posso saber o estado em que me encontro e agir de maneira
condizente."
Este texto é resultado de uma pesquisa inspirado em vários mestres do assunto, é uma copilação.
Postado por Dharmadhannya
Agradeço se ao compartilhar o texto cite o endereço do link
Nenhum comentário:
Postar um comentário