terça-feira, 10 de dezembro de 2013

O Espelho revela a sombra.




O Espelho revela a sombra.

O Ego (pode ser visto como  a personalidade, o eu inferior, ou sombra, falso eu, a ilusão do “eu”, pequeno eu, eu inconsciente, eu cristalizado) do passado kármico deseja desesperadamente negar ou evitar a responsabilidade. O ego neste contexto é imaturo, narcisista, egoísta, ambicioso, cego,  invejoso, ...

 O ego sombra é tudo aquilo que negamos e que nos pertence. Tudo aquilo que combatemos , odiamos, rejeitamos com veemência. Mas em nossa sombra vive também nosso potencial, tudo aquilo que é inconsciente, todos o poder e potencial não assumido. O caminho do meio, o centro da consciência é o ideal.

Quais são as fantasias mais destrutivas do você teme, que você fala sem parar no assunto, que repete sempre, e você já definiu que vai acontecer, a mais de 10 anos e vem acontecendo?

Comece com uma lista de “melhor do que” e imagine como seria o extremo oposto. Ou, então, pense em alguma fantasia de desastre que passou várias vezes pela sua mente ao longo dos anos. Coloque-a no papel, descrevendo em detalhes.

Visualize-a. Mergulhe nela. Sinta o medo, pois você percebe que o Ego ou (eu inferior) realmente quer que isso aconteça! Quais seriam as suas “vantagens” se isso acontecesse? (Não se preocupe com a possibilidade de a visualização da cena fazê-la materializar-se. É a repressão desses temores que lhes confere poder.)

Resolva agora se você quer ou não rumar para esse “futuro provável”. Se não quiser, faça uma grande cruz em vermelho sobre as notas que você escreveu. Rasgue o papel em pedacinhos, jogue no vaso sanitário e acione a descarga.

O Ego, então, tem toda uma série de crenças negativas, tendências e programas ocultos que limitam ou mesmo arruínam a nossa vida, além de  bloquear nossas tentativas de programar o que desejamos.

 Ele glorifica o esforço violento, a autopiedade, a vaidade, a hipocrisia, o auto-sacrifício, a punição das outras pessoas, a evitação, culpa e penaliza o outro em sua arrogância, e a negação da responsabilidade, a desonestidade e a manipulação.

Ele tem medo da intimidade, da felicidade e de sentir gratidão. Ele enche a nossa vida de banalidades e faz-nos sentir culpados e apegar-nos ao passado.

Cada um de nós tem suas próprias tendências ocultas, velhos e dourados costumes aos quais retomamos seguidamente, como:

“Quando em dúvida, sinta pena de si mesmo.” Quais das tendências, jogos e programas ocultos apresentados acima parecem desagradavelmente familiares para você? Quais o fazem curvar-se servilmente ou agitar-se no seu assento? Quais o fazem pensar: “Não, esse/a não pode ser eu. Será possível...?” Se você for honesto consigo mesmo, saberá a resposta.

Além do Ego
Relaxe profundamente e imagine-se caminhando por uma linda floresta. Sinta seus pés no chão. Veja a luz do sol sarapintando as árvores. Ouça o canto dos pássaros e o crepitar de ramos sob os seus pés. Toque um tronco caído ou os musgos a seus pés. Sinta o cheiro do ar úmido e envolvente da floresta. Siga pelo caminho que penetra na floresta.


De repente, alguma coisa surge por detrás de uma árvore. É uma de suas tendências ou bloqueios. (Talvez autopiedade, a sensação de ser especial, uma crença na escassez ou um sentimento de culpa.) Veja a forma que ela assume — quem sabe um animal, uma criatura mítica, uma personagem de ficção, uma versão mais jovem de si mesmo ou de alguém que você conhece. Disponha-se a vê-la claramente.

Como a pessoa ou criatura está bloqueando o seu caminho, você deve avançar e falar com ela. Presuma que ela vem tentando ajudá-lo de alguma maneira equivocada. Pergunte o que ela está tentando fazer por você, para que lhe seja possível entendê-la e perdoá-la.

 Assegure-lhe que você agora tem outras maneiras de lidar com a vida ou novas crenças, e que agora ela pode ajudá-lo de outras maneiras. Dê-lhe uma nova visão do seu futuro e peça-lhe que se junte a você.

Em seguida, disponha-se a fundir-se com esse seu aspecto. (Repita isso quantas vezes desejar, com outros bloqueios interiores.)

Depois disso, ande alegremente pelo caminho, com passadas largas, até chegar a uma queda d’água nas profundezas da floresta. Deixe-a lavar os últimos traços de suas antigas tendências ou crenças negativas. Então, tranquilamente , volte para o quarto.

Quem é essa pessoa que sempre caminha ao seu lado?
Quando conto, somos somente eu e você,
Mas quando olho para a estrada branca
Sempre há alguém caminhando ao seu lado,
Envolto numa capa marrom, encapuzado,
Não sei se homem ou mulher.
— Mas quem é esse outro que está ao seu lado?
(T. S. Eliot)

Quando nos tornamos conscientes de seus truques, o Ego tenta fazer-nos perder a pista, projetando aspectos de si mesmo sobre o mundo exterior. Conforme Laz jocosamente se expressou, o Ego não é muito esperto, mas é mais esperto do que nós!

Enquanto o Ego estiver brincando com os seus jogos do tipo “melhor do que”, por exemplo, veremos nossas piores qualidades fora de nós mesmos, nas outras pessoas. Quando ele escolher jogos do tipo “pior do que”, iremos projetar nossas boas qualidades sobre os outros.
O mundo é um espelho. Se examinarmos nossos amigos, companheiros, familiares, colegas e conhecidos, veremos o nosso próprio reflexo.
 “Richard é tão arrogante.”
“Mary está sempre com a cabeça nas nuvens.” “John é muito generoso.” “Júlia vive procurando problemas.” “Tony só pensa em si mesmo.”

 Todos esses comentários poderiam ser características que nos recusamos a enxergar em nós mesmos e que poderiam nos guiar ao longo do caminho que conduz à autodescoberta.

 “Mas Richard é de fato arrogante!” Sim, talvez seja. Mas por que você resolveu fazer esse comentário, ainda que para si mesmo? Por que você o atraiu para a sua realidade?

O que quer que mais detestemos ou temamos nos outros é, com certeza, um aspecto não-reconhecido de nós mesmos. A nossa própria luta se reflete naquilo contra o que vemos as outras pessoas lutarem.

Obviamente, isso não significa que, se um homem se exibe para você, então você deverá estar reprimindo esse impulso dentro de si próprio.

Todavia, isso vai refletir algum aspecto seu: os seus julgamentos, ou os “melhor do que” a respeito de quem faz essas coisas’? Ou suas crenças negativas acerca dos homens?

 Ou, quem sabe, você tem vontade de “se expor” de alguma maneira — talvez como artista ou participando de atividades políticas — mas está se bloqueando por medo de humilhação ou de rejeição? Se o “espelho” não for um simples reflexo, ele será uma metáfora ideal.

O espelho
1) Pense nos comentários que você faz a respeito das pessoas que conhece — tanto das que você gosta como daquelas que lhe causam tensão e sofrimento.

 Que qualidades você mais admira ou detesta nas outras pessoas’? Se você for honesto, será possível enxergar essas qualidades — tanto as boas como as ruins como aspectos de si mesmo’? (Se não, como eles poderiam estar refletindo as suas crenças?) Contra o que você vê os outros lutando’?

2) Se você estiver tendo problemas com alguém, presuma que a outra pessoa é um aspecto de si mesmo que precisa ser integrado, e experimente a técnica Gestalt da “cadeira vazia”.

 Sente-se numa cadeira, de frente para uma outra cadeira. Imagine que a outra pessoa esteja sentada aí — e comece a dizer-lhe por que você a considera tão incômoda. Depois, passe para a segunda cadeira e responda, como se fosse a outra pessoa.

 Volte ao lugar onde estava e faça a sua réplica. Continue passando de uma cadeira para outra todas as vezes que fizer uma pausa para pensar. Prossiga até ter havido alguma solução para o seu conflito interior.

Jung chamou esses aspectos rejeitados de nós mesmos de “a Sombra”, e advertiu que eles podem tornar-se uma influência destrutiva em nossa vida, a não ser que lancemos luz sobre eles. A Sombra é escura, gerando o Heathcliff de Catherine. Ela é o perverso Mr. Hyde do Dr. Jekyll, e pode
ser a causa da nossa ruína.

Conforme observou Jung, a Sombra nos é necessária porque não podemos ser tudo aquilo que, em princípio, poderíamos vir a ser. Precisamos escolher quais aspectos de nós mesmos vamos expressar no mundo.

 Todavia, se enganarmos a nós mesmos, transmitindo a falsa impressão de que somos só doçura e luz, então a nossa irada e rancorosa Sombra vai manifestar-se em outra parte — nas outras pessoas, em nossa visão do mundo, em nosso corpo e em nossos sonhos (talvez como uma figura sombria e escura, ou através de uma personalidade inteiramente desagradável).

 A nossa Sombra vai repetidamente nos provocar: “Olhe para mim! Estou aqui!” e podemos ou fingir que ela está “lá fora” ou fazer um sério exame em nós mesmos.

Num nível social, as prisões são guetos para uma parcela da nossa Sombra coletiva, tal como ela se manifesta no mundo.

Os criminosos representam os aspectos violento, ganancioso, egoísta, destrutivo e imoral de nós mesmos, de modo que podemos fingir que essas qualidades desagradáveis estão “lá fora” e nada têm a ver conosco.

Causava-me espanto o fato de tratarmos os criminosos de uma forma que seguramente perpetua a auto-imagem dessas pessoas como criminosa e reforça suas crenças negativas a respeito de si mesmas e da sociedade para, depois, nos surpreendermos com seu elevado índice de reincidência.

 Contudo, existe uma explicação para essa loucura. Tratamos os criminosos com desrespeito e, muitas vezes, com desumanidade para que eles continuem a expressar a nossa Sombra.

Por méritos próprios, uns poucos prisioneiros conseguem descobrir seu lado temo, criativo e expansivo — Jimmy Boyle é um exemplo famoso mas isso é uma exceção à regra. Não se espera que os criminosos revelem-se tão humanos como nós outros!

Da mesma forma, a maioria dos hospitais psiquiátricos é cuidadosamente projetada para deixar as pessoas loucas e reforçar o “rótulo” “pseudo-médico”, apesar das aparências superficiais indicarem o contrário.

 Aqueles que foram suficientemente cavalheirescos para ficar “loucos” pelo restante de nós devem supostamente permanecer loucos; caso contrário, haveria uma ameaça à nossa crença de que a loucura está “lá fora”.

Se expusermos as Sombras à luz, elas desaparecerão como que por magia. Contudo, a maioria de nós tem medo ou, simplesmente, vergonha do nosso lado Sombra; assim, ele permanece escuro, e à medida que aumentamos a intensidade da luz que incide sobre o nosso eu consciente, a Sombra se aprofunda.

Isso não significa que devamos dar vazão ao lado “escuro” da nossa natureza. Tudo o que precisamos fazer é experimentar e reconhecer o nosso eu Sombra, para que não mais precisemos projetá-lo sobre o mundo exterior.

Enquanto nos enganarmos com a ideia de que nem sequer poderíamos imaginar-nos desejando a morte de alguém, por exemplo, aqueles impulsos assassinos serão substituídos por outros, como um espelho da nossa Sombra.

Não basta dizer as palavras Acho que eu poderia matar alguém”; precisamos tê-las dentro do coração. Somente quando possuímos a nossa Sombra é que nos tornamos inteiros. (Aqueles que rejeitam a própria Sombra muitas vezes parecem frívolos OU irreais.)

Conversar com a Sombra é, por certo, uma simplificação conveniente, pois temos muitos “eus-Sombras” — assim como temos muitos Egos — e alguns desses “eus” contêm nossas qualidades positivas reprimidas...

 A exploração de nossa Sombra não revela apenas os diabretes do subconsciente, mas também revela algumas gemas cintilantes.

(Fiquei contente em conhecer dois de meus “eus” Sombras positivos na meditação - um gigante amigável que representava minha força, obscurecida pela minha aparência pacífica; e um gnomo, simbolizando o meu eu mágico, que ainda estava sendo reprimido por minhas crenças “científicas”.)

Como a Sombra é o complemento do nosso eu consciente, é fácil adivinhar o que poderia ocultar-se na escuridão. Quais aspectos de si mesmo você reconhece conscientemente’? Que aspectos das outras pessoas causam-lhe sobressalto, medo ou desagrado’?

Quais qualidades você mais inveja nos outros’? Que emoções você raramente ou nunca expressa? Como seria o seu oposto, a sua imagem no espelho? Nele está a sua Sombra.

A Sombra
Imagine-se sozinho, à noite, numa casa estranha. Olhe à sua volta e verifique o que você está vestindo. O vento uiva do lado de fora e fustiga os vidros da janela. O quarto está mal-iluminado. Subitamente, você ouve um ruído na porta dos fundos. Alguém está tentando entrar! Você sente medo.

Veja-se agora na parte de fora, na escuridão do jardim, escondido atrás de uma árvore. Olhe para a porta dos fundos. Quem está tentando entrar?

 (Pode tratar-se de uma figura conhecida, de alguém vindo de épocas passadas, de um animal ou de um personagem mitológico. Pode tratar-se de uma pessoa ou de uma coisa.) lembre a si mesmo que essa figura não pode feri-lo, e aproxime-se.

Quando a figura se voltar, diga-lhe: “Que a paz esteja com você”, e pergunte-lhe quem ela é e por que está batendo à porta.

 Pergunte quais das suas qualidades ela representa. Ao terminar a conversa, agradeça-lhe pela ajuda e veja um feixe de luz saindo do céu e iluminando esse aspecto da sua Sombra. A figura, então, vai desaparecer.

Por fim, entre no lugar que ela ocupava e tente inspirar e “possuir” as qualidades que ela representava - muito embora você talvez nunca optasse por expressá-la. Então, suavemente, volte para o quarto. (Este exercício pode ser repetido diversas vezes para descobrirmos outros “eus Sombras.)

Erga-se do eu inferior, da mesma forma como um elefante se ergue para fora de um pântano lamacento. (O Dharmapada)

Nessa altura, o seu Ego Negativo talvez esteja se sentindo um tanto nervoso. Ele poderia estar tentando safar-se através de um ardil. “Bem, farei esse exercício quando tiver tempo, mas agora estou realmente muito ocupado.”

“A programação parece muito mais divertida do que toda essa conversa a respeito de Ego e de Sombra.” “Acho que tenho um bom motivo para sentir pena de mim mesmo!”

“Meu Ego está sob controle.”“Sei o há em minha Sombra. Gostaria de saber de que trata o próximo capítulo.” Ouça a si mesmo!

De acordo com a visão antiga, o crescimento espiritual implica a superação do Ego míope e limitado para dar lugar ao Eu.

Liberação não significa matar o dragão, mas elevar-se acima dele, crescer para além dele, perceber os seus truques e rir calma e afetuosamente quando ele cuspir fogo para o nosso lado.

 Ao observarmos o Ego, em vez de odiá-lo ou combatê-lo, tomamo-nos livres. Encontramos a paz interior quando, em vez de levar o Ego a sério, limitamo-nos a observá-lo. Ao observarmos o Ego, em vez de nos identificarmos com ele, descobrimos o nosso Eu.

O céu
Imagine-se numa paisagem verde e luxuriante, cercada de colinas. Um riacho corre nas proximidades, murmurando e gorgolejando, e você senta-se à sombra de uma grande árvore. Use todos os seus sentidos para imaginar-se aí.

Em seguida, olhe para o céu azul e note uma nuvem pequena e escura sendo levada pelo vento. Transforme-se agora nessa nuvem, observando a paisagem de cima para baixo, vendo o riacho e a árvore grande. Repare numa nuvem pequena, branca e fofa — não muito distante — e torne-se essa nuvem, movendo-se suavemente pelo céu.

Por fim, torne-se o céu. Eleve-se acima da paisagem e sinta-se como sendo todo o céu com nuvens vagando pela sua imensidão. Experimente a imensidão ilimitada de ser o céu. Depois, volte suavemente para o seu quarto.

Você não tem de destruir todas as nuvens puras ver o céu. Tudo o que você tem a fazer é continuar lembrando-se de
que você é o céu. (Bartholomew)

Não podemos e não devemos destruir o Ego, mas podemos aprender a reconhecê-lo, a aceitá-lo e a superá-lo.


Conhecendo o que acontece se fortalecermos o Ego, e compreendendo nossas tendências, podemos optar pela mudança para escolher o amor em vez do ódio, a alegria em vez da luta, o perdão em vez do castigo; a cooperação em vez da competição, a honestidade em vez do logro, a responsabilidade em vez da culpa; e fazer isso em cada dia da nossa vida..." Desconheço o autor.
O texto está livre para divulgação desde que seja citada a fonte:



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