domingo, 22 de dezembro de 2013

O caminho do o Louco do Taro e a árvore da vida - Cabala.

Compreendendo o Louco do Taro e a Cabala.


TRINTA E DOIS CAMINHOS DE SABEDORIA: O Décimo Primeiro Caminho é a Inteligência Cintilante, assim chamado por ser a cortina colocada próximo à ordem das coisas, a qual é uma distinção que lhe foi conferida para que pudesse apresentar-se diante da Causa das Causas.


O Caminho d’O BOBO liga Kether, a Origem de Tudo, a Chokmah, a primeira atividade no sentido da manifestação. Aleph é atribuída a este Caminho, a letra-símbolo da unidade absoluta, segundo o Zohar.

Na condição de palavra, Aleph significa boi, o que tem sido interpretado de diversas maneiras. Gareth Knight, por exemplo, sugeriu que a atribuição do mais terreno dos animais a esse elevado nível da Árvore significa que “o objetivo do Espírito tem suas raízes na Terra”.

Paul Case, na essência, concordou, embora sua abordagem seja mais ampla. Ele considerou o boi um símbolo da força motriz na agricultura, e equiparou agricultura a civilização.

 Assim, ele descreveu o boi como a força vital, a energia criativa e “a ação do poder em todas as formas de adaptação humana e modificação das condições naturais”. Crowley, por outro lado, concentrou-se na forma da letra, que alguns diziam representar uma relha de arado: “portanto”, diz ele, “o significado é basicamente fálico".

Os cínicos poderiam sugerir que Crowley via falos onde quer que olhasse a despeito do elevado espírito filosófico da sua argumentação Não obstante a verdade é que somente através da sexualidade podemos chegar a ter o mais ligeiro vislumbre do mecanismo de funcionamento do Universo.

O BOBO exige uma interpretação fluida e multifacetada. Esta é, sem dúvida, a carta mais difícil e profunda de todo o baralho do Tarô. Emanado a partir de Keer, ele chega aos limites da origem do Cosmos, o Ain Soph, a Luz Ilimitada que não é.

 Assim, reconhecemos que tudo quanto pode ser dito a respeito de Kether também pode ser dito sobre o efeito subjetivo de seus princípios no décimo primeiro Caminho. -
O décimo primeiro Caminho é a Inteligência Ígnea ou Cintilante.

 Ela está em contato com uma Luz Ilimitada que, para nós, é escuridão, aquela Ígnea Escuridão que é ao mesmo tempo o Primum Mobile, a possibilidade de movimento ou de vibração, e a Primeira Percepção ou Vontade da Unidade com capacidade potencial para a atividade.

 Aqui, mais uma vez, retornamos àquela idéia circular de que a Energia Criativa Fundamental do Universo atua sobre si mesma para emanar o Cosmos.

 A maneira mais concreta de descrever isto é dizer que do nada surge o potencial para o pensamento. Em seguida surge o pensamento e tem início a mente, o recipiente que contém o pensamento. O BOBO é o potencial inicial desse pensamento que transcende a razão.

Quase o mundo já experimentou a sensação de haver entrado em contato com uma realidade especial durante o sono, uma lição que, durante a fase de vigília, na melhor das hipóteses, parece absurda.

 Poderíamos nos lembrar de umas poucas palavras que, traduzidas da condição de sono para a de vigília, parecem ser absolutamente destituídas de sentido.

 De fato, qualquer idéia que entre em conflito com a nossa realidade desperta em geral é descartada. Essas idéias podem ser perigosas ou destruidoras para as nossas percepções a respeito de nós mesmos
e do nosso ambiente e, por isso, nós as pomos de lado. Por outro lado, grande parte dos aspectos práticos da Grande Missão envolve a assimilação de conceitos que contrariam nossas idéias mundanas a respeito do que é e do que não é “real”.

Deixemos bem claro que O BOBO, O MAGO e A GRANDE SACERDOTISA (os Caminhos que entram em contato com Kether) devem ser abordados com certa dose de jovial fantasia.

À medida que vamos percebendo que a experiência de Kether significa a total aniquilação do Eu Superior, (união, integração com a Unidade, com a Luz Maior) tal como o concebemos;

 vemos a ironia de nossas tentativas de compreender esses refinados princípios a partir de uma perspectiva terrena.

 Conforme observou Dion Fortune, somos crianças pequenas tentando soletrar Deus. Todavia, quando reconhecemos a impossibilidade de abordar diretamente os níveis mais elevados do Universo, somos conduzidos forçosamente ao princípio fundamental dos mistérios.

 Assim como em cima, assim também embaixo. Encaramos o que está “embaixo” como um reflexo do que está “em cima”.

Cada carta é, na verdade, quádrupla. E embora O BOBO seja geralmente discutido em termos do Espírito Supremo de Atziluth, ele também aparece em Briah, em Yetzirah e em Assiah.

 Assim, em alguma parte de nossa existência mais básica e compreensível encontraremos um correlato da atividade superior de O BOBO. O processo é uma espécie de trabalho de detetive espiritual. Procuramos fundo em Malkuth e encontramos Kether!

Esta é a essência do que Teilhard de Chardin, o grande místico católico moderno, estava descrevendo. O Espírito Divino é tudo que conhecemos: vivemos dentro dele, nós o respiramos, ele é nós mesmos.

 Todas as coisas são uma expressão da energia simbolizada pelo BOBO, que é o início de tudo, da mesma forma como Aleph é o começo do alfabeto.

A Aleph, a primeira das letras maternais, é atribuído o Ar, neste sentido significando Vida-Respiração. Embora a maioria das pessoas acredite que o Oriente dê maior importância à função da respiração do que o Ocidente, isso só acontece na religião exotérica.

 Nas técnicas esotéricas ocidentais, tal como no Oriente, a respiração é tudo, tanto na prática como filosoficamente. Em termos da Árvore da Vida e do Tarô, isto poderia ser expresso de outra maneira.

 Dissemos que O MAGO está relacionado com as “palavras”, significando isto os padrões vibratórios subjacentes à manifestação. E o poder da respiração, porém, que expele o som. O BOBO ativa O MAGO.

Crowley indica outra maneira pela qual a atribuição do Ar poderia ser considerada. Ele descreve o nada que é o Ar como um vácuo, conceito fascinante quando relacionado com o número do Tarô de O BOBO, zero.

 O zero é o vazio de um nada fértil; ele é o Ovo Universal do Espírito, o Ovo de Akasha. Matematicamente, zero é a soma de + 1 (masculino) e — 1 (feminino).

 Assim, o ovo do Cosmos é um ovo fertilizado de sexualidade indefinida. Não é masculino nem feminino, mas sim o potencial para ambos. O BOBO é a energia andrógina que se diferencia na dramatis personae das outras 21 cartas.

Infelizmente, a correta posição d’O BOBO tem sido objeto de controvérsias. Em alguns trabalhos, ele tem sido absurdamente colocado ao lado da última carta, ou seja, como a carta de Shin, letra do Fogo Maternal.

Entretanto, esta colocação parece ter sido uma tentativa deliberada de ocultar dos profanos o verdadeiro mistério d’O BOBO.

Hoje, a sequência dos Arcanos Maiores descrita nos Manuscritos Cifrados da Aurora Dourada é geralmente aceita, tal como fizeram os autores dos três baralhos modernos apresentados aqui. O BOBO pertence ao décimo primeiro Caminho, o Caminho de Aleph, e a nenhum outro lugar.

Tem sido sugerido que a chave para o funcionamento e a ordem do Cosmos está contida na interação entre Aleph e Lamed. O Zohar, que descreve Aleph como a unidade absoluta, nos proporciona um material igualmente interessante sobre Lamed.

Esta letra é considerada fundamental para a palavra (Melekh), que significa Rei.

 Isto sugere que Tiphareth é a força diretora principal do Microprosopus, a “Fisionomia Menor”.

 Este é o Rei que está acima da existência, tal como a conhecemos, e cujas interações de energia são simbolizadas pelas letras Mem, Lamed, Caph e pelas cartas correspondentes do Tarô, O ENFORCADO ( ), A JUSTIÇA ( ) e A RODA DA FORTUNA ( D).

O ENFORCADO e A RODA DA FORTUNA são os extremos Estabilizadores Ativadores e Estabilizadores Formativos (ver Figura 29) da Árvore da Vida, entre a Personalidade e o Eu Superior. Eles são opostos exatos.

O ENFORCADO é a água da consciência Universal, ao passo que A RODA DA FORTUNA, Caph-Júpiter, significa o próprio princípio da manifestação. Assim, pode-se dizer que Lamed realiza o perfeito equilíbrio entre o princípio criativo inferior e a consciência sobre a qual ele atua. Além do mais, sabemos que Lamed significa aguilhão, a haste pontiaguda que espicaça o boi, ou seja Aleph.

Paul Case oferece outra explicação. Ele afirma que a palavra ( ) “representa o primeiro jorro de influência espiritual ( R ), efetuando um contínuo equilíbrio das forças em ação (  ) e resultando numa expressão positiva do pensamento criativo ( ) da Mente Universal”.281

Isto tudo é realmente muito complexo e a pessoa pode facilmente ficar atolada, sem fazer nenhum progresso, ou ser efetivamente iludida pela manipulação excessivamente cuidadosa de letras e números.

Não há dúvida, porém, que os sábios que produziram documentos cabalísticos como o Pentateuco e o Zohar esperavam que passássemos por este processo.

Assim, temos de assumir o risco de incorrer num raciocínio que nos leva a um beco sem saída a fim de tentarmos compreender sutis significados contidos nos textos. Seria ultrapassar os limites dizer que nas letras  está implícito tudo o que existe acima e abaixo, considerando Aleph a Unidade e Lamed a energia central equilibradora entre a Unidade e aquilo que ela projeta?

De qualquer forma, esse tipo de idéia, quando aplicado às imagens do Tarô, pode nos proporcionar conhecimentos especiais.

 Quando conhecemos as implicações cabalísticas da letra Aleph e as aplicamos à imagem d’O BOBO, a correspondência entre imagens e idéias deflagra alguma coisa inconsciente dentro de nós.

Este pode ser de forma especial o caso d’O BOBO da Aurora Dourada, uma das contribuições mais incomuns da Ordem para a arte do Tarô.

 Pretende-se que a Criança seja Harpócrates, que em egípcio (Heru-p-khart) significa ser literalmente “Hórus, a Criança”? Heru também se escreve como Hru, conhecido como o “Grande Anjo do Tarô”.

Não existem muitos deuses que incorporam tantos conceitos diferentes quanto Harpócrates: Ele é a Criança Deus; ele é o Deus do Silêncio; ele é o Deus do começo e o Deus do Sol ao nascer.

 Ele é também o filho de Ísis e de Osíris, embora não seja nessa condição que ele é representado neste Caminho. Ele é o filho de Ísis e de Osíris que está para nascer.

Ele é todo potencial!

 Ele é a expressão do próprio significado do Nome Divino de Kether, ..... (Eheieh), que é Eu serei. Assim, na carta da Aurora Dourada a criança está prestes a colher a rosa. Na carta de Waite, o Bobo está prestes a caminhar através de um precipício.

Waite descreve essa figura como estando parada, embora ela indique o ato de caminhar. Em virtude da importância de Hórus-Harpócrates para uma compreensão d’O BOBO na tradição da Aurora Dourada, devemos considerar rapidamente as origens do seu culto.

 A Criança Hórus desenvolveu-se a partir de um Deus anterior, também conhecido como Hórus. Esse Hórus primitivo (na verdade, um grupo de formas divinas, tal como o próprio Hórus Criança), foi um dos primeiros deuses a serem adorados em todo o Egito.

 Ele era representado por uma cabeça de falcão, sugerindo que sua natureza estava relacionada com as grandes alturas do Céu? A idéia que iria colocar Hórus no conforto do décimo primeiro Caminho.

 Contudo, na época das últimas dinastias, os atributos dos Deuses Hórus primitivos foram assumidos pela Criança, que representava o início de todas as seqüências, incluindo o início do dia com o nascer do Sol. Assim, Hórus estava relacionado com Rá, e poderia encaixar-se mais facilmente em Tiphareth.

Uma vez mais, como na discussão sobre (......) estamos nos deslocando entre o décimo primeiro Caminho e a sexta Sephira.

 As correlações são tão profundas quanto obscuras.

Outra coisa interessante a respeito de Hórus é que ele era tradicionalmente representado como uma criança com um anel de cabelo do lado e um dedo colocado na boca, num gesto infantil.

Esse gesto foi equivocadamente interpretado pelos gregos como um “sinal de silêncio” e, quando o Deus recebeu o nome grego de Harpócrates, o silêncio era um de seus atributos básicos?

 Como quer que esses atributos tenham se originado, seja de forma deliberada ou por “acidente”, o simbolismo é notavelmente apropriado.

O que poderia ser mais perfeito do que O BOBO, representando o silêncio, vindo antes d’O MAGO, que foi descrito como o primeiro som? Aqui a pessoa precisa acreditar que os sistemas de símbolos podem evoluir em conformidade com os arquétipos verdadeiramente universais.

O BOBO é de fato um arquétipo, assim como o animal que o acompanha em todas as versões da carta. O baralho de Marselha mostra um cachorro marrom fazendo um buraco na perna da calça do dono;

 Waite representou um cãozinho branco na mesma atitude básica do cachorro da carta de Marselha, porém seguindo alegremente seu dono; a versão de Crowley, com o tigre “acariciando” O Bobo, é a mais curiosa.
 Por fim, a carta da Aurora Dourada mostra um lobo preso a uma correia que está nas mãos de uma pequena criança, que pensamos ser Harpócrates.

Todas essas cartas fazem uma afirmação simbólica a respeito da relação entre a natureza animal e os processos espirituais superiores. Também foi sugerido que o pequeno cão seria o intelecto, o fiel companheiro do homem. As cartas da Aurora Dourada e de Crowley, porém, nos oferecem uma explicação mais complicada.

O lobo na carta da Aurora Dourada transmite talvez a afirmação simbólica mais explícita, pois desde os tempos mais antigos ele tem sido considerado um destruidor.

No contexto do décimo primeiro Caminho, ele é como o lobo Fenris, que devorou Odim, o Pai dos Deuses, que Manly Palmer Hall descreve como “aqueles irracionais poderes da natureza que derrotaram a criação primitiva”.

A inferência é que o desejo do Criador no sentido da auto-expressão mantém sob controle essa contra-energia que, caso contrário, destruiria a criação.


 Todavia, mais cedo ou mais tarde, o lobo precisa ser devolvido à liberdade da natureza, destruindo a criação e fazendo-a retomar ao estado do qual ela originalmente emergiu, i.e., o Ain Soph Aur.

A criança e o lobo são o equilíbrio entre criador e destruidor e constituem a primeira afirmação no Tarô do princípio de que todas as coisas contêm seus opostos, a verdadeira chave para os estudos esotéricos.

 O princípio é especialmente importante em relação a O BOBO, a carta na qual Waite diz que “Muitos símbolos dos Mistérios Estabelecidos são resumidos.”

Como a discussão de Waite a respeito do simbolismo da sua própria carta era muito crítica, coube a Paul Case explicar as complexidades simbólicas do baralho Rider. Ele explica as Rodas do Espírito no manto do Bobo, o bastão como símbolo da vontade, a sacola com um olho de Hórus, a rosa significando liberdade a partir das formas inferiores de desejo e o cinto com doze ornamentos que sugerem o Zodíaco.9

Por outro lado, é possível que Case, em seu entusiasmo, tenha descrito mais coisas do que Waite pretendia.

É no mínimo uma sorte que Crowley, sendo um prolífico escritor, tenha explicado seu próprio baralho com muitos detalhes. A discussão da sua versão de O BOBO é complexa e extensa, baseando-se numa variedade de lendas. Resumindo, são elas:

1. O Homem Verde — a própria personificação da primavera.

2. O “Grande Bobo” dos Celtas — o louco inspirado que também é um sábio.

3. O “Pescador Rico”: Percivale — Crowley considera a lenda de Parsifal “a versão ocidental da tradição do Bobo”. Parsifal representa a insensatez da juventude e a inocência que, através da pureza, consegue chegar ao Santo Graal.

4. O Crocodilo — No antigo Egito, o crocodilo simbolizava a energia criativa, pela razão um tanto paradoxal de que, segundo se acreditava, ele não tinha meios de perpetuar sua própria espécie.

5. Harpócrates

6. Zeus Arrhenothelus — uma confusão deliberada de masculino e feminino, o Divino Hermafrodita.

7. Dionysus Zagreus. Bacchus Diphues — Zagreus era uma divindade dotada de chifres que foi destruída pelos Titãs. Sua morte simbolizava a iniciação. Bacchus Diphues (que significa natureza dúplice) era um deus bissexual que enlouqueceu em virtude de uma intoxicação e, portanto, estava relacionado com a ideia de êxtase.

8. Bahomet — segundo Crowley, esta é uma forma de Mithras, o Deus matador de touros, adorado pelos Cavaleiros Templários como uma divindade com cabeça de asno. Ele posteriormente associa Bahomet a Set, a Saturno e a Satã.

Crowley incluiu alguma referência a todas essas idéias na sua carta, tornando-a uma das mais complicadas do seu baralho.

 Os chifres e a figura masculina são inspirados por Dionysus Zagreus; sua roupa verde é aquela do Homem Verde da Primavera; as uvas aos seus pés são uma referência ao êxtase de Bacchus; o Crocodilo a seus pés está nadando “no Nilo”.

 Outros símbolos incluídos aqui são o pombo de Vênus e o abutre de Maat, ambos referindo-se à Divindade. Todas essas imagens são ligadas pela tríplice forma oval criada pelo Caduceu em Movimento e simbolizando o Ain Soph Aur.

Por fim, devemos chamar atenção para o fato de que, embora Crowley tenha dado destaque a Harpócrates neste Caminho, ele representa esse Deus de forma mais explícita no vigésimo Caminho, O JULGAMENTO (que ele chama de O Aeon). Pode-se inferir, portanto, que Shin-Fogo é a expressão mais plena daquilo que começou com Aleph-Ar e, depois, com Mem-Água". Robert wang
Pesquisado por Dharmadhannyael
o texto está livre para divulgação desde que seja citada a fonte:

http://dharmadhannyael.blogspot.com.br/2013/12/compreendendo-o-louco-do-taro-e-cabala.html


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