sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

O inferno da mente compulsiva, agressiva e raivosa




O inferno da mente  compulsiva, agressiva e raivosa

Com este texto procuro compreender o significado dos símbolos do inferno da mente,  com o objetivo de conhecer o universo simbólico dos  dos arquétipos, dos sonhos, da mente, e dos ensinamentos budistas, esotéricos, espiritualistas.

 É necessário estar alerta com o conteúdo onírico de um sonho envolvendo imagens, ou figuras demoníacas ou insistência de imagens relacionadas com o fogo, destruição e morte. Um pensamento compulsivo de destruição e morte, pode ser um indicativo de suicídio, assassinato, loucura, surto psicótico ou de destruição.

Quando observamos a mente em meditação, podemos ver com clareza como cada pensamento surge e cessa, como causa e efeito operam, como estados mentais sucedem uns aos outros exatamente como uma vida depois da outra, e como nossa permanência imaginada é na verdade um processo de mudança contínua.

 Se aprendermos a observar todas essas coisas acontecendo nesta vida, não é tão difícil aceitar a ideia de todas elas continuarem após a morte. Nossa própria mente é a única coisa que podemos realmente conhecer.

 Podemos aprender a ver, além de qualquer dúvida, como criamos continuamente nosso próprio mundo através do poder da mente, e como os seis reinos têm uma significação muito real na psicologia da existência diária.


Trungpa Rinpoche sempre falou sobre os seis reinos como estados mentais e enfatizou a importância de compreendê-los dessa forma, enquanto temos a oportunidade nesta vida.

 Ele se referia a eles como estilos de aprisionamento, estilos de confusão, estilos de insanidade e mundos de fantasia. São todos estratégias para manter o que ele chamava de jogos do ego em face à possibilidade do despertar.

Surgem a partir dos venenos, e quando permitimos que uma dessas emoções poderosas se desenvolva e tome conta de nossas vidas, encontramo-nos no reino em particular associado a ela.

 O veneno corroendo o centro do ser que habita cada reino se origina do medo básico de perder o ego, expresso nessas seis formas características. Todos os reinos são baseados em apego e avidez, não nos permitindo que nos liberemos em direção ao espaço.

Quando estamos completamente imersos em um estado emocional insuperável, todo o nosso mundo se torna colorido por ele; tendemos a ver o ambiente e as outras pessoas sob a mesma luz, de tal forma que se torna interior da exterior.

Quando estamos felizes todos ao nosso redor, as pessoas  reagem a nós e se sentem mais felizes também; somos capazes de desfrutar do tempo, mesmo se estiver feio ou desagradável, e vemos beleza até na mais feia paisagem.

 Da mesma forma, quando estamos consumidos por raiva ou por ódio, tudo se torna odioso; não sentimos prazer no ambiente que nos cerca e achamos que todos estão direcionando sua agressividade para nós. Atraímos o pior das outras pessoas, e mesmo objetos inanimados parecem refletir nosso mau humor, quebrando-se, ficando no caminho e causando acidentes.

 Esses são exemplos diários de morada nos reinos do céu e do inferno. As descrições dos seis reinos podem parecer extremas; mostram cada reino em sua forma mais intensa, não diluída por quaisquer outras características. Para nós que somos humanos, as experiências dos outros reinos sempre acontecem dentro da natureza humana básica; é como se víssemos apenas suas sombras ou seus reflexos.

 Platão fala de Idéias originais, das quais são derivadas toda a matéria e as idéias subsequentes.

 Essas idéias estariam nas mentes dos deuses antes da criação do mundo; por isso, as Idéias platônicas precedem a experiência.

Jung pensava que certas fantasias primitivas não resultavam de uma experiência real, mas que estavam projetadas dentro das chamadas lembranças. Imagens primordiais e dominantes do inconsciente coletivo eram as fontes dessas fantasias posteriores (cf. Samueis, 1982).

Jung é categórico quando diz:
As representações arquetípicas (imagens e idéias) que nos chegam do inconsciente coletivo é uma imagem do mundo que levou uma eternidade para se formar. Nessa imagem, os arquétipos dominantes, se cristalizam no decorrer do tempo. São eles que tem poder (CW 7,151).

Só quando os arquétipos entram em contato com  a mente, consciente, isto é, quando a luz da consciência incide sobre eles(..)  e ele assumem um conteúdo individual(...) só então a consciência pode aprender, compreender, elaborar e assimilar esses arquétipos.(1959,p.66)

“A mente é seu próprio lugar , e dentro dela
Pode fazer um Paraíso do Inferno, um  Inferno do Paraíso”.

Samsara para os budistas é o estado de vagar em círculos. A roda da vida nos apresenta um quadro não apenas da vida humana, mas da vida como um todo — manifestando-se em todas as multidões de possibilidades dentro dos seis reinos, movendo-se incessantemente de um para outro, transformando- de um tipo de consciência em outro.

Em linguagem comum, os seis reinos em geral pretendem explicar os vários tipos de existência nos quais s seres conscientes podem nascer.

 Nascemos como humanos nesta vida, mas teoricamente é possível que pudéssemos renascer em qualquer um os outros reinos como resultado de nossas ações.

Essas ações determinam nosso corpo físico, nossos estados mentais subjacentes e a maneira como experimentamos o mundo e os outros seres. Corpo, mente e ambiente são inseparáveis.

 Por exemplo, não poderíamos de repente nos encontrar em um corpo animal com uma consciência humana; teríamos primeiro de desenvolver uma consciência animal e perceber todo o ambiente com a mente de um animal.

Tradicionalmente, essa interpretação dos seis reinos tem sido enfatizada como um incentivo à prática do dharma. Em uma cultura onde a crença na reencarnação é aceita, a contemplação sobre o ciclo infindável de vida após vida é muito poderosa e eficaz.

 Mas para aqueles de nós que não cresceram com essas idéias, como parte de seu passado cultural, seria artificial simplesmente aceitá-las como uma questão de fé.

Precisamos chegar a uma compreensão mais profunda de seu significado interior, antes que possamos integrá-las à nossa visão de vida.

 Muitos budistas, cristãos ocidentais têm dificuldades com o conceito de renascimento nos seis reinos, ou mesmo com o renascimento por si só.

 Ninguém pode nos provar o que existe além da morte. Entretanto, podemos investigar nossas mentes aqui e agora e descobrir todos os mundos contidos nelas. Podemos descobrir o que a vida como um ser humano realmente significa neste exato momento, e isso pode nos levar a uma crença razoável, baseada na experiência presente, sobre o que acontece após a morte.

Externar nossa agressividade pode nos proporcionar um alívio de curto prazo, mas não produz de fato resultado desejado. Queremos destruir o mundo ao nosso redor que está nos causando tanta dor, mas em vez disso descobrimos que o mundo é um espelho cheio de nossos próprios reflexos.

Todos os venenos emocionais são viciadores; quando estamos sob o seu domínio, parecem ser absolutamente necessários para nos manter em movimento, e fornecem uma razão para nossa própria existência.

De algumas maneiras, a agressão é o mais difícil de se livrar, porque nos faz sentir muito fortemente que estamos com a razão. O problema é sempre culpa de alguma outra pessoa, e parece não haver nada que possamos fazer a não ser reagir com ódio ou raiva.

 Nossa própria agressividade volta até nós de todos os ângulos, ampliada e transformada em terríveis alucinações. Ela deságua em uma situação de extrema claustrofobia, sem espaço para onde se abrir e sem tempo para relaxar.

 É por isso que, em todas as tradições, o inferno é o mundo subterrâneo:

O reino dos seres infernais é o mais baixo de todos os reinos e é causado pela agressão extrema. É o mais intenso, mais confinado e mais claustrofóbico. ele jaz no mais profundo da terra, esmagado e fechado por todos os lados, não oferecendo nenhuma esperança de escapar.

Em outras religiões, também, o inferno é feito de fogo; mas no budismo existem dois tipos de inferno: um feito de fogo ardente e outro feito de frio gélido. Ambos contêm oito regiões de intensidade variável, onde diferentes tipos de tormentos são infligidos.

Já que estamos no reino humano, presentemente só experimentamos sombras dos outros reinos filtradas pela natureza humana.

Tão terrível quanto possa parecer inferno é uma condição que os seres humanos conhecem muito bem. Frequentemente  descrevemos suas manifestações exteriores, tais como guerra, terrorismo, tortura, fome, sede e degradação como o inferno na terra, embora sejam apenas projeções do inferno que é experimentado primeiro dentro do coração dos homens.

Fúria abrasadora e raiva incandescente conjuram a atmosfera dos nossos pensamentos, compulsões e tendências. Gostaríamos de queimar o mundo inteiro com a força de nossa raiva, mas em vez disso descobrimos que nós mesmos estamos sendo consumidos.

 Cheios da necessidade de vingança, gostaríamos de aterrorizar nosso inimigo, mas em vez disso o terror nos assombra em sonhos e mesmo nas horas em que estamos acordados.

 Pessoas nesse estado mental não conseguem ver sua própria agressividade e não têm consciência do efeito que causam nas outras; sentem que só elas estão sofrendo e que só elas são vítimas da hostilidade dos outros.

Tudo que fazem volta-se para elas com o mesmo ódio que arde em seus corações. Mesmo os elementos juntam-se na conspiração contra elas e por isso atraem a sua atmosfera pessoas, oportunidades e espaços para que entrem em contato no mundo externo com a energia agressiva que queima na sua mente.. Não existe saída em nenhuma direção.

No budismo o primeiro nível dos oito infernos quentes da mente, neles os habitantes atacam e matam uns aos outros incessantemente. Essa imagem é algo que podemos reconhecer na vida humana, quando a agressão cega faz com que as pessoas ataquem com violência em todas as direções enxergando em todo mundo um inimigo.

Mas parece indestrutível. Eles desejam morrer e pôr um fim ao seu tormento, mas não podem; são cortados em pedaços muitas e muitas vezes, e sempre revivem.

Mas mesmo os resultados das ações mais negativas enfim acabam. As sementes da bondade gradualmente emergem na corrente mental, e um ser infernal pode começar a sentir remorso ou piedade por um colega sofredor. Aquele pequeno lampejo de compaixão é o suficiente para começar o processo que finalmente leva ao nascimento em um reino superior.

Em todos os seis reinos, o Buda se manifesta na forma mais adequada para se comunicar com os seres que lá habitam. No inferno, ele aparece como Dharmaraja, o Rei do Dharma, um outro nome para Yama, o Senhor di Morte.

 De acordo com a lenda indiana, Yama foi o primeiro mortal a morrer, por isso se tornou o guia e o juiz de todos os mortos. Como Dharmaraja, ele é negro ou de pele escura, e carrega vasos de água e fogo em suas mãos para aliviar o sofrimento dos que queimam ou dos que congelam.

Aqui não há lugar para sutilezas: a dor daqueles que sofrem no inferno é tão intensa que somente um antídoto direto irá ajudá-los, antes que possam abrir seus corações para a mensagem da compaixão.

Em um nível mais profundo, ao mostrar-lhes o fogo e a água simultaneamente, ele permite que experimentem um sentido de contraste que está completamente ausente de suas vidas.

Seres infernais estão aprisionados em sua dor porque estão convencidos que ela é real: o queimar ou o congelar tornou-se toda a sua existência. Ver a presença simultânea do fogo e da água nas mãos do Buda abre caminho para um súbito momento de dúvida sobre a sua condição — talvez haja uma alternativa, afinal de contas.

Em Liberação através da audição, o caminho que leva a este reino aparece ao simultaneamente a Akshobhya, o buda da família Vajra, que transmuta o veneno da agressão.

 O peso insuportável do karma negativo neste reino inferior parece colocá-lo a uma vasta distância das qualidades despertas de Vajra. Ainda assim, existe a possibilidade de a inteligência e a clareza irromperem.
 Qualquer vislumbre de despertar está sempre conectado a um bardo, no sentido de que o inferno é o reino do apego mais intenso e da maior solidificação, ele é particularmente associado com o bardo do morrer, onde todos os elementos e componentes do ser se dissolvem.


 Para os seres infernais, abandonar sua agressividade é como morrer, porque estão tão completamente identificados com ela. a raiva  é uma couraça um proteção, sem ela eles sentem que são vulneráveis e fracos. O bardo é o ponto mais alto, a experiência mais extrema do reino. Naquele momento de maior intensidade, equilibrado entre duas alternativas, existe uma súbita oportunidade de ver além dos dois extremos da existência e da aniquilação do ego.

Este texto é uma compilação dos ensinamentos de Francesca  Fremantle
Pesquisado Por Dharmadhannyael

Este texto está livre para divulgação desde que seja citada a Font
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