quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Aprendendo a lidar com a inveja, ciúme, competição.




Aprendendo a lidar com a inveja, ciúme, e a competição.

Aquele que cultiva um sentimento de satisfação, plenitude e harmonia atrai para si a abundância em todas as suas manifestações e afasta a escuridão faminta, insatisfeita, invejosa, competitiva, agressiva que não encontra lugar para suas sementes venenosas nascerem...

Quando você compete, você alimenta os demônios da ambição, inveja da sua mente.

A harmonia é o equilíbrio.

A gratidão nos torna rico das graças de Deus diariamente.
A alma é plena de graças e abençoa tudo que tem.
Acontece a  magia da multiplicação e do milagre.
Onde não há necessidade.. existe a plenitude.
DharmadhannyaEL

Heloisa Gioia (1) nos ensina neste texto a lidar com a inveja, o ciúme... 

“O Budismo nos ensina que a satisfação é o antídoto do apego. Neste sentido, estar satisfeito com a vida que levamos nos ajuda a nos desapegar do passado e a seguir em frente, até mesmo em direção à inevitabilidade de nossa própria morte”.

“...Portanto,  você experimenta uma sensação leve e indulgente de culpa e, ao mesmo tempos fortes sentimentos acusatórios ao Outro.

No nível material,  começa a sentir perdas. Diminuições aqui e ali, de sua riqueza, poder, status e fama fazem-no entrar em estado de alerta e vulnerabilidade. Começa a ter necessidade de poupar, de pensar em seguros de vida, direito à aposentadoria, isto é, garantias para seu futuro, agora incerto.

No nível emocional, vive o choque da descoberta que o Outro existe e que este Outro também quer o que ele tem. Alterna dentro de si sentimentos leves de auto condenação por não ter conseguido “segurar” o que tinha, com sentimentos fortes, raivosos, paranoicos, em busca do culpado pelas suas perdas. 

Ao mesmo tempo em que se percebe vulnerável à inveja do Outro, descobre-se invejando e competindo com outros deuses e semideuses.
Seu modelo relacional torna-se dissimulado. Antes, como deva, confiava em todos. Agora, sentindo-se ameaçados


Todos passamos por todos os reinos? Há necessidade de vivenciar cada reino em si? Ou pode-se passar por alguns reinos e outros não? As pessoas estão sujeitas as características dos diversos reinos em seus mais diferentes momentos de vida; podendo o estado e o tempo de estar num ou noutro reino delimitar-se sua  condição/compreensão. 



Ao lado direito do desenho da roda da Vida,  do Reino dos Deuses encontra-se o Reino dos Semideuses, ou Asuras, como também são chamados. A linha divisória entre o desenho de um Reino e outro, neste caso, é propositadamente cortada na metade, misturando os dois mundos.

 Isto quer dizer que ambos os estados psicológicos se alternam, na tentativa de evitar a saída de estados tão utópicos de onipotência e ilusória segurança.

A alucinação do mundo dos deuses asuras é o ciúme e a inveja. Tendo experimentado o sonho do paraíso, no reino dos deuses, deseja reavê-lo a qualquer preço.

 Desenvolve um estado mental paranoico  por pensar o tempo todo que os outros podem estar cobiçando seus tesouros restantes e, ao mesmo tempo, invejando os tesouros dos que ainda não experimentaram nenhuma perda.

No nível emocional, vive o choque da descoberta que o Outro existe e que este Outro também quer o que ele tem. Alterna dentro de si sentimentos leves de auto condenação por não ter conseguido “segurar” o que tinha, com sentimentos fortes, raivosos, paranoicos, em busca do culpado pelas suas perdas.

 Portanto, experimenta uma sensação leve e indulgente de culpa e, ao mesmo tempo  fortes sentimentos acusatórios ao Outro.

Ao mesmo tempo em que se percebe vulnerável à inveja do Outro, descobre-se invejando e competindo com outros deuses e semideuses.
Seu modelo relacional torna-se dissimulado.

Antes, como deva, confiava em todos. Agora, sentindo-se ameaçado sem saber por quem, passa a desconfiar de todos, até das pessoas que “ama”.

Entrega-se com restrições aos vínculos afetivos, resguardando-se de um possível e inesperado ataque que pode ser na sua fantasia paranóica, uma perda material ou emocional. Como diz o ditado popular: “gato escaldado tem medo de água fria!”

Pior do que não entregar-se emocionalmente e não confiar em ninguém é a projeção que o asura faz do obscuro estado de espírito que sente dentro do seu coração, diretamente para o coração dos outros, acreditando que, como ele, ninguém se entrega de verdade, apesar de dizer e agir como tal.

 Relaciona-se desconfiando e imagina que seu parceiro o engana às escondidas. Esta atitude mental cria sentimentos incômodos e persistentes de ciúmes que o enlouquecem, fazendo com que procure provas da traição o tempo todo às vezes “fabricando-as” para justificar sua angústia.

A presença fantasmagórica de um terceiro na relação afetiva cria dentro do mundo emocional dos asuras um modelo triangular. E como se vivesse sob a ameaça da traição e, portanto, acha-se no direito de trair e o faz muitas vezes.

A dor da traição é sentida mais no sentido de não querer passar por bobo, do que da desagradável situação que a divisão afetiva traz. Portanto, a perda raivosa da competição é a dor maior, e não a tristeza da perda do amor da pessoa querida.

A atitude competitiva de um semideus faz com que avalie comparativamente seus ganhos e perdas com as dos outros.

 Sente inveja dos deuses que ainda não tiveram perdas e não suporta nem ouvir dizer de estados onde as perdas são maiores e mais essenciais do que as suas.

 Sente aversão pelos que não tem, fazendo questão de não “misturar-se a estes pobres fracassados”, numa atitude altiva e preconceituosa. Saber da existência de estados menos afortunados que o seu deixa-o mais inseguro e assustado.

Descobre, com raiva, que tem que lutar para manter o que tem, elege o caminho de voltar toda sua atenção fora de si, em busca do culpado pela sua situação insegura.

Pratica tanto a competitividade  que passa a competir consigo mesmo, despeitando suas limitações humanas, sacrificando-se cruelmente na tentativa de subjugá-las pelo prazer de voltar a sentir acima dos humanos.

A sexualidade de um asura é ansiosa, intranqüila, com de ejaculação precoce nos homens e nas mulheres certa frigidez. Orienta-se na busca de prazer no jogo subjugar o parceiro sexualmente e vencê-lo. E, ou, conseguir ser subjugado sexualmente e ser vencido.

As fantasias sadomasoquistas são muito excitantes para um  semideus. A conquista pela conquista é o grande êxtase e prazeres do interlúdio.

Busca vínculos afetivos, sociais e profissionais com deuses, mas sua inveja deles acaba impossibilitando o aprofundamento destes vínculos.

Já vimos que um deus credita não ter o que aprender com os outros. No caso dos asuras, eles não conseguem aprender com os outros, por ter inveja de quem sabe mais do que eles.

As relações entre dois asuras são relativamente mais duradouras, mas não porque se amem ou se admirem, e sim por medo do que o outro possa vir a fazer de mal com ele, com seus bens, com sua reputação, durante e depois da separação. Desconfiam mutuamente entre si.
Sentir-se um semideus é ter um desejo constante  de ser o melhor. Ele compara suas forças com os outros o tempo todo medindo as possibilidades de vitória ou derrota.

O corpo de um asura vive, psicologicamente falando, em  constante agitação, olhando para os lados o tempo todo, ameaçado, tenso. Seu peito está cada vez mais para frente, empinado, endurecido de desconfiança. Está curvado para trás, expondo uma protuberância no peito, o chamado peito de pombo.

Sente-se ameaçado não sabe por quem, nem quando e nem por quê. Suas costas estão continuamente tensas, interferindo na plena capacidade de funcionamento de seus pulmões. Sua respiração é mais sôfrega, mais curta, por isso compromete a boa oxigenação do seu cérebro, resultando em atordoamento do raciocínio.

 Esta respiração deficitária também compromete seu corpo do diafragma para baixo resultando em pior funcionamento dos sistemas físicos e emocionais ali localizados.

 As doenças pulmonares e renais aparecem com mais frequência na vivência de um asura, pelo fato de estarem com as partes traseiras dos chacras em desequilíbrio.

Quadros alternados de prisão ou soltura descontrolada dos intestinos também acompanham este estado de insegurança. A vivência da paranóia interfere fortemente em seus conceitos, posturas, decisões e relacionamentos.

No mundo mental, seu conceito de felicidade continua sendo “estar por cima”. Só que antes, quando sentia-se um deus, o “estar por cima” era vivenciado como um estado natural dele e permitido a todos. Agora, a felicidade é “estar por cima” do Outro que tem de estar abaixo dele como medida de segurança.

A ética de um asura é duvidosa. Quando não pode lutar de frente, ataca pelas costas, pois para ele qualquer meio é válido, desde que se livre do inimigo.

Sua espiritualidade e seu bom coração estão abalados. Torna-se cada vez mais difícil a troca energética de ajuda mútua com as pessoas. Diminui sua facilidade em dar e receber.
Mesmo que receba ajuda, ela fica comprometida pois é recebida com a desconfiança de, com quais intenções será que foi dada. Desconfia que ali, naquela ajuda, há veladas intenções para invadir-lhe o território.

Em compensação, se não recebe, utiliza este fato para rotular o mundo de egoísta, justificando a sua própria atitude de egoísmo. Sua inveja leva-o a sofrer pelo bem-estar alheio.

No desenho de um semideus, na Roda da Vida, não aparece a auréola de luz rósea que protege os deuses no Reino anterior. Isto significa ter menos ações virtuosas acumuladas no seu “banco cármico”. A consequência disto na vida é a diminuição da Boa Sorte.

Consequentemente, ele diminui sua fé e esperança na sorte. Começa a experimentar a impermanência dos estados de felicidade, experimenta a existência de estados menos auspiciosos de viver.

 Seu olhar espiritual não é mais confiante no horizonte e no mais alto. Desconfia das leis da natureza e não “conta” mais com ela: começa a experimentar relativa solidão. E um deus ameaçado ou um semideus.

O veneno a ser identificado em nós é o veneno do ciúme, da competição, da ilusão da necessidade de termos de lutar o tempo todo para conseguirmos o que queremos.



O antídoto curativo a este estado de espírito envenenado, que nos torna inseguros, belicosos e imersos no samsara é a prática de abrirmos mão.

Algo mágico acontece ao espírito humano, uma sensação de calma e harmonia nos invade, quando não mais precisamos de toda a atenção voltada para nós: quando conseguimos abrir mão de algumas coisas e situações; e quando conseguimos deixar algumas glórias para os outros.

Para treinar este gesto de abrir mão, sugerimos a recitação, e a prática incluída nela, do quinto verso do Lamrim, um outro ensinamento budista tão conhecido e praticado no Tibete quanto ao ensinamento da Roda da Vida, pelos que desejam desenvolver um Bom Coração. Leia em voz alta. para si mesmo o seguinte verso:

Quando outras pessoas, devido ao ciúme,
Destratarem-me com ofensas, calúnias e desprezo,
Praticarei, através da aceitação da derrota
E do oferecimento da vitória a eles.

Embora na vida mundana seja comum responder de maneira violenta a alguém que nos tenha acusado injustificadamente e sem razão, ou nos tenha traído, isso não se adequa à prática daqueles que aspiram a ser pessoas mais altruístas.

 Não é correto reagir com violência, a não ser por motivo extremo. Se alguém, por ciúme ou antipatia, nos trata mal e de firma abusiva, ou mesmo nos agredir fisicamente, em vez de respondermos da mesma maneira, devemos voluntariamente sofrer a derrota, aceitá-la e permitir que a outra pessoa obtenha a vitória.

 Isso parece utópico, não é mesmo? Essa prática é de fato muito difícil, mas deve ser adotada por aqueles que procuram desenvolver-se espiritualmente, nem que seja no exercício de pequenas perdas, progressivas, pois, em última instância, elas serão grandes vitórias para nós.

Para facilitar esta prática, podemos incrementar a nossa motivação para fazê-la. Conseguimos isto lembrando-nos do sábio ditado popular “aquilo que se dá nunca se perde”.

Por esta prática ser exigente, devemos começar a praticar com renúncias possíveis. Podemos, por exemplo, iniciá-la, deixando que nosso interlocutor fique com a razão numa discussão com diferentes opiniões. Você sentirá imediatamente os benefícios do “abrir mão de ser o dono da verdade”, e ser o foco das atenções positivas.

Esta prática budista não significa que procuraremos perder durante todo o tempo, buscando deliberadamente uma má situação que vicia. O objetivo dela é alcançar um alvo superior, por meio da aceitação de pequenas perdas, desenvolvimento da compaixão e solidariedade.

 Ao término da recitação do verso, inspire a luz verde, calmante e balsâmica deste ensinamento, visualizando concomitantemente a sílaba MA na porção frontal direita do seu coração e no coração da pessoa em questão.

A sabedoria para sair deste Reino, orientada pela Roda da Vicia, está simbolizada numa espada que está nas mãos do Buda desenhado no Reino dos Semideuses (figura acima).

 Ela foi usada para representar, na mesma linguagem da experiência dos semideuses que estão sempre lutando para obter maior poder a mesma ferramenta para cortar suas próprias desilusões em vez de cortar o poder dos que têm mais do que ele.

Encontramos nesta parte da pintura um palácio não tão grande, nem tão rico e iluminado corno o palácio do Reino anterior. Dentro dele está um chefe vestido com roupas de guerreiro.

A deusa de energia suave, feminina, de antes, transforma-se em um semideus com energia belicosa, masculina. O corpo do semideus já não está aberto para a frente, como era em tempos mais seguros e tranquilos. Agora torna-se curvado, com um pé no chão.

Olhando para as pessoas, subalternos, abaixo hierarquicamente dele. Isto significa o início de uma relativa relação com o mundo terrestre ainda que seja uma relação circunstancial de  poder. Seu palácio ainda está em verdes planícies, rodeado de árvores plenas de frutos para seu desfrute.

 Porém, a tranquilidade desta paisagem está ameaçada por guerras. O símbolo usado para descrever a aparição do perigo no estado psicológico de semideus é uma grande árvore azul, e não verde, onde, no lugar de frutos, estão pessoas lutando com armas para se defender.

O significado desta grande copa azul é uma analogia com o aparecimento de pensamentos violentos, de revolta e luta acompanhados de sentimentos de desconfiança e raiva diante dos sinais da existência, da impermanência da felicidade neste mundo samsárico.

Esta confusão mental, esta instabilidade emocional são relativas, pois ainda estão carmicamente amparadas por situações de poder, facilidades e segurança. Isto é demonstrado na postura do semideus: é um comandante rico de méritos, ainda sentado em confortáveis almofadas, com um só pé no chão, sendo indulgente com os perdedores da competição.

São soldados vencidos, pedindo clemência a ele, o vencedor. Estes soldados representam tanto pessoas e situações ameaçadoras externas quanto nossos eus internos, isto é, nossos pensamentos e sentimentos inferiores quando estamos vivenciando intranquilidade de semideus, mas ainda sentindo-se o comandante vencedor na vida.

 Desta maneira, o ensinamento usa a mesma qualidade de corte da espada para nos ensinar a trocar a espada para maior poder pela espada da sabedoria".

 1.Heloisa  Gioia  -  Um caminho Iluminado. ensinamento da Psicologia Budista  Tibetana sobre o funcionamento das Nossas Emoções.
Pesquisado por dharmadhannyaEL

Este texto está livre para divulgação desde que seja citada a fonte:
http://dharmadhannyael.blogspot.com.br/2013/09/aprendendo-lidar-com-inveja-ciume.html

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