domingo, 14 de julho de 2013

Não aos apelidos.... das crianças


Eu fiz uma pesquisa na internet sobre o tema e resumi o texto e o endereço do site, do blog está abaixo do texto que está na íntegra.
vá até a escola do seu filho e procure saber se lá ele tem apelido.

"Chame seu aluno pelo nome"
Usar apelidos em sala de aula pode prejudicar o aprendizado e ainda transformar as relações entre as crianças
Marina Telecki


Frequentar o ambiente escolar é relacionar-se intensamente. Isso acontece entre as crianças, entre os adultos e na interação educandos e educadores. Em meio a tantas relações que se formam nesse espaço, é inevitável que surjam laços de maior ou menor afinidade.

 O que não se pode, alegam os especialistas, é permitir o uso de rótulos e apelidos - tanto os positivos quanto os negativos. Assim, da mesma forma como não se deve aceitar rótulos de pestinha, bagunceiro ou briguento, também se deve evitar chamar as crianças por princesinha ou queridinha.

Rotular os alunos, ou permitir que eles se rotulem, pode atrapalhar no aprendizado e transformar um simples vocativo em identidade até mesmo entre os próprios estudantes. E cabe aos professores e à coordenação cuidar para que isso seja evitado. Conheça algumas orientações a seguir, passadas ao Guia Prático por experientes educadoras.
É bom evitar
Acredite ou não, chamar o aluno por algum adjetivo, principalmente no diminutivo, como fofinha, bonitinho e gracinha, é mais comum entre os professores do que se imagina.

 E não são apenas os apelidos positivos que respondem presença na sala de aula. Os depreciativos, como pestinha, bagunceiro e tagarela, também figuram entre os vocativos utilizados por muitos educadores. Independentemente de ser positiva ou negativa, essa forma de chamar ou atrair a atenção de uma criança deve ser evitada. "Não se pode estereotipar alguém porque ela é linda ou porque se tem uma empatia maior com ela, deixando de cuidar do outro.

 O correto é chamar todos pelo nome, prestando atenção na entonação usada, que também pode revelar muito", afirma Mariana Tichauer, psicóloga da Equipe de Diagnóstico e Atendimento Clínico (EDAC), em São Paulo. Aparentemente, usar um apelido é uma prática inofensiva, mas a longo prazo pode acarretar mudanças de comportamento na criança. "O apelido negativo, por exemplo, além de atrapalhar a autoestima do aluno pode levá-lo a se isolar, querer sair da escola ou se tornar mais agressivo", completa a psicóloga. Já o rótulo positivo pode tirar a autocrítica dos pequenos e levá-los a se sentir superiores perante os colegas.


Texto 2    
APELIDOS PARA O BEM OU PARA O MAL                        
                                     Elizangela Wroniski
Colocar apelidos nas pessoas é uma mania nacional e quase ninguém escapa de ter um, nem que seja o diminutivo do próprio nome. Nenhum outro país usa tanto os apelidos para batizar seus craques do esporte. Este costume pode refletir carinho e amizade, mas também gerar mágoas, desconforto e inimizade. Na escola interfere na aprendizagem e no convívio com os colegas.

É quase impossível encontrar alguém que não tenha nenhum apelido. Quando a criança ganha um nome comprido, os familiares tratam logo de abreviá-lo. Gustavo vira Guto e Maria Eduarda, Duda. Além de facilitar a pronúncia do nome, de um modo geral, as famílias acham mais carinhoso chamar a criança pelo apelido.

Mas a substituição do nome também nasce de outras maneiras e fora do convívio familiar. É comum surgirem apelidos na escola e no ambiente de trabalho. Há os apelidos que demonstram carinho, mas há os pejorativos, como por exemplo, “marcha lenta”.

 Eles acabam criando um clima ruim entre colegas e podem até afetar o rendimento escolar. Geralmente, estão relacionados a alguma característica física, comportamental ou a algum fato que tenha ocorrido durante a aula, na hora do recreio ou em outras situações sociais.

O diretor diz que a melhor maneira de se livrar do apelido é falar diretamente com o colega que inventou o nome e explicar que não gostou. Mas se isto não resolver, deve procurar ajuda de um professor ou pedagogo. O docente deve ter muito cuidado e resolver tudo numa conversa particular com os alunos, procurando não fazer alarde para que a situação não se torne constrangedora.

Atitudes também devem ser tomadas mesmo quando o aluno fala que não liga ou que não fica chateado com o apelido. A primeira atitude da criança é se isolar no recreio e da turma.

 Começa a se atrasar para sair de casa porque sabe que se chegar na escola e o professor já estiver na sala, não ouvirá gracinhas. Depois a criança começa a faltar às aulas e isto começa a afetar o seu rendimento e prejudicar o círculo de amizades.

Geralmente na escola não há uma política específica para combater apelidos pejorativos. Mas, a instituição deve ter princípios éticos, sendo que um deles é o de promover o respeito entre as pessoas e, portanto, a criação de um nome desagradável para alguém fere este princípio.


"Entre alunos  é essencial lembrar que as atitudes dos professores podem influenciar o comportamento dos alunos, sobretudo na maneira como eles se relacionam e interagem entre si. Para evitar essa troca de rótulos entre as crianças, é preciso, além de servi-las com bons exemplos, orientá-las sempre. "As crianças entendem e assimilam conceitos quando usamos exemplos ou trabalhamos com histórias. As conversas devem fazer parte do cotidiano escolar", pontua Mariana. De acordo com a psicóloga, é papel do professor mostrar ao grupo as potencialidades e os talentos de cada integrante da turma, em busca de uma boa convivência.

 Então, nem todos são bons jogadores de bola, mas podem ser bons desenhistas, bons em cálculo e assim por diante. "O professor tem que estar sempre ligado, fazer intervenções, conversar com alunos em roda e fazer com que cada um se coloque no lugar do outro. Isso ajuda a criar um espaço para experimentação, contribuindo para o crescimento individual", concorda Anete, que também é pedagoga e psicopedagoga com formação em psicodrama pedagógico e terapia familiar

Sem pré-conceitos
Para evitar que os professores assumam uma nova turma já influenciados pela opinião de outro colega de trabalho, o colégio ... adotou um sistema em que há uma rotatividade de alunos nas salas a cada dois anos. Esse movimento é feito baseado em um sociograma, onde as crianças escolhem (escrevendo em uma folha preparada especialmente para essa atividade) amigos para brincar e amigos para realizar tarefas na escola, de dentro da classe e de outras salas do mesmo ano.

 "É um trabalho intenso e que exige observação apurada da equipe de professores, pois não bastam as escolhas das crianças. É necessário formar classes observando número de meninos e meninas, aproveitamento escolar etc. As novas classes são mostradas aos alunos e depois para os pais, ao final do ano letivo. Dessa maneira, os professores conhecem os alunos,interagem com eles e só depois recebem, por escrito, observações de anos anteriores", conta Anete. 


Manuela é a desinibida da turma, falante e agregadora. Maria, Ana e algumas outras são candidatas a princesinhas, sempre muito arrumadas. Já Rodolfo é um pestinha, vem de uma família complicada e não se desgruda dos repetentes. Corriqueiro entre professores e gestores escolares, o hábito de rotular estigmatiza as crianças e as desestimula a aproveitar uma das grandes vantagens do ambiente escolar: a liberdade para experimentar papéis e posturas. "Entre os menores, alguns estudantes nem sabem os nomes direito porque só escutam apelidos",

Quando adjetivos positivos são usados, o agraciado acaba se convencendo de que é superior - e seus colegas de que dificilmente o alcançarão. "Além de tirar a autocrítica do sujeito, ele pode se tornar incapaz de refletir sobre as próprias ações, deixando de se arriscar naquilo em que não se sairia tão bem. Isso quando não fica incapaz de lidar com as frustrações",

No caso das famas negativas, o mais provável é que o estudante se sinta preso ao juízo de valor. Chamar um aluno de burro é o mesmo que dizer que ele não se adapta ao mundo escolar. "As crianças não são iguais. Têm ritmos, jeitos e modos diferentes de aprender. Mas todos são capazes",

Em tese, os rótulos não são exclusivos do ambiente educacional, faz parte da cultura humana julgar os outros com base nos próprios padrões e códigos éticos e morais. "A classificação reflete a tendência de nossa identidade de se defender da diferença que o outro representa. Rotular é enquadrá-lo numa categoria que o reduza e simplifique para nós. É preciso um esforço para se afastar dos referenciais próprios e observar a beleza da diversidade".

Turma marcada, relações estremecidas 

Na escola, no entanto, essa prática é mais grave porque os alvos são seres em desenvolvimento e dão mais valor a julgamentos. "Somos suscetíveis ao olhar do outro e vamos formando nossa identidade em meio à interação social.

O que penso de mim é influenciado pelo parecer das pessoas", argumenta Sonia. "Se, ao ser educada, uma criança recebe reflexos negativos, terá uma forte tendência a se pensar como alguém menos valioso."

O convívio em sala de aula pode ficar desequilibrado dependendo das atitudes dos professores. "Quando você critica publicamente um aluno e entrega de bandeja para a turma apelidos prontos, essa criança pode ficar estigmatizada e ser rejeitada"

Há um estímulo, ainda que não intencional, à prática do bullying - todo tipo de agressão física ou psicológica que ocorre repetida e intencionalmente para ridicularizar, humilhar e intimidar as vítimas. "É impossível discutir ética na escola se o convívio é desrespeitoso. Como esperar que alguém se desenvolva num ambiente assim?",.

"Ao rotular, o professor muitas vezes está se defendendo dos alunos que representam uma ameaça por questionar sua autoridade, despertar sua insegurança, resistir a seu gesto formador. E é comum fazer isso sem dó nem piedade." Segundo ela, adultos alçados à condição de guias (e não apenas de transmissores de conteúdos) devem estar mais conscientes dos gatilhos que ativam esse mecanismo defensivo que empobrece as relações. E, por isso, precisam estar dispostos a compreendê-los e ultrapassá-los para tratar a todos com respeito.

"A maioria dos educadores usa juízos de valor para marcar seu lugar e mostrar às crianças que elas têm de ocupar outra posição." Ela cita um exemplo esclarecedor: "Quantos docentes chamam a família dos alunos de 'desestruturadas'? Pouquíssimos sabem que esse termo nem sequer existe na perspectiva sociológica".

Situações inadequadas também são rotineiras com alunos com deficiência. O mais corriqueiro nas escolas atualmente é o uso de diminutivos, como "mudinho" e "coitadinho".

Outro problema é quando, em situações de aprendizagem, os estudantes são "estigmatizados por causa da deficiência"Muitas vezes, os problemas que fazem parte do próprio processo de aquisição da escrita, por exemplo, são vistos como decorrentes de alguma patologia", aponta. Essa postura sugere que as crianças com deficiência são incapazes de acompanhar a turma regular, o que é um grande erro. "Todos os alunos são capazes de aprender segundo suas capacidades." 

O poder da transformação

"Encontrei estudantes multirrepetentes que não sabiam ler e escrever. Eles já chegavam estigmatizados e sem confiança em si mesmos", relata a professora. Agora, os primeiros dias de aula são de aproximação, avaliação inicial e identificação das necessidades de cada um para elaborar estratégias diferentes. "O trabalho mais focado permitiu resultados muito bons: 80% da turma atingiu os objetivos de aprendizagem e a meta para este ano é 100%", conta.

Um dos alunos de Elisa era chamado de "burro" pelo pai e pelos colegas de sala porque tinha 15 anos e não estava alfabetizado. Pela família, ela ficou sabendo que até um médico havia sugerido que o garoto fosse para uma escola especial (ninguém produziu um laudo atestando problemas patológicos e a professora continuou seu trabalho). "Em apenas um ano, o menino obteve avanços muito importantes e já escreve em letra de forma", diz. Segundo Elisa, foi difícil convencer os familiares de que ele podia aprender e também educar as crianças para respeitar o garoto, mas tudo isso já virou realidade.

Antes dessa guinada, Elisa e outros colegas tinham atitudes bem diferentes. Todos se queixavam de ter estudantes "atrasados". Ela lembra: "Eu lamentava o número de repetentes no começo do ano. Nem conhecia os alunos, mas eles já viravam um 'problema', eram todos rotulados". Só depois de alguns anos, conta, percebeu que esses jovens sempre iam, "quase automaticamente", para o fundo da sala por não se sentirem parte da turma. "Tenho muito a caminhar, mas minha visão mudou. Meu olhar está atento e individualizado. Procuro perceber o ritmo de cada um."
Avaliação, terreno fértil para os rótulos

A diretora conta a história de uma garota que chegou à escola com a fama de ladra. "Ninguém deixou de acreditar no potencial dela. Depois de conversas e uma parceria estreita com os pais, a menina começou a confiar no corpo técnico e em si mesma. Nunca mais ninguém falou em furtos", relata. Francisco Ramos de Farias, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, completa: "Acredita-se que esses jovens são perigosos e vão ser um fracasso. Não se aposta na possibilidade de que eles façam outras escolhas".

Mas não é apenas no convívio que os problemas aparecem. Relatórios escolares e avaliações são muitas vezes permeados de estereótipos. O maior problema, dizem os especialistas, é que falta acompanhamento atento de alguns educadores, que não observam o comportamento da turma e, na hora de fazer anotações, recorrem a essa "muleta".

A troca do verbo "estar" por "ser" é um dos desvios mais frequentes. Na hora de registrar as especificidades da turma, por exemplo, o docente diz que o estudante "é fracassado" - em vez de observar que ele "teve um desempenho ruim em determinado momento". Com o rótulo, o professor não olha para a complexidade da situação. "Quando um aluno vai mal numa prova, isso pode ter sido provocado por muitos motivos, inclusive uma falha da metodologia de ensino.."

Benigna alerta ainda para outro entrave. "Os registros passam por coordenadores e outros professores. A imagem da criança pode ficar negativa aos olhos dos outros", ressalta a especialista, lembrando que as atitudes dos estudantes mudam com o tempo e de acordo com a situação. Os jovens podem agir de maneiras diferentes, dependendo da turma ou escola em que estão e do educador que têm. "A postura é relacional, varia em ambientes distintos", afirma.

As famas já trazidas de casa devem ser combatidas na escola 


Outro momento importante em que você precisa ter muito cuidado é na relação com os pais. É comum uma mãe entregar o filho para a professora e logo implorar: "Vê se dá um jeito nele. É incontrolável."

Em vez de incorporar os rótulos dados pelas próprias famílias, a escola tem de combatê-los. "A criança mal consegue expressar suas capacidades porque já é desqualificada perante os outros",  "É preciso permitir que ela tenha também experiências boas." Se um jovem tem problemas de relacionamento em casa, isso não significa que manterá essa postura na escola.


Muitos pais, aliás, deixam de frequentar as reuniões escolares porque só ouvem rótulos negativos. “As reuniões com os pais devem ser momentos de relatar os processos de aprendizagem, os avanços e os pontos a melhorar sem usar adjetivos relacionados a comportamentos. "Os familiares passam a entender o que o filho está aprendendo."



Um comentário:

  1. O apelido pode ter raiz no maligno que permeia a humanidade. Eu pessoalmente há pouco tempo coloquei um apelido em alguém. Mas o Deus da misericórdia veio em meu socorro. Um conhecido que gostou e tentou embalar a coisa não teve comigo mesmo apoio. Algumas vezes "brincando" repetiu o apelido e eu simplesmente não dei corda. Resultado: morreu o apelido!. Doutra feita a vítima era eu próprio. Chega perto de mim um antigo conhecido, muitos anos ausente, dos nossos tempos de menino. Chega "brincando" tentando ressuscitar um apelido que ele mesmo tentou cravar em mim naquele tempos. Educadamente tratei-lhe com esmero com poucas palavras educadas e respeitosas. Deus assim me iluminou para que sua ficha caísse. Agora, quando o encontro, faz o mesmo e me chama respeitosamente pelo nome. O mal sempre triunfa no mundo, mas a vitória final é do bem...:)

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