Refletindo sobre a Sombra em nossa vida..
Tal projeção da sombra acontece, não só
por indivíduos, mas por grupos, seitas,
religiões e países inteiros, e geralmente ocorre durante as guerras e outros
conflitos religiosos em que o estranho, inimigo ou adversário é feito um bode
expiatório, desumanizado, e demonizado.
Sanford.A.J.
THE SUN:
Jung disse certa vez; "Prefiro ser íntegro a ser
bom." Essa afirmação certamente confunde ou perturba muita gente. Por que
a maioria das pessoas não consegue reconhecer a relação que existe entre a
maldade e o excesso de "bondade"?
SANFORD;
Na verdade, é esse o problema do ego e da sombra, um
problema que fica bem claro na tradição cristã. Na Bíblia, as diferenças entre
o bem e o mal estão traçadas com muita nitidez: existe Deus, que é bom, e
existe o Diabo, que é mau.
Deus quer que o
ser humano seja bom e Deus castiga o mal. De acordo com o Novo Testamento, se
uma pessoa se entrega ao mal e prática más ações, sua alma se corrompe e é
destruída; ou seja, instala-se um processo psicológico negativo. Assim, diante
do cristão está sempre o objetivo ou o modelo de "ser bom", e isso é algo
que tem valor.
No entanto, a tradição crista original reconhecia que
o homem traz, dentro de si, o seu oposto. São Paulo disse; "Não faço o bem
que quero, mas o mal que não quero" (Romanos 7;19).
Estas são palavras de um profundo psicólogo; ele sabia
que tinha uma sombra e acreditava que só Deus poderia salvá-lo dessa condição.
Porém, o fato de conhecer sua condição mantinha a sua integridade.
Mais tarde, essa perspectiva profunda perdeu-se e as
pessoas se sentiam obrigadas a se identificar com o bem ou, pelo menos, a
fingir que eram boas. Quando faz isso, você depressa perde contato com a
sombra.
E em algum ponto do percurso — isso fica evidente na
Idade Média — a Igreja cometeu um grave erro: além das ações, também as fantasias
passaram a ser más. Você era mau simplesmente por entreter fantasias sobre
o mal; adultério era pecado, mas pensar em adultério também era pecado. Ambos
precisavam ser confessados e perdoados.
E com isso as pessoas começaram a negar e a reprimir
suas fantasias, e a sombra foi empurrada ainda mais para o fundo. A divisão
ampliou-se.
THE SUN:
Esse processo ocorreu em paralelo com a perda do
elemento feminino?
SANFORD:
Sim, eu diria que sim. Na realidade feminina, os
contrastes não são tão marcados. O elemento masculino vê as coisas à brilhante
luz do dia: isto é isto e aquilo é aquilo. O elemento feminino equivale a ver
as coisas à luz da lua: elas ficam difusas, não são tão distintas umas das
outras.
Toda essa questão da sombra é muito sutil e complexa;
não é tão simples quanto parece ser a do bem e do mal. O elemento feminino
teria atenuado essa completa cisão entre a sombra e o ego. No início, a Igreja
liderava uma espécie de movimento feminino, mas depois tornou-se bastante
patriarcal.
O ego e a sombra se apartaram cada vez mais,
preparando o palco para fenômenos do tipo Jekyll e Hyde. Se você estudar a
história do cristianismo, vai ver esse desenvolvimento com toda a clareza.
Pessoas que professavam fazer o bem, por exemplo, estavam liderando a Inquisição.
Os cristãos não detêm a posse exclusiva da sombra, é
claro. Todo mundo faz coisas terríveis. Mas na tradição cristã, essa cisão é
absoluta. Uma coisa boa que surgiu disso tudo foi a volta das psicologias de
profundidade. Embora a Igreja tentasse banir as fantasias, é evidente que ela
tinha consciência da vida interior e sempre deu valor à introspecção.
THE SUN:
Eu cresci nas vizinhanças dos fundamentalistas
religiosos e sempre notei uma espécie de tensão neles — como se eles tentassem
impedir que certas coisas entrassem em suas mentes e muito menos de se
expressar abertamente. Parece que é preciso uma quantidade imensa de energia para
manter a cisão interior.
SANFORD:
Certo. E o resultado não é uma pessoa realmente boa.
Os esforços para alcançar a bondade pura resultam numa pose ou numa auto-ilusão
sobre a bondade. Isso desenvolve uma persona — uma máscara de bondade
vestida sobre o ego.
O Dr. Jekyll
tinha uma persona imensa e acreditava nela por completo, mas nunca
chegou a ser um homem realmente bom.
A conexão entre Jekyll e Hyde era o anseio secreto de
Jekyll em tornar-se Hyde — mas Jekyll se recusava a despir a máscara que
tinha vestido para a sociedade e para si mesmo. Quando descobriu a droga que
podia transformá-lo na sua sombra, Jekyll pensou ter encontrado a resposta
ideal.
Mas então foi dominado pelo seu próprio anseio de ser
Hyde. Aqui é importante compreender a diferença crucial entre a sombra e o mal
genuíno. O segredo é que o ego — não a sombra — é o diabo, muitos estudiosos do assunto acreditava que o mal
existe além do ego — um mal arquetípico — mas, para a maioria das pessoas,
o ego é que é o verdadeiro problema.
A definição junguiana da sombra foi muito bem colocada
por Edward C. Whitmont, ao dizer que a sombra é "tudo aquilo que foi
reprimido durante o desenvolvimento da personalidade, por não se adequar ao ideal
do ego".
Se você teve
uma educação cristã, com o ideal do ego de ser benevolente, moralmente reto,
gentil e generoso, então certamente você precisou reprimir todas as suas
qualidades que fossem a antítese desse
ideal: raiva, egoísmo, loucas fantasias sexuais e
assim por diante.
Todas essas qualidades que você seccionou formariam a
personalidade secundária chamada "sombra". E se essa personalidade
secundária se isolasse bastante, você passaria a ser aquilo que chamamos "personalidade
múltipla".
Em todos os casos de personalidade múltipla, sempre
podemos identificar claramente a sombra. Ela nem sempre é má — só é diferente
do ego. Jung estava certo quando disse que noventa por cento da sombra é ouro
puro. Tudo o que foi reprimido (seja lá o que for) contém uma quantidade
tremenda de energia, com um grande potencial positivo.
Por isso a
sombra, não importa quão perturbadora ela possa ser, não é intrinsecamente má.
O ego, com sua recusa de introvisão e com sua recusa de aceitar o todo da
personalidade, contribui muito mais para o mal do que a própria sombra.
THE SUN:
O que o senhor está dizendo é que a sombra tem má fama
porque o ego projeta sua própria maldade sobre ela.
SANFORD:
Exatamente. Se você consultar aquele manual de
psicologia a que damos o nome de Novo Testamento, vai encontrar essa frase: o
diabo é "o pai de todas as mentiras". Agora, a sombra nunca mente; é
o ego que mente a respeito de seus motivos reais. É por isso que o sucesso de
qualquer psicoterapia e qualquer conversão religiosa
genuína exigem absoluta honestidade sobre nós mesmos.
THE SUN:
A analista junguiana Marie-Louise von Franz escreveu:
"A sombra arrasta o homem ao imediatismo das situações do tipo aqui e
agora, e assim cria a biografia real do ser humano, que está sempre inclinado a
assumir que é apenas aquilo que pensa ser.
A biografia
criada pela sombra é que importa." Essa afirmação me faz pensar na
tendência da nossa sociedade de se desiludir com os nossos políticos — porque a
biografia que eles exibem durante a campanha nunca é "a biografia que
importa".
SANFORD:
A biografia que o político quer nos passar — e que
geralmente é criada pelo pessoal de relações públicas — é a persona, a
máscara, Ela esconde a verdadeira realidade do político. Mas eu acho que é
possível conviver razoavelmente bem com essa realidade.
A longo prazo, admitir a sombra é bem menos pernicioso
do que negá-la. O que arruinou o candidato Gary Hart, por exemplo, não foi ele
ter casos mas, sim, ter continuado a mentir sobre seus casos depois que a
verdade veio à tona. Pessoalmente, isso só me fez pensar que ele não era lá
muito brilhante.
Está claro que vivemos numa época em que as eleições
são vencidas ou perdidas pela força da persona. Ronald Reagan é o
exemplo par excellence, porque sabemos que ele nunca fez ou disse coisa
alguma que não fosse representação.
Sinto-me muito
mais à vontade com o presidente George Bush, independentemente de aprovar ou
não o que ele diz, porque pelo menos tenho a sensação de que é ele que está ali
— é o homem de verdade que está falando.
Talvez as pessoas estivessem um pouco mais em contato
com os políticos — o político a pessoa de verdade — nos velhos tempos das
campanhas ao vivo, com caravanas percorrendo o país. A maneira como a mídia
eletrônica amplifica a persona mostra um lado monstruoso da nossa
tecnologia... é uma coisa muito perigosa.
THE SUN:
A sombra, certamente, parece estar muito presente na
nossa atual mídia de entretenimento — desde as histórias de Stephen King e
Clive Barker até os filmes de terror e o satanismo. Eu me pergunto se tudo isso
não quer dizer que estamos caminhando para o reconhecimento — e integração — da
sombra ou se estamos apenas indo esgoto abaixo, como parecem pensar alguns
críticos sociais e censores.
A violência que a mídia tem como foco, ativa no
inconsciente coletivo o medo, a agressividade e o estado de guerra.
SAN FORD:
A questão é: em que momento cruzamos a linha divisória
da sombra — que é um elemento difícil, mas ainda assim humano — e ingressamos
no campo do realmente demoníaco. Isso nos leva à questão do mal arquetípico:
existiria um diabo que está além do ego humano? Por falar nisso, os cristãos
não foram os únicos que se preocuparam com o diabo. Os antigos persas acreditavam
numa força divina que produzia o mal.
O holocausto na Alemanha nazista e os expurgos de
Stalin não foram resultados da sombra humana individual. Ali, acho que estamos
vendo na psique coletiva uma força maligna, que é realmente sinistra e que
precisamos recear. Muitas pessoas negam que esse mal existe, afirmando que
todos os assassinos são vítimas de uma infância infeliz e de maus-tratos pelos pais.
Mas eu sinto
que existe ali uma força maligna arquetípica. Alguns daqueles que censuram as
letras do música e coisas
semelhantes talvez estejam parcialmente certos a respeito do mal que elas
contêm, Sou franco em confessar que às vezes bato os olhos nesse tipo de coisa
e sinto uma forte repugnância.
Algumas delas
me parecem sinistras. Mas não podemos, de modo algum, afirmar que as pessoas
que moralizam sobre o mal arquetípico estão livres dele. Na verdade, moralizar
sobre o mal é uma boa maneira de sucumbir ao mal. Essa é uma questão sutil. Se
você ataca o mal para se defender de um mergulho em si mesmo, você está
cometendo o mesmo erro do Dr. Jekyll.
A sombra'', escreveu Jung (1963),'' é o que está escondido, reprimidos, em sua maior parte inconsciente, cuja ramificações podemos chegar de volta ao reino de nossos ancestrais e assim é possível compreender todo o aspecto histórico do'' inconsciente.
A sombra é uma parte primordial da nossa herança humana que, por mais que tentemos, nunca pode ser totalmente reconhecida. O mecanismo de defesa freudiano conhecido como projeção é usado como uma defesa, e como a maioria das pessoas negam a sua sombra, inconscientemente, projetando-a nos outros, de modo a evitar o confronto consigo mesmo
THE SUN: Mas como podemos ver a diferença entre
uma coisa que parece sinistra e uma coisa que é sinistra?
SAN FORD:
Essa é uma boa pergunta, e nem sempre fácil de
responder. Depende muito da psicologia da pessoa envolvida. Quanto mais rígido
for seu referencial psicológico, maior o número de coisas que lhe parecerão
sinistras. Tudo o que posso dizer é que, quando o nível arquetípico do mal finalmente
encontra expressão, todo mundo fica chocado. Mas nem sempre em tempo, é claro.
O mundo demorou bastante para reconhecer o mal da
Alemanha nazista. O que nos ajuda a ver a diferença é aquilo que Jung chamou de
"função sentimento" — nossos meios interiores de avaliar o valor das
coisas. A função sentimento nos diz o que é desejável e o que não é desejável,
mas não se trata de um julgamento feito pelo ego. O ego determina o que é bom
ou mau a partir do ponto de vista de suas próprias preocupações: o ego considera
bom tudo aquilo que apóia o seu sistema egocêntrico de defesa; e considera mau
o que está em antítese com esse sistema.
Por exemplo, os
puritanos contaminaram os índios americanos com doenças que os dizimaram; viram
isso como uma coisa boa e fizeram sermões dizendo que Deus lhes abria o caminho
para colonizar aquelas terras. É claro que o índio, morrendo de varíola, tinha
uma opinião bem diferente sobre o bem e o mal dessa situação.
A função sentimento está livre de contaminação
egocêntrica. Ela é uma pura avaliação emocional, mas nem sempre lhe damos
ouvido. Quando o povo americano, finalmente, opôs-se à Guerra do Vietnã, foi
porque a função sentimento acabou por emergir: um número cada vez maior de
pessoas chegou ao julgamento emocional de que aquela era uma guerra
errada e terrível, mesmo que supostamente servisse aos nossos objetivos
políticos.
E é claro que
essas pessoas estavam certas, O julgamento de valor da função sentimento é um
determinante confiável do bem e do mal numa situação — desde que a função
sentimento tenha as informações corretas. Se ela não tem todas as informações
ou se vê apenas uma parte do problema, então é possível que chegue a uma
conclusão errada.
THE SUN:
Na sua experiência e observação, qual é o processo de
integração da sombra?
SANFORD:
A primeira vez que uma pessoa vê a sombra (“conhece
a si mesmo”) com clareza, ela fica mais ou menos horrorizada. Alguns dos
nossos sistemas egocêntricos de defesa necessariamente se rompem ou se diluem. O
resultado pode ser uma depressão temporária ou um enevoamento da consciência.
Jung comparou o processo de integração — que ele chamou de individuação —
ao processo da alquimia.
Um dos estágios
da alquimia é a mela-nose, quando tudo enegrece dentro do vaso que
contém os elementos alquímicos. Mas esse estágio de enegrecimento é
absolutamente essencial. Jung disse que ele representa o primeiro contato com o
inconsciente, que é sempre o contato com a sombra. O ego encara isso como uma
espécie de derrota.
THE SUN:
É possível ficar aprisionado nesse estágio? Podemos
estar fadados a ter um encontro após outro com a sombra, sem que ocorra a
integração?
SAN FORD:
Acho que não, porque uma visão genuína da sombra
também põe em ação aquilo que Jung chamou de Self, o centro criativo. E
então as coisas começam a mover-se, para que a depressão não se torne
permanente. Depois disso, mil e uma mudanças podem ocorrer; é diferente, para cada
pessoa.
O "centro real" da personalidade começa a
emergir e, gradualmente, o ego é reorientado para uma relação mais íntima com
esse centro real. Então é bem menos provável que a pessoa se associe ao mal
genuíno, porque a integração da sombra sempre coincide com a dissolução da
falsa persona.
A pessoa
torna-se muito mais realista a respeito de si mesma; ver a verdade sobre a
nossa própria natureza sempre tem efeitos muito salutares. A honestidade é a
grande defesa contra o mal genuíno. Parar de mentir para nós mesmos a respeito
de nós mesmos, essa é a maior proteção que podemos ter contra o mal.
THE SUN:
Se o ego não é o "centro real" de nós
mesmos, então ele é o centro do quê?
SANFORD:
O que distingue a psicologia junguiana de praticamente
todas as outras psicologias é a idéia de que existem dois centros da
personalidade. O ego é o centro da consciência; o Self é o centro da personalidade
como um todo que inclui a consciência, o inconsciente e o ego. O Self
é, ao mesmo tempo, o todo e o centro. O ego é um pequeno círculo, completo
em si mesmo, formado a partir do centro mas contido no todo.
Assim, o ego poderia ser mais bem descrito como o
centro menor da personalidade; o Self, como o centro maior. Podemos ver
melhor esse relacionamento nos nossos sonhos. Na nossa vida em estado de vigília,
o ego é como o Sol — ele ilumina tudo, mas também impede que vejamos as
estrelas.
O que não percebemos é que os conteúdos da consciência
do ego não são coisas criadas por nós; eles nos são dados, eles vêm de algum
outro lugar. Somos constantemente influenciados pelo inconsciente, mas em geral
não percebemos isso. O ego prefere acreditar que cria todos os seus próprios
pensamentos.
Nos nossos
sonhos tudo muda com o aparecimento do ego onírico.
Quando nos lembramos do sonho, automaticamente nos
identificamos com o ego onírico; referimo-nos a ele como "eu",
dizendo "eu encontrei um urso e aí nós lutamos e depois apareceu a
dançarina" e assim por diante. Mas a diferença é que, durante o sonho, o
ego onírico
conhece coisas que o ego desperto não conhece. Por
exemplo, você lembra que sonhou que corria muito depressa e não lembra por quê.
Mas, no sonho, você sabia, O importante é que o ego
onírico nunca é mais significativo do que qualquer outra figura do sonho.
Talvez até o encontremos vencido ou enevoado. Quando o Sol se põe, as estrelas
aparecem — e então você descobre que é apenas uma das
estrelas de um céu todo estrelado. Essa é a paisagem da alma, invisível na
nossa vida em estado de vigília.
THE SUN:
O que eu percebo é que me sinto mais ou menos à
vontade com a idéia da sombra na vida em estado de vigília. Porém, a
idéia da sombra nos sonhos é muito mais do que uma simples idéia — ela é
completamente real e muito poderosa. Às vezes eu me torno a sombra, como se ela
se integrasse a mim.
SANFORD:
No sonho, a sombra é um sistema energético que é, pelo
menos, tão poderoso quanto você mesmo. Na arena psíquica do sonho, todos os
elementos da psique são menos distintos uns dos outros e o ego onírico pode
observá-los ou transformar-se neles ou qualquer coisa intermediária. A sombra
tem sempre um aspecto do próprio eu.
As qualidades da sombra poderiam tornar-se parte da
estrutura do ego. Até se pode dizer que a sombra é como o irmão ou a irmã do
ego e
não necessariamente uma figura sinistra. E é
importante lembrar que a sombra sempre tem uma razão para tudo o que faz. Uma
razão que está relacionada com as qualidades que foram excluídas do ego.
É bastante
incomum que nos tornemos a sombra num sonho; o mais provável é que o ego
onírico observe a sombra mudando de forma durante o sonho.
THE SUN:
Acho que é mais seguro transformar-se na sombra num
sonho do que em estado de vigília.
SAN FORD:
Bom, então encontramos mais uma vez as sutilezas da
sombra. A idéia é que o ego está, originalmente, muito próximo do centro do Eu.
A medida que vai se afastando, ele desenvolve uma postura egocêntrica, que
geralmente é exacerbada por influências desfavoráveis na infância.
A natureza dessas influências irá determinar a
natureza das defesas egocêntricas da pessoa e, logo, a natureza da sombra. Digamos
que uma pessoa vê a si mesma como fraca e inoperante diante do seu ambiente, porém
encontra um outro caminho para seguir pela vida: torna-se uma espécie de
"parasita". Ela não desenvolve a sua força; ela depende de outros que
são fortes mas precisa habilitar-se a ganhar esse apoio. Assim ela assume uma
postura de necessitada e de merecedora de apoio.
Essa é a sua postura egocêntrica diante da vida; ela é
o tipo de pessoa que sempre vai precisar da sua ajuda e que será capaz de citar
uma infinidade de razões pelas quais você deve ajudá-la.
Se você não a ajudar, então você será uma pessoa má.
Uma característica dessa pessoa é que ela é muito
chata. Os outros deixam de ajudá-la quando ela os aborrece demais e, então, ela
se sente ameaçada e ansiosa.
Agora, o que ela reprimiu para manter sua postura
egocêntrica parasitária foram as qualidades da coragem e da honestidade —
qualidades altamente desejáveis. Mas a personalidade parasitária vê essas qualidades
como más e se apavora diante delas. E, na verdade, as qualidades reprimidas podem
tornar-se perigosas.
Tomemos o exemplo do adolescente que tem a defesa
egocêntrica da tartaruga; tudo o que ele quer é ser deixado em paz. Ele
torna-se o alvo de um bando de "durões" cuja propensão egocêntrica é
atormentá-lo, exatamente porque ele é um solitário.
O bando o
persegue e importuna até o dia em que sua couraça egocêntrica de
"recolher-se na casca" explode e bum!... a sombra pula para
fora. Talvez ele apenas se envolva numa pancadaria e então, mesmo que apanhe um
pouco, saiu-se bem — e provavelmente mais integrado.
Por outro lado,
se ele pegar o revólver do pai e atirar nos seus atormentadores, então uma
coisa terrível aconteceu. Quando a energia é reprimida por um tempo por demais
longo e em excessiva profundidade, algo de consequências lamentáveis pode ocorrer.
Veja o filme o “O Anjo Azul” e será fácil compreender
a sombra.
THE SUN:
O senhor acha que esse rapaz estava
"pedindo" para ser atormentado?
SANFORD:
Sem dúvida. Ao nível inconsciente, ele estava enviando
uma mensagem sobre aquilo de que precisava para se integrar. Falando sobre esse
tipo de situação, os "arcanjos" são enviados para completar o plano
divino.
THE SUN:
Mas os arcanjos não vão necessariamente cuidar de nós.
SANFORD:
Certo. Eles só armam o cenário. Tudo o que sabemos é
que quando os arcanjos se envolvem, as coisas nunca mais serão as mesmas.
Ninguém pode predizer o que vai acontecer em seguida.
A liberação da
sombra não deve ser encarada com leviandade. Por isso seria muito melhor se
aquele rapaz descobrisse sua hostilidade numa terapia
ou em alguma outra situação sob controle, onde sua sombra pudesse emergir
gradualmente.
"Na batalha decisiva, Deus está sempre do lado da
sombra, não do lado do ego." Com todas as suas dificuldades, a sombra está
mais próxima da fonte da criação.
Agora, um
assunto bem diferente é o ego que não está num estado egocêntrico. Esse ego tem
um relacionamento saudável tanto com a sombra quanto com o Eu. Na verdade, o
ego não
é diminuído no processo de integração; as suas fronteiras
é que se tornam menos rígidas.
Existe uma enorme diferença entre um ego forte e um
ego egocêntrico; esse último é sempre fraco. A individuação, a obtenção do
nosso potencial real, não pode ocorrer sem um ego forte.
THE SUN:
Isso quer dizer que é impossível ser apenas o
"Eu"?
SANFORD:
Certo.
O ego é o veículo necessário para a expressão do Self, mas você precisa
querer pôr o ego na linha. E como Moisés confrontando-se com a voz de Deus na
sarça ardente e depois descendo para conduzir o povo de Israel para fora do
Egito. Essa é a ação do ego forte.
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Haja luz para compartilhar para o bem de todos.
Somos Um-a só consciência.
Este espaço está protegido pelos anjos e por Hermes
Estou neste momento me unindo com o Poder e a
Força da Unidade, com o poder de todos os anjos, querubins, Serafins, Elohim.
Melchizedek, Sandalfon, Metraton,
Gabriel, Rafael, Haniel,
Miguel, Camael, Tsadkiel,
Raziel, Uriel, Samuel
Os anjos seguem na frente abrindo meus caminhos
e me protegendo Com a Justiça Divina.
Amém!
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