domingo, 17 de março de 2013

o sacrificio - O pendurado. XII - Taro


                                                                    


O Pendurado –XII -  O Enforcado 
Compilação de DharmaDhannyael
                    
Esta  uma carta revela um  grande sacrifício para o ego, mas de muita luz e espiritualidade. A iluminação é uma Graça do Espírito e a personalidade(ego) necessita viver este momento em harmonia com o universo, em paz com a sua consciência para alcançar a liberação, uma nova vida. A mudança depende da transformação, do re-nascer e de uma nova consciência. 

“Esta carta é uma carta de significado oculto profundo, porém todo ele oculto...” Waite

O enforcado é o repouso, a Roda da Fortuna é atividade. O Enforcado é o que acontece quando a Roda da Fortuna para de girar: a suspensão ou crucifixão no Espaço é a parada voluntária da Roda da Fortuna.
12 (O enforcado) é 21 (O Universo) invertido. Este é o segredo do Deus  Agonizante no Caminho da Água. 

“Em 1890 a Golden Dawn faz referência ao Enforcado, no ritual do adepto: Se tu, não nascer da água e do espírito, não podereis entrar nos reinos dos céus. Na verdade esse ritual simbolizava uma morte mística, onde o adepto era salvo e renascia, traduzindo em letras miúdas”. (6) 

“Alguns estudiosos lembram, a esse respeito, os ensinamentos que atribuem ao homem o papel de estabelecer a ligação entre o Céu e a Terra, num espaço definido que o preserva de influências e contaminações. “Toda suspensão no espaço participa deste isolamento místico, sem dúvida relacionado à idéia de levitação e de vôo onírico”. 3

A mortificatio na alquimia significa a superação do antigo ou precedente; primariamente é a superação das etapas perigosas antecedentes (...) (Jung, OC 14, par. 164). 
O retorno ao caos era considerado pelos alquimistas como uma parte da obra. E o caos era considerado pelos alquimistas como uma parte da obra. É o estado da (...) mortificatio seguido  do fogo do purgatório (...) 0 inconsciente e bom e mau, ou nem bom nem mau. Ele e a mãe de todas as possibilidades (Jung, OC 14, par. 247).

 “O processo de iniciação, em geral, faz parte de uma morte figurada que simboliza o caráter de totalidade da conversão. Este é um processo de iniciação que tem por escopo recuperar a divindade da Alma perdida pelo nascimento”. Significa o maior aprofundamento do encontro consigo mesmo, com os opostos com o inconsciente, com a anima, com o Self. O ego com a inspiração do Self realiza a criação, a individualização.


 “O sacrifício significa a renúncia a todos os vínculos e restrições do tempo da infância, é necessário amadurecer, conquistar a independência, autonomia, aprender a lidar com o sofrimento, com o egoísmo natural da criança, superar a regressão, e aprender a compartilhar sem orgulho, sem intenção de retorno”.
 A morte e o renascimento de Cristo e Osíris correspondem à sequência   de morte e renascimento do processo de individuação. Depois da mortificatio (nigredo), vem a alvorada do Sol renascido (rubedo).  

A morte e a ressurreição se referem à União com o Espírito, com a Amada Divina Presença, com o Divino. Os mitos do Deus agonizante é universal, e todas cultura podem apresentá-la de alguma foram seja ela Cristo, Odin, Osíris ou uma divindade local. Nos mitos de enforcamento nenhum dos quais a morte é definitiva, eles são simplesmente inversões nas quais os pés de Deus são assentados na Anima Mundi e não sobre a  Terra. 

A imagem divina do homem, do Cristo não foi destruída pela  Queda, mas apenas danificada e pode ser reconstruída pela graça de Deus.  Sabemos que a morte e a descida de Cristo aos infernos, cujos efeitos redentores abrangem inclusive os mortos. O equivalente psicológico coletivo , parte essencial do processo de individuação. 

Na carta XII, a indecisão da carta VI agora, pode tornar-se fatal, levando-o à passividade inevitável e que paralisa. Não se vê saída, nenhum meio de chegar liberdade, nenhuma forma de alcançar o sucesso. Suspenso no vazio solitário no qual tudo parece esmagadoramente indefinido, o indivíduo está completamente só, perdido na imensidão do universo. A única consequência dessa situação é a transformação por alguma forma de morte do ego”. 

Podemos pensar que a “morte” do ego está relacionada às experiências de:
- lutos, medo, conflitos insolúveis, renúncia, separação, destruição, acidentes, insegurança, prisão, melancolia, depressão, castigo, punição, isolamento social, estagnação, inércia, procrastinação, ansiedade, passividade, solidão, auto-provação, impotência, doenças prolongadas, suplício, perdas afetivas e materiais, luto, humilhação, degradação. 


- Perda de controle da própria vida e da família, quando o ego abre a mão, libera o seu apego.  

O ego frágil é incapaz de tolerar experiências negativas. Esse “ego ferido” fica dependente e exige gratificações de suas necessidades, e não conhece a gratidão. Age como uma criança faminta. Apresenta uma tendência a agressividade diante das frustrações, e a vivencia do sentimento de culpa pode ser resultante da sua imaturidade. 

É  possível refletir na perda da identidade de tudo aquilo que vivemos como “Sr. Fulano...” e de repente, perdemos o nome, o crédito, a casa, a referência, a honra, o orgulho, e ficamos entregue a vergonha, à limitação.

Neste momento, o ego pode escolher,ou deixar morrer o passado e “dá a volta por cima”,  ou renascer das cinzas, com a chama da esperança acesa; ou continua no passado, com ódio, ressentimento, mágoa, com pena de si mesmo, eterna vítima, com culpa, ou culpando os outros; e assim, continua enredado e embaraçado nesta rede do “ontem”, neste personagem que não lhe oferece “vida”, esperança, e por isto não consegue ver o caminho para o amanhã. 

 É o momento de inverter os valores, posturas, e perdoar seus algozes, e procurar dar um significado, um sentido para o seu sofrimento, sublimar,  sem levar para o futuro o personagem do passado que viveu este filme.

“Aquilo que não nos mata nos torna mais forte”. 
É necessário “dar vida” a um novo e renascido personagem, viver a experiência da transcendência e, assim encontrar forças para o presente, para a vitória. As mudanças, as transformações, o crescimento interior, a maturidade emocional alcançada fazem parte do roteiro do herói em busca da individuação do seu centro, da sua Alma, da sua luz, do Divino.
”Perdi uma batalha, mas não perdi a guerra”.

Neste momento, é possível compreender as limitações e as possibilidades - tornar-se responsável, consciente, equilibrado com a mente iluminada no coração. É necessário aprender a se entregar, a não lutar, contra as ondas altas e seguir na maré, em uma atitude “passiva-ativa”. A confusão e a ilusão (signo de Peixes) podem nos envolver e assim, ficamos com os pés fora do chão, sem possibilidade de articular estratégias para a liberação. 

É possível olhar no espelho do outro e nos reconhecer, e, assim reconhecer o outro;  re-conhecer que tudo que mais odiamos no outro nos pertence, e que o “inimigo’ vive dentro da mente (consciente-inconsciente) como parte do nosso “eu”, e que ele nos atrai por identificação ou projeção. 

“A solução está no fundir-se com o adversário, juntar luz e sombras em uma paz harmônica que traz as cores, romper o poder sobrenatural da morte com a espada da vida penetrando-lhe o coração, ofertando-se como oferenda e alimento que será consumido pelos que virão e, assim, imortalizando-se como o Deus Vivo que dá a vida com a sua morte. 

A vida se alimentando da vida, a morte sendo apenas uma transição entre o passado e o futuro, dando-se como oferenda, como presente ao novo Herói em sua busca, até que as forças da natureza o chamem de volta ao berço primordial para que, finalmente, descanse em paz”.(1)

Um homem está suspenso, pelo pé, de uma trave de madeira que se apóia em duas árvores podadas. Os dois suportes são amarelos e cada um conserva seis tocos da poda, pintados de vermelho; terminam em forquilha, sobre as quais repousa o pau superior. São verdes os dois montículos dos quais nascem as árvores da provação, e nos quais brotam plantas de quatro folhas.

A corda curta que suspende o homem desce do centro da barra transversal. 
O personagem veste uma jaqueta terminada em saiote marcado por duas meias-luas à direita e à esquerda, que podem ser bolsos. O cinto e o colarinho da jaqueta são brancos, assim como os dez (ou nove) botões - seis acima e quatro (ou três) abaixo da cintura. 

A cabeça do Enforcado encontra-se no nível da base das árvores. Suas mãos estão ocultas atrás da cintura. Naturalmente, a perna pela qual está suspenso - a esquerda - permanece esticada, enquanto que a outra está dobrada na altura do joelho, cruzando por trás a perna esquerda.
“Aquele que se encontra a caminho da totalidade não pode escapar desta estranha suspensão representada pela crucifixão (Jung OC 16, PAR. 470).
É aquele que não tem os pés no chão, na realidade.


 “Amplificação cabalística: a Árvore da emanação ou a arvore cósmica, a Árvore dos Sefirot, cresce para baixo, a partir da sua raiz - O primeiro Sefirah - e estende-se desde os Sefirot que constituem seu tronco ate aqueles que compõem  seus galhos principais ou coroa (Scholem, Cabala, p. 106 do original). De forma similar, o homem e visto como uma árvore invertida que cresce para baixo, a partir do céu; "a alma criaraiz no homem desde o céu", cita Von Franz no seu comentário ao Aurora consurgens (p. 163, n. 36 do original). 0 Enforcado nos lembrará que, para nos ligarmos novamente as raízes  divinas, devemos tomar como modelo a Árvore da Vida.  

Esta carta simboliza a contemplação  e a autocrítica como ferramentas para “trabalhar o que se deteriorou”. Significa aceitação do destino, consciência, disciplina e conduz á força para contemplar o vazio e transformar paisagens emocionais interiores em lugares de paz.

 Os riscos são a impaciência, a perda do autocontrole, a intolerância à tranqüilidade exterior, e à incapacidade de atingir a quietude interior, o medo da incerteza e a sensação de estar perdido no mundo invertido além da lógica”.
 A preparação  para a nova vida impõe a percepção e a assimilação do informe e inominável através da concentração e do silêncio e na tranqüilidade.

Novos insights podem ser consolidados pela perseverança, o que leva a auto-realização progressiva e a capacidade de adaptação, assim como pela desistência do empenho em prol dos modelos convencionalmente aceitos de sucesso e distração. Os riscos são a impaciência, a perda do autocontrole, a intolerância  a tranquilidade exterior e a incapacidade de atingir a quietude interior, o medo da incerteza e a sensação de estar perdido no mundo invertido alem da lógica.

O enforcado, com o solo firme sob seus pés, em cima, parece “saber” que sua cabeça, ainda não sabe. A visão do Enforcado está concentrada além do intelecto, e ele agirá sem conhecimentos. Esta é a transição da fé, o ato interior que modifica a minha vontade para “seja feita a Tua Vontade”. É essa mudança em perspectiva no lugar do controle, que pode permitir que saiamos de uma situação que parece irremediável, na qual nos sentimos aprisionados, trancafiados e sem saída.”

“Interpretações usuais na cartomancia” (6)  Constantino K. Riemma
"Desinteresse, esquecimento de si mesmo. Submissão ao dever, sonhos generosos. Patriotismo, apostolado. Filantropia, entrega a uma causa. Sacrifício pessoal. Idéias voltadas para o futuro. Semente.

    Mudança de vida, iniciação, abertura espiritual, sacrifício por algo valioso. Paz interior, nova visão do mundo.
  
 "Mental: Possibilidades diversificadas, flutuações. Indica coisas em processo de amadurecimento; não define nem conclui nada.

    Emocional: Falta de clareza, indecisão, particularmente no campo afetivo.
    Físico: Abandono de algumas coisas, renúncias, projetos duvidosos. Impedimento momentâneo para a ação. Um assunto iniciado é abandonado e só poderá ser resolvido através de uma ajuda. Do ponto de vista da saúde: transtornos circulatórios.

   Sentido negativo: Êxito possível, mas parcial, sem satisfação nem prazer, sobretudo em projetos de ordem sentimental. 
    Reticências, planos ocultos. Resoluções acertadas, mas que não se executam; projetos abortados; plano bem concebido que fica na teoria. Promessas não cumpridas, amor não correspondido. 
    Os bons sentimentos serão desviados para empreendimentos”. (6)
                                                 
                           
                                   Eu Sou dharma dhannyael. 
 Este texto é resultado de uma pesquisa, inspriados em vários autores - uma reflexão, um compilaçã.

2 - zephyrus.blog.br 


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