terça-feira, 12 de março de 2013

ESOTÉRICO -O DESENVOLVIMENTO DA MENTE SUPERIOR




ESOTÉRICO - O DESENVOLVIMENTO DA MENTE SUPERIOR
TAIMNI I.K



Estamos tentando dar uma ideia do papel da Mente Superior em nossa vida e o veículo através do qual ela opera. Ao abordar essas questões relacionadas com os planos super-físicos, devemos ter o cuidado de não tomar as idéias vagas e gerais que temos no plano físico pelas realidades que elas visam representar.

 Estas idéias devem ser tomadas apenas como sugestões indicadoras, por assim dizer, das realidades que estão por trás delas, e que poderemos conhecer somente quando nosso desenvolvimento interior tornar possível sua percepção direta.

 O simples fato de haver na alma uma ânsia de tomar sua evolução nas próprias mãos é sinal de maturidade e mostra que a viagem se aproxima do fim. Uma grande parte do trabalho já é realizado quando essa ânsia nasce e, portanto, umas poucas vidas de intenso adestramento e disciplina bastam para completar o trabalho.


É por essa razão que aqueles que sentem uma forte ânsia de ter em mão a si mesmos e atingir a perfeição tão cedo quanto possível, têm razoável probabilidade de atingir sua meta em poucas vidas e, ao mesmo tempo, parecem realizar milagres numa só vida.

Em alguns casos o Ego está bem desenvolvido, o Corpo Causal suficientemente formado, sendo o principal obstáculo a comunicação entre o Ego e a personalidade inferior, devido ao impedimento criado pelo mau Karma em vidas anteriores. Tão logo este Karma é cumprido, o Ego começa a brilhar através da personalidade e isto aparece como se tivesse acontecido um desenvolvimento miraculoso.
                                                     
Assim, aqueles que se sentem ansiosos de empreender o trabalho de aperfeiçoamento de sua natureza, devem compreender claramente que se trata de longa e tediosa, levando vidas arduamente vividas até a sua consecução. Ninguém pode dizer quando o trabalho estará pronto. A garantia única de atingimento está na infinita paciência e determinação para perseverar até o final enfrentando toda espécie dificuldades, desapontamentos e fracassos.

O segundo ponto a ser considerado e claramente entendido é a relação entre a personalidade e o Ego (Alma), pois sem clara compreensão desta relação haverá na mente constantes confusões que nublarão a inteligência e projetarão uma sombra escura no caminho que se está seguindo.

Já foi anteriormente mencionado que as experiências passadas pela personalidade numa determinada vida são desenvolvidas em várias faculdades no Mundo Celestial, e a essência dessas experiências é assim transmitida ao Ego, no encerramento de uma encarnação, para ser incorporada à sua constituição.

Esse aditamento às faculdades, vida após vida, é parcialmente responsável pelo crescimento do Ego e o desenvolvimento de seus poderes, parcialmente, porque o Ego tem uma vida própria nos mundos superiores e o impacto das vibrações em seu próprio plano, bem como nos planos acima, também serve para transformar suas faculdades divinas de latentes para potentes.

 Até que ponto uma determinada vida na terra serve ao crescimento do Ego depende muito da relação existente entre ele e a personalidade. A personalidade deriva do Ego, como se fora uma emanação do Ego, mas no curso de sua formação, durante uma encarnação, ela desenvolve uma vida própria, semi-independente, que pode estar ou não de acordo com o Ego, pode servir-lhe ou não.

Se a personalidade se alinha com os interesses do Ego e por este pode ser utilizada para seus propósitos elevados e mais amplos, a encarnação será um grande sucesso e as experiências da personalidade permitirão uma rica colheita para uso e desenvolvimento do Ego.

 Por outro lado, como é o caso da grande maioria das pessoas. se a personalidade adotar uma linha própria independente, não é suscetível à influência e guia do Ego, permanecendo absorvida pelos interesses temporários e triviais dos mundos inferiores, o propósito da encarnação é, em grande parte, frustrado. Ainda que invariavelmente haja proveito e algum progresso seja feito, é pobre a colheita do ponto de vista superior.

O exposto acima sobre a relação entre a personalidade e o Ego não deve dar a impressão de que há duas entidades diferentes operando em nós. Na realidade há somente Uma Vida, a do Logos, agindo por toda parte. Um raio de Sua consciência opera no Jivâtmâ através de um conjunto de veículos apropriados para os diferentes planos..

Todas as leis científicas foram  descobertas pelo agrupamento dos fatos destacados pela mente inferior e sua fusão em uma generalização pela mente superior. Quanto mais desenvolvido o Corpo Causal mais apto fica a estabelecer a relação entre os fatos. A ciência não é o único campo que nos proporciona a oportunidade de aprender a generalizar.

 Em todas as esferas da vida podemos encontrar oportunidades para o exercício dessa faculdade desde que estejamos atentos a seu aparecimento e as utilizemos sistematicamente para nosso adestramento. A matemática superior oferece os campos mais extensos e variados para o exercício dessa faculdade, e talvez não haja método muito mais rápido de se aprender o pensamento abstrato do que um curso intensivo de matemática superior.

 A filosofia vem em seguida à matemática como campo de adestramento para a mente superior e, do ponto de vista de um estudante da Autocultura, talvez seja mais conveniente para o desenvolvimento das faculdades do Corpo Causal.

O segundo método para o desenvolvimento do Corpo Causal é baseado na outra função deste veículo, mencionada anteriormente, isto é, a que serve como meio para tornar parte permanente da constituição da alma todas as virtudes e faculdades adquiridas durante o processo da evolução.

 Como já foi dito antes, quando numa determinada vida é desenvolvida ou melhorada uma característica ou faculdade, o progresso obtido não é perdido com a destruição da personalidade, mas transferido para o Corpo Causal e tornado permanente como resultado da reorganização desse corpo.

 Das pesquisas em Fisiologia sabemos que, quando pensamos, a matéria cinzenta do cérebro físico é modificada, dilatada, e o contínuo pensar melhora permanentemente a qualidade do cérebro, tornando-o um instrumento mais eficiente para o pensamento. Esta melhora realiza-se somente no instrumento no plano físico a ser desfeito com a destruição do corpo físico.

 Há, no entanto, um progresso correspondente no Corpo Causal, que passa de vida para vida, acumulando-se a as aquisições de cada vida e tornando a alma um instrumento cada vez mais eficiente da Vida Divina.

O segundo método de desenvolvimento do Corpo Causal consiste, portanto, em tomarmos conta de nós mesmos e sistematicamente construirmos nosso caráter visando a uma perfeição global. Todas as qualidades como veracidade, coragem, humildade, que são mencionadas no Bhagvad-Gita e outras escrituras sagradas do mundo, devem fazer parte permanente de nosso caráter pela prática simultânea de meditação e exercício dessas qualidades em nossa vida diária.

 É um processo longo e cansativo, mas é trabalho que tem ser feito se a alude se destina a ser um instrumento adequado à Vida Divina, um centro pelo qual flui o Amor, o Poder e a Sabedoria de Deus.

 Quando o processo se completa o Corpo Causal é um resplandescente objeto para contemplar-se, um globo de glória deslumbrante do qual não poder ter uma idéia no plano físico. Assim são os Corpos Causais dos Mestres de Sabedoria, que atingiram a perfeição em relação aos mundos inferiores.

Outro fator muito importante no progresso do Corpo Causal é o desenvolvimento dos veículos Búdico e Átmico. O Corpo Causal cresce, de um lado, pelos impulsos vindos planos físico, astral e mental e, de outro lado, pelas forças espirituais, agindo sobre ele, e provenientes dos planos Búdico e Átmico.

O desenvolvimento espiritual do Ego, por conseguinte, enseja o mais poderoso dos impulsos para o crescimento desse corpo, realizando em poucas vidas o que outro modo levaria um tempo enorme. Tal como as funções dos corpos físico, astral e mental inferior não podem ser paradas em compartimentos estanques na vida da personalidade, assim as funções dos veículos Átmico, Búdico e Mental Superior não podem ser separados na vida da Individualidade.

 Quando a mente inferior á exercitada não é somente corpo mental inferior que progride. Seu instrumento no corpo físico — o cérebro — também progride simultaneamente. Da mesma maneira, quando os poderes de Átma e Buddhi começam a funcionar ativamente, o Corpo Causal, seu instrumento, se desenvolve simultaneamente.

É necessário lembrar que o Corpo Causal é semelhante a um espelho que pode refletir na mental inferior as verdades presentes na Mente Universal, e aquele que o tem o suficientemente desenvolvido e em comunicação com o corpo mental inferior, tem à sua disposição meios para entrar em contato, até certo ponto, com a Mente Universal.

 Esta é a faculdade que todos os estudantes sérios de Ocultismo devem tentar desenvolver se desejam ter em seu interior uma fonte de conhecimento ilimitado e verdadeiro, drenável sempre que necessário, e que os tornará independentes de todas as fontes externas de conhecimento.

É verdade que o contato direto com a Mente Universal só é possível pela prática da Ioga mais elevada quando então se pode operar conscientemente através do Corpo Causal. Mas, mesmo antes de atingido esse estágio, é possível a um estudante avançado, que pratique a meditação e tenha purificado e harmonizado sua mente, desenvolver a capacidade de se por em relação com a Mente Superior e, através dela, entrar em contato indireta e progressivamente com a Mente Universal.

 Quando isso acontece, o conhecimento em relação às realidades internas da vida começa a aparecer na mente do estudante, de diferentes maneiras que cumpre experimentar a fim de serem apreciadas.

 Nos planos espirituais mais elevados de Âtma-Buddhi-Manas o raio da consciência produz um centro de individualidade, mas neste centro o senso de individualidade é sobrepujado pela irresistível  consciência de unidade e íntima relação com a vida divina na qual esse centro tem raízes.

Ai se encontra o véu de Maya, mas bastante tênue para tornar possível ao Ego ver a Realidade que Maya encobre. Quando o raio da consciência divina desce ainda mais na matéria e opera através dos três corpos inferiores nos mundos físico, astral e mental, onde os véus da ilusão são espessos e de difícil trespasse, são perdidos o senso de unidade e a consciência de sua divina origem.

A constante associação e identificação da consciência com os três veículos desenvolve um falso senso de “eu”, que é, em essência, ‘a raiz da personalidade, o pino que mantém juntas todas as memórias e experiências num todo.

 Eis como o “eu” da personalidade, ainda que baseado no Ego e do Ego derivado, e no final das contas, originário da Mônada, funciona como uma entidade independente, esquecendo sua divina origem e o propósito de sua existência.

 Nos primeiros estágios da evolução isto não importa, pois nesses estágios todas as espécies de experiências são necessárias para a construção da rude individualidade e qualquer experiência de qualquer classe é boa bastante para servir de material de construção.

 Mas, nos últimos estágios, quando deve ser exercido o discernimento na seleção de experiências para o refinamento da individualidade e o despertar de sua unicidade divina e individual, e personalidade deve-se tornar serva do Eu Superior.

É certo que essa personalidade prisioneira da ilusão com seu egocentrismo não passa de uma entidade temporária destinada a se dissipar, a desaparecer, no fim da encarnação quando suas experiências tenham sido assimiladas no Mundo Celestial e sua essência transferida ao Ego; mas a maneira como isto funciona faz diferença no desenvolvimento da individualidade já nos estados avançados de evolução.

Vemos como de um Ego (Alma) nascem muitas personalidades, cada uma vivendo sua vida e enriquecendo o Ego com experiências até que o Ego esteja suficientemente desenvolvido para não mais necessitar de experiências ligadas aos mundos inferiores da ilusão. Cumpre, além disto, lembrar que cada personalidade não apenas deriva do Ego mas é também uma manifestação parcial do Ego; representa somente uma faceta desse Diamante que é a Alma. Por isso as diferentes encarnações da mesma alma não se assemelham, como seria de se esperar, considerando-se a íntima relação existente entre o Ego e suas personalidades.

 Em cada encarnação somente certos aspectos e faculdades do Ego aparecem, manifestam-se, as demais permanecem ocultas, latentes, para se expressarem em futuras encarnações.

 Em cada encarnação há lugar para um conjunto de circunstâncias determinadas pelo Karma e as necessidades evolutivas da alma. Estas circunstâncias confinam em estreitos limites o conjunto de qualidades que podem ser expressas na personalidade.

A raça na qual a alma nasce, a hereditariedade do corpo, as condições climáticas, o sexo do corpo físico, o Karma que ela gerou, as faculdades a serem desenvolvidas naquela encarnação, todos estes fatores contribuem para restringir a expressão do Ego. Somente um limitado número, entre as numerosas faculdades e qualidades já desenvolvidas, pode encontrar expressão em uma vida.

 Mas as diferentes personalidades que aparecem, uma após a outra, na vida mais vasta do Ego, provêem a necessária variedade de circunstâncias e oportunidades para o global desenvolvimento e o atingimento daquela perfeição que inclui todos os poderes e faculdades divinos. A natureza opera vagarosamente, mas seus métodos são seguros e seus propósitos executados com habilidade consumada e perseverança implacável.

A discussão da relação entre a personalidade e o Ego (Alma), ou entre o eu inferior e Eu Superior, não deve ser considerada como diversão ou matéria para mera discussão teórica. Por outro lado, uma clara compreensão dessa relação deve ser considerada como um dos requisitos para o início da difícil tarefa de desenvolver nossa natureza espiritual superior.

A evolução espiritual não pode ir longe enquanto não entendermos perfeitamente a relação entre o eu inferior e o Eu Superior e não conseguirmos ter a personalidade inferior sob o controle do Eu Superior.

 Para trazer a personalidade sob o controle do Eu Superior, nada ajuda tanto quanto a compreensão de seu caráter ilusório, evanescente.

Quando uma pessoa compreende realmente, e não apenas pensa superficialmente, que essa entidade que sente, pensa e age nos mundos inferiores e para cuja satisfação dá todo seu tempo e energia, não passa de coisa evanescente, criatura de vida curta que dará lugar a outra de natureza semelhante na próxima vida, nesse momento o fato se torna uma realidade e a pessoa não mais permanecerá indiferente a seus interesses elevados.

Por estarmos despercebidos, esquecidos, do duro e inflexível destino que persegue nosso eu inferior, permanecemos com satisfação neste mundo impermanente de ilusões. Logo que despertamos para este fato e a aparente solidez da fundação dessa fictícia realidade comece a ceder sob nossos pés, ficaremos transidos de medo e tristeza e começaremos a procurar algo de real e permanente, não de maneira descuidada e indiferente, mas com a seriedade de alguém que, em perigo de afogamento, se agarra a qualquer tábua.

É aí então que, coagidos e, à duras penas, abandonamos este navio condenado da personalidade e nos refugiamos em nosso Eu Superior que acreditamos — ainda não sabemos — ser imortal.

 Cada vez mais nos identificamos com o Eu Superior e nos dedicamos à tarefa de fazer da personalidade um instrumento, uma expressão do Eu Superior, até que o eu inferior seja completamente subjugado e transcendido e nós estejamos centrados na Vida Divina. É com essa disposição e com essa atitude mental que podemos empreender a tarefa do desenvolvimento da Mente Superior operando através do Corpo Causal.

A lei do crescimento, aplicável não somente ao mundo físico mas também aos mundos mais sutis, é: quando uma função é exercida progride, e este progresso na função é acompanhado por uma organização melhorada do veículo através do qual a função é desempenhada. A organização melhorada do veículo, por sua vez, permite exercícios mais variados da função, ‘de modo que vida e forma, progredindo lado a lado, forneçam à consciência um instrumento mais eficiente para sua expressão.

Esta é a lei fundamental do desenvolvimento e é básica para todos os métodos da Autocultura em todas as esferas da vida e em todos os planos.

Tomai um corpo físico fraco. Quanto mais exercício o corpo fizer mais a vida flui pelos músculos, ‘artérias e nervos; o corpo se torna mais forte, os músculos mais rijos e a capacidade para exercício e resistência cresce proporcionalmente.

 Tomai o corpo astral, o veículo das emoções e de desejos. Se verificais que ele é insensível e não responde a certas emoções, tais como amor e simpatia, colocai-vos em circunstâncias onde essas emoções sejam despertadas. Forçai o corpo a responder a essas emoções. Aos poucos, mais vida começa a fluir pelos novos canais que foram criados, a Constituição do corpo astral muda, torna-se mais refinada, e verificais que ele agora mais facilmente responde às emoções mais delicadas.

Tomai o corpo mental inferior. Se verificais que ele não está apto a pensar correta e coerentemente, começai por pensar concentrando-vos em diferentes tópicos. A prática será tediosa e cansativa no começo, porém à medida que mais e mais energia mental fluir pelo corpo mental, mais fácil se torna a tarefa e, aos poucos, aquilo que no principio era tedioso e cansativo poderá tornar-se um exercício agradável e fácil.

A circulação de energia no corpo mental vai aos poucos organizando o veículo, fazendo dele um melhor instrumento para o exercício dos poderes mentais, e assim prepara-o para exercer mais eficientemente sua função de pensar.

E, paralelamente, seus instrumentos no plano físico, o cérebro e o sistema cérebro-espinhal, também progredirão permitindo melhor expressão do pensamento na consciência física.

Todas as funções de todos os veículos da consciência progridem pelo exercício, quer visível quer invisível, e o Corpo Causal não é exceção à regra. Como vimos, uma das principais funções do Corpo Causal é servir de veículo do pensamento abstrato, donde se conclui que se queremos desenvolvê-lo, devemos exercitá-lo no pensamento abstrato.

 Muitas pessoas têm uma noção errada sobre o pensamento abstrato; e no momento em que a palavra “abstrato” é mencionada, começam a se sentir desconfortáveis e se imaginam passando por um processo obscuro e fatigante de pensamento abstruso e inaproveitável.

Isto por si mesmo indica que a função do Corpo Causal não está desenvolvida de maneira apropriada, necessitando, portanto, de atendimento, visto que qualquer função, suficientemente desenvolvida até tornar-se fácil, é sempre um prazer.

Se procuramos esquivar-nos de uma função é porque ou não aprendemos a exercê-la ou há algum defeito ou obstrução no veículo através do qual essa função é exercida. Fora disso o pensamento abstrato não é algo tedioso e difícil como é suposto pela maioria das pessoas.

Afinal, o que quer dizer isto? Em muitos casos significa a abstração (‘) da essência de um grande número de fatos agrupados para qualquer finalidade. É ir do particular para o geral, passamos por esse processo mental todos os dias cm nossas vidas, mas o fazemos inconscientemente, ineficiente- mente e de maneira não científica, não sendo, pois, de nenhuma utilidade ao nosso crescimento mental, pelo menos de modo apreciável.

 De fato é muito comum a tendência a generalizar, e nós, m maioria, generalizamos em conexão com nossas experiências diárias não sistematizadas e, muitas  vezes, insensatas.

Por exemplo: por uns dias como legume crus e estes não vão bem com meu estômago, talvez, devido a sua constituição um tanto fraco, concluo então que legumes crus não fazem bem à saúde, e saio por aí propagando a idéia de que legumes não devem ser comidos crus.

 O que de fato fiz foi uma tentativa de exercer minha faculdade de pensamento abstrato, mas desajeitadamente, baseado em dados insuficientes e sem usar meu senso comum. Na maior parte das vezes generalizamos dessa maneira ineficiente e rudimentar.

 Devemos aprender a fazê-lo científica, deliberadamente e sistematicamente. Assim, não só melhoraremos nossas mentes, mas também aumentaremos nossa eficiência na vida. Cumpre lembrar que a generalização é o primeiro passo no caminho de volta ao Um — do múltiplo para o Um.

 Isto no dá um adestramento preliminar na aquisição da visão sintética que vê o Um nos muitos. Verificamos, à medida que continuamos essa procura, que os princípios secundários da vida juntam-se como tributários de um rio caudaloso até que finalmente nos encontramos no Oceano da Existência — O Um.

Como podemos adestrar nossa Mente Superior para criai eficientemente o pensamento abstrato? Tomemos alguns exemplos simples para ilustrar o processo da aprendizagem.

 Suponhamos um círculo e interrompamos, de maneira irregular, sua circunferência num certo número de pequenos arcos. Se apagamos alguns desses arcos de maneira que restem somente pequenos pedaços da circunferência, qualquer pessoa conhecendo geometria poderá dizer que esses pedaço são partes de um círculo, ainda que seu total não seja visível. Por quê? Porque a forma e a posição desses arcos sugerem à mente o círculo do qual são parte.

 É claro que algumas pessoas estarão aptas a construir o círculo em suas mentes com uns poucos arcos, enquanto outras necessitarão dc maior número para chegar à conclusão, dependendo de sua inteligência e conhecimento.

 Algo análogo acontece quando um certo número de fragmentos, ordenados segundo um sistema, são classificados e a mente os considera visando a formular a relação existente entre eles. A função da mente superior estabelecer esta relação — evidenciar o conjunto do qual os fragmentos fazem parte — e projetar na consciência física a generalização, o princípio ou a lei que (engloba todos os detalhes num único e completo conjunto.
J.K. Taimni  - Autocultura à luz do ocultismo.




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