segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Signo de LIBRA Parte 3 - VÊNUS





LIBRA Parte 3
Vênus 
Postado por Dharmadhannya_el

"Libra/Libra ascendente pode tentar esse expediente por algum tempo, mas a função da sensação em geral a leva para outro relacionamento. Temos tendência a pensar em termos de "batalha dos sexos" desenrolando-se ao nosso redor em nosso mundo de dualidade em que opostos, como Masculino e Feminino, parecem chocar-se como címbalos ou pratos ruidosos.

 Para James Hillman é um clichê insidioso acreditar que as
mulheres são natural e automaticamente tipos sentimentais e que os homens nascem pensadores. E insidioso porque favorece a preguiça, e não propicia a integração da personalidade dos indivíduos de nenhum dos sexos. Como seres humanos, todos temos uma função do pensamento e uma função do sentimento a desenvolver.

Mas, por pensarmos em termos de opostos, muitas mulheres indolentes permitem que os homens desempenhem a função do pensamento por elas, enquanto elas alicerçam os valores da família a partir do sentimento.

 Os homens tomam as decisões do pensamento mundano ou, inversamente, deixam que suas mulheres e amantes  desempenhem inteiramente a função do sentimento, inclusive a da total responsabilidade pelo relacionamento.

 Os homens não precisam trabalhar esse aspecto, porque não se "espera que sejam tipos sentimentais". Eles também podem ser negligentes relativamente a desenvolver uma valorização das artes, um gosto pelo trajar, confiança em seu quadro de valores e em seus juízos de valor.

Hillman apresenta o exemplo de um casal que, no aspecto do relacionamento, cada uma das partes exerce as funções inferiores da outra, o que certamente se constitui num método fácil e muito comum, embora também seja dos mais inconscientes.

(É trabalho árduo tentar desenvolver a função inferior quando, afinal de contas, o cônjuge deveria de todo modo ser bom nisso.) Todavia, o caminho à plenitude exige que nos esforcemos. No exemplo de Hillman, a mulher leva o homem pelo braço a um concerto e a uma loja de roupas. Ela escolheu o concerto e irá também escolher o traje dele. Muitos de nós já vimos esse tipo de comportamento em lojas especializadas em artigos masculinos e em concertos.

Hillman não se aprofunda na formação básica do casal, astrologicamente. Mas um astrólogo pode identificar o arquétipo Venusiano/Libriano do gosto e do valor nessa situação concreta.

Primeiro ele se afigura o libriano como sendo a mulher, e o marido ou namorado como um programador de computador Virgem duplo. Ela parece Afrodite e ele tem a aparência do sr. Magoo. O lugar dela é junto a ambos esses ambientes de sentimento; talvez ela pareça uma consultora de maquilagem. Ela desenvolveu ou educou sua função do sentimento superior, que veio naturalmente com seu mapa natal. Ele desenvolveu sua função do pensamento, mas se apóia no julgamento dela.

O comportamento que revelam se nos parece apropriado. Eles pensam e sentem, Afrodite e seu Hermes de meia-idade e um tanto acomodado, um casal equilibrado.

Vamos, agora, inverter a situação, astrologicamente. Ele está com Sol em Libra – um comerciante de móveis. Seu passatempo predileto é a fotografia, mas não desenvolveu seu gosto ou sua função do sentimento. Ele é naturalmente bom com as pessoas e suas vendas vão bem; é um tipo sensível, com boa dose de habilidade inata. Ela agora é a programadora de computador duplamente Virgem que usa óculos trifocais; ela parece a Sra. Magoo! É um tipo pensante que desenvolveu sua função superior através de uma educação especializada. Ela é assinante da revista Computer Weekly e não se interessa por revistas de moda. Tudo na loja parece ser de grande valor.

Mais do que isso, é difícil para ela valorizar o que está ali. O seu Consumer Report não pode fornecer os dados sobre o gosto ou sobre os valores intangíveis que ela precisa nessa situação. Ela morde seu lábio inferior. A sociedade diz que ela deve ser competente nisso; afinal de contas, ela é uma mulher.

Ele é atraído por uma camisa de sombreado azul que parece assentar-lhe especialmente bem; ele sabe do que gosta, mas deixa a decisão final para ela. Quanto à questão de roupas, todos esperam que os homens façam exatamente isso. Mais tarde o casal vai ao concerto.

No caminho de casa, para certificar-se, ela lhe pergunta: "Foi bom, não? Espero que sim; foi bastante caro." Ele responde: "Bem, gostei", com total confiança no gosto dele.

Hillman aprofunda o esclarecimento que faz sobre a necessidade de desenvolvimento das funções superior e inferior, dando um exemplo da área de "sentimento" da música. Simples interesse pelas artes não prova que a pessoa está em contato com a função do sentimento. Os chefes dos campos de concentração nazistas admiravam entusiasticamente as óperas de Wagner, mas não estavam de nenhum modo em contato com suas funções do sentimento. E também nem todo artista irá desenvolver sua função do sentimento.

 Um artista pode ter conhecimento em áreas do pensamento como matemática, técnicas e estrutura, mas ainda estar trabalhando para desenvolver estilo, originalidade, forma. Não podemos generalizar sobre artistas e sobre a função do sentimento mais do que podemos generalizar sobre homens e mulheres.

Segundo Hillman, tendemos a ver a vida dualisticamente - a perceber o pensamento e o sentimento como funções rivais da psique que devem sempre opor-se uma à outra, como peças de
um jogo no campo da vida. Apesar disso, porém, elas são de fato duas pontas do mesmo eixo.

 (Em astrologia, isto também diz respeito a Áries/Libra, ou 1ª Casa / 7ª Casa.) Afirma Hillman que todos estamos orientados no sentido de abordar a vida a partir do pensamento ou do sentimento - de qualquer deles que se constituir na função superior. Podemos continuar indefinidamente a refinar essa função fora de equilíbrio com relação ao outro, se assim decidimos. Um tipo pensante pode sempre ler mais e mais seletivamente. Um tipo sentimental pode sempre aguçar seu gosto ou ampliar seus contatos sociais e artísticos, mas pode reservar pouco tempo para leitura; ou pode ler indiscriminadamente, escolhendo leituras fúteis.

 O pensador pode passar a vida com muito pouca confiança em seu gosto pela arte ou por pessoas, ou por seus juízos de valor. Se está deprimido, ele pode dizer, "Tenho estado neste estado de ânimo por muito tempo. É muita negatividade! Isto interfere nos meus objetivos e no meu trabalho.

"Mas ele pode não levar seus sentimentos suficientemente a sério de modo a perguntar, "Por que estou infeliz?". Por isso, ele pode continuar infeliz, mas consciente, enquanto o tipo sentimental continua cheio de energia. Assim, para uma personalidade equilibrada, inteira, feliz, é importante desenvolver e integrar ambas as funções.

 Todos poderíamos nos tornar plenos de energia e conscientes.
"E preciso estar casado para fazer isso?" Vamos supor que você não tenha nada em Libra ou na Sétima Casa, mas tenha um stellium de planetas na Primeira Casa ou em Áries. Para você, a resposta é "Provavelmente não.

" Pode ocorrer que você não se preocupe com o Outro, com o ajustamento social; você poderia sentir-se preso numa relação dependente; é como se você perdesse sua independência e recebesse muito pouco em troca. Mas para quase todos nós, o
casamento é um ótimo cadinho alquímico para a integração do Self com o outro, do pensamento com o sentimento, de idéias com valores.

 Entre meus clientes e amigos, há muitos com Sol em Áries/Áries ascendente que são magneticamente atraídos por pessoas com Sol em Libra/Libra ascendente nos negócios e também nos relacionamentos pessoais. Há também muitos indivíduos com stellium na 1ª Casa que são fascinados por librianos ou por pessoas com stellium na 7ª. Isto, porém, pode ser uma divisão das funções matrimoniais. "Você é a minha função pensante; eu vou me relacionar com o mundo externo em seu lugar, vou nutri-lo, etc."

Instintivamente, as pessoas tendem a mover-se na direção desse equilíbrio; pelo menos é o que parece. Muitos militares têm a tendência de atrair mulheres atraentes, Afrodites artísticas, muitas das quais literalmente possuem planetas librianos. Homens de Libra com uma natureza teórica ou artística também gravitam em torno de mulheres com planetas em Áries/Áries ascendente - mulheres autônomas, decididas, que organizam, administram e programam a vida para eles.

A tendência é que os casais abordem a integração da personalidade de um modo instintivo, inconsciente. Mas o trabalho interior pode também ser realizado se, à medida que nos damos conta com maior clareza de nossos padrões de comportamento, conscientemente decidimos desenvolver nossa função inferior e também aperfeiçoar e diferenciar a função natural ou superior.

Chegamos neste ponto a alguns mitos de Libra. Um é relativo ao julgamento, uma questão tipicamente libriana, e os outros se referem a dois príncipes que preferiram sentar-se à beira da estrada e avaliar sua situação em vez de lutar - Arjuna e Telêmaco. Eles preferiram observar a batalha como espectadores: "Sou impotente para agir. A batalha já está perdida, ou a situação se resolverá por si mesma sem minha participação.

" A dúvida é um problema endêmico para os signos Ar, contrariamente à polaridade Fogo, que, representada por Krishna ou Atena, impele à ação, a uma solução da dúvida - à coragem na adversidade; estimula para além de gostos e
rejeições, e por fim ao cumprimento do dever de guerreiro ou de  herói (exaltação dharmica de Saturno).

Marte (Ares), regente da polaridade, favorece Libra com
essas qualidades.

O mito do Julgamento de Paris pode ser encontrado nas obras Prolegomena de Jane Harrison, Occidental Mythology (pp. 158-159), de Joseph Campbell, e Astrology of Fate (pp. 223-225), de Liz Greene. O mito é sobre Libra, sobre decisões e também sobre o desejo libriano de agradar - de ser tudo para todos e não ofender ninguém.

Esotericamente, a mim ele quer significar que a busca de Libra é ir além do julgamento e da escolha em direção ao Amor Divino - Afrodite Celestial, Afrodite Urânia, amor ideal, amor puro.

O mito do julgamento envolvia um mortal, o Príncipe Paris, e três grandes deusas: Atena, Afrodite e Hera. Júpiter/Zeus, cujos caminhos são misteriosos aos homens, havia predeterminado que uma maçã dourada devia ser presenteada à deusa de maior merecimento. Hermes foi enviado com a maçã ao encontro de Paris, que estava pastoreando um rebanho de ovelhas.

A arte cerâmica, segundo estudos de Jane Harrison, mostra que Paris tentou fugir da escolha - a função de juiz - na
direção de Tróia. Ele queria voltar para casa e eximir-se da responsabilidade. Entretanto, Hermes o agarrou pelo punho e o posicionou na direção das deusas. Como Harrison e Campbell mencionam, elas não pareciam particularmente majestosas nos desenhos. (Você pode ver Paris e Hermes
reproduzidos no Occidental Mythology, página 161.)

Afrodite não parecia voluptuosa – pelo contrário, apresentava-se um tanto desalinhada. Na verdade, a versão da história feita por Liz Greene apresenta Paris primeiro tentando cortar a maçã em três pedaços, um para cada deusa,
como um libriano justo faria, mas Hermes não iria permitir isso. Zeus queria uma decisão, um julgamento. Paris, que desejava agradar, estava diante de um dilema - a escolha de qualquer das deusas atrairia contra ele a ira das outras duas.

Segundo algumas narrações, todas tentaram subornar Paris. Talvez até a intenção delas fosse presenteá-lo apenas por generosidade, ou quiçá Zeus quisesse que um mortal determinasse qual dos presentes seria o mais valioso - a bravura militar de Atena, o controle legítimo de toda a Ásia exercido por Hera, ou o de Afrodite. Paris tomou a decisão libriana - o amor; escolheu Afrodite. Hera e Atena, rejeitadas e vingativas, começaram a Guerra de Tróia.

 Ela indispuseram gregos contra troianos e troianos contra gregos, que, afinal, sentiam-se satisfeitos em lutar. Entretanto, a gota final que iniciou a conflagração foi o presente que Afrodite deu a Paris, uma perfeita, nobre, ideal e pura mulher casada - Helena.

Este mito contém em si vários temas do arquétipo libriano: o não querer tomar decisões, deixando em aberto todas as opções, e procurando não perder a amizade de nenhuma das deusas; o tema de que não fazer um julgamento adia o assumir a responsabilidade que se segue à decisão; o tema que, para Libra, à dúvida se segue o desalento, "O que vai acontecer se as coisas não forem bem?" Muitas vezes a fantasia de apaixonar-se por um amor impossível, uma pessoa casada, também aparece no padrão de vida de Libra.

Para Libra, como para todos nós, nem toda decisão trará um resultado positivo; precisamos decidir e esperar pelo melhor. No caso de Paris, ele e Helena permaneceram juntos por dezenove anos e tiveram três filhos. Ele e os meninos morreram na Guerra de Tróia, mas Helena, filha de
Zeus, foi devolvida aos gregos.

Seu povo a amava e a admirava mesmo depois da guerra e com ela chorava pelos seus sofrimentos.
A recepção que ela teve foi muito diferente daquela da Rainha e heroína indiana do final do épico Ramayana, Sita. Esta também é a história de um casal arquetípico, Rama, o rei, e sua mulher Sita. Sita, como Helena de Tróia, foi raptada, levada a uma terra estrangeira e mantida como prisioneira. No caso dos gregos houve o rompimento do vínculo entre o rei e a rainha; no caso indiano entre o rei e o povo. Para que o reino de Rama retornasse à unidade, o Feminino devia ser redimido.

Embora um rei heróico e corajoso (um ego forte) fosse necessário, a ênfase estava posta sobre a necessidade de religação com o Feminino. Assim, essas histórias são de tipos totalmente diferentes. As lutas de Ulisses, Rama e Menelau parecem ser mais pessoais, mais plenas de valor, mais intensas. Perder Helena ou Sita, ou para Ulisses perder Penélope, significava uma perda simbólica da anima, da alma, para o Rei e para o povo. Sem a adorável rainha, a alegria desapareceu do reino.

Assim, o povo hindu, para assegurar-se de que conservava seu ideal de feminilidade intacto, submeteu Sita a uma prova de fogo. Ela saiu da provação sã e salva; ela fora fiel a Rama e ao povo, ela era íntegra.

Em nossos tempos, quando o ideal do amor e da beleza parece menos nobre do que os ideais patriarcais, que são virtudes do pensamento, muitas mulheres acham difícil identificar-se com
heroínas como a rainha Sita ou Helena de Tróia. Elas querem ser sócias com direitos iguais. Hera, como esposa legítima de Zeus, a eterna sofredora mulher de um galanteador, não pode ser invocada.

E, todavia, a função de suporte da mulher, a função da 7ª Casa pela qual uma mulher ambiciosa ajuda seu marido a ter sucesso profissional e preenche as ambições dela através do
sucesso dele - o casamento de parceria em comum é ainda popular. Rosalyn Carter e Nancy Reagan são dois exemplos disso. A sra. Reagan fez uma quase arquetípica afirmação específica da 7ª Casa, citada em Goddesses in Everywoman: "Minha vida era incompleta até eu encontrar Ronnie.

" A busca da plenitude por meio do casamento é a busca da 7ª Casa. Esse equilíbrio de energia para a personalidade da Sétima Casa talvez incluísse não apenas deusas como Hera, Sita, e a romântica Afrodite, mas ainda a Deusa da Polaridade, a integração de Atena. Atena, como regente da 1ª Casa (Logos/Self), equilibra a Sétima Casa (Eros/Outro) porque representa a habilidade de lutar pela individualidade, de evitar de perder a própria identidade por uma fusão
dependente, um total entregar-se ao sentimento da ligação - pelo casamento - que é a 7ª Casa.

Atena é uma deusa que pode discriminar, assumir uma posição de destaque, agir de acordo com suas decisões, e expressar raiva de modo apropriado - diferentemente da raivosa Hera. Ela é uma versão mais inteligente (esotérica) de Ares/Marte. Afinal de contas, sua coruja representa a
sabedoria.

Os astrólogos hindus mencionam que Libra é o único signo do zodíaco cujo símbolo não respira. Os outros são pássaros ou animais, um homem e dois peixes -símbolos que respiram.

Mas para Libra temos a balança e o livro, dois objetos inanimados. Eles são símbolos tanto mentais quanto morais, mas não têm vida ou prana porque não podem respirar. "A letra da lei sem o espírito da lei é morta", poder-se-ia dizer em termos de interpretação. Ou poder-se-ia observar este
Curioso signo Ar como espectador ou observador da vida, que teme cometer erros e acumular carma ruim - o Arjuna ou o Telêmaco que sente que a sorte está contra ele e é acabrunhadora; por isso, por que lutar?

 Esta visão da vida como um conjunto de problemas éticos que não requerem atividade física para que sejam solucionados também não tem vida. É apenas na área do romance, quando estão apaixonados, que se sente que os planetas de Libra estão vivos; e nisso, naturalmente, pode
haver fantasia - um sonho impossível - um amor inacessível como a nobre Helena já unida a Menelau.

Penso que uma chave à falta de vida ou prana pode estar no fato de Thot, o juiz egípcio, ter escrito um Livro da Respiração - um livro de técnicas aparentemente esotéricas como as que os hindus chamam pranayama - manter a corrente interior, a força da vida em atividade.

 Para mim, pessoalmente, outra chave é o fato de que Libra, como outros signos, está localizada a 180 graus de um signo Fogo ativo, vivo, corajoso - Áries. Libra pode manifestar-se sobre a energia de Áries desse modo: "É impetuosa. É implacável na batalha. É temerária. É arrojada." Libra não tem como deixar de reconhecer a coragem, a decisão, a confiança e a vitalidade de Áries.

Há dois mitos, um da índia e outro da Odisséia grega, que parecem demonstrar a integração da polaridade Áries por figuras librianas arquetípicas. Seus Orientadores Divinos os impelem a praticar as usuais virtudes heróicas de Áries.

Entretanto, uma vez obtida a coragem heróica, a mesma é empregada na redenção do Feminino. O primeiro mito tem como personagem o herdeiro grego ao reino de ítaca -o jovem
Telêmaco. Seu pai, Ulisses, está desaparecido desde o fim da Guerra de Tróia, perdido entre mulheres mágicas - bruxas, sereias e outras. Ulisses tenta encontrar seu lar e sua mulher Penélope, sua parceira da 7ª Casa (o Outro), seu lado feminino. Telêmaco perdeu toda esperança efetiva de rever seu pai vivo. Senta-se abatido, vendo os cortejadores de sua mãe - homens altos, atléticos e fortes, hábeis no manejo das armas, nutrindo-se do alimento de sua mãe e vivendo no palácio de seu pai. Cheio de tristeza e dúvida, ele pensa, "O que posso fazer, jovem como sou, sem qualquer habilidade, inexperiente, um único garoto contra tantos? Eu simplesmente devo desistir. Como poderia lutar? E mesmo que tentasse, de que adiantaria com meu pai já morto? Que utilidade haveria nisso?"

A deusa Atena, a conselheira familiar, o espírito da sabedoria e da inspiração, decide ir a ítaca e infundir vida e coragem em Telêmaco. Ela se disfarça de estrangeiro, um viajante de nome Mentor, um homem "que conhecia Ulisses bem". Ela entra no palácio e diz a Telêmaco que seu pai está vivo nas ilhas e é exatamente por aí que ele pode começar a procurar Ulisses. Suas palavras são as seguintes:

" '...Concentre sua sagacidade e elabore um bom plano para matar esses parasitas, por astúcia ou por luta aberta. Na verdade, já passou o tempo de ficar brincando de criança; seus dias de infância foram-se. Você não ouviu falar do notável nome que Orestes, o jovem brilhante, construiu para si no mundo quando matou o traidor Egisto, que havia assassinado seu famoso pai?

Você também, meu caro jovem, nobre e belo como o vejo agora, seja forte, para que possa ter um nome honrado nos
lábios dos homens por muitas gerações... Após dizer isso, afastou-se como um pássaro, indo para o lanternim do telhado. No espírito do jovem ela deixou coragem e confiança e ele pensou em seu pai ainda mais do que antes. Ele compreendeu o significado de tudo, e estava admirado, porque acreditava que ela era um deus.

Voltou imediatamente para o bando grosseiro, mais parecendo um deus do que um homem."
The Odissey, Mentor Edition, páginas 17 e 18.2
Telêmaco pôde acreditar em si mesmo e resgatar sua mãe (seu feminino interior) com a ajuda de seu pai (seu lado masculino). Ao final da história também Ulisses recuperou não apenas sua coragem, mas ainda encontrou seu lado feminino, sua fiel Penélope. A Odisséia e o Gita são
histórias mais profundas, mais plenas de valor em comparação com muitas outras narrativas de heroísmo egóico.

Entretanto, minha história favorita sobre Libra procede do Bhagavad Gita Nas primeiras páginas dessa escritura hindu, encontramos um diálogo entre o Senhor Krishna, uma encarnação de Vishnu, e seu discípulo, príncipe Arjuna, o suposto herói. A história tem um nível esotérico e também dá uma ênfase mundana à assimilação da coragem e esperança de Áries. (O Gita é uma discussão de 200 páginas sobre ética em meio a uma ação mais ampla, o Mahabharata.) Krishna e
Arjuna recolheram-se no meio de um enfurecido campo de batalha para discutir práticas e valores de ioga.

Esotericamente, esse campo de batalha está dentro de todos nós. Ele se chama "Kurukshetra - o campo de batalha do coração". O Gita nos recomenda não desejarmos receber os
"frutos de nossos labores" nesta vida mas, ao invés disso, cumprir nosso dever com espírito de correção; afastarmo-nos dos gostos e rejeições mesquinhos; viver uma vida equilibrada; não comer nem demais nem de menos; e nem dormir muito nem pouco. Ainda, o iogue aprende a respirar – a controlar a força vital.

 "Oferece a inspiração à expiração e a expiração à inspiração." Essa ênfase posta sobre o pranayama é resquício do Livro da Respiração de Thot. Esse é um texto muito rico,
não apenas para os que participam do arquétipo de Libra, mas para todos nós.

No primeiro capítulo da história, Arjuna senta-se deprimido, depois de ter lançado distante seu arco e flechas, seus olhos cheios de lágrimas e compaixão por seus parentes, as forças
inimigas.

"Por que deveria eu matar meus parentes, e em assim fazendo, seus filhos e netos? Isso não me trará paz de espírito. Por que abatê-los nos alvores da vida? Mesmo que fosse para tornar-me Rei dos Três Mundos, e não apenas de um reino terrestre, o que ganharia eu? Que proveito terei com a morte de parentes?"

"Mulheres serão raptadas por soldados de uma casta inferior e disso resultará a mistura de sangue e a ruína da própria casta."

2. Em português, A Odisséia, Editora Cultrix, São Paulo. (N. do E.) “O que dizer se uma flecha perdida matar meu próprio venerado mestre de arco Drona, que aconselha meus primos? Isto seria uma grande desonra."

"O outro lado, os cem filhos de Dritherastra, são apenas ignorantes (Dritherastra significava 'cegueira') e não maus. Como posso trucidá-los - eles não fizeram mal algum."

"Meu arco arde em minhas mãos; abrirei meu peito ao inimigo; não lutarei."

Krishna responde à série de racionalizações de Arjuna com o argumento de que não há de fato morte no campo de batalha; é apenas a aparência da realidade - um jogo de sombras. Ele diz: "Como esta fraqueza tomou conta de ti? Donde brota tão inglória inquietação, vergonhosa ao bravo, obstruindo o caminho da virtude? Não, Arjuna!... Não te permitas ceder à fraqueza, se Marte é teu nome guerreiro. Lança para longe de ti tua disposição covarde. Acorda! Sê tu mesmo.
Levanta! Flagelo dos teus inimigos!

... Tu te atormentas onde tormento não deve haver. Falas palavras desprovidas de sabedoria. Porque o sábio de coração não pranteia os que vivem nem os que morrem... Tudo o que vive vive sempre. "A alma que com intensa e constante serenidade considera a tristeza e a alegria com indiferença vive a vida que não morre.
Aquele que diz, 'Veja, eu matei um homem', ou 'Veja, eu estou morto', esses dois não sabem nada. A vida não pode matar. A vida não está morta.

"Não deixes que a perda seja temida... fé; sim, um pouco de fé irá salvar-te da angústia do teu pavor. Busca a recompensa plena no agir de modo correto. Deixa que os atos corretos sejam teu impulso, não o fruto que deles provém. E vive em ação. Trabalha. Faz dos teus atos a tua piedade.

Põe de lado todo ego, rejeita o ganho e o mérito; uniforme no bem e no mal: uniformidade é Ioga, é piedade. ... Despreza os que praticam a virtude pela recompensa que oferece. A mente de devoção pura, mesmo aqui, não leva em conta nem os bons nem os maus atos, passando por cima deles.

Dedica-te à devoção pura: com a meditação perfeita vem o ato perfeito... e a ascensão justa. Isto é Ioga - isto é paz."
"The Song Celestial", Bhagavad Gita, Sir Edward Arnold, páginas 9-25 "Faz dos teus atos a tua piedade!" Há muita verdade esotérica na fusão do Fogo Áries e do Ar Libra - a reflexão ou meditação libriana com os atos de Áries, e a calma e equanimidade de Libra com a força e coragem de Áries.

 A fé otimista de Áries para modificar o medo de errar de
Libra - de ser injusto, ímprobo. Urano, o regente esotérico, também entra pela passagem. Urano representa o distanciamento dos pares de opostos - alegria e tristeza, vida e morte. Finalmente, Krishna insiste com Arjuna que se desapegue do desejo da recompensa da virtude ou do mérito -
que não se preocupe com relação a seus atos serem bons ou maus ou de ser premiado por eles - mas que simplesmente pratique suas ações como um verdadeiro guerreiro Kshatriya que conhece seu drama.

Muitas pessoas com Sol em Libra e Libra ascendente têm Netuno, um planeta romântico, particularmente idealista, em conjunção com eles. Essas pessoas estão "Apaixonadas pelo próprio amor", e muitas vezes têm dificuldades em encontrar um parceiro no mundo real que possa preencher suas expectativas. Elas procuram colocá-lo (a) num pedestal e este invariavelmente desmorona. Libra então se sente ferida e desapontada. Penso que as pessoas com Netuno forte em contatos de Libra com planetas natais ou com ângulos como a cúspide da Sétima Casa tirariam muito proveito com a leitura do livro We, de Robert Johnson.

Nesse valioso tratado, Johnson guia o leitor através da tradição do amor cortesão na Europa medieval e pelo mito romântico de Tristão e Isolda. Ele identifica duas Isoldas distintas: o amor humano de Tristão, a Isolda das Mãos Brancas. E a Isolda imperfeita por intermédio da qual ele experimentou grandes prazeres, sofrimentos e uma sensação de traição. A segunda Isolda, Isolda a Justa, é sua guia espiritual, a Isolda impessoal, divina. Como Afrodite na filosofia de Platão, ela representa o Amor Divino impessoal, o ideal perfeito da alma.

Considero importante que todos reflitamos sobre o arquétipo libriano, se temos ou não algum planeta libriano. Vivemos numa cultura que enfatiza o amor romântico como um ideal. Isto está no ar que nos rodeia. Todos temos Afrodite/Vênus em alguma casa em nosso horóscopo e Libra em (ou interceptado em) uma das cúspides de nossa Casa, também. Nessas casas lidamos não somente com o Bem, a Verdade e o Belo, mas com a intenção, o desejo e a ansiedade por calor e companhia. Nessa casa, se somos buscadores, também nos relacionamos com a aspiração espiritual.

Espiritualmente, associamos Libra, a balança (idealmente) equilibrada, com equilíbrio da mente, uma importante virtude do iogue, e também com a serenidade, a calma e a equanimidade.

Muitos librianos são alegres na adversidade, frios e recolhidos nos tempos de crise. Eles mantêm sua cabeça no lugar quando todos ao redor estão perdendo a sua. Este equilíbrio interior deve ser admirado e imitado, especialmente por aqueles cujo Marte os impele a reagirem descontroladamente ou com rapidez excessiva, fora de proporção em relação à situação.

 O capítulo II do Bhagavad Gita explica que mesmo que o guerreiro Kshatriya deva travar suas lutas no mundo exterior, ele deve agir a partir de um estado de paz interior. Tranqüilidade interior, porém, não significa que se possa sentar ao lado do campo de batalha da vida.

Urano é um planeta libertador, um planeta transpessoal. Ele eleva o ideal (Afrodite) ao nível do belo, do amor, da verdade e do valor universal. Como libriano esotérico, Mahatma Gandhi libertou seu país do domínio estrangeiro. Seu valor da não-violência, ahimsa, foi desenvolvido na África do Sul e na índia, onde sua coragem e fé foram testadas pelas autoridades políticas.

 Gandhi permaneceu fiel a seus princípios na adversidade e no final alcançou a vitória. Colocou seu ideal político à frente de seu próprio relacionamento pessoal com sua mulher; pôs em risco sua paz e harmonia no lar para alcançar um objetivo mais elevado. Seu esforço em integrar a polaridade da
coragem (Áries), em mostrar disposição de manter-se firme e enfrentar o inimigo, de agir com decisão, de acreditar em si mesmo e em seu dever são uma inspiração para todos nós, qualquer que seja nosso nível de sintonia em Libra,
Vênus/Afrodite ou Urano.

A progressão de trinta anos através de Escorpião é uma passagem do Ar luminoso, alegre, para a Água profunda. Uma palavra de cautela ao leitor de Libra/Libra ascendente que está entrando em Escorpião agora: Agarre-se ao seu senso de humor. É de um a dois anos aproximadamente o tempo necessário para acostumar-se à nova energia, intensa, ardente e importante. Se o Sol em progressão entra em conjunção com Mercúrio natal em Escorpião ou se
Mercúrio libriano natal entra em Escorpião, Libra tem possibilidade de sentir uma premência a dedicar-se a algo prático de um modo atento e disciplinado. Para muitos librianos, especialmente para aqueles com nível baixo em Terra, esse ciclo prático pode parecer muito estranho.

"Isto não se parece comigo", diz o libriano cuja formação universitária deu-se num campo exótico como matemática pura, lingüística, belas artes, ou teoria política ou econômica.

"Estou pensando em cursar contabilidade tributária; vejo a possibilidade de tornar-me um corretor de investimentos."
As mulheres librianas, aquelas verdadeiras Afrodites que se deliciaram em ficar em casa arranjando flores, decorando, passando o tempo e que no domingo se arriscam a tocar órgão na igreja ou a fazer arranjos de flores, podem também tornar-se práticas.

Continua LIBRA Parte 4 - Postado por Dharmadhannya_el

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