quinta-feira, 12 de julho de 2012

O encontro com o Sagrado com a Alma.



                                                          
                         O encontro com o Sagrado com a Alma.

A experiência com o Sagrado acontece em todas as religiões,significa o encontro com o Self, ou com Alma, Espírito, A Deusa ou o Deus interior, o Anjo Protetor...

Quando compreendemos que nossa mente é o espelho microcósmico da mente do Pensador Macrocósmico, que a consciência da Unidade  acontece quando a Alma se une ao Espírito (Self), seu verdadeiro Ser na Unidade; e que esta realidade acontece  em nosso mundo interno através da religação à  essência divina, com o nosso parceiro interior (animus ou anima) e da integração da nossa Sombra é possível ultrapassar os limites do tempo e do espaço.

 Pesquisei e resumi este texto de Cavalcanti Raissa porque ela nos fala de maneira clara da experiência do Sagrado.

"O Caminho do Sagrado"
RAISSA CAVALCANTI

Richard Bucke, define o sagrado como uma experiência essencialmente interna, alcançada através da alteração do estado de consciência ordinária. De acordo com Bucke, o homem pode perceber o sagrado porque ele possui a possibilidade de entrar em um estado de consciência raro e extra— ordinário, altamente intensificado, que transcende os limites da consciência ordinária A esse estado chamou de “Consciência Cósmica”, e nesse estado o indivíduo pode perceber o cosmo como uma presença viva, divina e sagrada.

A experiência do sagrado é difícil de ser comunicada porque esta se revela a partir do aguçamento ou expansão repentina da percepção e quase sempre corresponde à mudança de nível de consciência.

A consciência momentaneamente ampliada pode alcançar níveis muito altos e sutis da realidade sempre presente, mas escondida pela limitação da percepção. A vivência do sagrado sempre implica a revelação do Espírito, do Self, do numinoso, aparentemente oculto, mas que aparece repentinamente trazendo uma nova compreensão e um novo significado para aquele que o experimenta.

Para definir o sagrado, como uma experiência de revelação interna, é importante e necessário se aceitar a existência de diferentes níveis de consciência, se admitir a possibilidade do indivíduo ter acesso a esses estados mais elevados de consciência.

 E também, é imprescindível se aceitar a realidade de um princípio espiritual e divino com o qual o indivíduo pode ter contato.

A Psicologia junguiana, com a noção de Self, a Psicologia transpessoaI, com o postulado da hierarquia dos níveis de consciência, e a Psicologia sagrada, com as suas técnicas específicas que promovem a entrada nesses estados mais elevados da consciência, comungam dessa mesma concepção.

E, por isso, estão atualmente mais bem instrumentalizadas para oferecer uma definição científica da experiência do sagrado como a abertura da consciência para a vivência do numinoso e do estado de totalidade.

Para Jung, o homem podia perceber o sagrado através da unificação e da integração dos opostos, pois este levava a superação das limitações da consciência do ego, ao alcance de um nível de consciência maior, ao Self e à aquisição da verdadeira natureza divina do homem.


 Nesse processo, o indivíduo torna-se inteiro e pode ter acesso à experiência cio sagrado. Conforme Jung, o “Principium lndividuationis” é inerente à natureza humana e impele o indivíduo a buscar a evolução, a totalidade e a ligação com Deus. A revelação cio Self, e a afirmação feita por Jung, da possibilidade de manter contato com esse Centro interno divino, constituíram-se numa revolução dentro da Psicologia ocidental.

Os terapeutas que trabalham nesse campo de experiência observam que a vivência da dimensão do sagrado opera uma transformação profunda na percepção e na forma de relação com o mundo. Uma única experiência transpessoal ou sagrada pode mudar a visão do indivíduo que a experimentou e levar a uma profunda mudança interior e de relação com o outro.

Sempre que alguém passa por tinia vivência numinosa adquire a capacidade dc acesso à cosmovisão sagrada. E quando o indivíduo chega a alcançar uni certo nível dc consciência espiritual, qualquer lugar, interno ou externo, ou qualquer objeto pode revelar repentinamente a qualidade sagrada e remeter a um significado profundo.

Portanto, existe um diferencial absoluto entre os dois modos de percepção, a sagrada e a profana. A percepção profana pertence ao estado dc consciência ordinária comum, do ego, que vê as coisas separadas e sem nenhuma ligação significativa entre si.

A percepção do sagrado, envolve uma consciência altamente ampliada, que abrange desde estados intuitivos, até estados paranormais e místicos, e que vê a ligação significativa entre todas as coisas e a Totalidade existente no universo.

Jean Houston diz que o sagrado se define por experiências que proporcionam ou possuem as seguintes características:

1. Indescritibilidade, pois a experiência — que se distingue totalmente do cotidiano e do ordinário — não pode ser verbalmente descrita com facilidade;
2. introvisão Profunda — aumento instantâneo da Compreensão sobre um determinado assunto;
3. Alteração a percepção do espaço e do tempo;
4. Sentimento  de totalidade percepção da unidade, da interligação e do sentido de todas as coisas;
. Sentimento de amor por si mesmo, pelo outro e pela vida;
6. Sentimento interior dc paz e harmonia.

O retorno à visão sagrada é o retorno à consciência da totalidade, que permite perceber a interconexão entre o amor, a beleza e a harmonia mia qual tudo está imerso. A visão sagrada é bela e amorosa porque une tudo em uma Totalidade e acrescenta o significado emocional e transcendente.

No Bhagavad Gita, a etapa final da realização iniciática é vista como a suprema participação amorosa com a divindade.

O “Bhakti” é o momento cm que o iniciado se funde à divindade.
O Bhakti-Yoga é o caminho iniciático do coração, do amor à divindade, ao Self e da busca de comunhão com Deus. Somente o amor  como sentimento  religioso é capaz de ligar o que está separado e levar à experiência dia transcendência, do sagrado, e assim a vida adquire beleza e sentido.

O verdadeiro amor provoca o encontro de almas e se constitui em um meio poderoso de transcendência, do sagrado, e assim a vida adquire beleza e sentido. Por isso, quando a pessoas estão apaixonadas elas podem penetrar na dimensão do sagrado, pois o vínculo que se estabelece entre as almas elimina o nível egóico e cria o veículo para a entrada do Self.
Através da vivência do amor humano se cria uma  abertura para a entrada no coração, para a experiência do amor sagrado, do bem amado interno é o motivo principal

 No amor há uma expansão da consciência para o contato com as imagens internas, e por isso é possível uma abertura para as imagens internas sagradas.

Para o homem que possui visão unificada, que é sagrada e espiritual, seja ele artista ou místico, a vida apresenta uma qualidade sacra e um sentido transcendente;

e para o homem não espiritual, que se guia segundo o ponto de vista do ego, a vida não tem nenhum significado maior, além do factual, da luta pela sobrevivência, da busca das necessidades físicas e das satisfações sensoriais e materiais. A descoberta do espaço santo interno anuncia o prelúdio da cura mais profunda do  estado de separação e de isolamento psíquico.

A percepção cio ego é de caráter profano e a percepção do sagrado é mediada pelo Self. O ego sempre apresenta pontos dc vista e motivações profanas, pois tem necessidades fortes dc segurança, estabilidade, auto-afirmação e posse, provenientes de sentimentos de fragilidade, medo e inferioridade.

 São esses sentimentos que levam o indivíduo a direcionar a visão para a busca neurótica de segurança e para a satisfação das necessidades e se tornar cego para a realidade sagrada. Essa forma de perceber mantém o homem iludido, aderido ao inundo concreto e i mediato, e esta visão Se opõe à visão do Self.

O homem profano que se guia pelo ego se sente separado e profundamente inseguro num mundo ameaçador. O medo conserva o estado de separação e o mantém apegado e fixado no desejo de segurança e de posse.

O espaço—tempo sagrado é o lugar interno onde se dá a irrupção da dimensão sagrada da consciência, de uma hierofania ou de uma revelação do Self e que leva à transformação significativa cio indivíduo e à cura das feridas.

A vivência do espaço sagrado corresponde a uma iniciação, pois pode promover a abertura da consciência para uni nível mais alto, atualizando o desejo de comunicação com o Self  e a necessidade de ruptura com o modo anterior profano de ser. A criação ou reatualização do espaço e do tempo sagrado interno é necessária para a ampliação da percepção, e, dessa forma, se constela na alma a oportunidade para o encontro com a dimensão divina do Self.

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