terça-feira, 6 de março de 2012

O que é Centro Sutil ou Chakra?

                                                             


O que é Centro Sutil ou Chakra?
 Patrick Paul
Pesquisado por dharmadhannya

A palavra chakra aparece tradicionalmente na Hatha Ioga Tântrica; portanto, no hinduísmo e conseqüentemente no budismo. Inicialmente é preciso frisar que o termo chakra corresponde antes de mais nada, a práticas interiores.

A maioria dos indivíduos que utilizam ou falam sobre práticas de “abertura dos chakras”não têm um conhecimento real do que elas significam..

 Gostaria, inicialmente, de situar meu caminho. Como o esoterismo é sempre o mesmo, seja qual for o país ou a Tradição, e como estou ligado à experiência esotérica e unificadora, sinto-me habilitado a abordar esse assunto. E importante compreender que o variável é o exoterismo, ou seja, as formas e as linguagens utilizadas por uma ou outra Tradição. Essa multiplicidade de formas e vias, no entanto, conduzem sempre à unidade essencial do ser.

Neste trabalho proporei uma reflexão sobre os conceitos hindus, apoiando-me tanto quanto possível nos textos tradicionais. Estabelecerei também um paralelo desses mesmos conceitos com seus equivalentes no Hermetismo ocidental, pois vê-los através da Tradição ocidental, facilitará nossa compreensão. Para entrarmos no campo do hinduísmo seria necessário estarmos impregnados de um inconsciente coletivo específico e de uma mitologia que não são nossos.

Nesta introdução gostaria também de comentar o que representa a Hatha Ioga Tântrica. Em geral, o termo tôntrico subentende uma conotação sexual e é usado como sinônimo de Kundalini Ioga. Ao estudarmos a kundalini neste trabalho, vocês poderão compreender por que esse paralelo pode ser estabelecido. Antes, porém, vamos entender o termo Ioga.

Ioga etimologicamente significa união, mas não se refere a uma união sexual, e sim a uma união consigo mesmo, com o princípio que tnos anima. Seu equivalente na prática tântrica budista chama-se Vajra-rupa-ruia e significa “o mistério do diamante - raio do coração”.

A Ioga repousa sobre o conhecimento dos diferentes corpos que nos constituem: o Material, o Sutil e o Causal, que mantêm correspondência entre o macro e o microcosmo e cujos centros ou chakras respectivos têm, entre si, uma relação analógica.

 Podemos dizer, então, que há sete chakras em cada corpo, mas é evidente que esta colocação deve ser entendida de modo simbólico e não literal. Daí a importância do trabalho sobre o simbolismo no campo iniciático.

Na verdade os chakras não designam centros orgânicos corporais específicos, mas modalidades de existência, estados de ser particulares, ou seja, níveis específicos de consciência.

Cada corpo tem uma tônica geral, que cada centro irá modular numa espécie de modelo holográfico. Analogicamente pode-se, então, afirmar que há sete níveis específicos de consciência na vida física, “desperta”,

sete níveis de consciência no corpo Sutil, isto é, na vida de sonho (num trabalho que realizamos sobre os sonhos, vimos que uma das chaves de sua interpretação é definir a assinatura, o nível de consciência e a morada específica do sonho);

 e sete níveis de consciência no corpo Causal, equivalente ao corpo de ressurreição ou glorioso, que se refere ao sono profundo.

O fato de estarmos despertos na vida física,  ou sonhando,  ou em sono profundo, demonstra a possibilidade de três experiências diferentes.

 As experiências de estados de vigília ou de sonho nos são bastante acessíveis; porém, as ligadas ao sono profundo são inapreensíveis, uma vez que correspondem a experiências livres de formas físicas ou psíquicas.

Uma pessoa normal conhece apenas a experiência concreta e sensível da vida física, e o subconsciente e o inconsciente, enquanto vida psíquica.

O supraconsciente, porém, relacionado ao sono profundo não é conhecido, o que impede a transcendência. Pode-se, então, dizer que as práticas interiores propõem vias de descondicionamento para ultrapassar as barreiras e ter acesso às experiências dos vários níveis interiores.

1. OS CENTROS SUTIS NAS DIVERSAS TRADIÇÕES
A Yoga estabelece correspondências analógicas entre os vários corpos e entre o micro e q macrocosmo. Igualmente, na Tradição ‘judaica, uma das frases mais importantes do Talmud é “Observa o visível e descobrirás o invisível”.

 Em outra palavras, a observação do macrocosmo, isto é, do universo a nossa volta, nos permitirá encontrar o microcosmo, o universo interior. O que dificulta essa compreensão é que o macro e o microcosmo estão numa relação de inversão. A realização interior consiste em quebrar essa relação-espelho para que ambos sejam apenas um e o homem se torne realmente Homem Cósmico.

Devido à relação analógica entre o macro e o microcosmo, podemos concluir que, se há quatro elementos e sete forças animadoras que estruturam o mundo visível, elas também estarão presentes em nossa própria estrutura. A cada chakra, portanto, poderá ser atribuído um elemento e um planeta.

Chakra etimologicamente significa roda, mas também é chamado de Padma que significa lótus. O chakra pertence tanto ao plano Sutil do ser quanto ao plano material. Há, pois, uma correspondência entre o corpo físico e os campos sutis do ser.

Devido a essa correspondência, podemos dizer que o próprio corpo físico é de certo modo constituído de três corpos. Analogicamente há o corpo físico do corpo físico, que é o sistema ósseo (a parte mais material do corpo) e o conjunto de todos os músculos e ligamentos; o segundo corpo, análogo ao corpo Sutil, é o sistema sanguíneo; o terceiro corpo, análogo ao corpo Causal, é o sistema nervoso.

Nessa relação entre os corpos, há dados muito importantes a serem compreendidos. No que diz respeito ao mistério do corpo físico, por exemplo, qual é o significado da afirmação de que os ossos de Jesus não foram quebrados na crucificação?

Quanto ao corpo Sutil, diz-se na Cavalaria que se trata de um mistério do sangue e que devemos transformar o sangue vermelho em verde ou azul.

 (Nas sociedades antigas usava-se a mesma palavra para o verde e o azul). Podemos entender, então, que devemos transformar o sangue 1comum em sangue Real, como o encontrado no cálice do Graal. Quanto aos mistérios do sistema nervoso, a parte mais íntima de nós mesmos, precisamos compreender sua associação com o corpo Causal. Advém daí a importância da abstração.

Num paralelo com a energética chinesa, usando ‘uma imagem, poderíamos considerar o corpo físico como, o corpo dos cinco movimentos, dos cinco órgãos, das cinco funções orgânicas; o corpo Sutil seria o yin e o corpo Causal, o sistema nervoso, seria o yang.

O todo compreenderia o yin-yang e os cinco movimentos. Reencontramos o mesmo paralelo na Ioga. Os equivalentes aos cinco movimentos são os cinco chakras de base e, em correspondência ao yin e ao yang, há duas correntes particulares, uma negativa chamada Ida e a outra positiva chamada Pingala.

 Essas duas correntes são associadas também ao prana e a apana.

 Ida equivale ao aspecto lunar e Pingala ao aspecto solar.

 Essas correntes encontram-se em oposição no ser e será necessário unificá-las.
O aspecto mais sutil, yang, está ligado a Pingala e ao prana e é um movimento de subida.

 O movimento contrário, de descida, tem ressonância lunar, e está ligado a Ida e a apana.

 A Tradição frequentemente relaciona prana à respiração e apana à secreção.

Ida e Pingala são consideradas duas artérias e há também uma terceira denominada Sushumna. O termo artéria não deve ser compreendido apenas em sua definição científica clássica. Se levássemos em conta apenas esse ponto de vista, afirmaríamos que os meridianos da acupuntura e os chakras não existem, pois não são encontrados no corpo.

Seria um raciocínio extremamente simplista, justamente o inverso do espírito tradicional, que utiliza imagens físicas para auxiliar a compreensão de experiências interiores não ligadas à percepção física.

Os textos tradicionais contêm muitos outros níveis além do meramente formal ao qual estamos habituados. No caso de Ida e Pingala, estão também associadas ao ritmo, ao espaço e ao tempo. O ritmo é um movimento desenvolvido no espaço, portanto, ritmo e espaço guardam estreita relação. O ritmo também é uma alternância, uma simplicidade que se desenvolve no tempo.

 Na relação de temporalidade, Ida refere-se à Lua, ao olho esquerdo e ao passado,
 e Pingala, ao Sol, ao olho direito e ao futuro.

A finalidade da unificação dessas duas correntes, também denominadas yin e yang, é a de estabelecer a unidade simbolizada pela abertura do centro Frontal.

O olho frontal aberto significa que o ser está liberto do tempo, venceu o passado e o futuro e vive num presente que é totalmente inapreensível, sob o ponto de vista da Manifestação, uma vez que está ligado à destruição de todas as formas.

Entendam que a primeira forma a ser destruída é evidentemente a nossa, aquela que chamamos de individualidade. A abertura do centro Frontal está intimamente associada à destruição da individualidade.

Os textos tradicionais dizem que, nessa abertura, Ida e Pingala são devoradas pela força unificadora, simbolizada pelo canal central, Sushumna. Essa abertura está igualmente vinculada à destruição do tempo. A força de Sushumna só se tomará efetiva quando a kundalini for desperta.

A kundalini, também chamada de poder da serpente, corresponde à força de condicionamento astral que se reveste de muitas peles. Podemos desde já estabelecer um paralelo entre o que a Tradição hindu chama de kundalini e o que nossa Tradição ocidental chama de Eros.

A imagem da serpente é muito interessante; primeiro, porque tem uma língua bífida (notem aí a relação com Ida e Pingala) e, segundo, porque a serpente muda de pele (o que simboliza nossas mudanças de pele, ou seja, nosso aprisionamento à roda dos renascimentos).

Por um certo número de razões, essa força é tida como adormecida, ao menos durante longo tempo. Aliás, kundalini etimologicamente significa “estar em forma de bola”, “estar enrolado”, “não estar desenvolvido”, “estar no sono”.
Portanto, o princípio de base, é que há de fato uma força, mas que se encontra adormecida. Talvez estejamos despertos pelo fato de ela estar adormecida, pois há uma relação de espelho entre os mundos interiores e o plano físico. Aliás, quando ocorreu a Queda, Adão encontrava-se adormecido.

A força da kundalini situa-se bem na base da coluna vertebral, no centro Basal, e os textos tradicionais budistas afirmam que, enquanto estiver adormecida, a vida se desenvolverá sob o diapasão do samsara, de maya, da ilusão. Freqüentemente o termo ilusão  é malcompreendido.

 Essa palavra não significa ilusório no sentido comum do termo, pois quando alcançarmos o centro de nós mesmos e ocorrer a liberação do samsara, compreenderemos que a única coisa não-ilusória é aquilo que é fixo, imutável, eterno.

Nesse sentido, nosso corpo e nossa individualidade são ilusórios, uma vez que são formas transitórias.

É interessante notar que os textos tradicionais localizam a kundalini no centro Basal, mas afirmam que Ida e Pingala partem do centro Sacral e desenrolam-se até o Frontal. Notem, portanto, que essas duas artérias não pertencem aos centros Basal e Coronário.

 Como o centro Frontal é sobretudo a expressão da reunião, ou seja, é o terceiro olho em relação aos dois outros, Ida e Pingala não podem pertencer de fato a esse centro. Entre o centro Sacral e o Frontal ocorre o desenrolar serpentino de Ida e Pingala, que se entrecruzam ou se entrelaçam cinco vezes ao longo da coluna vertebral.
Chakras:
Frontal
Laríngeo
Cardíaco
Umbilical
Sacral
 Basal

Ida, Pingala e Sushumna podem ser representadas por três serpentes, três dragões a serem vencidos. Esse símbolo também pode ser encontrado na lenda do Graal, quando menciona o nome do pai do rei Arthur, Utherpendragon, que etimologicamente quer dizer três cabeças de dragão. Esse mito começa com Utherpendragon e irá realizar-se com a Busca do Graal.

 Na Tradição ocidental, o Graal é a esmeralda que caiu da testa de Lúcifer. Essa mesma pedra frontal é chamada na Tradição oriental de “olho de Shiva” ou “olho do Cíclope”.

Portanto, a questão que deve ser colocada no mistério do Graal ou do centro Frontal é “Como as duas correntes, solar e lunar, podem ser unificadas?”

É muito interessante constatar que a relação entre o micro e o macrocosmo e a união dos aspectos solar e lunar, chamada na Tradição hindu de “união entre Shiva e Shakti”, refiram-se ao mesmo processo cósmico.

 Trata-se da mesma dinâmica da relação Sol-Lua. Quando o centro Frontal começa a ser dinamizado, os momentos de contato interior são frequentemente associados à conjunção solilunar, isto é, à fase da lua nova. Aconselho-os, portanto, a prestarem atenção a seus sonhos nos momentos próximos da lua nova.
Para se atingir a conjunção solilunar precisamos ultrapassar as visões parciais representadas pelos outros chakras. A Ioga, nesse sentido, é essencialmente um processo de regeneração do elemento Shakti, isto é, do elemento feminino, pois Shiva, o elemento masculino, está fora da manifestação. Para que a regeneração de Shakti ocorra, devemos subir todos os chakras até o centro Frontal. Considerem esse processo como uma fase ascendente de liberação que, se opõe à Queda, fase descendente e condicionante.

A finalidade do processo ascensional não é atingir o sexto centro, o Frontal, mas o sétimo, que está fora do corpo, acima da cabeça. Isso é muito bem representado pela união suprema entre Shiva e Shakti na não-dualidade, além de toda manifestação.

 O processo acima descrito corresponde a experiências vividas e não apenas simbólicas no sentido de uma reflexão abstrata. O próprio fato de o centro Coronário localizar-se fora do corpo, demonstra que o verdadeiro desafio desse processo não se refere apenas ao corpo físico, mas a algo que o ultrapassa e é muito mais sutil.

 Nas seis primeiras etapas, entretanto, esse processo repousa ainda sobre o corpo físico.
Essa constatação nos é apresentada na Epístola de São Paulo aos Coríntios (1 Cor. 15:35-57), quando fala do corpo de ressurreição.

Trata-se de certa maneira do corpo físico, mas, ao mesmo tempo, não é um corpo físico e sim espiritual. Isso pode ser facilmente compreendido quando se realiza a experiência interior, mas se toma de difícil compreensão quando não a realizamos. O fato de a dificuldade de compreensão existir, não significa, porém, que a experiência não seja real.

Os cinco primeiros chakras, partindo de baixo para cima, são tradicionalmente associados aos cinco elementos na seguinte ordem:
terra, água, fogo, ar e quintessência.

 O sexto chakra constitui um outro nível de quintessência que corresponde à aquisição de poderes intelectuais específicos chamados pela Tradição oriental de Buddhi.

Essa palavra tem a mesma raiz do termo Buda e corresponde ao planeta Mercúrio, o que pode significar que esse nível está associado nu contexto hermético. O nível de Buddhi, a intuição intelectual, integra a capacidade de conhecimento ao mesmo tempo supra-racional e supra-individual.

Na passagem entre o sexto e o sétimo chakra ocorre a coroação do ser, como o próprio nome do centro Coronário indica, proporcionando um nível de conhecimento total de ordem extra temporal e extra-individual, que qualificaríamos de “estado superior do ser”.
Estranhamente, para atingirmos os estados superiores, precisamos ir aos estados inferiores. Etimologicamente, a palavra inferno advém do latim inferus, ou seja, estados inferiores do ser. Isso quer dizer que para subir precisamos quebrar as forças de descida. Em outras palavras, temos de encontrar as forças de descida, ou seja, descermos em nós mesmos, se quisermos subir. Só poderá haver liberação do ser à medida que aceitarmos descer em nosso próprio inferno.

 A regeneração psíquica ligada ao centro Frontal, também denominada Primeira Ressurreição ou Segundo Nascimento, só poderá ocorrer quando houver essa descida. Precisamos morrer e descer aos infernos para podermos renascer no céu, na dimensão celeste, nos estados superiores de nós mesmos.

Só é possível realizar ‘um trabalho de vontade pessoal, uma ação terapêutica, sobre os cinco primeiros níveis ou chakras. A abertura do centro Frontal está evidentemente ligada à graça espiritual; tratasse de algo que nos é dado e não pode ser conquistado pela vontade.

As fases elementares ligadas aos cinco primeiros chakras, isto é, à terra, à água, ao fogo, ao ar e à quintessência, representam etapas de purificação através dos elementos e são encontradas na maioria dos rituais iniciáticos e religiosos. Por exemplo, fechar alguém numa gruta, batizar com água ou fogo, são símbolos de purificação, mas ainda correspondem aos elementos que constroem a forma.

 Os dois últimos níveis, o Frontal e o Coronário, correspondem a níveis de iniciação sem forma e são extremamente diferentes dos cinco primeiros. O centro Frontal, portanto, é a chave essencial da passagem entre o estado formal e o informal.

O caminho espiritual visto em seis etapas e coroado por uma sétima, que na Tradição hindu se expressa através dos chakras é, na verdade, universal. No cristianismo, São João da Cruz fala da Subida do Carmelo e Santa Teresa de Avila, das Sete Moradas do Castelo Interior.

 O Apocalipse de São João cita sete igrejas e sete selos; a Cavalaria e a Busca do Graal mencionam sete cavaleiros principais. O judaísmo descreve, no livro do Gênesis, os seis dias mais um da Criação e no livro de Isaías (6:2), os Serafins de seis asas ao redor do Trono de Deus.

O Zohar fala de sete palácios. Na visão sufi, a ascensão se realiza através de sete céus. A astrologia menciona os sete níveis da hierarquia planetária e a alquimia, a transmutação de sete metais. Todas essas imagens, e muitas outras que deixo de mencionar, indicam o mesmo caminho de transformação.

Se soubermos compreender a Tradição taoísta, veremos que esse mesmo caminho é chamado de inversão do yin e da pequena órbita microcósmica.

Compreendam, portanto, que ao tratarmos dos chakras estaremos nos referindo a uma certa prática, paralela a uma série de outras possíveis. Quem se refere aos chakras como algo único, absolutamente extraordinário, mostra sua ignorância.

Outro ponto importante a compreender diz respeito às transformações espirituais. Ao contrário do que a maioria dos cientistas e psicólogos afirmam atualmente, elas não são aquisições psíquicas, mas estritamente o inverso, uma vez que pedem uma morte psíquica e, portanto, uma sucessão de descondicionamentos que abrem a consciência a uma realidade não-formal e supra-individual.

Há uma parábola nos Evangelhos que diz que nada será dado aos sábios e entendidos e só os simples podem ascender ao reino celeste: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e doutores, e as revelaste aos pequeninos” (Mat. 11 :25). Podemos dizer, então, que cada abertura de chakra corresponde a um modo de descondicionamento particular e, ao mesmo tempo, a um modo particular de conhecimento.

 De forma muito simples é possível dizer que, quando o centro Basal está aberto, o ser geralmente está bem integrado à natureza exterior. Ele experimenta a observação da natureza e, portanto, está bem integrado em seu meio natural. Assim, cada elemento permitirá que se adquira um nível particular de conhecimento, mas, ao mesmo tempo, cada um deles é limitador, pois, embora haja uma integração progressiva, as únicas experiências verdadeiramente liberadoras são as ligadas ao centro Frontal e Coronário.

A cada abertura de chakra corresponde uma espécie de poder particular adquirido sobre um elemento, mas não tentem buscar esse poder num nível exterior simplista. Se, por exemplo, adquirirmos o poder sobre a água, isso não quer dizer que possamos andar, sobre ela. Tentem fazer essa experiência e vejam o que acontece...

Essa transformação, quando esmiuçada, como estou fazendo aqui, apresenta uma progressão que qualificaríamos de temporal, sucessiva, um chakra após o outro. Isso, no entanto, só se refere ao nível exotérico, pois o esotérico é intemporal.

 Portanto, aquilo que de certo ponto de vista é considerado como sucessivo nos três corpos, na realidade ocorre de maneira simultânea. A meu ver, não é necessário liberar todos os centros para se ter a experiência interior de iluminação, pois tudo está em tudo.
Qualquer que seja o caminho utilizado, se formos até o fim dele, haverá liberação desde que, a partir da circunferência da roda, atinjamos o centro.

 Após a liberação ter-se dado, há, para o ser existencial que somos, apenas um certo tempo de transição, durante o qual iremos purificar e limpar os níveis que ainda não tinham sido integrados; agora, porém, a partir do alto, da iluminação, da graça e da consciência e não mais através do esforço e da ascese.

Nenhum comentário:

Postar um comentário