sábado, 25 de setembro de 2010

A Lua - Arcano XVIII Taro




A Lua. Arcano XVIII

Dharma dhannyael
“O símbolo escolhido para representar a esfera matriarcal é a Lua, em sua correlação com a noite e com a Grande Mãe do céu noturno. A Lua é o astro que ilumina a noite e é o símbolo do princípio feminino, representando potencialidades, estados de alma, valores do inconsciente, humores e emoções, receptividade e fertilidade, mutação e transmutação. E, as fases da Lua, caracterizam os aspectos da natureza feminina, assim como representam os estágios e as transformações na vida da mulher”. A interpretação desta carta é contraditória e ambígua, alegre e iluminada como a Lua cheia, que inspira os poetas e amores, e densa e negra que pode ser servir para uns como remédio, e para outros como veneno.

A expressão em inglês to moon, estar melancólico, mostra que ser atraído pode significar ser “atraído para a lua“ com seu impulso perigoso em direção ao inconsciente. Este arcano personifica o Elo indivisivel e persistente que une o plano físico ao plano astral.

Quando a carta da Lua sair em sua leitura, nada resta a fazer senão seguir os próprios sentimentos e intuições. A Lua é o símbolo do inconsciente – é melhor se deixar fluir com ele. A Imagem da Lua revela sua relação com a mãe, nutrição, magia, fecundidade, amor, medos e inconsciente.



Na cabala o caminho de Qoph da Lua, liga Netzach (Vitória) a Malkuth (O Reino) e é descrito não apenas como a “Vitória do Mundo Material”, mas também como o “efeito enganador” do aparente poderio das Forças Materiais”.

Crowley chama este Caminho de “Portal da Ressurreição... o limiar da vida... ou renascimento espiritual”. Este caminho pode ser considerado em dois níveis: primeiro, no curso do processo de encarnação, é a etapa em que a Alma organiza o corpo físico que irá habitar. Trata-se de um “Sono” tal como é atribuído a Qoph pelo Sepher Yetzirah) que precede a consciência normal do estado de vigília, uma forma de pré-consciência que se diferencia em matéria a partir da inconsciência coletiva de Netzach.


A carta da Lua representa a noite escura da Alma. O herói atravessa o pântano e segue o caminho mais sofrido, mais dolorido, de provas, desafios, e sofrimentos. O louco deixa rastro de seu sangue no caminho, este arcano revela a experiência de perdas, de “sangue, suor e lágrimas” nesta estrada escura e luminosa, onde a Lua reina.

A Lua evoca a noite, suas visões e sua calma, e solidão. Os cães ladram para a lua e um caranguejo se debate no pântano. O cão e o lobo são guardiões dos mistérios da Lua, de Ártemis. O Lobo representa nosso lado animal sem a estrutura do ego que configura a relação humana com o outro , com a sociedade. Os cães representam os guardiões do Limiar e estão relacionado com a natureza brutal animal. É o Caminho dos instintos animais, da preservação das espécies, da sobrevivência, (a lei da selva), de defesa territorial, das paixões e energias que não estão sob o controle de considerações intelectuais, morais ou éticas.

Neste obscuro reino da imaginação, dos sonos, da fantasia faz crucial visualizar a bondade da Mãe Lua, de vários nomes Diana, a Hécate ou e permitir que ela seja nossa guia.

Neste contexto, o arcano revela que há no ar o sentimento de abandono e de afastamento, a intensidade e inexorabilidade do numinoso ligada a maré alta e baixa, indica plenitude e vazio. Representa o reino dos sonhos e do sono, tendencia à uma imaginação confusa, à inatividade, à interrupção das coisas; revela o encantamento, o enlevo, miragem, hipocondria, a insensatez, intuição, memórias, menstruação, inconstância, perda de orientação, ruptura do habitual, sentimento de engano, dor insondável.

Pramad relaciona este arcano com a Lua Negra, que simboliza os mais baixos aspectos lunares e diz que é a lua da feitiçaria, da magia negra, das drogas que envenenam e enlouquecem.

Eu medito sobre este arquétipo e vejo o caminho do herói, a sua jornada em busca da individuação, da sua Divindade, da totalidade. Nos rituais iniciaticos antigos, testava-se a coragem do canditado dianto do perigo mortal. Cruzar o limiar , domar os animais selvagens, atravessar o portal da morte, do apego, das ilusões e vencer o medo de si mesmo é o grande desafio do Iniciado.

“A mola propulsora do ser humano parece ser a busca do conhecimento de si mesmo. Aquilo que o herói faz passa a ser o que indivíduo é. A busca da singularidade, da imparidade, da individualidade, gesta o herói.

O herói é a tradução do adolescimento, daquele que rege a transformação metamorfósica da consciência psíquica. O herói interliga culturas e gesta civilizações eliminando seus impedimentos. Integra a divindade, para torná-la indivíduo.

A jornada do herói obriga a confrontar a Sombra e configura aceitar o desafio de fazer o mergulho no inconsciente, despertando para a consciência da concomitância de sentimentos amorosos, honestidade, aliados à amargura e desprazer, à canseira e temor, ódio, à inveja e ciúmes.

A dinâmica do herói aponta para ritos iniciáticos através dos quais o personagem parte para o cumprimento de tarefas que concorrerão tanto para seu processo de amadurecimento, com aquisição de atributos de perseverança, paciência, autonomia, como para o processo de buscar fora da tribo a mulher com quem irá constituir sua família.

Quando o herói retorna deverá estar apto para governar seu povo, cuidar dos seus filhos simbólicos que irá ajudar a crescer para que também se façam independentes. O herói ao retornar substitui o rei velho infértil, ou seja, traz a renovação para a terra exaurida” E tal como a Lua reflete como um espelho a luz do Sol para a Terra na escuridão do céu, agora o homem irradia a luz de Deus para todo o mundo, para toda a criatura viva, para cada planta, animal e homem.

Este caminho para muitos representa os fracassos, perdas, obstáculos, desafios, traições, inimigos, decepções, ameaças, chantagens, lunatismo, erros dos sentidos, armadilhas, emoções descontroladas, melancolia, a perda da confiança em si mesmo, o confronto com os seus limites, com os seus instintos, com sua natureza dionisíaca, perversa, cruel, insana e irracional. Prisão no inferno da mente. Regressão e infantilidade.

Penso no herói que cai da Torre no pântano e é jogado por sua arrogância, petulância, egocentrismo e alienação no fundo do pântano. Um adolescente, ou um adulto que não cresceu e que resiste em amadurecer, desligar-se do útero da mãe; é arrogante e pretensioso, acredita que pode viver todas as experiências dionisíacas, experimentar todo o prazer que a vida oferece como drogas, sexo sem segurança, dirigir em alta velocidade, desafiar gangs para brigas, desafiar a família, o mundo, e a vida. Neste caso, será que ele está preso no pântano da Lua? (casa 4 e 8)

O herói precisa ter maturidade emocional, inteligência mental desenvolvida para atravessar ver a luz do Sol. Terá que crescer e não agir como uma criança egocêntrica, que não discerne, acreditando que tudo gira em torno do seu universo, tornando-se, em conseqüência, impiedoso, e não tolera frustrações, não consegue dividir o que tem, e por ser destituído de afetividade ainda não desenvolvolvida, busca a liberdade sem limites e vive estados caprichosos de emoções, agressividade e de comportamento.

Penso que muitos jovens emocionalmente frágeis não conseguem crescer ao atravessar o pântano que conduz a maturidade.

A família deve ficar atenta quando um jovem abandona seus estudos, começa a sair com péssimas companhias e, assim ele entra no caminho da transgressão, da violência, das drogas, e da marginalidade. Ele não consegue se adaptar no mundo da Lei, das normas, das regras, da cultura social, que exige responsabilidades e compromissos com a comunidade, com os amigos, com a escola. (casa 11).

Ele não internalizou a Lei, o Pai. Não há continência, limites que a lei do Pai, da cultura impõe. Ele permanece no mundo da mãe, da natureza livre, instintiva. Manifesta o desejo de não ser controlado ou intimamente envolvido. Frequentemente apresenta explosões emocionais, ressentimentos, fúria descontrolada; e busca o prazer inconsequente, reage ao controle dos pais com agressões verbais e exigências de poder. Estes sentimentos e emoções devem submeter-se à mortificatio para que a libido emaranhada em formas infantis e primitivas se transforme.

O caminho da Lua ensina ao herói a lidar com as perdas, com as frustrações, com a humildade. O adolescente ou um adulto que não alcançou a maturidade emocional pode ser jogado na vida (no pântano da Lua) sem nenhum preparo, sem nenhum modelo para se espelhar, e admirar. (casa 12)

Este é o caminho da iniciação e revela o confronto com os seus medos, com a ilusão, a paranóia, com a negritude das formas que habitam o mundo astral - mundo dos sonhos, dos pesadelos, dos fantasmas, dos mortos-vivos; o mundo formas-pensamento negativas são criadas pela mente humana, pelas emoções e desejos negativos, destruidores, desagregadores; verdadeiros turbilhões de egrégoras coletivas que arrastam os fracos com o coração cheio de ódio, os preguiçosos, indolentes, orgulhosos, e arrogantes para o fundo do poço.

O sangue que vemos no chão revela os passos dos seus antepassados, sua herança atávica, ancestral, familiar. (a casa 4) É preciso coragem, força e equilíbrio emocional para conquistar a luz do Sol. O herói atravessa o caminho do pântano com a sua experiência de vida, com o seu caráter, sua índole e a sua educação, formação, e inteligência.

O Pântano representa a decadência do homem, a poluição da mente. O poço simboliza a memória humana na qual estão guardadas todas as coisas que aconteceram em nossas vidas presente e passadas e as memórias atávicas da humanidade repousam no seu fundo.

Podemos pensar que o inferno vive ali com a luxúria, a violência, a transgressão, a atração pelo “pecado”, pelo prazer destruidor; podemos observar que o pântano na carta parece que é um tanque feito de cimento e que foi construído pela humanidade.

Aqui podemos ver a carta do Diabo + a Lua e o Louco na casa 8.

O herói carrega este mito de iniciação em sua mente, e ele exerce uma sedução poderosa para o jovem inexperiente em busca de aventuras, conquistas, desafios, descobertas, e de prazer.

O herói tem que atravessar a escuridão, sem perder a Alma; e assim, a história da evolução das gerações acontecem; e os ganhos da sociedade passam para a geração seguinte. O herói tem que ser superado, ir mais longe. Ao amanhecer receber a coroa da consciência Solar.


Todo adolescente é potencialmente um herói, e ele precisa atravessar o pântano, em busca do autoconhecimento, vencer seus demônios e ao amanhecer ser abençoado pelo Sol no seu casamento com a Luz. A maturidade do Herói é uma conquista, “onde ele tem que escolher entre doar-se ao mundo como um Deus ou perecer como um mortal”. Dos frutos dessa batalha final se alimentarão as futuras gerações que o sucederão.

O jovem que não consegue vencer as “tentações”, as ilusões da vida” pode ser vencido pelos vícios, pela droga. Sua mente é destruída pela química que destrói neurônios e todo um futuro; e assim, ficam presos no labirinto da sua própria destruição, é o anti-herói do nosso tempo - limitado, que não consegue superar as próprias limitações.

O jovem que pensa que é imortal e poderoso, está com o ego inflacionado - precisa ser o melhor, o mais importante do mundo; e há momentos que sente medo, regride, recua, anda para traz, volta ao útero, e se debate para não viver o seu tempo e a sua iniciação no mundo adulto, o seu re-nascer. Ele não aceita a maturidade do crescimento, não assume responsabilidades e prefere matar ou morrer.

“A imparidade do eu se forja e se define pela mente”.

Nesta jornada, no caminho da Lua nada há a temer senão o próprio medo. É o temor que engendra os demônios, e fantasmas que vivem na mente. Mas, o que é o medo?A perda da confiança em si-mesmo, e em Deus. Quando herói não tem autoconfiança para seguir e está sem fé e sem esperanças, vai perdendo as forças para viver, para lutar. Ele não consegue ficar no silêncio para ouvir a voz do seu anjo guardião, da sua Alma. Paralisia. Imaturidade,

O nosso mundo não mostra a criança, ao jovem a realidade do sagrado, do mundo espiritual e do transcendente que há na totalidade. Vivemos em um mundo dessacralizado e destituído de todo valor numinoso. Estamos vivendo em um mundo fragmentado, dissociado, o egoísmo e o individualismo impera.

Nosso mundo não valoriza o mito do herói, do salvador de um povo, o Redentor; valoriza a “loira da cerveja”, o mito do vencedor jogador de futebol, o político vencedor desonesto. Estas são as referências que o jovem traz dentro de si quando entra no mundo adulto, e assim ele é teleguiado por uma mídia colorida que incentiva o vilão a ser mais esperto que o herói.

Para muitos é o batismo de fogo, o grande desafio é não ser destruído e sair mais forte da luta, “aquilo que não nos mata nos torna mais forte”.

O caminho da Lua nos leva para a maturidade, para o crescimento espiritual e nos oferece a força dos sobreviventes.

“O grande confronto da Lua é o encontro com o “morador do Umbral” de que falam os ocultistas. Trata-se da gigantesca força acumulada do mal e das más ações, o lado nefando do eu que preferimos fingir que não existe, e para o qual sequer desejamos olhar, mas que insurge num momento determinado do crescimento psíquico. É preciso, agora encarar totalmente esse “Demônio”, como inclusive integrá-lo ao nosso ser, a fim de estabelecer a plenitude integral”.

O mergulho nas trevas para emergir pleno na luz vital da próxima carta do Sol, representa: “no ponto de fusão da dupla Espiral acha-se um vórtice e ventos de dissolução, mas além, um Centro Imutável e a bem-aventurança da União”.

O herói precisa atravessar a noite escura da Alma, crescer, amadurecer, aprender a lidar com as emoções, com as ilusões, e a viver com ética, assumindo a sua responsabilidade social e planetária. “No Caminho do Herói não existe bem ou mal, existem apenas escolhas certas ou erradas, a comunhão com os poderes animais e espirituais que impulsionam a vida como um todo, em ciclos que se sucedem e se complementam”.

Eu Sou Dharma Dhannyael
“O Tarô é um espelho da Alma, do inconsciente.
Constitui um roteiro onde a imagem,
a psique e a alma descobrem
sua origem e sua finalidade”.

http://magickfire.blogspot.com/2010/06/lua-porque-dentro-vive.html

http://jornale.com.br/wicca/?p=696

http://jornale.com.br/wicca/?home=1

Este texto é resultado de uma pesquisa, inspirados em vários autores - uma reflexão, uma compilação.

Música: consultoria Mitsuko Oshiro

A Divina Presença - Video :

http://www.youtube.com/watch?v=ekSsld-NSnM

http://dharmadhannyael.blogspot.com/

Revisão do texto, co-participaçã de Maria Lucia

http://www.clubedotaro.com.br/site/m32_17_estrela.asp


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